Os Migrantes e… “Os Outros”
Uns nasceram pobres na África pobre. Outros não! Todos os dias para fugirem à guerra ou às condições de miséria, tentam migrar para países mais ricos e desenvolvidos que os queiram acolher. Escolhem quase sempre a Europa. Muitos conseguem chegar. Outros encontram no mar Mediterrâneo o seu cemitério!
O que será que move esta gente em vir para uma Europa em crise? E muitos até têm de passar por países árabes ricos, com a mesma língua, religião, usos e costumes!! Pelo que tenho lido, também sei que esses povos têm um grande espírito sofredor e de aventura. Mas isso chega? – Não sei!
Sei é que mesmo arriscando a vida, preferem vir para países que não conhecem, com usos e costumes diferentes dos seus, onde a sua integração lhes é muito difícil senão impossível.
A França, Alemanha e Reino Unido porque têm/tinham as condições de entrada menos exigentes e maiores apoios aos deslocados, são quase sempre os seus países de eleição.
A França por estar no centro e ter fronteiras comuns tem sido o país mais sacrificado. E tem todo o interesse em resolver a situação porque há locais onde a hostilidade é declarada entre residentes e os “novos inquilinos”. Ainda recentemente um morador declarou que:
“Estou dividido. Precisamos ser humanos, mas realmente somos capazes de receber a todos? A cidade é pequena e tranquila. A maioria dos moradores é de idosos e esses são os que ficam com mais medo”, disse ao jornal francês Le Monde um morador, que pediu para não ser identificado.
Em Forges-les-Bains, nos arredores de Paris, um prédio que seria transformado em centro para a sua recepção foi incendiado.
Na cidade de Beziers, no sul do país, o prefeito, que é do partido de direita Frente Nacional, espalhou cartazes com os dizeres: “Então é isso, eles estão chegando!”
Na cidade de Calais junto ao canal da Mancha até há pouco tempo estavam, segundo estimativas mais recentes, concentrados sem o mínimo de condições, mais de 7 mil refugiados.
Por questões de higiene, segurança e outras, a sua presença na cidade tornava insuportável a vida dos residentes. Foram por isso, deslocados e realojados em vários centros de acolhimento, para depois serem encaminhados para países por “eles escolhidos”! que os queiram receber. Alguns fugiram ao controle, desertaram e acamparam nas ruas de Paris donde tiveram de ser desalojados pela força.
Destes quase todos, querem fazer do Reino Unido o seu destino. Que depois de ver os problemas causados por onde têm passado, tem receio de os receber com medo de desestabilizarem social, económica e politicamente o país.
Tenho para mim que devido à sua difícil integração nos países de acolhimento, tornando-os por isso subsídio-dependentes, se a sua situação não for resolvida no curto prazo, esta história tem tudo para acabar mal, muito mal!
Chamam-lhe os Migrantes!
…Os Outros”
Nasceram nas províncias ultramarinas portuguesas de África ou outras! Ou num país pobre da Europa rica. E no século passado rumaram a essas províncias à procura de uma vida melhor. Tal como os africanos, fixaram-se à terra e fizeram dela a sua “nova pátria”. Uns trabalhando por conta de outrem; outros criaram os seus pequenos negócios desenvolvendo esses países.
A revolução do 25abril19741 em Portugal, alterou-lhes radicalmente as condições de vida e segurança. Foram forçados a sair abandonando tudo, ou quase tudo.
Uns vieram para um país que nem sequer conheciam. Outros retornaram a um país que já tinha sido seu! Uns e outros chegaram pobres sem meios de subsistência e muitos com idade avançada. À chegada, foram apoiados pelo IARN – Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais – que os acomodou em hotéis, pensões e residenciais. E receberam também apoio dos países nórdicos e outros, que por intermédio da ACM – Associação Cristã da Mocidade – canalizava esse apoio para o IARN e centros de acolhimento.
Alguns, porque este país “não lhes dizia nada” resolveram emigrar. De preferência escolhiam a África do Sul ou o Brasil. Outros, os que podiam, rumaram à província onde tinham familiares que os acolheram.
Chamaram-lhe os Retornados!
Muitos houve que naquela África, desejaram ter como modo de vida o funcionalismo público, o sector bancário, ou empresas com ligações ou sede em Portugal.
Quando em 1975, esses países se tornaram independentes o governo português fez acordos de cooperação. Em que como cooperantes quando regressassem a Portugal mantinham os postos de trabalho com as condições que detinham à data da independência. E também lhes era permitido transferir mensalmente uma parte do seu vencimento.
Quando regressaram; os funcionários públicos ingressaram no Quadro Geral de Adidos, os outros na banca e empresas. Onde com o seu saber e determinação as dinamizaram, introduzindo até novos métodos de trabalho.
Porque na altura o IARN não tinha; ou só dispunha de condições de alojamento precárias, alguns preferiram ir também para junto dos familiares na província.
Chamaram-lhe os Desalojados.
Estes “….Os Outros”, Retornados, Desalojados, Colonos ou Devolvidos! Com o seu dinamismo, saber, determinação e “veia vencedora” depois de integrados no país, o Portugal de outrora: “Tristonho e parado no tempo”, nunca mais foi o mesmo!
Como um político que também esteve em África disse nos princípios de 1975, e eu ouvi:
Atenção, porque os retornados estão a chegar”!
O que é que ele queria dizer com isto?
…Esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda tornar-se um imenso Portugal 2…”
Veja o vídeo seguinte: Os Da Vinci com a canção “Conquistador”!
1 – Já referido no meu artigo do BigSlam “em L. Marques há 42 anos o galo amanheceu”.
2 – Chico Buarque no “ Fado tropical”.
- Para nós com o BigSlam o mundo já é pequeno!
João dos Santos Costa – Novembro de 2016
2 Comentários
Joao Domingues Joaozinho do Malhanga )
Grande artigo do Joao Costa, nao eramos retornados enquanto depositavamos a mensalidade nos Bancos em Portugal, mas depois fomos maltratados, eu como muitos outros ainda preferimos vir para a Africa do Sul onde fomos melhor recebidos. A canalhice de Mario Soares e outros como ele. Obrigado Samuel.
Anamaria Rebelo
Pois …