“UMA DATA NA HISTÓRIA” – 31 Dezembro de 1930… Maria Elisa Barros “Mimisa”

“UMA DATA NA HISTÓRIA” – 31 Dezembro de 1930… Maria Elisa Barros “Mimisa”

Maria Elisa Nunes de Barros – 31 de Dezembro de 1930.

Assim, sem se saber, no último dia de um ano, em Porto Alexandre, Angola, por um acaso geográfico, nasce uma menina que ao longo da vida iria marcar tantas pessoas, de formas tão diferentes, mas sempre profundamente, com a sua alegria, a sua energia, o seu amor, a sua dedicação às causas, ao trabalho, à honra, à lealdade, à verdadeira irmandade, mulher sem medos, decidida, capaz, filha, irmã, Mãe adorada, amiga de muitos.

É logo em Angola e à nascença que uma amiga da Família discute o nome, Maria Elisa ou Elisa Maria, decretando que de todas as formas, a menina precisava de um diminutivo, que com o passar dos anos, mais parece um cognome, Mimisa!  E assim ficou conhecida pela vida fora …!

Já com a Família de volta a Moçambique, cresce na Matola na quinta dos Pais adorados, junto ao rio, vai depois estudar para a África do Sul, onde começa a distinguir-se por ser boa aluna, educada, dedicada, chefe de turma, (começaram as chefias…) até que um dia, como sempre em defesa de qualquer coisa, dá um tabefe a um “bife” que se atreveu a chamar-lhe : Pork and Cheese (como os “Portuguese”, eram por vezes chamados pelos mais ..simpáticos.. Sul-Africanos), em frente ao reitor da escola, que por sinal era um admirador.

De volta a Lourenço Marques, já jovem adulta, rema e joga ténis no Clube Naval

e claro, joga basquete no Clube Ferroviário, seu clube de eleição, em honra ao pai, antigo ferroviário também.

Ano de 1950 – Seniores
(Digressão a Durban – África do Sul)
Em cima: Alfredo Neves (Treinador), Fernanda Martins, Aida Martins, Maria Elisa Barros “Mimisa”, Fernanda Aguiar, Fátima Espírito Santo, Gilberto Morais (Dirigente).
Em baixo: Maria Emília Esteves, Manuela Martins, Branca Ferreira.

Anos 50 – Seniores
Em cima: Branca Ferreira, Alice Ferreira e Aida Martins.
Em baixo: Maria Elisa Barros “Mimisa” e Odete Lopes.

Anos 50 – Seniores
(Digressão da equipa sul africana a L. Marques)
Em cima: Alice Ferreira, Venty (YMCA), Maria Elisa Barros “Mimisa”, Hilda (YMCA), Aida Martins, Bunny (YMCA) e Fernanda Martins.
Em baixo: Manuela Marins, Fátima Espírito Santo, Helen (YMCA), Branca Ferreira, Gilberto Morais (Dirigente), Lorraine (YMCA) e Maria Emília Esteves.
(A mascote era o urso Glue)

Profissional dedicada à Breyner & Wirth primeiro,

seguido da Sociedade de Hotéis Tivoli e Turismo e ainda, à Moçambique Safarilândia,

a quem tanto deu, tanto contribuiu para o sucesso, findou a carreira em Moçambique na Mine Labour Wenela, sempre e em todos, com incontáveis horas de trabalho, dias e quantas vezes noites, numa dedicação a toda prova, a todos os níveis, deixando marcas em tantas pessoas com quem privou, por esse mundo fora!

Com a serena e pilar presença da Mãe/Avó Henriqueta, foi Mãe da Paula e do Miguel,

incansável, educadora, tolerante mas rígida no dever e no direito, (o meu amor é forte, é viril e não piegas, ouvia-se pela casa….), sempre activa, sempre em busca do melhor, tira cursos, mesmo de caracter mais bélico, da OPV e entre tiros, granadas, minas e armadilhas, decide-se por um mais humano, primeiros socorros da Cruz Vermelha (touca de fim do curso dada pela Mãe do actual Presidente da República de Portugal)

e mais uma vez, entrega total, noites sem fim no banco de urgências do Hospital Miguel Bombarda, na Pinheiro Chagas, em voluntariado claro, tendo como corolário desta experiência, um parto em plena rua, (imaginem ao bom estilo Africano o número de mirones…) na rotunda próxima do aeroporto, numa noite fria e de chuva, à luz dos faróis do carro e pouco mais, onde a sua gabardine serviu de lençol à jovem mãe, que entre nervos, choros e muito medo, mas sempre com a mesma determinação, ajudou a trazer ao mundo mais um ser.

Católica devota, quiçá influenciada pelo filho que foi o primeiro lobito/escuteiro da Família, decide-se a entrar no Movimento das Guias, encantada com os princípios do Escutismo criados por Lord Baden-Powell.  Assim nasce a Comissária (Chefe) Mimisa, no agrupamento da Munhuana, que a par com o crescimento e desenvolvimento de tantas jovens a quem deu tanto amor, tempo, dedicação, reciprocados por uma amizade infindável de uma vida, feitos e sucessos a vários níveis, acampamentos, jamborees, competições, jornadas mundiais, até um apogeu que lhe é muito especial, o conhecer e a amizade com a líder mundial, Lady Olave Baden-Powell e família.

Muito mais se poderia dizer.  O orgulho imenso de ver tantas jovens tornarem-se mulheres de valor, tendo mesmo uma jovem guia da Munhuana, (Prof. Dra. Manuela Marques Tavares) tornar-se um dia a Chefe Nacional das Guias de Portugal e com ela, estender o percurso como Comissária Internacional em Portugal. Tantas outras histórias lindas…

Com a tal energia, infatigável, só o Movimento das Guias e as diversas obrigações não chegam. Há espaço para mais. Que tal apelar para o espírito desportivo e generoso destas jovens e uni-los ao Ferroviário?  Dito e feito e assim, o Clube Ferroviário L. Marques, anos mais tarde, volta a ter uma equipa feminina de basquete, de sucesso, com participações e entrega total de tantos, do famoso treinador José Domingos da Costa (Casquinha), da Tareca, dos dirigentes do clube, com o apoio de alguns dos craques seniores – Mário Machado, Samuel Carvalho, Alberto Jorge, entre outros, tanta gente boa.

Época 1972/73 – Juniores
Em cima: Ticha, Luísa, Ana Paula Azevedo, Elsa Peixoto Silva, Lisete Silva Jacinto, M. Albertina Nicolau.
Em baixo: “Sãozinha”, Paula Lima, Isabel Brás “Isabelinha”, Helena Cardoso, Otília Almeida “Tila”, Eveline Queiroz, Helena Bettencourt, José da Costa “Casquinha” (Treinador).

Época 1972/73 – Juniores
Em cima: “Ticha”, Luísa, Ana Paula Azevedo, Elsa Peixoto, Lisete, Maria Albertina Nicolau.
Ao meio: Manuela Castro, Mimisa Barros (Dirigente), Helena Cardoso, Eveline Queiroz, José da Costa “Casquinha” (Treinador), Teresa Sousa (Dirigente).
Em baixo: Paula Silva, “Sãozinha”, Isabel Brás “Isabelinha”, Otília Reis “Tila”, Helena Bettencourt.

2º Convívio dos atletas da formação do Basquetebol do CFLM – Anos 70 – 15.06.2019
Na foto: José da Costa “Casquinha”, Miguel Lima, M. Elisa Barros “Mimisa”, M. Gabriela Granito “Gabi”, M. Carla Papadópulos, Otília Almeida “Tila”, Ângela Mota Cardoso “Ginha”, Paula Lima, Ana Paula Pinto e Celeste Papadópulos.

Agora com 90 anos, a Mimisa, a Chefe Mimisa, depois de ter dado estes últimos 25 ou 26 anos, de mais voluntariado no Centro Psicogeriátrico das Irmãs Hospitaleiras de Coração de Jesus na Parede,

com a imensa dedicação e entrega de sempre, disfruta de dias mais tranquilos, de reflexão, com gratas memórias de todos os que a seu lado partilharam e ajudaram a construir esta caminhada, dos que ainda o fazem, das provas de amizade que recebe de todos, sempre lembrados com profundo carinho, amor, respeito e saudade.
Bem hajam!

Texto de Miguel Lima

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