25 de Abril de 1974, faz hoje 45 anos que se deu o golpe de estado em Portugal
Hoje é o dia de Portugal comemorar o 25 de Abril de 1974. Há 45 anos a liberdade de expressão, quando havia, resumia-se às quatro paredes da nossa casa e baixinho para o vizinho não ouvir. Mas embora o estado novo controlasse as bocas e atos do povo (ou tentasse controlar), na casa de cada um, era só dele a decisão da cor das paredes e do estilo dos móveis. Uns expunham orgulhosamente o retrato de Salazar, outros escolhiam a melhor parede para a imagem de Che Guevara – e ninguém precisava de saber.
Faz hoje 45 anos que, as ainda raras casas com televisão, acompanhavam os acontecimentos a preto e branco, nas suas salas decoradas em cores fortes e mobiliário multi-funções. Quem não se atrevia a sair à rua e não era suficientemente abonado para o luxo da TV, metia o rádio no máximo e ouvia os cantares da revolução serem interrompidos pelas novidades de última hora.
Assim se fizeram os dias de Abril, entre sussurros, calças de boca de sino e colarinhos de bico. Nestes bastidores se discutiram ações, se motivaram intervenções e se brindou, com esperança, a um futuro melhor.
Alguns ainda mantêm detalhes desta época vibrante, outros lembrar-se-ão de uma infância e adolescência energicamente vivida na presença de padrões geométricos e cores intensas. E muitos de nós vão cultivando o regresso a esta década de Simon & Garfunkel, Gilbert O’Sullivan e Bee Gees com pequenos detalhes comprados nas lojas Vintage.
Para terminar responde:
Onde estavas tu e o que pensas do 25 de Abril de 1974? (Deixa o teu comentário aqui no BigSlam)
Fonte: Blog “Os bastidores da vida”
6 Comentários
Sara Maria
Sou Moçambicana, agradeço e estou de acordo com as vossas palavras, Rogério, M.E.Rebelo, Margarida e Vitor e nada vou acrescentar pois, tudo isto é triste.
Victor Nunes dos Santos
Estava a colaborar na defesa de uma Província Ultramarina Portuguesa – Moçambique, precisamente no Norte,em Marrupa- Niassa. cumprindo o serviço militar obrigatório como Alferes Miliciano de Infantaria e só tivemos conhecimento do acto no final do dia. Por isso estranhei o texto agora publicado aqui no Bigslan .uma vez que não se enquadra como vivência do quotidiano em Moçambique, principalmente no tal dia 25 de Abril de 1974.
Ana Taborda
Olá Victor, sou jornalista da revista Sábado e estou a preparar um artigo sobre Moçambique. Acho que me podia dar uma preciosa ajuda. Será que lhe posso ligar? Deixo o meu contacto . 916.996.602 Muito obrigada
Margarida
Eu estava em Lourenço Marques e era estudante do Liceu António Enes.
Os ventos da liberdade foram muito breves, em Moçambique.
Rapidamente, a ditadura colonial foi substituída pela ditadura da Frelimo, com os seus sinistros “campos de reeducação”, a destruição total da economia, a guerra civil com a Renamo…
O que estou a escrever não é politicamente correcto, mas é a triste verdade.
M.E. Rebelo
Parabens, Victor Nunes dos Santos, parabens Margarida, parabens Rogério Machado por terem a coragem de dizer o que não é “politicamente correcto “.
Festejar esta data?! Ninguém pensa nas tragédias que ela provocou, milhares e milhares de desalojados que perderam os seus bens “fruto do seu trabalho” em Africa; ninguém pensa também nos moçambicanos de cor negra que lutaram ao lado dos portugueses e dos moçambicanos de cor branca, que tanto amor tinham à sua terra… Tinham-lhe dito que eram todos portugueses. Qual foi a sua sorte nas mãos da Frelimo ? Alguém, em Portugal, embevecidos com a dita liberdade de expressão, pensou nesses ludibriados, entretidos que estavam a chamar de “retornados” aos imigrantes, que na maioria não RETORNAVAM… pois tinham nascido nas colónias.
Não se pense que alguma vez fui adepta do Estado Novo! Um golpe de estado seria necessário, mas não da forma que foi idealizado !
Rogério Machado
Eu estava combatendo terroristas no norte, enquanto os quartéis na capital, recebiam de braços abertos os mesmos para se deixarem controlar e levar. Foi a maior vergonha da história de qualquer país até hoje…