“Cuidado que parece mal… Olha a barraca…”
Quantas vezes ouvi esta expressão ao longo da minha vida – eu que já vou nos 72, já lhe perdi a conta… Outro dia, a propósito de qualquer comportamento, alguém (da minha faixa etária) usava esta expressão parece mal porque eventualmente estaríamos a exceder-nos em qualquer coisa…como se houvessem padrões a respeitar consoante a idade que vamos adquirindo. Dei por mim a pensar neste pormenor e a lembrar-me das diabruras de todos nós, uns mais atrevidos que outros, mas…exactamente como éramos há 50 e 60 anos atrás… hoje, quando juntos, (no Skype ou não) comportamos-nos da mesma maneira… que beleza. Lembro-me da simplicidade e abertura com que tocamos no tema da vida – a vida e a morte – (que para nós já estará pouco mais do que o passar da esquina), coisa impensável no tempo dos nossos pais cujo tema era tabu. Já por uma ou duas vezes quando conversava com a minha filha (Lara Marina de 47 anos) acerca das “nossas” reuniões ela perguntava – “Ó pai vocês fazem mesmo isso? Por exemplo, quando falava com ela sobre “nós”, e descrevo o nosso grupo, faço desta maneira: O “nosso” Paulinho, não faço grande esforço pois não tenho ideia dele de outra forma que não seja a de brincalhão, perspicaz, oportuno… O João Ferreira, o calmo, quietinho, aprumadinho, O Zé Borrego, que pega logo na batuta para dirigir a orquestra, e utiliza sempre uma linguagem mais simples para que todos entendam (e como entendemos), O Alberto Rodrigues, ou como diz o Manuel Braga, o “senhor Alberto, calmo moderador e sempre muito atento, O Constantino Poulos, dá e “vende” alegria e boa disposição… O meu irmão João, sempre com a língua afiada na defesa do seu Porto… O Quim que como lhe chamo, o meu “querido e bom gigante”, sempre muito conhecedor das nossas histórias desportivas passadas… O João Romão, o nosso “consultor” nestas modernices das novas tecnologias e sempre disponível para acudir ao amigo a qualquer momento e hora (principalmente à hora do jantar)… O António Rendas Pereira, o mais novato – bem mais novato – mas a rodar à muito nos sexagenários, com a sua disponibilidade para acolher a malta numa almoçarada em sua casa… O Gama, coração de ouro, ou, coração bem ferrugento quando se trata do seu “Sporting”… O “White” mais calado, mas sempre a par dos acontecimentos e na hora, põe a malta ao corrente de tudo… O Zeca, talvez o mais observador do nosso grupo, com uma alegria permanente e que nos é indispensável… O Varito, sereno, apaziguador, um analista ou talvez um equilibrador de emoções… Acho mesmo que em alguns recintos públicos a admiração por este tipo de comportamento de “jovens tão idosos” não será bem entendida, mas creiam que nenhum de nós se recorda que já está nos 70 anos, mas apenas, que é “aquele” o momento que estamos vivendo… fabuloso! Minha nossa, mas que maravilha de juventude nos deu Moçambique para que, mais ou menos, setenta anos passados, estejamos todos ainda no princípio… Esta, é uma parte da malta amiga com quem lido todos os dias, numa amizade que continuará sempre, para depois do além. Um abração do Márito
3 Comentários
Augusto Rodriguesa
Continuem com essa boa disposição. Um ABRAÇÃO, Augusto Rodrigues
Juca
Conheço alguns destes jovens, daí não me surpreender essa bonita amizade. Muita saúde e forte abraço a todos.
Alberto Lopes
Brilhante. Made my day. Obrigado e abração.