Moçambique, tristeza e dor
Multidões agitadas, cartazes levantados,
O povo gritando, vozes sufocantes, abafadas,
Confusão geral, corpos baleados,
Protestos generalizados em todo o país.
A insatisfação do povo cansado, oprimido,
Governantes corruptos por todos rejeitados,
Cinquenta anos de miséria, destruindo
Os bens dos portugueses, do país escorraçados.
Moçambique, terra minha que me viu nascer,
Os moçambicanos que da morte fugiram,
Uma descolonização que o povo veio a sofrer,
Pela destruição que ao meu país atingiram.
Muitos compatriotas, a maioria já nos deixou,
Com a esperança de Moçambique se libertar.
Por infelicidade, esse dia jamais chegou,
Hoje, por Moçambique, só nos resta rezar.
Moçambique, um dia regressará,
Para novas gerações irá ser,
Um país que dos males se libertará,
Com o tempo, novamente livre, irá crescer.
Para mim e para os outros que ainda restamos,
Com a forte fé que a todos nos fortalece,
Pátria nossa que sempre te amamos,
Para ti e a DEUS, vai a nossa PRECE.
Autor: Orlando Rodrigues Valente
7 Comentários
Adelino
Nada a fazer. Não tem solução nem futuro. Os únicos que verdadeiramente amavam esse país já não estão ou já não estão em condições de estar. Os que lá estão não têm capacidade, vontade de fazer de Moçambique aquilo que foi. Um paraíso.
Manuel Martins Terra
Um poema que nos fala do momento atual marcado pelo inconformismo do povo moçambicano , face à corrupção e indiferença dos seus governantes, mas com a esperança de que um dia se libertará e crescerá como um povo livre. Parabéns, Orlando Valente pelo seu grito de revolta.
Alfredo da Silva Correia
Poema profundo mas, infelizmente, bem realista e triste. Parabéns a quem o publicou, pois permite-nos fazer hoje um balanço do que foi o passado do nosso saudoso Moçambique.
Cheguei a este território nos inícios do ano de 1959, data em que fui para Mongonzo, no distrito de Mapalanguene. Quando lá cheguei, com um objetivo preciso, ainda nem se falava português e abundavam os elefantes, leões, girafas, impalas, cudos e todo o tipo de animais selvagens africanos. A partir daí vivi em Moçambique até Setembro de 1974, tendo a ele voltado, a 1ª vez, em 1996, o que me permite relembrá-lo antes e depois e, poder afirmar, que se tivesse sido possível Moçambique ir para a independência, sem por em causa a capacidade produtiva que então tinha, hoje não tenho dúvidas, seria um país rico. Ao destruir tal capacidade produtiva passou a ser um dos países mais pobres do mundo, o que muito me entristece. Esta leitura é bem dura mas é muito realista pelo que sou levado a formular a ideia de que quando um povo consegue uma boa capacidade produtiva jamais a deve destruir, pois voltar a conseguir criá-la não é nada fácil, havendo até situações em que nunca mais o consegue, pelo menos ao mesmo nível, muito penalizando o seu povo, como o poema bem demonstra, A vida é o que é.
2luisbatalau@gmail.com
QUER QUEIRA QUER NÃO, É A MINHA TERRA, ONDE NASCI E ME LICENCIEI.
TOCA-ME MUITO FUNDO ESTE POEMA.
KANIMAMBO
LUIS BATALAU
Ricardo Quintino
Triste…😥😥😥
Samuel Carvalho
Um poema que fala com o coração de todos nós.
Em “Moçambique, tristeza e dor”, Orlando Valente dá voz à saudade, à memória e à ferida que o tempo não apaga.
Para quem viveu os tempos de Moçambique, para quem amou aquela terra e viu a vida mudar de rumo, cada verso deste poema é um espelho da alma.
Uma leitura obrigatória para todos os que carregam Moçambique no coração, com orgulho, com saudade… e, sim, com dor.
BigSlam
Um poema que toca fundo em todos os que trazem Moçambique no coração.