Relatos de uma viagem por terras de África (11) – “Almoço e jantar com amigos em Maputo!”
2 de março de 2017 – Quinta-feira (tarde)
Depois do passeio que realizámos nessa manhã de quinta-feira, debaixo de um calor abrasador, regressámos a casa para tomar um banho refrescante e tornámos sair de novo.
Tínhamos um almoço agendado para as catorze e trinta, na “Lanchonete do Atleta” no Parque dos Continuadores (ex-Parque José Cabral), a convite da Ludovina Oliveira, proprietária deste Estabelecimento.
Mais uma vez fizemos o percurso a pé, pois é sempre interessante e tem outro sabor…
Caminhávamos há relativamente pouco tempo, quando nos deparámos com dois “madalas” a fazerem cestos no passeio
A arte de fazer cestos estava representada por alguns artefactos que tinham pendurado no muro; cestas, malas e vassouras, produtos do seu trabalho manual…conquistaram-nos pela autenticidade e qualidade.
Foi criado, em Maputo, um recinto para os artesãos – Feira de Artesanato, mas há muitos que teimam em continuar na rua a praticar a sua actividade, porque acreditam que qualquer pessoa que passe e aprecie, compra mais rapidamente que estando na feira.
Continuámos a caminhar e, como ainda era cedo, estimulados com o que acabámos de ver, resolvemos dar um passeio pela FEIMA – Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo.
Foi inaugurada em 2010, e é um mercado a céu aberto,
instalada numa área verde – o Parque dos Continuadores. Foram reunidos neste local muitos artistas que vendiam nas ruas de Maputo, de forma a criar um ponto de referência para a venda de artesanato de Moçambique.
Tem a particularidade de ter artesanato, não só de Maputo, como de várias regiões de Moçambique. Aqui podem-se comprar diversas esculturas em madeira, principalmente em pau preto e sândalo,
Criatividade e perfeição…
artigos de decoração para casas,
A FEIMA é daqueles locais em que as mulheres se perdem nas compras, pois a oferta é vasta e apelativa, mas não se esqueça, os preços têm que ser regateados…
Capulanas,
Cada trabalho de Batique (técnica de tingimento em tecido artesanal) é original e feito à mão…
Há carteiras de vários géneros, forradas com tecidos de capulanas genuinamente moçambicanas e que são usadas em várias peças de artesanato.
Adereços de vários géneros e muito mais…
Neste espaço, também pode comprar plantas e flores. É considerada a catedral das mais lindas flores tropicais que pode adquirir na cidade de Maputo.
A particularidade da criatividade do recipiente de resíduos…
Esta feira, também está dotada de restaurantes que servem almoços, lanches e jantares, com uma boa relação preço qualidade.
Se visitar a FEIMA não deixe de experimentar algumas delícias da gastronomia moçambicana, como por exemplo o caril de camarão, o frango à zambeziana ou a matapa com caranguejo…
Ficou definido que voltaríamos aqui, para comprar alguns souvenirs, antes do nosso regresso a Portugal.
Com tanta coisa gira para ver, nem demos pelas horas passar…
Estava na hora do almoço na “Lanchonete do Atleta” da Ludovina Oliveira; o que vale é que estávamos mesmo ali ao lado, e foi só contornar um quarteirão e, num pulinho, estávamos lá!
A Ludovina é Coordenadora no Comité Olímpico Moçambicano da Mulher no Desporto, e proprietária desta “Lanchonete do Atleta” no Parque dos Continuadores. Recebeu-nos com a simpatia que lhe é peculiar,
tendo confecionado um almoço especial, só com pratos típicos da culinária moçambicana.
Só de ver faz crescer água na boca… frango à cafreal, camarões fritos, feijão “nhemba” com camarão e côco, “xima”, “nhangana”… tudo uma delícia!!!
Tivemos, depois, a companhia de um amigo de longa data, o Mário Gomes “Porto”, que vinha apetrechado de um vasto espólio de recordações desportivas e não só…
Já no final deste almoço tão típico, ficámos a conhecer uma das filhas da Ludovina, a simpática decoradora de interiores – Carla Marisa Oliveira, que nos contou, também, um pouco da sua actividade profissional com um brilhinho nos olhos…
O tempo passa, mas as amizades perduram através dos tempos… Mário Gomes e Samuel Carvalho.
Fomos, entretanto, surpreendidos com a sempre bonita Albertina Nicolau “Tina”, antiga basquetebolista do meu clube do coração – Ferroviário LM, e pelo Almiro Conde do basquete da Beira, a residir actualmente em Maputo.
Já depois do repasto, fiquei a conhecer o Alberto Lário que está a fazer um trabalho notável como treinador de atletismo em Maputo, sendo o administrador do grupo “Atletismo em Moçambique” no facebook.
Foi um excelente almoço, rodeados de ótima companhia, e a oportunidade de rever amigos de longa data.
Kanimambo Ludovina!
Foi-nos pedido, pela nossa amiga Filomena Henrique, a residir na Figueira da Foz, tirarmos umas fotos da sua antiga residência, em Lourenco Marques, onde ela morou em criança. O Mário Gomes ofereceu-se para nos dar boleia até lá. A casa ficava no Bairro da Sommerschield na Rua General Rosado (hoje Av. Kim II Sung) com o n.º 582.
De certeza que vai ficar radiante e ao mesmo tempo nostálgica, ao ver estas fotos!
O prédio está em ótimo estado de conservação!
Na rua junto ao Centro Cultural Americano Martin Luther King Jr (esquina da Av. Kim II Sung com a Av. Mao Tse Tung, antiga Av. Massano de Amorim)
estava um “mufana” a vender passarinhos numa gaiola…
Já que estávamos naquela zona da cidade, resolvi mostrar à Helena a emblemática Igreja de Santo António da Polana ou Igreja da Polana.
Tem a forma de flor invertida, e é conhecida popularmente como o “espremedor de limão”.
Este é um monumento que vale a pena visitar em Maputo. O edifício data de 1962 e foi projectado pelo arquitecto Nuno Craveiro Lopes, tendo sido restaurada em 1992.
É uma igreja que se distingue de todas as outras, pelo estilo de arquitectura modernista.
Desde os vitrais às estranhas formas internas, a igreja é sem dúvida um marco da cidade de Maputo.
Foto da igreja e do modelo em miniatura, que se encontra no jardim
O modelo da igreja foi deslocado para junto da esquina da Av. Nkwam Nkrumah, antiga Rua da Nevala com a Av. Armando Tivane, antiga Av. Couceiro da Costa.
Depois de observarmos esta magnífica obra arquitetónica, seguimos no carro do Mário Gomes, pela Av. Tivane…
Na foto seguinte pode ver o bairro da Sommerschield, no final dos anos 60. Passámos em frente ao antigo edifício da Sociedade de Estudos, hoje Colégio Nyamunda.
Laranja: Colégio Nyamunda, antigo edifício da Sociedade de Estudos.
Azul: Av. Armando Tivane, antiga Av. Couceiro da Costa.
Verde: Av. Julius Nyerere, antiga Av. António Enes
Na fachada do edifício, ainda pode-se ver o belo painel do artista Garizo do Carmo.
Ao final da tarde, já no regresso a casa, a objetiva do BigSlam ainda registou algumas imagens do quotidiano de Maputo…
À saída da escola, estudantes aguardavam pelo transporte que os iria levar a casa. Na esquina (à esquerda na imagem) uma “mamana” assava massarocas…
A cidade está repleta de vendedores ambulantes,
o negócio de rua é a principal fonte de rendimento, o ganha pão dessas pessoas!
O Mário Gomes deixou-nos em casa; aguardámos que o guarda nos abrisse o portão de acesso ao prédio e, como sempre, à nossa espera estava o simpático Jack.
A casa do meu primo fica num segundo andar mas, para se entrar em casa, há que abrir sempre duas portas, a primeira em chapa e só depois a de madeira… isto é trivial nos prédios de apartamentos em Maputo.
Já na residência, aproveitámos para descansar, não muito, porque tínhamos programa para o jantar a convite do casal João Fernandes e Maria José.
Como no dia seguinte íamos arrancar para o Bilene, fiz um corte de cabelo radical – máquina 4…
Pelas vinte horas e conforme o combinado, os nossos amigos passaram pela casa onde estávamos e levaram-nos até ao Hotel Southern Sun Maputo, para jantar. O local escolhido foi excelente!
Para quem não sabe, o hotel está instalado onde era o antigo Restaurante Dragão de Ouro em Lourenço Marques.
Deixo aqui umas imagens para se recordarem…
Fachada principal do Restaurante Dragão de Ouro
Vista de cima e atual do Hotel Southern Sun Maputo,
com uma privilegiada localização.
A vista para o mar e a piscina são alguns dos pontos fortes deste hotel.
Fomos jantar ao Restaurante Evolve do hotel
Um espaço onde o requinte, a comida e a qualidade dos serviços andam de mão dada.
Depois de várias sugestões, optámos pelo serviço de bufete, pois estava tudo com um aspecto divinal…
Momentos desse jantar…
Os amigos Maria José e o João Fernandes são excelentes conversadores e o jantar decorreu com muita “bula-bula” e ótima disposição…
Um brinde à saúde e à amizade que o tempo não apaga.
Fomos fazer, depois, uma volta de reconhecimento por este hotel, com uma decoração colonial muito agradável.
O espaço nas traseiras, junto à piscina e com vista para o mar é lindíssimo…
A enorme árvore dos tempos do Dragão de Ouro, ainda se mantém lá!
Uma árvore que é uma âncora para o passado e um sinal para o futuro numa terra em mudança.
Foi junto a esta antiga árvore que faz a ponte entre o passado e o presente que tirámos a última foto.
Agradecemos pelo jantar maravilhoso e pela excelente noite que o casal super agradável João Fernandes e Maria José nos proporcionaram.
- Infelizmente o João já não está entre nós pois faleceu novembro de 2019. Que esteja em paz!
Iremos um dia voltar, para ver deste local o sol nascer…
Foram utilizadas algumas fotos nesta reportagem, cujos créditos são de: blog housesofmaputo, do portal Viaje Comigo, blog delagoabay e outros a quem o BigSlam agradece!
Música: Brenda Fassie – Vulindlela
- Não perca o próximo episódio desta viagem por terras de África – “Viagem e primeiro dia na praia do Bilene…”
(Saiba com quem fomos e o que fizemos neste primeiro dia na praia do Bilene)
NOTA: Para ver ou rever as anteriores reportagens, basta clicar nos links seguintes (escritos a azul):
1ª – “Viagem até Joanesburgo e o primeiro dia nesta cidade!”
2ª – “Jantar convívio com antigos desportistas de Moçambique radicados em Joanesburgo!”
3ª – “Fim de semana em Marloth Park!“
4ª – “Partida de Marloth Park e Chegada a Maputo!“
5ª – “Primeiro dia na cidade de Maputo!”
8ª – “Um passeio pelos clubes da baixa de Maputo!”
9ª – “Convívios… e entrevista da televisão STV ao BigSlam!”
10ª – “Visita a alguns locais emblemáticos de Maputo!”
5 Comentários
Eduardo Jeremias Coimbra Ferreira
fantastico ,muito Bonito ,Eduardo J.Coimbra Ferreira
Antonio Poinha
…maravilhosa reportagem da minha terra…….nasci e morei toda a minha vida ate 1975 na Malhangalene por trás da padaria do Corte Real…… meu pai tinha la uma serralharia…..desde 1934……como é bom recordar o paraiso em que vivemos……. estudei e tirei o meu curso la na Universidade……………..SAUDADES
António Adalberto Oliveira Mendes
Simplesmente…fantástico…parabéns
helder matias antigo tecnico do R.C.M.e viola dos conjuntos ::: os CORSARIOS:::::OS iNFLEXOS ::::E O IMPACTO POR ULTIMO
ffantastico !!! aminha terra esta bonita!
Dina Tomaz
Samuel e Lena, façam um livro com todas as fotos e a narrativa que as acompanha. Seria um êxito entre os moçambicanos.