Relatos de uma viagem por terras de África (13) – “À descoberta de um novo Bilene…”
4 de março de 2017 – Sábado
Acordámos com o som do chilrear dos passarinhos… O céu estrelado da noite anterior não nos enganou, o dia nasceu radioso!
Como ainda era muito cedo, aproveitei para tirar umas fotos pela casa de férias dos nossos primos.
Primeiro no nosso quarto,
depois no exterior
no jardim/quintal,
Aí, fomos encontrar bonitas crianças, filhos do casal que vive e trabalha nesta casa de férias.
Beleza e doçura neste olhar…
Recordei a árvore que a minha filha Soraia plantou, há doze anos atrás; abaixo seguem duas fotos dessa altura…
não cresceu muito, mas está firme.
A que plantei, também nessa altura, não sobreviveu,
consta que morreu de saudades… pois sentiu imenso a minha falta. 🙂
Por volta das nove horas fomos tomar o “mata-bicho”, e a prima Clarisse caprichou na refeição…
Depois do pequeno almoço fui, com o Tadeu, à procura do régulo Mango do lugar de Mahungo – Bilene, pois tinha uns pólos para lhe entregar, uma oferta do Fu Manjate.
Fu é um amigo de longa data a residir na Figueira da Foz, e está a ultimar a construção de uma vivenda no Bilene.
O snack bar “Tchin-Tchin”
foi o ponto de encontro escolhido com o régulo Mango.
Depois de uma boa conversa, fomos visitar a obra do meu amigo Fu que se situa num terreno sobranceiro ao Parque Flores.
No Bilene, só a estrada da marginal é asfaltada (com algum asfalto), e ao longo dos passeios, instala-se o mercado informal…
as restantes vias são todas em terra…
como devem imaginar, só viaturas 4X4 é que conseguem circular em segurança.
Chegámos, entretanto, à mansão do Fu: uma casa bem bonita em tons de laranja
e com uma vista privilegiada sobre a Praia de S. Martinho do Bilene.
Parabéns Fu! Desejamos-te muitos anos pela frente, para desfrutares da tua bonita mansão.
No regresso, passámos por locais lindíssimos, dignos de postais ilustrados
Em África, as crianças muito cedo colaboram nas lides caseiras…
Por volta das onze horas, vindos de Maputo, juntaram-se a nós os primos Bruno (filho) e Ernesto (pai)
Já com a “equipa” completa, partimos em direção ao complexo “Palmeiras”,
para aí embarcarmos, tendo como timoneiro o Tadeu, rumo à Aldeia de Mahelane que fica do outro lado da Lagoa Ujembe – Bilene.
Uma aldeia simpática, com cerca de dois milhares de habitantes, a maioria descendentes das famílias Mhula e Manhique, que vivem da pesca, prestação de serviços (travessias e passeios, no acolhimento aos turistas) e negócio informal.
À semelhança de muitas aldeias em Moçambique, existem crianças felizes e activas que passam o dia, invariavelmente a brincar no lago, a pescar, na escola e nas lides domesticas próprias de quem vive no campo.
Há tempos, a Família Tadeu & Clarisse Fernandes (3RC) foi convidada por amigos seus, e acolhida pela família Manhique num espaço junto da aldeia de Mahelane. A partir daí começou uma relação que dura até ao presente.
Como consequência natural, o dia a dia, as dificuldades e desafios da aldeia, passaram a fazer parte da agenda deste casal e sua família.
Os jovens da aldeia, esses em jeito de reciprocidade, ajudaram a família “3RC” na construção de uma simples casinha,
situada num local com vista privilegiada sobre o lago,
proporcionando pores do sol únicos!!!
Num esforço conjunto e resiliente, a par e passo foram-se envidando esforços, para conseguir melhorar as condições de vida da população.
Nesta âmbito e de forma a servir a aldeia, fez-se um furo para captação e distribuição de água potável, edificou-se uma escola com duas salas de aulas,
construiu-se um campo de futebol de 11 com ajuda da LACATONI, criou-se o Clube de Mahelane e sempre que possível apoia-se o Clube com material desportivo (bolas e equipamentos) estando previsto logo que seja possível, o desenvolvimento de outras ações, relacionadas com a Cultura, Arte e Desporto.
O desafio presente consiste em melhorar as condições do Posto Médico com um equipamento básico para servir a população.
Eu e a Helena, na visita à aldeia testemunhámos a entrega de material desportivo à escola, desta feita um conjunto de bolas de futebol, gentilmente oferecidas pelo representante da LACATONI – Sr. Filipe Azevedo.
que vieram trazer alegria ao grupo de jovens
Observámos também as condições de funcionamento da escola, tendo trocado impressões com o professor Francisco e o “madala” Salomão Manhique.
Demos uma volta e observámos estas imagens genuínas do quotidiano desta aldeia…
Fui encontrar um fruto que não via desde a minha infância – o canho (marula ou canhamo)
Com o suco do fruto faz-se uma bebida muito apreciada pela população da aldeia e não só…
As primas – Clarisse e Helena, não deram tréguas a este fruto saboroso…
Este fruto é muito conhecido pelo seu uso no licor da marca Amarula®, produzido através da fermentação de seu suco.
Já à saída da aldeia, um último adeus… o olhar doce desta linda menina, enche-nos de alegria e emoção.
Eu, a Helena e os restantes primos, entusiasmados com o que vimos e cheios de energia (seria efeitos da marula?) optámos por um raide a pé pela costa e charcos,
pelo caminho deparámo-nos com um ninho de minhocas gigantes, autênticas cobras… de arrepiar!!!
Finalmente chegámos a “Nghunghwa Lodge” considerado, actualmente, como um dos melhores complexos do Bilene.
Daí para frente foi conviver em família, com muita “bula-bula” e a desfrutar Moçambique naquilo que tem de melhor: o clima, o mar, as gentes, as paisagens, as cores, e tanta coisa mais…
Algumas imagens tiradas neste complexo
Um casal de portugueses que conhecemos de férias em Moçambique…
Enquanto elas bebem gin tónico,
o povo bebe cerveja 2M! 🙂
Um excelente bar de apoio à piscina e praia.
Fizémos uns mergulhos na piscina irresistível… o calor abrasador assim o exigia!
Depois deste excelente dia em contacto com a natureza regressámos a casa.
Para o aperitivo e antes do jantar – caju, patês, chamuças e rissóis acabadinhos de fritar, que nos souberam que nem ginjas!
A Mónica Barbosa, filha do nosso primo Ernesto, que neste momento se encontra a estudar na Universidade em Portugal, estabeleceu contacto com o mano Bruno e, depois de ver as imagens, ficou cheia de pena por não estar a desfrutar dos ares e o calorzinho do Bilene…
Entretanto, a noite chegou e no ar um cheirinho gostoso… a prima Clarisse mostrou mais uma vez os seus dotes culinários…
Tudo à base de grelhados na brasa e saladas. Simplesmente divinal!!!
Depois do jantar, juntaram-se a nós para o café, os amigos: Valdemar Cortez, Quim Sucena e a Elsa Pinheiro.
Como bons moçambicanos a “bula-bula” estendeu-se pela noite dentro…
5 de março de 2017 – Domingo
Em África os dias começam cedo…
Estava na altura de regressar a Maputo e decidimos aproveitar o dia o melhor possível.
Como não passei bem a noite, algo me caíu mal, a simpática Alice preparou-me uma canjinha. Só mimos…
Apesar de não me sentir operacional, não ia perder o último dia de praia no Bilene.
Arrancámos mais uma vez de barco, e fomos fazer praia para o mar do Índico.
Caminhámos sob um sol escaldante até uma zona de rochas, onde o mar é mais calmo
e relativamente perto do “Rochedo”, considerado local privilegiado para avistar tartarugas… razão pela qual a praia é conhecida por esse nome – Praia das tartarugas. Esta área é hospedeira da tartaruga coriácea, uma das maiores espécies existentes no mundo.
Passámos a manhã dentro de água, pois o sol tórrido não dava tréguas
A Elsa fez companhia ao Quim como paparazi de serviço
No início da tarde regressámos, o calor abrasador não permitia estar mais tempo na praia.
Depois de atracarmos no “Palmeiras”, aproveitámos para ir ver as instalações dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) no Bilene,
O Restaurante-Bar
Neste espaço, que fica ao lado do terraço do restaurante-bar, acampou uma vez a malta do basquete do Ferroviário Lourenço Marques (masculinos e femininos). Quem se recorda desse acampamento?
Depois fomos ver as casas dos CFM que se encontram em ótimo estado.
Não podíamos deixar o Bilene sem comprar o célebre caju desta zona; ainda vinha quente de ser torrado…
Chegámos entretanto a casa…
para a despedida do Bilene, a prima Clarisse providenciou a colocação da mesa para o almoço, à sombra de uma árvore frondosa… que excelente ideia!
Estamos gratos a todos, pelo excelente fim de semana proporcionado, pela companhia, pelo convívio e pelo carinho sempre a nós dedicado . Kanimambo!
Termino com este bonito por do sol africano, genuíno do Bilene!
Moçambique… é maningue nice”!
Foram utilizadas algumas fotos nesta reportagem, cujos créditos são de Elsa Pinheiro e Joaquim Pereira, a quem o BigSlam agradece!
Música: Alan Walker – Faded
- Não perca o próximo episódio desta viagem por terras de África – “Visita à Casa do Gaiato de Maputo e Aldeia Nvinduane”
(Venha conhecer esta obra maravilhosa em prol das crianças e população carenciada de Moçambique…).
NOTA: Para ver ou rever as anteriores reportagens, basta clicar nos links seguintes (escritos a azul):
1ª – “Viagem até Joanesburgo e o primeiro dia nesta cidade!”
2ª – “Jantar convívio com antigos desportistas de Moçambique radicados em Joanesburgo!”
3ª – “Fim de semana em Marloth Park!“
4ª – “Partida de Marloth Park e Chegada a Maputo!“
5ª – “Primeiro dia na cidade de Maputo!”
8ª – “Um passeio pelos clubes da baixa de Maputo!”
9ª – “Convívios… e entrevista da televisão STV ao BigSlam!”
10ª – “Visita a alguns locais emblemáticos de Maputo!”
11ª – “Almoço e jantar com amigos em Maputo!”
12ª – “Viagem e primeiro dia na praia do Bilene…”
9 Comentários
Rosa
Obrigada pelas suas reportagens. Sempre muito agradáveis de se ler. Bem haja um casal tão simpático.
Manuel Martins Terra
Que magnificas fotos ilustram a bela praia do Bilene, agora muito transformada mas cada vez mais atrativa. Um belo paraíso que a natureza teceu, que guardo nas munhas memórias. Parabéns, Samuel, pelo teu excelente trabalho, onde nos fazes viajar no tempo .
Vera Oliveira
Que maravilha, muito obrigada Samuel Carvalho por este testemunho tão belo, deu para matar um pouco as saudades do nosso querido Bilene e ao mesmo tempo conhecer as suas gentes e o seu modo de vida.Na vida tudo muda, nada permaneço, a não ser a mudança, e fico feliz por poder testemunhar a alegria do povo moçambicano vivendo nesse paraíso que é também nosso, pois quem nasceu e viveu em África nunca deixa de a sentir como sua também. Bem haja Samuel, um grande abraço.
BigSlam
Obrigado Vera pelo simpático comentário. Não perca as próximas reportagens desta viagem por terras de África. Todas as quartas-feiras aqui no nosso “Ponto de Encontro!” – http://www.bigslam.pt
Aquele abraço.
jose almeida
lindas fotos como a minha nossa terra continua atractiva
Álvaro Pinto Silva
Nunca estive em Moçambique mas sim em Angola, e gosto sempre de ver, Povos locais, paisagens e flora africanas, talvez minhas “reencarnações” sejam Africanas
Meus parabéns: Álvaro silva
Jose Antonio Bentes Soeiro da Conceição
Que Paraíso maravilhoso………………
fernando lima
Na próxima tens que vir à minha palhota no Bilene. Será difícil rivalizar com os petiscos Chez Tadeu. Mas há sempre um bom Scotch e cerveja gelada.
Samuel Carvalho
Fica prometido para uma próxima viagem por terras de Moçambique. Nunca se nega uma boa “Laurentina” ou “2M” gelada, principalmente a um amigo que vivia na J. Serrão… Kanimambo e aquele abraço!