25 de Julho de 1964… Inauguração da Delegação do Banco Nacional Ultramarino em Moçambique
Nas décadas de 1950-60, a modernização e alargamento do edifício da filial de Lourenço Marques tinha-se tornado cada vez mais urgente para a administração do BNU, tendo em conta o volume de negócios que esta filial tinha vindo a dar ao banco. Este progresso era incompatível com um edifício de filial que, apesar de esteticamente apelativo, não possuía a totalidade das funcionalidades necessárias. Efectivamente, parte dos serviços que inicialmente operavam no rés-do-chão tiveram de ser transferidos para o 1º andar e, inclusive, ocupar um outro edifício exterior à filial na Avenida da República. A secção comercial, nos armazéns nas traseiras da filial, tinha sido extinta e substituída pelo arquivo do banco.
Para um futuro edifício, o projeto foi atribuído ao arquiteto José Gomes Bastos. Este inseria-se na denominada “2ª geração de arquitetos modernistas portugueses”. Por este motivo, a visão que apresentou para o novo edifício seria para imprimir precisamente essa modernidade, que constatou que estava ausente no urbanismo e arquitetura de Lourenço Marques de então.
No ano do centenário do BNU (1964), foi inaugurado um este edifício moderno e imponente, de 5 andares com uma área de 11.530 m², situado na baixa da cidade, que ocupava a quase totalidade do quarteirão entre a Avenida da República e a Rua Consiglieri Pedroso.
Este edifício da filial de Lourenço Marques foi inaugurado no dia 25 de julho de 1964. A cerimónia de inauguração contou com a presença de Francisco Vieira Machado, governador do BNU, do almirante Américo Tomás, Presidente da República, do comandante Peixoto Correia, ministro do Ultramar, do general Costa e Almeida, governador-geral de Moçambique, e de D. Custódio Alvim Pereira, arcebispo de Lourenço Marques, entre outros convidados representantes da sociedade civil, militar, eclesiástica e empresarial de Moçambique colonial de então – o que atestava a importância desta efemeridade para a economia local.
Na altura da inauguração, trabalhavam na filial do BNU em Lourenço Marques 466 funcionários.
Fotos retiradas do delagoabayworld de ABM.
João de Sousa – 25.07.2020
8 Comentários
Paulo Sousa
Boa tarde,
Trabalhei no BNU no balcão de Alvalade em Lisboa e mais tarde em Alcobaça. Julgo ser da geração mais nova que alguma vez trabalhou nesta grande instituição e que teve o privilégio de conhecer trabalhadores da “velha guarda” ou seja do tempo de Moçambique.
Estou a escrever um romance em que um das personagens trabalhou no BNU em Moçambique e procuro quem me possa ajudar partilhando as suas memórias para com elas preencher alguns detalhes da história.
Posso deslocar-me pelo país para falar com quem estiver disponível para me ajudar.
Muito obrigado
Basílio Pinto Gomes
Assisti à construção deste belo edifício, assentado em inúmeras estacas grossas de madeira. Ao lado, a Travessa da Laranjeira e na esquina a LIVRARIA E PAPELARIA PROGRESSO.
Marília Manuela Ventura Nunes
Fachada magnífica e lindas obras de arte no interior, deixavam-me fascinada sempre que ia ter com o meu pai que trabalhou durante anos no BNU em Lourenço Marques
Fernando Pascoal Fonseca
Felizes os que conheceram este ” prédio”. O seu interior era magnífico, a caixa forte era um protento de engenharia ao tempo e o exterior de arquitectura agradável. Fui seguindo a sua construção ao longo do tempo.
António Amorim Lopes
UM EDIFÍCIO, COMO TANTOS OUTROS, QUE DIGNIFICAM OS PORTUGUESES QUE DURANTE ALGUNS SÉCULOS AJUDARAM MOÇAMBIQUE A CRESCER AOS OLHOS DO MUNDO. NO CASO VERTENTE, O BANCO NACIONAL ULTRAMARINO, É BEM O EXEMPLO DA NOSSA AFIRMAÇÃO. FUI CLIENTE DAQUELE BANCO DURANTE ANOS E SÓ TENHO QUE ME CONGRATULAR PELA FORMA SIMPÁTICA E POR UM PROFISSIONALISMO EXEMPLAR COMO ERA TRATADO. COMO SE PODE VERIFICAR O EDIFÍCIO AINDA HOJE SE PODE CONSIDERAR DE ALTO MODERNISMO. COMO SERÁ POSSÍVEL NÃO TER SAUDADES DESSA IMPONENTE E FEITICEIRA TERRA, ASSIM COMO DAS SUAS SIMPÁTICAS GENTES?
Manuel Martins Terra
Um edifício magnânimo , com o seu interior bem decorado e excelente funcionalidade. Lembro-me de entrar lá pelas suas portas cilindricas, que sempre em movimento permitiam as entradas e saídas. Um Banco construido para apoiar o constante desenvolvimento que grassava em Moçambique, e estratégico para a economia local. A Casa Coimbra , construida na década 30, foi reduzida a um monte de escombros, dando lugar a um arranha-céus propriedade de um banco. Assim desapareceu um belo estabelecimento, do qual todos certamente guardamos boas recordações.
FERNANDO DE CARVALHO
Casa Coimbra, onde eu comprei as mais lindas camisas que usei na minha juventude.
José Luciano André
Recorda, diz muito bem a Senhora. E, com saudade. É bom consolar a “vista” não deixando de recordar com saudade não só este imponente edifício como toda a cidade onde andamos alguns quilómetros. Bem haja pela publicação e oportunidade que nos foi apresentada. Um grande exemplo do que foi feito…