8 Abril de 2016 … Joaquim João
O meu colega Renato Caldeira no seu livro “Estrelas de Moçambique”, chamou-lhe “um manachuabo estiloso”. O estilo, dentro e fora de campo, era a sua imagem de marca. Da sua linha defensiva, o capitão controlava tudo e todos. Esse grande jogador e homem de extraordinário carácter, de uma dimensão humana incalculável, foi dos melhores jogadores que vi na sua posição. Tinha um enorme poder de antecipação. Desarmava com classe. Quando se colocava na área do adversário, particularmente quando a sua equipa beneficiava de pontapés de canto, Jota Jota “subia ao primeiro andar e tentava o golo”. Marcou vários golos de cabeça.
Joaquim João Fernandes, de seu nome completo, nasceu em 1952 no distrito de Mopeia, na província da Zambézia, tendo-se iniciado nas lides desportivas jogando no Ferroviário local. Em 1969 veio à então cidade de Lourenço Marques, onde representou durante largos anos o Ferroviário de Maputo e mais tarde o Maxaquene.
Foi 62 vezes internacional pela Selecção Nacional e esteve ligado ao futebol quarenta e dois anos ininterruptos, especificamente aos Clubes Ferroviários de Moçambique.
Quando abandonou a carreira de jogador de futebol, o antigo capitão dos “locomotivas” de Maputo e da Selecção Nacional abraçou a carreira de técnico de futebol, tendo treinado o Ferroviário de Maputo (1986), o Ferroviário da Beira (1994-1996), a Selecção de Sub-20 (2000-2002), a Selecção de Sub-17 (2002-2004) e o Ferroviário de Inhambane (2008-2011).
Em 1973 chegou a treinar no Sport Lisboa e Benfica, que na época tinha no seu comando o inglês Jimmy Hagan. O serviço militar colocou de lado os planos de “Jota Jota” se tornar profissional de futebol.
Joaquim João imortalizou o seu nome enquanto homem, futebolista e treinador, pela forte carreira que seguiu.
O nome e os feitos de Joaquim João para o futebol nacional e o desporto em geral são exemplos que devem ser seguidos pela nova geração de futebolistas moçambicanos. Como disse João Chissano nas exéquias fúnebres, “quem não pôde conviver com JJ perdeu oportunidades de aprendizagem”. Ele marcou “uma época e um estilo. Um regalo para quem o viu jogar.
Faz hoje (08 de Abril) quatro anos que ele deixou-nos fisicamente.
Fontes: “Estrelas de Moçambique”, de autoria do jornalista Renato Caldeira e portal digital “BigSlam”.
João de Sousa – 08.04.2020
3 Comentários
Fernando Teixeira Baró
+++ Ao ver a publicação acima exposta do meu estimado e grande J.J. JOAQUIM JOÃO, não resisti em anexar o meu apreço por esse grande e excelente jogador de futebol. jogámos juntos no nosso FERROVIÁRIO de L.M. CITY, com vários craques… “Dr. BALTAZAR”, MOMBAÇA BARACA, CARLOS BRUHEN, NELSON MAFAMBANE, ABREU, JAMBANE, ROMANO, HAMBASSE TAJUH, ARTUR, OLIVEIRA, PIMENTA, EDUARDO, SERAFIM, JEREMIAS, BATISTA, MADEIRA “CATXÉ”, PÉLÉ, FORTUNATO, RAFAEL, RAMOS, MÁRITO, QUARENTINHA, BANITO, MANDITO, CASSAMO, COUTO, JACINTO, RODRIGUES, GAFUR, ÂNGELO, MACHAVA e tantos outros. Fomos campeões do Provincial Moçambique, em 1970. ELE tinha tanta classe e à vontade quando jogava com aquele “SUPLESS”, que nunca me esquecerei, que inúmeras vezes, quando saltava de cabeça, lá no cimo, até se ria ( tal era o poder de elevação e antecipação) – . o JOSÉ JÚLIO, ex-DESPORTIVO, que vive em Santo André / SINES, que o diga. E realmente , também veio com FERROVIÁRIO estagiar, com o consagrado SENHOR MÁRIO COLUNA a treinar, e ainda com alguns jogadores do meu tempo, GAFUR, RAMOS, RAFAEL . Em 2006, fui de férias, à minha terra, e estive em casa do J.J., situada perto da sede do nosso clube, na baixa. E como amigo e colega, estava sempre bem disposto e com alegria. Que esteja em PAZ e DESCANSO, sempre com a protecção de DEUS, são os meus votos. Fernando Teixeira +++
Manuel Martins Terra
Falar de Joaquim João, é tão somente referir que na minha modesta opinião se tratou dos melhores defesas centrais do Continente africano. Faço das palavras do Renato Caldeira, palavras minhas para o poder descrever. Sei que Jimmy Hagan em 1973, o desejou para jogar ao lado de Humberto Coelho. JJ terá até assinado , em Lisboa um documento para o vincular ao SLB. Em 2013, creio eu Joaquim João, então no cargo de Coordenador Nacional de Desporto, veio a Portugal, para visitar o seu irmão Mário João e esteve em Valpaços na companhia de uma comitiva moçambicana, onde nos reunimos à noite para jantar. Fiz na mesa a dupla com o Joaquim João, e como não poderia deixar de ser o futebol moçambicano foi o grande tema da conversa. Passamos em revista os grandes jogadores do seu tempo e o futuro do Futebol no país. Sabendo eu, que o Marito , seu companheiro no CF de LM, era um amigo de peito, facultei-lhe o numero do seu telemóvel, algo que o encheu de alegria assim como o de Djão e do Balltasar. Joaquim João, era grande dentro das quatro linhas, e maior ainda na sua vida social. Era um homem bondoso e de grande carácter.Faz hoje 4 anos, que um amigo meu empresário em Nacala e seu amigo também, me ligava a comunicar que JJ nos tinha deixado. Moçambique, vestiu-se de luto, para se despedir de uma figura impar do Desporto daquele país. Joaquim João, da m8nha parte a eterna saudade.
Manuel da Silva
João de Sousa e equipa BigSlam sempre atentos,
Retenho: “Joaquim João imortalizou o seu nome enquanto homem, futebolista e treinador, pela forte carreira que seguiu”.
Obrigado