UMA DATA NA HISTÓRIA – 4 de Dezembro de 2002… Noémia de Sousa
NOÉMIA DE SOUSA nasceu em 1926, na Catembe. Por sua influência nas gerações de poetas de Moçambique, ficou conhecida como “Mãe dos poetas moçambicanos”.
É autora de densa obra poética, que representa a resistência da mulher africana e luta do povo moçambicano pela sua liberdade. O seu único livro, “Sangue Negro”, é composto por 49 poemas, escritos entre 1948 e 1951, que circularam na época em jornais como “O Brado Africano”.
Texto da brasileira Clarissa Wolff sobre Noémia:
O vaso chinês quebrou.
Muito se fala sobre qual seria (e qual deve ser) a função da literatura, mas arrisco dizer que o vaso chinês realmente quebrou: a arte não vive mais só pela arte e o parnasianismo já era. Em cima de seu caixão recheado de descrições longas em versos com o mesmo número de sílabas e estrofes de rimas regulares, Noémia de Sousa dança.
Seus poemas são assim, corporais, dinâmicos. Dá até pra fantasiar que ela criava como Jackson Pollock, com impulsos do próprio corpo, jogando palavras no lugar de tinta no papel e criando coisa atrás de coisa de tirar o fôlego. Claro que não era assim, mas sobretudo a mensagem poderosa e assustadora, que te seduz entre imagens fortes em palavras bonitas, faz tudo parecer natural ao seguir o ritmo até o soco no estômago.”
Carolina Noémia Abranches de Sousa faleceu em Cascais (Portugal) no dia 4 de Dezembro de 2002. Faz hoje 16 anos.
João de Sousa – 04.12.2018