A minha última aula!
Como no fim deste ano lectivo 23/24 decidi terminar a carreira docente, estão todos ”convidados” a participar e comentar esta “minha última aula”.
Porém, tenho de vos confessar:
• Mesmo sabendo que Professor é das profissões mais antigas.
• É de extrema importância! Porque todos os outros profissionais são formados por ele.
• E em muitos países é das profissões mais respeitadas! Como no Japão em que somente os professores estão/estavam dispensados de se curvar diante do Imperador e quando em representações oficiais tinha/tem ao seu lado direito o professor mais distinguido nesse ano.
Mesmo sabendo isto. Esta carreira não estava nos meus horizontes! Dizia aos meus amigos que não tinha paciência para “aturar os filhos dos outros”.
Mas pela confusão sócio/política e crise de emprego que aqui encontrei, quando em 1975 cheguei vindo de Moçambique, fui “empurrado” para ela.
Temporária pensava eu! Porque assim que a situação no país estabilizasse voltava à área que gostava, de motores térmicos!
Só que:
Deus escreve direito em linhas tortas”.
E fez-me ver que estava redondamente enganado. A docência ia para muito além do que eu imaginava!
Desafiou-me a investigar conteúdos que de outro modo teriam ficado esquecidos. E a minha capacidade de transmitir conhecimentos. Por isto estava sempre aprender!
Depois disto passou a ser a minha paixão.
Alguns professores/(as), pela importância que dão á sua carreira, quando resolvem terminá-la convidam colegas, personalidades, alunos e amigos para assistirem à sua “última aula”. Onde fazem um historial da sua vida académica e referem os problemas actuais do ensino.
Como vou terminar a minha, com a certeza do “dever cumprido”, estão “todos convidados” a assistir e participar.
Vou terminá-la não porque as minhas faculdades, de todo, me tenham traído. Ou o meu método de ensino se encontre esgotado.
Mas quando os anos começam a “pesar”, a profissão “de dar e receber saberes do mundo”, torna-se demasiado exigente e cansativa. E muitas vezes traz também à mistura um extenso rosário de incompreensão, tristezas, amarguras e ingratidão.
Agradecimentos
Também como nas outras profissões, a de professor não é excepção! Só é possível com o apoio, colaboração, e dedicação de vários intervenientes.
Por isto, tenho de agradecer a todos que, directa ou indirectamente, contribuíram para que a minha tivesse chegado a “bom porto!”
- Aos meus professores, grandes mestres, a quem muito devo. Por terem sido incansáveis em me transmitirem os seus saberes. E até por dedicarem parte do seu tempo extra para me explicarem em pormenor os conteúdos. Tive a sorte de vos ter como grandes orientadores.
- Aos meus alunos. Porque foram/são a razão de ser da vida de professor e da minha realização profissional.
Dizer-lhes que ensinei o que de melhor sabia! E que com eles também troquei saberes e conhecimentos.
- Aos meus colegas amigos:
Os “mais chegados” sabem que jamais me esquecerei deles, e lhes estou eternamente grato! Não vou referir nomes, para não melindrar outros com quem colaborei durante muitos anos em Almada nas “minhas escolas” – Emídio Navarro, Anselmo de Andrade e Escola Profissional de Almada, que foram as minhas segundas casas.
Agradecimento extensível também ao pessoal discente destas escolas.
Todos foram/têm sido incansáveis, e nunca me desampararam. - Aos encarregados de educação e familiares. Com quem sempre tive as melhores relações.
- E por último, mas que são os primeiros! – À minha família que sempre me apoiou nas difíceis resoluções da minha vida.
A todos: Bem hajam!
Mudanças operadas no sistema de avaliação
Vou recordar que em 1983, com a introdução do 12.º ano, um aluno para se poder candidatar ao ensino superior tinha de ter, tal como hoje, no mínimo 95 pontos (9,5 valores) nas provas de acesso, e o resto do percurso escolar não contava para a média de candidatura!
Este procedimento não teve a aceitação da comunidade escolar.
Um professor responsável, de modo algum, podia concordar que depois do trabalho desenvolvido ao longo do ciclo complementar de 3 anos a entrada de um aluno num curso superior só pudesse estar dependente de uma prova geral de acesso, sem ter em conta outros parâmetros da componente lectiva do seu percurso escolar.
Felizmente que aquele sistema durou pouco tempo e foi alterado, entrando depois em conta com o aproveitamento escolar do aluno.
Mas hoje, desde o 1.º ciclo caiu-se no exagero! Porque no final do ano lectivo o aluno, apesar das aulas de apoio, mesmo não tendo adquirido os conhecimentos mínimos, não fica retido, e passa de nível.
E até algumas vezes os encarregados de educação, pelos poderes que lhes são conferidos pelas associações de pais, questionam e pressionam os professores sobre a avaliação atribuída aos seus educandos!
Os problemas maiores que o ensino hoje enfrenta!
Temos constatado que ao longo dos anos que os sucessivos governos, embora avisados, não apostaram na formação de professores. E hoje o ensino debate-se com a sua falta! Chegando ao fim do ano lectivo e ainda haver turmas sem professor em algumas disciplinas.
Somente agora, com a situação mesmo no limite, para tentar minimizar a sua falta, entre outras medidas, os licenciados e os professores aposentados com menos de 70 anos, foram convidados a voltar ao activo. – Será que resulta?
É também com grande tristeza e desilusão que temos assistido na comunicação social, a títulos como estes:
“Professora brutalmente agredida por mãe de aluno..…A vítima foi assistida no Hospital de Santo António”.
“Professora de uma escola básica foi agredida a soco e pontapé à porta do estabelecimento de ensino.”
Estes não são casos únicos! Os meios de comunicação referem que só em 2017 foram levantados 87 inquéritos de agressões contra professores.
Sem nunca se saber se os agressores foram condenados!
Vejam o dilema que é um professor(a) ter de voltar a enfrentar a turma em que um dos alunos o/a esmurrou! – Ou em que uma mãe o pontapeou.
Qual o impacto dessas agressões no comportamento dos alunos que assistiram?
Umas vezes aterrorizados, outras na “galhofa” com os colegas e outras até, desviando o olhar!
Esta violência é também exercida sobre outros funcionários das escolas!
Mesmo entre alunos, as simples “briguinhas do nosso tempo” com os colegas e amigos a tentarem nos separar, dão hoje origem ao denominado “Bullying” que são uma forma de agressão entre alunos, ou grupos de várias escolas onde os colegas e amigos não os separaram. Simplesmente colaboram!
Para complicar mais a situação, recentemente à “revelia” da comunidade escolar e familiar, está a ser introduzido no sistema de ensino “à socapa” a “ideologia de género”, que visa alterar a ordem natural que fundamenta a família e a sociedade, manipulando a mente das crianças com a confusão de sexos, levando-as a pensar que sempre que quiserem podem mudar! Uma menina pode transformar-se num menino e vice-versa, enganando assim as crianças.
É por tudo isto, que os pais e encarregados de educação, sempre que podem, procuram para os seus educandos o ensino privado.
A minha maior recompensa é que depois de uma vida na formação de alunos e professores, termino a docência com a certeza do “dever cumprido!”
Mas saio triste. Porque esta “nova escola”, com algumas das alterações e transformações programáticas que tem sofrido, não é a que sonhei para as gerações vindouras.
Agora, no pouco tempo que tenho pela frente, vou continuar a aprender com o Mundo…
É nele, e para ele, que vou representar o “último acto da peça da minha vida”!
Mas enquanto puder, para acompanhar o tempo, vou manter a ligação às “minhas” Escolas, como visita, onde tenho muitos e grandes amigos.
Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno… Muito pequeno!
João Santos Costa – Setembro de 2024
54 Comentários
Rui Morais
Caro Professor João,
É com o coração pesado que lhe escrevo, sabendo que mais um educador maravilhoso está a deixar a nossa profissão — uma profissão que está tão carente de indivíduos excelentes e dedicados como o senhor. Embora sinta tristeza pela sua partida, também reconheço o legado incrível que está a deixar após tantos anos a moldar jovens mentes e a dar tanto de si aos futuros líderes deste mundo.
Como colega que está prestes a embarcar na minha própria nova aventura em Portugal, onde assumirei a direção de uma escola internacional, quero saudá-lo pela sua carreira notável. O seu compromisso com a educação, com a juventude e com o futuro da nossa sociedade é simplesmente admirável. O senhor deixou uma marca indelével, uma que será lembrada e apreciada por muitos anos.
Tenho um enorme respeito pelos educadores como o senhor em todo o mundo. A nossa profissão não é apenas uma carreira — é uma vocação. Pode ser exigente, até extenuante em alguns momentos, mas não há maior recompensa do que testemunhar o crescimento, o sucesso e o impacto que ajudamos a promover na vida dos nossos alunos. É um caminho nobre, e o senhor percorreu-o com excelência e dedicação.
Agora, ao iniciar este próximo capítulo, desejo-lhe uma merecida e maravilhosa reforma. Sem dúvida, o senhor conquistou cada momento dela. Que seja repleta de alegria, descanso e toda a satisfação que vem de saber que fez uma diferença profunda.
Com os melhores cumprimentos,
Rui Morais
joão santos costa
Olá Rui
Muito obrigado pelo teu comentário que li com toda a atenção e prazer.
Como sei que vens para Portugal desempenhar um lugar de chefia de grande responsabilidade, ligado ao ensino e docência, desejo-te muitas felicidades.
Sei que vais vencer.
Um abração, deste teu amigo.
JSC
José Gonçalves
Parabéns João pelo teu artigo excelente artigo, como é habitual. Aproveito para te desejar muitas felicidades nesta nova etapa da tua vida e de te agradecer pelos anos que dedicaste aquela que é um dos pilares mais importantes de qualquer sociedade. Quanto ao conteúdo do teu artigo, focsste com a precisão habitual, todos os grandes problemas que afetam o ensino dos nossos dias e a grande falta de reconhecimento a que os professores foram votados há algumas décadas a esta parte.
Um grande abraço e bem hajas.
João Santos Costa
Olá Zé
Quero-te agradecer o comentário, que li com muito prazer.
Muito Bem Hajas.
Um grande abraço deste teu amigo.
JSC
ABM
João, só te conheço das aulas que nos dás aqui no Grande Slam. Impressionantes. E essas não acabaram, podes e deves continuar. Tens aqui muitos alunos – muitos mais do que pensas e que tiveste nas salas de aula.
joão santos costa
Olá António
Ora aqui está um comentário a que nem sei como responder!
Sabes porquê? Porque para dar as “aulas que dou aqui no BigSlam” também são com o teu apoio. Como sabes, muitas vezes vou ao teu site Delagoa bay “roubar” elementos para os meus artigos.
Gostei muito de ler o teu comentário.
Muito obrigado, por tudo António,
Um grande abraço.
JSC
amrmir59@gmail.com
Os meus sinceros parabéns João ,pelo teu percurso e por todos os artigos que tens postado em especial este alusivo ao final da tua carreira como professor
Desejo-te tudo de bom e que aproveites agora e o melhor possível a companhia de todos os teus amigos pois a da família está garantida.
Aquele abraço !
António Miranda
joão santos costa
Olá António.
Sem cortar radicalmente com as minhas escolas, aonde tenho muitos amigos, agora vai ser uma nova etapa na minha vida.
Muito obrigado pelo teu comentário.
Um grande abraço deste teu amigo.
JSC
wanda serra
Mtos e mtos parabéns João.
Como sempre adorei o teu tao digno artigo onde profundamente,se analisa a tua grande inteligencia ,grande capacidade desta caminhada🏆…..
Maravilhosa profissão repleta de valores inseridos em ti .
Tudo do melhor te desejo…..
Beijinhos João😘
inseridos em ti
joão santos costa
Olá Wanda
Muito obrigado pelo teu comentário, que li com muito prazer e gostei muito.
Bjinho
JSC
Andreia Russell
Hoje olho para trás e lembro-me de muitos professores com carinho. Talvez na altura nem lhes dava o devido valor, mas agora envolvida no mundo da educação sei o quão importantes são na vida de qualquer ser humano.
Muitas vezes, além de ensinarem, são ombros amigos em horas difíceis.
Bem, não esquecer das auxiliares que fazem o casamento perfeito com os professores e unem esforços para que a instituição Escola se mantenha com os valores certos.
Eu acho que o problema não são os pais nem os alunos, é o sistema, a política, as condições de vida, de trabalho das famílias. Cada vez ha mais adolescentes com ataques de pânico, ansiedade, depressão. Porque será? E os professores claro.
Só desejo que continuem a existir professores da fibra do João Costa.
Beijinhos.
joão santos costa
Olá Andreia
É isso mesmo que dizes.
E tu agora que estás ligada ao ensino é que vez que a vida de professor às vezes “são também os ombros amigos das horas difíceis”.
E mais te digo ; tive alunos/as que ás vezes me contavam aquilo que não contavam aos familiares e pediam-me para não lhes dizer nada!
A vida de professor também é isto.
Se que estás num novo cargo na tua escola e desejo-te muitas felicidades.
Muito obrigado pelo teu comentário
Um bjinho, Andreia.
JSC
José Alexandre Bártolo Wager Russell
Caro amigo João. é assim. Um dia será a última lição. Ou a última aula. Para professores e não só. Passei por lá, por pouco tempo. Mas que deu para me aperceber de algumas coisas que se passavam no ensino. E, enquanto alunos também nos apercebemos que o quão importante é a sua missão. Ou pelo menos no meu tempo assim era. A educação e o respeito começam em casa. A formação para a vida na escola. E depois a escola da vida encarrega-se do resto. Hoje tudo é diferente e tu resumes aquilo que se passa. Tempos houve em que ser professor era uma missão e uma profissão que muito orgulhava quem o era, e que atraía muita gente . Hoje não. Infelizmente. Por várias razões, a principal, por não ser devidamente respeitada, em todos os sentidos. Foste na tua idade até ao máximo possível. Poucos o farão, ou fizeram. Os teus alunos só podem estar-te grato. Parabéns.
joão santos costa
Olá Zé
Como estiveste no ensino também tens uma palavra a dizer! E é isso que referes no teu comentário, que gostei de ler.
Muito obrigado.
Um grande abraço.
JSC
João Carlos Guerra Mendes de Almeida
João,
um grande e amigo abraço aqui de longe, da Madeira. Fizeste-me lembrar que eu também fui professor, durante 3 anos na Escola Industrial Mouzinho de Albuquerque, na nossa Lourenço Marques, enquanto aluno da Faculdade de Medicina e mais tarde na Escola de Enfermagem do Funchal, também durante 3 anos. Foi uma experiência que adorei e que só não continuei por falta de tempo.
Um grande abraço
João Mendes de Almeida
joão santos costa
Olá AMIGÃO
Quero agradecer o teu comentário.
Possivelmente ao leres o artigo recordaste a tua passagem pelo ensino,
Eu também quando comecei ainda pensei que fosse só de passagem, Mas depois passou a ser a minha “praia”! Tive o prazer de trabalhar com alunos de todos os extractos sociais.
Assim como tu agora na tua profissão de médico.
É isto que também conta para a nossa felicidade.
Muito obrigado pelo teu comentário, João,
Um grande abraço deste teu amigo
JSC
Virgílio Horta
Amigo João, obrigado por mais este teu artigo. Eu como professor também já aposentado ,concordo e revejo-me nas tuas palavras. Grande abraço
João Santos Costa
Bom dia Virgílio
Tu como também foste professor, sabes como ás vezes é difícil lidar com determinadas turmas. Muitas vezes por culpa da família e dos amigos.
Obrigado pelo teu comentário.
grande abraço
JSC
Eduardo José da Silva Baltazar e Horta
Caro amigo, sem dúvida que ser professor é exercer uma das profissões mais importantes e dignas, porque nas suas mãos estã a formação, o carácter e o conhecimento dos jovens, futuros adultos. Nas tuas mãos esteve o destino de gerações de jovens que integraram a sociedade. Dar a última aula não é encerrar um ciclo, mas constatar que um dever foi cumprido, e, sobretudo, com uma espírito de missão que sempre te norteou e fez chegar a bom porto. Uma consciência tranquila e recordações de jovens que foram despertados pelas tuas palavras e hoje estão bem graças a ti. Parabéns pelo teu percurso que tantas boas marcas deve ter deixado. Um abraço.
João Santos Costa
Bom dia Eduardo.
É como dizes Professor ainda é das profissões mais importantes.
Embora muitos encarregados de educação não o reconheçam.
um grande abraço, Eduardo
JSC
João Santos Costa
Muito obrigado Eduardo pelo teu comentário
jsc
Victor Pinho
É sempre gratificante terminar a carreira de professor depois de ter ensinado muitos alunos e proporcionando-lhes um conhecimento científico que os levou certamente a ter uma carreira profissional melhor. Orgulho de ter uma profissão gratificante outrora respeitada e admirada pelos pais e alunos. Fui também professor durante a vida militar preparando os soldados para os exames com aproveitamento excelente e mais tarde em Moçambique e Portugal e durante a minha actividade de lecionar senti uma enorme alegria quando diariamente transmitia os meus conhecimentos numa disciplina não muito admirada como a Matemática. No entanto ainda hoje alunos meus me contactam e reconhecem o valor que lhes foi transmitido pelos professores. Obrigado João Costa pela dedicação a esta profissão e certamente os seus alunos o recordarão sempre com simpatia e carinho.
João Santos Costa
Bom dia Victor
Muito obrigado pelo teu comentário que li com todo o prazer.
Gostei de saber que num período da tua vida também foste professor.
E como dizes. É gratificante haver alunos que ainda hoje reconhecem os valores que lhes transmitimos.
Um grande abraço
JSC
Katali Fakir
“UM JOVEM ENCONTRA UM MAIS VELHO E LHE PERGUNTA:
– Lembras-te de mim? E o velho diz que não.
Então o jovem diz-lhe que foi seu aluno. E o professor pergunta-lhe:
– Ah, é? E que trabalho faz agora?
O jovem responde: – Bem, sou professor.
– Oh, que lindo como eu? diz-lhe o velho.
– Bem, sim. Na verdade, tornei-me professora porque o senhor me inspirou a tomar essa decisão.
O velho, curioso, pede ao jovem que lhe diga porquê. E o jovem conta-lhe esta história:
– Um dia, um amigo meu, também estudante, chegou à escola com um relógio lindo e novo e eu roubei-o. Pouco depois, o meu amigo apercebeu-se do roubo e reclamou imediatamente com o nosso professor, que era o senhor. Então o senhor fechou a porta e mandou toda a gente levantar-se porque ia revistar os nossos bolsos um por um. Mas, primeiro, disse para nós fecharmos os olhos. Assim fizemos e o senhor procurou bolso a bolso e, quando chegou junto de mim encontrou o relógio no meu bolso e pegou-o. Ainda assim, o senhor Continuou a revistar os bolsos de todos e, ao terminar, disse: – Abram os olhos. Encontrei o relógio!
O senhor nunca me disse nada e nunca mencionou o meu nome no episódio. Nunca disse quem foi que roubou o relógio. Naquele dia, o senhor salvou-me a dignidade para sempre. Foi o dia mais vergonhoso da minha vida. Nunca me disse nada e, embora nunca me tenha repreendido ou chamado para me dar uma lição de moral, percebi claramente a mensagem. E graças ao senhor compreendi que é isso que um verdadeiro educador deve fazer.
– Lembra-se desse episódio, professor?
E o professor respondeu:
– Lembro-me da situação, do relógio roubado, de ter revistado os bolsos de toda a gente na sala, mas não me lembrei de ti, porque enquanto eu vos revistava os bolsos também estava com os olhos fechados.
Esta é a essência da decência.
“Se para corrigir precisa de humilhar,
então não sabes ensinar.””
(Internet)
Para os amantes de literatura, já podem acessar ao nosso grupo de literatura no telegram: https://t.me/sobreliteraturaa
joão santos costa
Esta “estória” do Professor é muito pertinente e foi introduzida no “local certo”.
Esta achega só podia mesmo vir de ti, Katali!
Muito obrigado por esta recordação
Grande abraço
JSC
Octávio Pó
Muitos parabéns. Excelente texto!
João Santos Costa
OLÁ Octávio
Muito obrigado pelo comentário.
Um grande abraço.
JSC
Octávio Pó
Muitos parabéns. Excelente texto! Saúde e sucesso.
Augusto Martins
A certeza do DEVER CUMPRIDO COM O NOSSO MELHOR é a maior força que servirá de combustível para animar o resto da vida, continuando a fazer crescer os nossos conhecimentos.
Saúde, sorte, felicidade e muitos mais sucessos, são os meus desejos.
joão santos costa
Olá Augusto
É mesmo isso! “DEVER CUMPRIDO COM O NOSSO MELHOR”. Muitas vezes com “prejuízo” de apoio à família.
Muito obrigado pelo teu comentário.
Um abraço.
JSC
Manuel Martins Terra
Caro amigo João:
–Depreendo que não foi fácil porventura reunires a matéria para a tua última aula, e imagino o teu estado emocional na hora de te despedires da tua sala de aulas, no fundo a rotina de muitos anos. Para trás ficou um percurso imaculado como docente dedicado à causa, que levou anos a fio a ensinar gerações e certamente com muitas horas de pé junto a um quadro, numa missão de nobre sacerdócio. Um legado que te levou a cruzares com milhares de alunos, muitos deles hoje já no mercado de trabalho, e que te tiveram como professor. Todos nós tivemos no nosso caminho um professor que nos ajudou a projetar o futuro, preparando-nos para os desafios da vida. Falo de um tempo, em que um professor era respeitado e admirado, que nos mostrava que o conhecimento e a valorização passava pela educação. Foi um ciclo feliz e extraordinário, em que estabelecemos amizades que perduram desses tempos já longínquos. Entretanto, os tempos foram mudando arrastando consigo mexidas no ensino que nem sempre foram as melhores apostas, por más decisões politicas que se repercutiram na qualidade da ação educativa. A verdade é que tudo tem um tempo, e com grande mágoa vamos assistindo à irreverência de uma sociedade parca de valores e formulo votos que no próximo dia 5 de Outubro, Dia Mundial do Professor, seja uma jornada de profunda reflexão. O professor para além de uma profissão de desgaste rápido, tornou-se num desempenho de risco, e desde agressões a insultos vão-se registando quase diariamente ocorrências em vários estabelecimentos escolares deste país. Tenho para mim, que ao docente cabe a missão de instruir, porque a educação na verdadeira aceção da palavra, cabe aos pais. Mas quantas vezes o professor, se torna no confidente, conselheiro e até psicólogo? Caro amigo João, sei que sais do ensino de cabeça erguida e com o sentimento do dever cumprido, e também tenho a certeza que ficarás na memória de muitos alunos e formandos que por ti passaram, testemunhos do teu esforço e dedicação. Agora e parafraseando o poeta Jorge Palma, o teu day after , foi o primeiro dia do resto da tua vida. Cabe agora dar mais vida aos anos que se seguem, sempre com esse teu espirito de boa disposição. Caro João, felicidades e muita saúde.
Um abração, do amigo Manel.
joão santos costa
Sobre este teu comentário, tiraste~me os trunfos todos! Só te posso dizer isto:
OBRIGADÃO AMIGO MANEL.
Um grande abraço deste teu amigo
JOÃO
vicenteabreuvicente@gmail.com
Parabéns João pelo belíssimo trabalho nesta nobre profissão.
Eu trabalhei 10 anos na educação como técnico administrativo. Nunca quis ser professor.
Um forte abraço e felicidades na sua vida presente e futura.
joão santos costa
Olá Vicente
Eu em 1978 ou 79(?) estava a leccionar na Escola Emídio Navarro em Almada e fui convocado para, temporariamente, apoiar o Director de Pessoal (Dr. Manuel Cássio) no Ministério. Quando terminei a tarefa o Director pediu-me para deixar de leccionar e passar para os quadros do Ministério com um subsidio e isenção de horário.
Recusei! E até hoje nunca me arrependi.
Gostei de ler o teu comentário. Obrigado.
Um grande abraço.
JSC
Jorge Esteves
Caro amigo João Costa,
Parabéns pelo trabalho desenvolvido e aproveita a fase final da vida que bem mereces.
Um abraço.
joão santos costa
Olá Jorge
Muito obrigado por este comentário.
Um grande abraço.
JSC
Katali
Olá João!
Felicito por mais uma bela narrativa sobre uma vida cheia e rica de professor.
Pelos vistos foi uma aprendizagem única e de excelência, não obstante o desencanto revelado sobre o estado actual do Ensino Hoje, na parte conclusiva do texto.
De facto muita coisa mudou e nem tudo para o lado negativo, então vejamos: dados reais dizem que apenas tínhamos em 1982, 2% de licenciados no sector privado e actualmente em média entram anualmente 70 mil empregados licenciados no mercado de trabalho, e por outro lado, licenciaram-se na última década mais jovens do que nos 900 anos anteriores.
Quanto a qualificação e competências, Portugal Hoje, está ao nível das potências mundiais mais avançadas e no ranking mundial tem 4 universidades nas 50 melhores do mundo.
Abraço, saúde e aproveita da melhor forma uma reforma pró-activa.
joão santos costa
Olá Katali.
Gostei muito de ler o teu comentário, porque o teu trabalho de pesquisa está actualizado, e os dados que referes estão correctos.
Muito obrigado por mais esta achega ao meu artigo.
Grande abraço Katali.
JSC
Katali Fakir
Como é tão bom ter um Professor Amigo, porque estamos sempre a crescer e reforçar a humildade e a dignidade.
Um bem-haja do tamanho do mundo, João e um até já com aquele abraço de estima e sentido
Katali
Mário
Parabéns João Costa por este texto que um verdadeiro retrato do ensino pôs 25 de Abril.
E também de certa forma uma aula.
A profissão de professor que exerco à 40 anos é a mais nobre de todas e também a de maior importância no futuro de um país.
Por isso toda a comunidade educativa deve participar
Com responsabilidade na mesma.
Os alunos mudaram muito nos últimos 20 anos fruto penso da educação que lhes foi dada.
Sim um professor forma o aluno,não educa,mas hoje tem de fazer as duas coisas.
Acresce a carga burocrática que têm e que lhes retira tempo para pensar,para se inovar,para fazer formação acompanhado os novos tempos.
Apesar de tudo é das profissões mais gratificantes,pois quando sentes que conseguiste atinjir o objetivo de passar a teu saber nesse dia e também muitas,muitas vezes com o que aprendes-
te com os alunos,sentes uma alegria imensa,que não se consegue explicar,só sentindo.
Obrigado João Costa por teres ido para esta profissão e verás que serás sempre lembrado pelos teus alunos,que nunca te esquecerão.
Abraço
Mário
joão santos costa
Olá Mário
Também sabia que tens a mesma profissão, e mais uns tempos também está a dar a tua última aula!
Gostei de ler este teu comentário.
Muito obrigado, Mário.
Um grande abraço.
Fernando Alves
A vida de professor não é um mar de rosas em Portugal.
Alguns vão parar ao psiquiatra…
joão santos costa
Olá Fernando
É mesmo! A vida de professor embora gratificante, nunca foi um mar de rosas.
Obrigado pelo comentário
Um grande abraço.
JSC
Brito Gouveia
Caro João, é sempre gratificante terminar uma importante missão em prol da nossa juventude, com o sentimento e orgulho de dever cumprido. Aquele abraço
João Santos Costa
Olá Brito
Como há pouco tempo me perguntaste se estava tudo bem comigo!
Como vez estava ocupado e escrever este artigo.
Volto a agradecer a tua preocupação e este teu comentário.
Um grande abraço deste teu amigo .
JSC
Carlos Pinto
Parabéns Santos Costa!
Abraço
joão santos costa
Obrigadão pelo teu comentário, Carlos.
Grande abraço.
JSC
Brito Gouveia
abritogouveia@gmail.com
Alfredo da Silva Correia
Também vim de Moçambique, no dia 13 de Setembro de 1974 e também fui professor numa época difícil. Mas a última aula foi passados dois anos, depois de a ter começado, tendo partido para outras aventuras profissionais. Quem quiser conhecer toda uma vida de alguém, que perdeu a sua independência económica em Moçambique, pode ler livros tipo autobiográficos, escritos por Alfredo da Silva Correia. O primeiro, o mais interessante publicado em 2016, tendo 350 páginas, tem o título de “UMA VIDA POR DOIS CONTINENTES E UMA VISÂO DO ESTADO DA NAÇÂO.”. Enfim há quem goste de autobiografias….
joão santos costa
Olá Alfredo
Gostei de ler o teu comentário e notei que tens uma publicação em livro, desde 2016, sobre Moçambique.
Sei que também há outras publicações de autobiografias sobre a nossa vida em Moçambique e Angola.
Obrigado pelo teu comentário.
Um grande abraço.
JSC
Nino ughetto
Tive ocasiào de ser professor enquanto estive no serviço militar no norte de Nampula. Tive uns 20 alunos “pretos”. Eles eram extraordinarios, faziam atençào a 100%, Eu fui muito duro e castigava;os duramente por qualquer falta.. No fim do ano eles foram aos exame e passaram todos.. Eu recebi um éloge na minha cardeneta militar pelo bom sucesso, mas a verdade é que foram esses pobres crianças que respeitando sempre a minha pessoa ,faziam tudo tudo para aprender… Hoje a juventude pensam que a vida é facil e nào querem sacreficios nos estudos… Um abraço a todos professores
joão santos costa
Olá Nino
Sei que houve amigos meus que também durante o serviço militar tinham uma turma de alunos naturais.
Eu e outros colegas não podíamos porque em Vila Cabral estávamos pouco tempo no aquartelamento.
Gostei de ler o teu comentário.
Um grande abraço.
Marilia Manuela Ventura Nunes Marques
Muito bem! Excelente texto!
Vim de Moçambique em 1967. Em Moçambique frequentei o Liceu D. Ana da Costa Portugal. Em Portugal, o Liceu Infanta D. Maria, em Coimbra. Excelentes Escolas, onde aprendi as bases que me deram asas para a vida toda. Aos Professores o devo!
Grata aos Professores que “puxaram” por mim.
Professores como o Senhor, são o orgulho dum país. Deviam ser mais respeitados. E os pais deviam agradecer.
Kanimanbo, Professor!
joão santos costa
Muito obrigado por este teu comentário, Marília.
gostei de ler.
Um bjinho.
JSC