FIGURAS MOÇAMBICANAS DO NOSSO TEMPO: António de Almeida Santos
Deitem as malas fora, porque agora é que Moçambique vai ser um grande país”
Almeida Santos “in acordos de Lusaka em 7Set74”
Mas porque é que os naturais e residentes estavam a fazer as malas e abandonar Moçambique?
Não tenho dúvidas, que como interveniente no processo, os motivos que nos levaram a abandonar Moçambique, e os factos em que Almeida Santos se baseou para dizer aquela frase, são os que a seguir reporto:
– Foi naquele sábado, 7Set74, que a gota fez transbordar o copo! Porque iam ser assinados na cidade de Lusaka uns acordos – para, com beneplácito das forças armadas portuguesas (MFA), Portugal, entregasse os destinos de Moçambique ao partido Frelimo.
Como esses acordos, rascunhados à pressa, não representavam todo o povo moçambicano porque ficavam afastados os outros partidos, formações políticas e entre outras restrições não salvaguardavam a segurança das pessoas, os seus bens, a liberdade e as opções políticas de cada um.
A partir daqui, por revolta dos civis prós e contra esses acordos, os confrontos agudizaram-se e causaram muitas centenas(?) de mortos entre as populações.
Ver o post do BigSlam com o título: “O Galo amanheceu”, publicado a 7Set/2016.
Com o medo instalado entre naturais e residentes o êxodo em “massa” começou!… Primeiro “em força” para a África do Sul, por ser um país limítrofe e oferecer condições de segurança e estabilidade. Depois para outros países, principalmente Portugal e Brasil.
Almeida Santos, como ministro estratega de Portugal na assinatura desses acordos, ao assistir a tudo isto e ver que a descolonização que ele queria “Exemplar” lhe estava a correr muito mal; para salvar a face e travar a “maior onda de retornados” de que há memória em Portugal, teve necessidade de intervir e dizer a frase:
Deitem as malas fora, porque agora é que Moçambique vai ser um grande país”!
Como não sou político, creio que o fez da pior maneira!
Porque primeiro tinha de convencer os elementos mais radicais da Frelimo a colaborarem com os militares portugueses na defesa, auxílio e segurança de todos. E só depois de ter essa garantia é que dizia aquela “célebre frase”:
Como isso não aconteceu, não foi levado a sério! E foi motivo de repúdio e revolta.
Repúdio: – Porque sabíamos, por tudo que se estava a passar, que se ficássemos tínhamos de “vender a alma à Frelimo”, e íamos ser governados por gentes ressentidas de “formação política muito pequena”. E não mais tínhamos sossego!….. Por isso sentimos medo!
E o que prevíamos aconteceu! – Porque muitos comerciantes, industriais, cooperantes e outros que lá ficaram, por denúncias de toda a espécie, muitas delas falsas feitas por portugueses (Zeca Russo e outros), que para “caírem nas graças” da Frelimo os prendiam e mandavam para “campos de reeducação”. Ou então tinham de fugir do país pela “calada”, deixando todos os bens e haveres.
Revolta: – Almeida Santos, tal como nós, ex-residente em Moçambique também sentia tudo isto! Só assim se compreende que, depois de ter estado mais de 20 anos em Lourenço Marques; imediatamente a seguir ao 25Abr74 (revolução dos cravos em Portugal) quem passasse na baixa da cidade em frente ao prédio Rubi, onde tinha o seu escritório de advocacia, via no passeio um contentor, a ser carregado com os seus haveres, e com os dizeres: “António de Almeida Santos. – Lisboa.- Portugal”.
Pensando nós, ao vermos o que se estava a passar, no ditado: – ”Não façam aquilo que digo….Façam aquilo que eu estou a fazer!”
Como bom português, abandonou Moçambique antes de nós!
Tenho para mim que foram estes os motivos que o levaram a dizer aquela frase.
Almeida Santos nasceu a 15 de fevereiro de 1926 em Seia, e faleceu em Oeiras a 18 de Janeiro de 2016, com 89 anos.
Para nós com o BigSlam, o mundo já é pequeno….Muito pequeno!
João Santos Costa – Dezembro de 2020
11 Comentários
Zé Carlos
Um engraxador pulha opportunista do pior grau, que viveu a olhar só pró seu umbigo sem nunca ter assumido responsabilidade ou consciência das ramificações das suas ações.
A um compadre do meu avô disse “não se preocupe, agora é que isto vai ficar bom” e ao mesmo tempo avisava um amigo do meu padrinho “isto vai estoirar, se é para sair mexa-se agora”.
Norberto Silvério Rodrigues.
Há um senhor comentador, que diz de que a culpa foi de Salazar. Não concordo pela simples razão, que não pode haver
ditador nenhum neste mundo se não tiver a cumplicidade das forças armadas, e dos seus comandos. Fui criado na Manutenção Militar,e quando era miúdo, lembro-me de ouvir em reuniões de operários, dizer, enquanto o exército estiver ao lado do governo, os portugueses esqueçam, porque não há maneira de mudanças no sistema. E a assim foi, só ao fim de 40 e tal anos é que as forças armadas, por via da guerra do ultramar, é que se lembraram que o sistema tinha que ser mudado. É muito fácil atirar as culpas para alguém em especifico, sem se lembrarem dos que á volta gravitavam e beneficiavam com o sistema. Sobre o dr, Almeida Santos, esse sr. Faz parte da lista dos traidores, tanto dos portugueses como Moçambicanos, em que eu ouvi da boca dele dizer, que o Samora Machel era o único que mostrava competência para ser Presidente, porque tinha lido o suficiente para isso.
Antonio Almeida
Este sr. governou-se foi muito bem.Ele estava se marimbando para os retornados.Que a terra lhe seja pesada. HIPÓCRITA aliás como todos os xuxas.
Francisco Duque Martinho
Não tenho qualquer apreço por Almeida Santos, enganou e atraiçoou muita gente, inclusivé o seu colega de escritório, Dr. Soares de Melo, quando enquanto ministro da coordenação interterritorial o nomeou Governador Geral e depois lhe tirou o tapete, fazendo com que tivesse que sair de LM para a África do Sul … fulano sem escrúpulos ! Iminência parda de todos os governos socialistas e não só (foi durante muito tempo, se calhar ainda, o fulano com mais anos de ministro pós abrilada), mexendo os cordelinhos na sombra em favor dos kamaradas e apaniguados … não merece qualquer respeito nem consideração, um cafajeste.
Rui Morais
Almeida Santos também fez parte da cambada do 7 de Setembro. Era advogado do meu avõ Orlando Pais Mamede na Pecuária de Mapulanguene.
Tinha dito ao meu avõ para não se preocupar para não tirar dinheiro etc de Moçambique porque estava tudo debaixo de controlo. O resto è História.
Era conhecido por “Mr 5%” pedia honorarios a todas as empresas e empresários. Gatuno
Henrique
Infelizmente os Socialistas de agora são iguais ou piores do k os daquele Tempo! Saí daquele maravilhoso país em 1976 porque não conhecendo outro, acreditava nele. Felizmente saí a tempo. Sou o Retornado com muito gosto. Reservo as saudades daquele tempo Maravilhoso.
Margarida Silva
O doutor Almeida Santos pactuou com os ditadores da Frelimo.
Este facto não impediu que a Frelimo tivesse rotulado o doutor Almeida Santos de ” colonialista”, “fascista” e “explorador do povo moçambicano ” (ver revista “Tempo”, janeiro de 1976)
Na minha opinião, o grande “arquitecto” da punhalada pelas costas de que todos fomos vítimas foi o Mário Soares.
João Mendes de Almeida
Penso que hoje ninguém terá dúvidas de que um processo de descolonização honesto e pensando em todos que lá viviam e consideravam aquela terra como sua, teria sido melhor para todos e para aquele pobre país. Não o foi e muitos aproveitaram-se de tudo que lá deixámos. Façam bom proveito mas não contém mais comigo! Roubaram, estragaram, mataram, gozaram de nós todos que construímos aquele país, retiraram estátuas e nomes de ruas de quem engrandeceu o país, rebaixando com o nome de líderes comunas que provavelmente nem sabiam onde ficava Moçambique…agora têm fome, têm guerra, têm insegurança…temos pena!!!!
Rogerio
Pena? Eu… NÃO…! Danem-se todos…
César Ferreira
Tristes memórias..
LUIS Pedro Sá e Melo
ENGANOU TUDO E TODOS….. FEZ AS MALINHAS E PIROU-SE !!! OPORTUNISTA E HIPÓCRITA !!!