OS INDIGNADOS, OS LESADOS E OS “LIXADOS” DO BANCO ESPIRITO SANTO
Directa ou indirectamente estamos metidos nisto! E revoltado, escrevi este post.
Informar também é fazer serviço público
“Este banco está em tudo que é sítio”! – Dizia eu, ao ver agências do BES nas principais cidades dos países que visitei. Era um banco de referência, de um dos maiores grupos privados portugueses.
As acusações de um candidato, na disputa pela presidência do grupo, obrigaram o Banco de Portugal a solicitar uma auditoria externa.
Essa auditoria confirmou uma situação financeira tão grave que, a 4 de Agosto de 2014, as acções do banco foram excluídas da negociação na Bolsa Nacional. Tendo os accionistas, os detentores de obrigações subordinadas, perdido todos os créditos. – E os activos bons do banco (contas à ordem, a prazo e …. outros) transferidos para uma nova instituição criada para o efeito: – O Novo Banco.
Esta derrocada do grupo, originou: Os indignados, os lesados e os lixados!
1 – Os indignados
1.1 – São todos os clientes depositantes do antigo Banco Espírito Santo, detentores de créditos ou com obrigações de dívida. E que de um momento para outro, viram as poupanças e depósitos das suas contas transferidas para as agências de um Novo Banco. Que; – não fora as sucessivas “injecções” de capital, também já tinha falido!
2 – Os lesados
2.1 – São investidores que compraram participações das empresas do grupo BES/GES; com ofertas do juro muito acima da média bancária.
Embora lhes fosse dito pelo gerente de conta, que essas participações não tinham risco; tenho para mim que, estes investidores, agiram sem nenhuma prudência. Porque quando fizeram os contratos sabiam que o juro do dinheiro a prazo neste, e noutros bancos era de cerca de 3% ao ano. E que para esses investimentos lhes oferecerem cerca de 5%, tinha de haver “marosca”! – E só podia ser capital de risco!!.
A seguir à falência do grupo, baseados no que lhes foi dito, formaram um grupo de pressão junto do Banco de Portugal e Novo Banco a reclamar o capital investido.
Um político na oposição prometeu-lhes (na oposição prometem tudo!) que quando fosse governo resolvia a situação. – Mas sem nunca dizer como!
Por um arranjo parlamentar, esse político é hoje o chefe do governo. O grupo de pressão não perdeu a oportunidade de lhe cobrar a promessa. E em 20Fev2018 o Jornal de Negócios informou que, com o nosso dinheiro, uma parcela das indemnizações do capital investido, começam a ser paga a partir deste mês de Abril.
No entanto reclamam a totalidade dos investimentos. Dizem, segundo o jornal Expresso de 9Mar2018, que “o Partido Socialista lhes prometeu que se fosse governo seriam indemnizados, pelo fundo de garantia bancária e banco de Portugal, da totalidade das suas aplicações”.
Mas pelas recentes declarações de um dirigente socialista, parece que muita água ainda vai correr debaixo das pontes! Quando diz: – “Estes investidores durante os anos que estiveram a receber juros não os dividiram com os cidadãos, a quem agora reclamam a totalidade dos investimentos”!
3 – Os “lixados” (1)
3.1 – São os cerca de 2 mil trabalhadores que, por reestruturação, foram de imediato dispensados. E o jornal ECO de 7Mar2018 refere: – “Uma nova injeção pública (nossa) de capital no Novo Banco obriga a despedir até mais 1.100 trabalhadores”.
3.2 – E são também os accionistas que foram apanhados na “teia” porque acreditaram na supervisão do Banco de Portugal, nas contas enviadas pelo grupo ao Banco Central e à Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários, e investiram as poupanças num aumento de capital, naquele que era considerado o 3.º maior grupo português. Que posteriormente se verificou estar falido!
Com todas estas falsidades ficaram os lixados “agarrados” a uns papéis sem cotação; – “a que chamam acções”, depositadas nos bancos.
3.3 – Além destes! – “Lixados”, estamos todos! Porque com os nossos impostos vamos ter de salvar bancos como: – A Caixa GDepósitos, Novo Banco, Montepio, e …outros! Que se não fosse essa injecção de capital por parte do estado, já tinham falido!
É por isto que, na cama, eu “falo” muitas vezes com o “travesseiro”!
(1) – Termo popular usado quando alguém se sente prejudicado sem ser reparado do prejuízo.
Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno!
João Santos Costa – 09.04.2018