Riquezas de África
É mentira!… Mesmo sem as suas riquezas naturais estarem devidamente exploradas, nas colónias não vivíamos à custa dos sacrifícios da Metrópole!
Este artigo era para ser sobre uma “Figura moçambicana do nosso tempo!”
Que também podia ser o Vice-Almirante Gouveia e Melo, por ter nascido na cidade de Quelimane. E, pese embora o brilhante trabalho de coordenação do programa de vacinação da Covid-19, mesmo assim foi insultado por meia dúzia de ignorantes, chamando-o de assassino!
O BigSlam não o esqueceu ao publicar o artigo: O vice-almirante Gouveia e Melo que vacina o país nasceu em Moçambique…
Mas a quem este artigo estava destinado, era a este outro! Que nasceu em Lourenço Marques a 31.Ago.1936, e faleceu recentemente, 25.Jul.2021.
Só por ter sido o estratega do golpe militar que, em 25Abr74, depôs um regime gasto, caduco e prestes a “cair de maduro”, o coronel Otelo Saraiva de Carvalho, mereceu a “Coroa com os louros da vitória”.
A seguir, pelas opções políticas muito polémicas que depois defendeu, foi “amado por uns e odiado por outros”:
– Esteve ligado a movimentos e partidos extremistas, com prisões arbitrárias de civis e militares. – Deu cobertura e liderou uma organização terrorista que causou mortes e alterações na ordem pública. – Fez declarações indignas de um moçambicano em que, conforme as opções políticas de cada um, os portugueses eram classificados em “bons e maus”! E queria que os “maus (os contra-revolucionários)” fossem presos e metidos na praça de touros do Campo Pequeno. Sem nunca nos dizer se os queria ensinar a tourear, ou o que pretendia fazer com eles!
Por tudo isto reconsiderei, e decidi não lhe destinar o artigo.
Decidi publicar este outro!
Porque quando estava a procurar informação sobre a sua opinião face aos retornados, encontrei, entre outros, um trabalho da Dra. Elsa Peralta sobre a “integração dos retornados na sociedade portuguesa”. Onde dá a perceber que: – “…muitas pessoas eram da opinião que nas colónias se vivia à custa da Metrópole”.
Como este tema ainda hoje é referido em conversas particulares, decidi relembrar para que a memória não esqueça, que nas colónias, mesmo sem as suas riquezas naturais estarem devidamente exploradas, não vivíamos à custa da Metrópole!
Mas o que levou pessoas que nunca estiveram nem conheciam as potencialidades económicas de África, pensassem assim?
Tenho para mim que:
Em parte, a culpa era de muitos “Ultramarinos”! Porque quando vinham de férias, contavam e exibiam um nível de riqueza que lá não tinham.
A inveja que essa “mentira” aqui causava, fez o resto!
E também não tenho dúvidas que essas pessoas só pensavam assim porque ninguém as informou, e não sei porquê! – Que no Ultramar – particularmente em Angola e Moçambique, até ao intensificar da guerra colonial sempre existiu um equilíbrio contabilístico com a Metrópole entre o “deve e o haver das trocas comerciais”.
Que com estas trocas Portugal até saiu beneficiado! Porque teve acesso a produtos que doutro modo não teria.
Sem referir números, que não tenho de memória, vou a seguir revelar o que sei, e o meu ponto de vista, que pode ou não, ser coincidente com o teu ou o seu.
Cada província tinha a sua moeda própria, embora sem conversão internacional. E por isso só podiam importar bens e produtos com autorização e aval de Lisboa. Que por sua vez, desde que houvesse esses produtos de fabrico nacional, às vezes até mais caros! A sua importação era impedida de outros países.
Tudo o que Portugal produzia e não conseguia mercado, alguns produtos até de qualidade duvidosa, mandava-os para o ultramar. Como na altura aqui se dizia: – “As províncias ultramarinas comem tudo que aqui não se vende”! Sei que havia fábricas cujos produtos eram destinados “especificamente ao ultramar” porque aqui não tinham mercado, ou este estava saturado.
Esses produtos eram pagos, por troca, à Metrópole em: – Ouro, diamantes, algodão, açúcar, madeiras nobres, café, caju, sisal, cacau, copra e outros. Que por sua vez Portugal depois exportava para outros países, causando até inveja à Europa!
O pagamento da maior parte das importações que Moçambique fazia a Portugal era feito em barras de ouro que vinham da África do Sul. Obtidas pela cedência da mão-de-obra dos chamados “Magaíças 1”.
Esse ouro vinha na totalidade, ou quase! Fazer parte das trezentas e oitenta e duas toneladas deixadas pela “pesada herança do fascismo 2” aos governos do 25Abr74. Julgo até, que na altura, nem mesmo as remessas que os emigrantes enviavam, eram superiores às riquezas que vinham das colónias!
Esta relação de trocas só se alterou nos anos sessenta do século passado. Porque com a guerra colonial a Metrópole teve necessidade de investir mais em equipamento militar. Tudo por culpa do poder político/económico de Lisboa que não quis, não soube, ou alguém não deixou, que a situação militar se resolvesse a contento de todas as partes.
Preferiu fazer uma guerra que se tornou inútil. Que para a sustentar teve de lançar mão de um novo imposto a pagar por todos: – O imposto complementar. – Que era para ser provisório, mas depois de adaptado aos tempos modernos passou a definitivo, com o nome de IRS.
Ainda hoje me pergunto porque é que estas verdades nunca foram ditas nem rebatidas em nenhum órgão de comunicação! De quem tinham/têm medo os comentadores, os militares, os jornalistas e os políticos?
Se tudo isto tivesse sido devidamente explicado, com os números do “deve e haver”, aquelas opiniões não tinham razão de ser!
- – Nome porque eram conhecidos todos os trabalhadores moçambicanos que iam trabalhar para as minas de ouro na África do Sul.
- – Expressão usada pelos partidos de esquerda quando se queriam referir ao atraso cultural de Portugal até ao 25Abril74 – E os de direita utilizavam para recordarem as mais de trezentas e oitenta toneladas de ouro amealhadas durante o governo de Salazar.
P.S. – Em conversas confidenciais com familiares, colaboradores do Banco Nacional Ultramarino de L. Marques, sabia dos envios desse ouro para Portugal. Creio que havia outros colaboradores do banco que também sabiam!
África é um continente com muitos países ricos! Mas os povos vivem na miséria, porque os seus dirigentes “esquecem-se” de dividir as riquezas.
Num breve comentário podem dizer de vossa justiça!
Para nós com o BigSlam, o mundo já é pequeno… Muito pequeno!
João Santos Costa – Setembro de 2021.
18 Comentários
Zé Carlos
Olá João Santos Costa,
Por aquilo que tenho lido por aqui escrito por ti, fico com a impressão que és um ‘gajo’ com muita inteligência, capacidade de reflexão e bom senso.
Aquilo que dizes faz parte dos tais mitos e hoje é uma vaca sagrada. Outra prova do bom senso, é evitar gastar ar a falar do otário do Otelo.
A reflexão disto tudo está patente no que se vê presente no Estado de hoje, que é herdeiro directo dos génios concebedores do 25/04/74…
Continua a viver sem saber como se auto-sustentar e controlar e de políticas feitas em cima do joelho e que em muitos casos acabam por nem sequer implementadas quando há mudança de génio na frente da quadrilha.
Sobrevive simplesmente à base daquela grande estratégia e visão económica, o hiper-taxamento de todos e de tudo que mostre um mínimo de prosperidade ou lucro.
Hoje em dia, face a uma densidade populacional a encolher, percebe que sem ‘escravos’ os dias da plantação estão contados, e agora abre portas a todos e mais alguns.
Tudo bem até se ver em concreto o resultado de tanta esperteza, porque nos últimos 40 anos quem está a frente como DDT, está lá à custa de uma decrescente maioria da minoria que se rala com eleições….
Que por exemplo, elege 2 deputados representing cerca milhão e meio de eleitores registados no estrangeiro…
Muito medo devem eles ter, de quem anda por fora com olhos abertos.
Portanto, enquanto as forças aguentarem, vamos ver o que o futuro nos mete pla frente…
Obrigado JS Costa e BigSlam.
ABM
João,
Antes de fechares a loja, um breve comentário.
Considero em geral pouco ou nada relevante o que terceiros, pouco ou nada informados, tenham a opinar, especialmente sobre questões como a que colocaste (se calhar bem) aqui no BS, que é a de se Moçambique pesava ou não nas contas dos portugueses de então. Na qualidade de antigos residentes, pode ser um assunto interessante de explorar, mas, pessoalmente, nunca discuti Moçambique com um português, talvez porque pouco teria a ensinar (por falta de paciência) e ainda menos que aprender. E em cinquenta anos a situação de ignorância e opiniões formadas apenas piorou.
O que proponho é uma leitura alternativa da questão, apenas para nossa reflexão.
Moçambique não foi nem uma criação nem realmente tinha que ver com o que nós que vivíamos lá e que, no meu caso, que sou filho de açoreanos, nasci e cresci lá. Poderemos responder pelo que vivemos e a obra que foi feita. E mesmo aí.
A verdade é que Moçambique português, que essencialmente durou cem anos (dantes quase nada de português havia no território salvo uns cantos aqui e ali) foi uma iniciativa dos portugueses de Portugal, foi mantido pelos portugueses de Portugal, que geririam a situação a partir de lá tal e qual como acharam melhor, até – literalmente – ao dia 7 de Setembro de 1974. E a seguir deixaram o Vítor Crespo a gerir a coisa até à outra data, também decidida pela contraparte, da entrega cerimonial no Estádio Salazar.
Os brancos que viviam em Moçambique não mandavam nada e as suas opiniões contavam zero.
Mais que metade desses nunca deixaram de se considerar portugueses e estavam lá apenas porque ali viviam melhor.
Dos que se consideravam moçambicanos, e dos outros, nunca se ouviram mais que uns ténues barulhos sobre a situação no território, em que quem mandava, quem nomeava, quem decidia tudo, era na chamada Metrópole.
A quase totalidade da população negra, com quem vivíamos a paredes meias, desses nem quero falar.
Nunca houve, até 1974, um nacionalismo moçambicano entre a esmagadora maioria dos brancos. Os únicos que lutaram foram os tipos da Frelimo, que até tinham lá meia dúzia de não-negros, que eram comunistas apoiados pelo bloco comunista, o que não ajudou.
Também não ajudava o facto de se estar no meio de um regime autoritário em que se abrias a boca ias dentro.
Após a II Guerra Mundial, os portugueses la da ditadura decidiram que Moçambique seria uma “província ultramarina”, que era deles – dos portugueses – e não “nossa”, dos que viviam em Moçambique. O povão, tanto quanto percebi, endrominado ou não, foi na conversa. Tiveram mais do que anos e anos para fazerem o que tinha que ser feito, mas o que acabaram por fazer? nada, até que, só para chatear, os países comunistas lá fizeram o favor de armar os Samoras e Cia, que tiveram que andar aos tiros durante dez anos seguidos, o que importa quando chegasse a hora das grandes decisões. Tu desarmado numa mesa de negociações negoceis zero com um tipo que está do outro lado armado até aos dentes e com capacidades no terreno.
E nem sequer isso aconteceu. Os portugueses, na pessoa dos gajos do MFA e Cia – incluindo o “nosso” Otelo – foram lá discutir a data em que os nomeados pela contraparte iriam ocupar o Palácio da Ponta Vermelha. Que foi exactamente 13 dias – uma semana e meia – mais tarde.
Nós que estávamos lá limitámo-nos a ouvir na rádio o que os Portugueses haviam decidido.
A partir daí, houve uma espécie de prazo para sairmos antes que caísse a cortina sobre um regime se previa um desastre e que mais do que correspondeu a essa expectativa. Moçambique hoje é dos países mais pobres, mais corruptos, mais falido, mais endividado do planeta.
A maior parte dos brancos saíu porque podia. Não referirei, apenas aludirei, aos custos pessoais, emocionais e patrimoniais dessa migração.
Claro que se fizeram algumas coisas boas no entretanto, mas também muita burrice. Pusemo-nos a geito de todos e pagou-se a factura. Sendo que, se vivíamos bem, em geral não éramos ricos.
E este foi o contexto de cem anos de controlo português de Moçambique.
Assim, a questão que coloco, então, e portanto, é: face a esta realidade, tu realmente estás disposto a entreter uma conversa com um indígena de Portugal, em 2021, sobre se Moçambique vivia ou não à custa de Portugal? a sério? à custa de Portugal? mas quem estava em Moçambique tinha alguma coisa a ver com isso? e onde é que Portugal alguma vez teve dinheiro para sustentar colónias? Em cem anos de Moçambique, Portugal geriu essencialmente dívida e alugueres a estrangeiros, desde os alugueres das Companhias de Moçambique e do Niassa, a Sena Sugar, até à Hidroeléctrica de Cabora-Bassa.
Assim até eu.
Em conclusão, felicitando o teu louvável exercício mental, com fotos e tudo, e sendo um tópico importante do ponto de vista histórico e académico, considero uma perda de tempo sequer tentar argumentar a questão de se lá se vivia à conta dos de cá ou não com um português médio.
Simplesmente, porque não vale a pena.
E porque eles não sabem.
Um abraço
ABM
João Santos Costa
Muito obrigado pelo vosso comentário, que li com muita atenção.
O Bigslam conta com a vossa participação noa artigos aqui publicados.
Bem Hajam
JSC
Amelia Carreira
Parabéns João por este excelente artigo, que alias ja tinha comentado no Facebook. Absolutamente incrivel que possam admitir que Mocambique vivesses a custa de Portugal, porque afinal o que acontecia era precisamente o contrario. Apenas a ignorancia e a maldade poderao fazer tal afirmacao. Obrigada Joao e continue a dar-nos o prazer de ler os seus artigos. Um abraco amigo.
(Desculpe a falta dos acentos, mas estou a escrever num teclado frances e nao sei como faze-lo
Manuel Martins Terra
Caro amigo João, parabéns pelo teu trabalho. Recordo tantas as vezes que nas nossas conversas de amigos, essa questão vinha à baila. A verdade não pode ser escamoteada e nesta “contabilidade” do dever e haver, sabemos bem para que lado caía o prato da balança . Podemos apurar muitos factos reunidos no Arquivo Histórico Ultramarino, onde consta a criação do chamado Conselho Ultramarino, destinado a gerir as matérias relacionadas a negócios de qualquer natureza e qualidade, do império Ultramarino. Foi um autêntico “eldorado” até às Independências de Angola e Moçambique. Vejamos o que aconteceu à industria têxtil do Vale do Ave, após se esgotarem as remessas de algodão vindo de Moçambique. Os transportes marítimos, da Companhia Colonial de Navegação e da Nacional, eclipsaram. A TAP, viu reduzida a sua operacionalidade para África. Enfim, mais haveria para acrescentar. Ficamos por aqui, amigo João. Um abraço, do amigo Manel.
José Gonçalves
Excelente artigo João. Poderíamos estar aqui horas a fio a discutir o assunto. Eu sempre tive a ideia de que as colónias, Moçambique e Angola pelo menos, eram perfeitamente auto-suficientes e com a gente de valor que tinham, teriam com toda a certeza evoluído muito mais que a metrópole. As forças políticas da altura assim não quiseram…
Um abraço e parabéns pelo artigo.
Eduardo Castro
O meu pai, que Deus o tenha, tinha uma empresa de colocação de trabalhadores para as minas e agricultura na RSA. Até ao 25de Abril a frelimo chamava venda de escravos; mas a 27/4 a dita frelimo quis falar com ele porque precisava da empresa (CAMON).
Ainda hoje há imensa gente que não sabe a origem da palavra metrical. Mas eu sei e se quiserem eu posso explicar.
O salário dos magaíças era pago 50% na África do Sul e o restante era enviado directamente daquele país para Portugal sem passar por Moçambique e Portugal limitava-se a emitir papel moeda de Moçambique para que quando os trabalhadores voltassem no fim dos contratos recebem os restantes 50% que o meu pai, inúmeras vezes tinha que adiantar por não lhe ter sido ainda creditado na conta.
E os portugueses de viviam à nossa conta? Bendita ignorância!!!
Antonio Gonçalves da Silva
Obrigado João Costa por mais um artigo com a boa qualidade que te é habitual.
É evidente que concordo com a tua opinião de que não eramos um peso para a Metrópole, antes pelo contrário. Como dizes, e bem, nós fornecíamos as matérias primas mais valiosas e constituíamos um mercado, por excelência, de tudo o que por cá se fabricava. E depois havia o ouro, que encheu o Banco de Portugal, como sabemos.
Finalmente, vale a pena referir o que representava para nós a Metrópole. Pouquíssimo tendo em conta a vizinhança da África do Sul e Rodézia. Portugal para nós pouco mais era que o governo (recordo que nem um simples Chefe de Posto era por nós eleito ou nomeado) e o local de férias para os mais velhos, com algumas posses.
Eu estive 21 anos em Moçambique e vim uma única vez à Metrópole, em 1970. Meu Deus, que diferença e distância no desenvolvimento nas cidades e sobretudo nas pessoas. Nessa minha vinda, em Braga, perguntaram-me se era estrangeiro pois não falava como eles!!!! Foi nessa altura que descobri que, quando saía de casa em Nampula ou LM, conseguia imaginar um horizonte a perder de vista. Cá, o que via era o mau humor do vizinho da frente.
João Costa, disseste tudo e bem. Parabéns. Um forte abraço.
J.A.SILVA MARQUES
NAO E FACIL LER ESTAS RECORDAÇOES E FAZER JUIZOS E COMENTARIOS NA HORA E EM CIMA DO QUE ACABO DE VER E LER…
TAMBEM POR LÁ ANDEI 11 ANOS – MOÇAMBIQUE – 1965-1976…E DESDE O ROVUMA AO MAPUTO E ALGUMAS TERRAS DO INTERIOR..TIVE POR FUNÇOES PROFISSIONAIS A ABERTURA DAS AGENCIAS DO BCCI …LM –TRIGO DE MORAIS -QUELIMANE – ANTONIO ENES E DEPOIS PASSAR UNS MESES POR NAMPULA – BEIRA …ATE VOLTAR Á SEDE EM L.M…
TIVE QUE CONTACTAR E VISITAR DEZENAS DE CLIENTES E SUAS EMPRESAS DE NORTE A SUL E MUITAS DO INTERIOR……ARROZ…AÇUCAR…CAJU– CHÁ-ALGODAO –MINAS DIVER5AS E PESCA ….FELISMENTE NUNCA TIVE QUALQUER PROBLEMA NESTAS DESLOCAÇOES—
DEU PARA VER COMO TODAS AQUELAS RIQUEZAS ERAM PRODUZIDAS COMERCIALIZADAS E EXPORTADAS…PARA TODO O MUNDO….A MINHA OPINIAO SOBRE OS INTERESSES COMERCIAIS E FINANCEIROS FICAM PARA DEPOIS….
António Soeiro
Mais um excelente artigo do meu amigo João Santos Costa.
Obrigado amigo João por tentares pôr a claro a situação que se vivia nas ex-colónias antes do 25 de Abril.
Tens toda a razão, e eu concordo plenamente, quando dizes que as ex-colónias eram completamente autossuficientes em termos materiais e não precisavam da Metrópole para nada. Aliás o que se verificava era exatamente o contrário poi eram as colónias que enviavam para a Metrópole muitas das suas riquezas. E também não há dúvidas de que nos últimos 15 ou 20 anos antes da entrega do poder aos extremistas comunistas, as ex-colónias estavam numa fase de grande desenvolvimento e tinham uma economia pujante em todos os aspetos.
Eu não tenho dúvidas nenhumas em afirmar que as conversações (?) para a independência e transferência de poderes foram um completo logro pois não houve negociação nenhuma nem nada se fez para proteger os interesses das populações de todas as raças. Foi pura e simplesmente apenas a entrega do poder à Frelimo, no caso de Moçambique, e ao MPLA, no caso do Angola. Tivesse sido negociada uma transição faseada, elegendo para dirigentes e governantes pessoas com aptidões e conhecimentos nas diversas áreas da governação, e o resultado teria sido completamente diferente do que foi. Ter-se-iam construído nações fortes e prósperas, multirraciais e multiculturais, e os interesses de todos os seus habitantes de todas as raças e credos teriam sido acautelados e a vida teria continuado próspera e benéfica para bem de todos. E até mesmo a Metrópole sairia beneficiada pois ficaria ligada a nações ricas e prósperas e seria uma comunidade fraterna de países irmãos que seriam um exemplo para o mundo inteiro. Infelizmente, para mal de todos os habitantes de qualquer raça ou credo, as coisas não foram feitas como deviam ter sido feitas e todos depois viemos a sofrer as consequências dessa falta de patriotismo dos pseudo negociadores – Mário Soares e Companhia !!!
Mais uma vez obrigado João por nos fazeres recordar os belos tempos que tivemos nas ex-colónias – em Moçambique no meu caso concreto para onde fui com 13 anos e de onde saí com 33 anos com a família para ir para a África do Sul aonde estivemos 12 anos tendo depois regressado ao nosso Portugal quando já tinha 45 anos. Mas ainda tive a oportunidade de refazer a minha vida pessoal e profissional. Graças a Deus.
Um grande abraço.
Raul Almeida
Obrigado João pelo excelente artigo.
Nunca é demais relembrar os factos dos nossos tempos vividos na Colónia.
Houve portugueses que decidiram melhorar as suas vidas, emigrando para locais mais promissores como Angola, Moçambique, França, Alemanha, etc. Outros decidiram ficar na Metrópole à espera que a situação melhorasse.
Uma coisa é certa contra factos não há argumentos e o teu texto tem factos incontornáveis que eu confirmo.
Grande abraço e parabéns pelo artigo.
Dulce Gouveia
Parabéns João pelo excelente artigo!
Há que repor a verdade e chamar os bois pelos nomes, só assim é que concebo o jornalismo.
África foi sempre cobiçada, e continua a ser, pelas suas riquezas naturais e onde, paradoxalmente, coexistem os países mais pobres do mundo.
A cobiça e a inveja andam de mãos dadas e Angola e Moçambique não fugiram à regra. Grandes potências digladiavam-se fomentando guerras para chegarem às riquezas que almejavam. Hoje continuam…
Quanto às nossas colónias, que eram uma extensão da metrópole, forneciam grande parte dos seus recursos à mesma.
Com a independência, havia que dar um nome aos bodes expiatórios – os retornados, que andaram a explorar, escravizar e tudo o resto que é do conhecimento de todos.
Os vilões tornam-se heróis, os heróis passam a vilões e a história repete-se…
Mas a Verdade vem sempre ao de cima, é uma questão de tempo!
A maioria não gosta que cutuquem na ferida, é dolorosa, faz sofrer e, principalmente, é preciso assumir responsabilidades. Sim, ter a CORAGEM, a HONRA (qualidades muito inflacionadas e em desuso) de assumir responsabilidades.
Bem hajas!
jose alexandre russell
Bem lembrado João. Tudo. E nós, aqueles que nascemos ou vivemos em África ainda eramos considerados como portugueses de 2ª. Mas a memória, felizmente não é curta. Abraço.
Joaquim Arnaldo Pereira
Para começar, os meus parabéns ao autor, velho amigo de “outros tempos”…
O primeiro comentário dirijo-o à boa decisão que tiveste em não escrever sobre Otelo Saraiva de Carvalho… porque (na minha opinião) pondo “atitudes” e “comportamentos” antagónicos, nos pratos da balança, os negativos são amplamente mais pesados que os positivos.
Quanto ao conteúdo deste belo trabalho, tenho a confessar que fui surpreendido com algumas informações que desconhecia e outras das quais já não me recordava.
É, de facto, importante que haja alguém que, a espaços, venha trazer ao conhecimento da maioria (e à recordação de alguns), o que foi (era) a realidade vivida nos territórios portugueses do ultramar, por toda a população – sem a discriminação PEJORATIVA que passou a fazer parte do politicamente correcto a partir da implantação da democracia em Portugal.
A minha opinião (e vale o que vale), que não sendo natural de Moçambique, onde vivi parte da minha mocidade, toda a adolescência e início da vida adulta é, naturalmente, a de todos os que conheceram as realidades… quer por lá terem nascido, ou apenas por terem passado um curto período das suas vidas, naquela que era considerada a «Pérola do Índico» – a sempre bela e maravilhosa cidade de Lourenço Marques.
Mas não só: Beira, Inhambane, Quelimane, Nampula, assim como outras cidades e vilas de menor visibilidade, proporcionavam a todos os que nelas viviam e visitavam, um clima de tranquilidade e paz, de vivência (e convivência) salutar e harmoniosa, além de simpatia… que com o tempo se transformava em amor pela terra e pelas suas gentes.
Nunca é demais enaltecer o que foram os maravilhosos anos vividos numa terra de fartura e abundância, onde quase não era necessário cultivar para colher os alimentos de que se precisava para saciar a fome; onde a mãe Natureza tinha no seu “ventre” todas as riquezas que causavam inveja e a ambição dos países ricos… e esteve na origem de todos os males que acabaram por ser os “responsáveis” – a par com os desenvolvimentos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 – pela situação existente nos dias de hoje (um tanto, também, por culpa dos dirigentes políticos que assumiram os destinos do novo país).
Mas “A esperança é a última a morrer”, segundo o provérbio, e a minha convicção, assim como acredito ser a de todos os que amam aquela terra – naturais ou não – é a de que Moçambique ainda virá a ser uma grande nação, já que condições naturais não lhe faltam, tem um povo maravilhoso que sabe reconhecer que a presença dos portugueses, antes como no futuro, só lhes será benéfica – razão porque somos sempre bem recebidos quando pisamos aquelas terras.
Paulo Carvalho
Este artigo, apesar de ser sintético, é objectivo, correcto e, bem escrito.
Trabalhei para uma empresa de elevadores, onde os mercados de Angola e Moçambique, absorveram muita da produção portuguesa.
A CNN, também beneficiou bastante, com o transporte marítimo de cargas e passageiros e, mais tarde, a própria TAP.
Enfim… Em múltiplos aspectos, de forma directa ou indirecta, Portugal teve até 1974, significativas vantagens económicas, no seu relacionamento especialmente, com Moçambique e Angola
Obrigado e um abraço João.
Eduardo Meixieira
Só uma palavra de gratidão ao BigSlam por continuar, de forma sábia e nadura a revelar verdades sobre as ex-Colónias Portuguesas que foram diatorcidas e, hoje, são temas errónios de quem nem era nascido na altura. Obrigado por o BigSlam continuar a ser as memórias maravilhosas dos moçambicanos portugueses!!!!
Luiz Branco
Portugal tentou viver primeiro por conta do Norte de África mas sem sucesso, depois da Índia e a seguir do Brasil. Quando o Brasil acabou (há 200 anos) virou-se para África. Quando África acabou estendeu a mão para a Europa…sempre foi um país de sanguessugas e pedintes…ou como diria o Soares” a Europa é para sacar”
Carlos Guilherme Rebelo Nunes
Bravo João. O dedo foi posto na ferida e, de uma maneira simples e sentida, explicaste o que muitos de nós já sabia mas que nunca se escreveu. Infelizmente a política faz-se de verdades ocultas e muitas outras coisas ainda não foram reveladas mas sê-lo-ão a seu tempo. Um abraço
Carlos Guilherme (tenor)