A epopeia do Basquetebol em Moçambique
Elencados pelo sucesso de muitos futebolistas que vieram para a Metrópole, e pelos brilharetes do hóquei em patins no final da década 50 e início da de 60, já expressos em títulos, o basquetebol começava também a emergir como reflexo da vitalidade já desenvolvida no dobrar da década e a fascinar os mais jovens, levando a que a sua prática fosse cada vez mais notória.
Ao Sporting Clube de Lourenço Marques, se deve a afirmação do basquetebol moçambicano, quando em 1961/62, conquistou o Torneio Internacional de África Austral e logo de seguida na mesma temporada, tendo como companhia o Clube Ferroviário de Lourenço Marques, afastado nas meias-finais, venceu a Taça de Portugal, batendo o Barreirense, na cidade do Fundão.
Época 1961/62 – Seniores
• Vencedor da Taça de Portugal (Disputada no Fundão. O CFM campeão de Moçambique foi eliminado nas meias-finais. Resultado da final: SCLM 46-Barreirense 30, este jogo foi disputado ao ar livre e com vento…).
• Vencedor do Torneio da África Austral.
Em cima: Vilagelin Ribeiro (Dirigente), Octávio Sá, Mário Albuquerque, Alfredo Neves (Treinador), Manuel Lima, Sérgio Carvalho, Abílio Monteiro (Seccionista).
Em baixo: Fernando Fernandes, Carlos Serra, Rui Calrão, Edmundo Carreira “Bebé”, Hélder Silva, José Mateus, Cambé (Massagista).
O primeiro sinal de que a modalidade tinha conquistado o seu espaço junto da juventude, e que reunia margem para o crescimento e consolidação.
Em 1964, ainda o Pavilhão de Desportos do SCLM, cheirava a tinta e acolhia creio o I Torneio Internacional de Páscoa, com início a 4 de abril de 1964, e cobertura dos jogos por parte da RTP, que trouxe a Lourenço Marques, as equipas representativas da Académica de Coimbra e o Sport Lisboa e Benfica. Da África do Sul, veio o Coríntias integrando alguns jogadores gregos de renome. Ambas as equipas metropolitanas perderam os confrontos com o Sporting LM e o Grupo Desportivo LM, vencendo o conjunto “alvinegro” o Torneio.
Época 1963/64 – Seniores
(Vencedores do I Torneio Internacional da Páscoa e do II Torneio da África Austral)
Em cima: Humberto Pinto, Alfredo Neves (Treinador), Frederico Morais, Eduardo Branco “Becas”, Manuel Lima, Manuel Martins, Nailineu (Massagista).
Em baixo: Joaquim Neves, Mota Lopes, Benjamim Ferro, Carlos Alemão.
É a partir deste momento que a Federação Portuguesa de Basquetebol, entende que os campeões provinciais de Angola e Moçambique, deveriam estar presentes para o apuramento do campeão nacional de Basquetebol, sendo que o anfitrião teria direito à participação de duas equipas locais, o campeão regional e o segundo classificado, com as fases finais a desenrolarem-se alternadamente em Lisboa ou Porto, Luanda e Lourenço Marques.
Coube ao Sporting Clube de Lourenço Marques, deslocar-se a Lisboa, na época de 1965/1966, disputar o Campeonato Nacional (não homologado) que inesperadamente deu bronca, devido ao protesto lavrado pelo Sport Lisboa e Benfica, derrotado pelo SCLM. A comitiva laurentina não esteve pelos ajustes e voou para Moçambique, trazendo consigo na bagagem a Taça, que deve estar ainda hoje na sede do agora Clube de Desportos do Maxaquene.
Época 1965/66 – Seniores
“Campeões Nacionais” – Campeonato Nacional (não homologado)
Na foto: Jorge Carmo, Marcelo Sá, Nelson Serra, Carlos Serra, Hélder Silva, Francisco Marques (Treinador), Sérgio Carvalho, Octávio Sá, Mário Albuquerque, Jorge Cardoso, Celso Carvalho.
Época 1965/66 – Seniores
(Momentos de euforia à chegada a Moçambique…)
Na foto: Marcelo Sá, Domingos Moura (Dirigente), Hélder Silva (Capitão), Jorge Carmo (meio encoberto), Mário Albuquerque, Nelson Serra, Sérgio Carvalho.
A par de todos estes sucessos, o basquetebol ia ganhando raízes nas escolas, nos bairros e nas mais diversas coletividades. Recordo-me muito bem a partir do ano de 1964, os célebres torneios de Minibasquetebol, Inter-Escolares sob a égide da Mocidade Portuguesa
e que galvanizavam os mais jovens, alguns deles que haveriam de fazer furor na década 70, ao integrarem equipas federadas. A aposta estava ganha, e a mulher encontrava também no basquetebol o seu espaço para a cultura física. Recordo que no meu bairro, uma paciente e velha acácia suportava no seu largo tronco, uma tabela feita pela “rapaziada” e que um vizinho serralheiro com paciência nos construía o(s) aro(s), cabendo-nos a nós tecer a rede com fio de nylon verde. O largo passeio servia de campo, para jogos de 2×2 e 3×3, animados até serem interrompidos por algum transeunte menos tolerante. Nos quintais das casas de habitação, logo que houvesse uma parede disponível, lá se fixava uma tabela e oportunidade para uns lançamentos. Já era habitual observar-se os jovens a saírem de casa, com mochila às costas e a bola de basquetebol debaixo do braço. Numa ou outra artéria, lá se viam aros dos barris de vinho, pregados nas árvores à espera dos intervenientes.
Entretanto, o SCLM, continuava em grande e em Lisboa, na temporada 1967/68, chama a si o seu primeiro título oficial de campeão nacional de Basquetebol. Já não restavam dúvidas de que o melhor padrão de basquetebol, se jogava em Moçambique.
Época1967/68 – Seniores
• Campeão Provincial Moçambique • Campeão Nacional
Na foto: Carlos Serra “Cató”, Nelson Serra, Lemos Domingues, Fernando Fernandes, Sérgio Carvalho, Mário Albuquerque, Jorge Cardoso, Marcelo Sá, Jorge Carmo, Rui Carvalho.
A década 70, desperta com a maior manifestação desportiva que já conheci, que levou o Conselho Provincial de Educação Física em parceria com a Coca-Cola e a Milo, a promoverem Torneios de Minibasquetebol, arrastando milhares de jovens para a prática desportiva, de onde poderá ter saído senão o melhor basquetebolista português, pelo menos um dos maiores valores da modalidade, Carlos Lisboa, de seu nome, não esquecendo o Rui Miranda e o António Almeida.
A esse propósito há que destacar o trabalho desenvolvido pelo Núcleo Provincial de Minibasquete de Moçambique, no apoio constante à modalidade e que na época 1971/72, trouxe até à pérola do Índico, os basquetebolistas americanos Kit Jones, Jim Jones (Sporting Clube de Portugal) a grande vedeta Dale Dover (FC do Porto) e Robin Clark (FC de Luanda), juntando-se em Lourenço Marques, a Richard Almested (AAcadémica) e ao espetacular Malon Sanders (SLM e Benfica), formando a equipa dos All Stars,
Época 1971/72
“Selecção dos AllStars”
Em cima: David Atkins(T), Jim Jones, Richard Almstedt, Kit Jones.
No meio: “Núcleo Provincial de Minibasquete” – Guilherme Silva Pereira, Daniel Silva, António Azevedo.
Em baixo: Malon Sanders, Robin Clark, Dale Dover.
com atuações inesquecíveis e que atuaram na capital (com o pavilhão do SCLM a rebentar pelas costuras…)
Época 1971/72 – Seniores – Misto L. Marques
(Misto LM x “All Stars”) – Pavilhão do Sporting em L. Marques
Em cima: Juvelino Pereira (Selecionador-adjunto), Abílio (Dirigente), Paulo Carvalho, Fernando Alves, Manuel Lima, Aurélio Vaz, Samuel Carvalho, Victor Agostinho, Adam Ribeiro (Selecionador).
Em baixo: Mário Machado, Augusto Baganha (AAC), Adriano Baganha, David Carvalho e Alberto Jorge.
Época 1971/72 – Seniores
(All-Stars – 74 x Académica – 72)
Em cima: António Lima (Seccionista), Dave Adkins (Treinador), Adriano Baganha, Mota Lopes, José Quintela, Pedro Cerqueira, Aurélio Vaz, Joaquim Neves.
Em baixo: Mora Ramos, Luis Oliveira, Augusto Baganha, António Jerónimo, Quen Gui, Nuno Tristão.
e na cidade de Nampula. Dave Adkins, orientou as “estrelas”.
O basquetebol estava na crista da onda com todas estas movimentações, levando a que os clubes federados tivessem que inscrever nos escalões de formação, várias equipas atribuindo-lhes as letras A,B e C, para acolherem os melhores jogadores dos torneios.
Tinha já começado a era da “americanização” do basquetebol moçambicano, tentando por esta via dar mais espetacularidade aos jogos e chamar mais adeptos aos recintos. Ao SCLM, chegava o norte-americano Steven Delapp, para fazer companhia ao Mário Albuquerque, Nélson Serra, Morgado e demais companheiros. Chegava também á capital moçambicana, o técnico Dave Adkins, depois de ter passado por Lourenço Marques, o americano Talmadge Hil, que em 1961, ainda treinou o GDLM e a seleção local. Voltando a Dave Adkins, um verdadeiro gentleman que orientou superiormente, Académica, Sporting (campeão nacional 72/73 e o Desportivo, deixando marca no basquetebol local.
Em 1970/71, o Sporting de Lourenço Marques, a jogar em casa, teve como companhia no campeonato nacional, o Desportivo, o SC de Portugal e Benfica de Luanda. Uma vez mais as equipas moçambicanas, sendo que o conjunto “alvinegro” contava já nas suas fileiras com os americanos Frank Martinuk e também Ray Bueb, superaram os seus adversários e numa final, que superlotou o Pavilhão do Sporting, os anfitriões e o seu eterno rival esgrimiram forças num desafio memorável, que ditou a conquista de mais um título para o SCLM.
Época 1970/71 – Seniores
Sporting vs Desportivo – Campeonato Nacional em Moçambique
Na foto: Pelo Sporting – Luis Almeida, João Romão, Victor Morgado, Sérgio Carvalho, Nelson Serra; António Baptista (árbitro Coimbra), F7? (árbitro); Pelo Desportivo – Manuel Lima, Paulo Carvalho, Fernando Alves, Nuno Narcy e Frank Martiniuk.
Ainda hoje sinto as emoções do jogo, e quanto sofri pelo meu Desportivo.
Época 1970/71 – Seniores
• Campeão Distrital L. Marques • Vice-Campeão Provincial Moçambique
Em cima: Rai Bueb, Paulo Carvalho, Álvaro Santos (Treinador), João Ferreira, Nuno Narcy e Manuel Lima.
Em baixo: Frank Martiniuk, João Vicente “Pinduca”, António Medeiros e Carlos Simões “Kiko”.
Vê algumas fases desse jogo, com o pavilhão a abarrotar de público, clicando AQUI!
Em 1972/73, o SCLM, repetia a façanha desta feita em Luanda e regressava a Lourenço Marques, ostentando o terceiro troféu. O SCLM, apresentava já como reforço o americano Terry Johnson, e o gigante sul africano de 2, 13 metros, John Hucks, que costumava dar uma mãozinha nesta série de jogos, a exemplo do excelente jogador grego Nicolas Nakios.
Época 1972/73 – Seniores
(Campeonato Nacional em Luanda)
• Campeão Distrital L. Marques • Campeão Provincial Moçambique
• Campeão Nacional
Em cima: Abílio Monteiro (Seccionista), C2? (Dirigente), Belmiro Simango, Mário Albuquerque, Luis Almeida, João Romão, Flausino Machado (Presidente SCLM), Victor Morgado, Rui Pinheiro, Terry Jonshon, Nascimento (Massagista).
Em baixo: António Ruas Alves “Tomané”, Mário Peliquito, Domingos Moura (Dirigente), João Morais, Nelson Serra, Dave Adkins (Treinador).
O SCLM, disputaria ainda a Taça dos Campeões Europeus, partindo para Lisboa, integrando a comitiva outro basquetebolista americano, Clarence Strong, a par de Terry Johnson e seria eliminado em Heidelberg, na Alemanha, deixando uma boa imagem do basquetebol praticado.
No campeonato nacional de 1973/74, disputado em Lourenço Marques, seriam os “bebés” do GD Malhangalene, uma coletividade muito popular e que contava no plantel com o basquetebolista americano Jimmy Romeo, a arrebatar o último titulo nacional disputado com equipas ultramarinas, logo superando as “estrelas” do SCLM.
Época 1973/74 – Seniores
Vice-Campeão Provincial Moçambique • Campeão Nacional
“Homenagem aos Campeões Nacionais”
Em cima: António Teixeira “Malhanga”, Avelino Ferreira, Carlos Gaspar “Mochina”, Eustácio Dias, Jimmy Romeo, Eurico Gonçalves, Carlos Cachorreiro, Aureliano Graça (Seccionista), Amélia Ribeiro, Aurélio Grilo (Dirigente), Joaquim Fernandes.
Em baixo: Abel Moutinho (Dirigente), João Domingues, António Araújo, José Cardoso, David Carvalho, José Costa Leite.
Uma noite de apoteose, que colocou a cidade em polvorosa.
Também não nos poderemos esquecer das grandes equipas da Académica, onde pontificavam grandes basquetebolistas, como o gigante Quim Neves (o senhor 2 metros), Aurélio Vaz (meu professor na EIMA), Mota Lopes, Adriano Baganha, Carlos Neves, o pequeno/grande e saudoso, Quen Guy e que lá militaram dois basquetebolistas ianques de renome, o Richard Almested e o ex- NBA, Greg Howard, que tinha a particularidade de agarrar a bola com a ponta dos dedos.
Época 1971/72 – Seniores
• Vice-Campeão Provincial Moçambique
Em cima: Adriano Baganha, Aurélio Vaz, Joaquim Neves, Richard Almsted, Mota Lopes e Pedro Cerqueira.
Em baixo: Luís Oliveira, Mora Ramos, Quen Gui, Ernesto, Carlos Neves e João Donato.
No mesmo plano, o Ferroviário, um adversário sempre difícil, que contava com grandes jogadores, o categorizado Mário Machado, que com o seu saber e experiência, muito contribui para o desenvolvimento da modalidade e que fomentou a formação dos “locomotivas”. Seguiam-se o gigante George Sing (2,02metros), o promissor Samuel Carvalho, o experiente Armindo Costa, Sepodes, Kakhoobai, Leonel Velasco, José da Costa (Casquinha) e a revelação António Almeida. Contaram ainda com a colaboração do americano Barry Smith e do grego J. Stamatoupoulos.
Época 1973/74 – Seniores
Em cima: George Sing, Armindo Costa, Barry Smith, Samuel Carvalho, Alberto Rodrigues (Treinador) e Carlos Sousa “Sousita” (Dirigente).
Em baixo: Leonel Velasco, António Roque Afonso, Mário Machado (Capitão), Alberto Jorge Santos e José da Costa “Casquinha”.
Época 1975 – Séniores
• Campeão Provincial Maputo • I Campeão Nacional República Moçambique
Em cima: José A. Conceição (Seccionista), George Sing, Armindo Costa, Alberto Correia Mendes, Samuel Carvalho, António Azevedo (Treinador).
Em baixo: António Almeida, Mário Machado (Capitão), Jorge Cunha, Jorge Gassin, António Higino Santos, José Costa “Casquinha”.
Entretanto surgia a competir em 1972, a Real Sociedade, uma equipa jovem que recrutara alguns jogadores das outras equipas locais, com destaque para o Carlos Simões e o José Sepodes. Na formação, consistia a sua aposta para o futuro.
Época 1972/73 – Seniores
(Apresentação da primeira equipa de seniores da Real Sociedade – Pav. da Malhangalene no dia 15.10.1972)
Em cima: Eduardo Lopes “Badola” (Dirigente), António Medeiros Jr, Carlos Simões “Kiko”, José Carlos Sepodes (Capitão), António Azevedo, Orlindo Lopes, Luis Garcês “Tico”, José Rodrigues, Eduardo Branco “Becas” (Treinador).
Em baixo: Adriano Saraiva, Luis Graça Pereira, José Mota, Edgar Almeida “Garito”, Fernando Almeida “Pinóquio”, Rui Carvalho.
O SLM e Benfica, apresentava a sua secção de Basquetebol, e chamou para o projeto o saudoso José Alexandre Franco, um técnico com grandes conhecimentos da modalidade e configura uma equipa de grande potencial. Ficou célebre aquele duelo com o SCLM, em que as “aguias” da Costa do Sol, comandas pelo americano “showman” Malon Sanders, manietaram os “leões” vencendo por (79-78), marcando Sanders 41 pontos, e os restantes distribuídos pelo V. Agostinho, J. Silva, J. Ferreira, O. Noronha e o Branco. Um verdadeiro espetáculo, que mexeu com os presentes nas bancadas do Pavilhão do Sporting.
Época 1971/72 – Seniores
Em cima: Orlando Noronha, C2?, João Ferreira, Mahlon Sanders, Victor Agostinho e Alexandre Franco (Treinador).
Em baixo: João Silva, Armando Monteiro “Jojó”, Victor Rocha, B4? e B5?.
A secção de Basquetebol do SLMB, contratou ainda Ted Martinuk, um americano longe do valor do seu irmão Frank Martinuk, apesar de mais credenciado.
Época 1973/74 – Seniores
Em cima: Victor Agostinho, Sérgio Agostinho, João Ferreira, Ted Martiniuk e Isaac Narcy.
Em baixo: João Silva, Alberto Rodrigues “Tomatinho” e Victor Rocha.
À cidade chegava mais um americano, Chester Brown, com destino ao Desportivo. Quem não se lembra das visita à cidade das acácias, dos teams de Globe Troteters,
do grande Real Madrid, Standard de Liége onde pontificava o célebre Radivoj Korac (originalidade dos lances-livres “à padeiro”))
Torneio Internacional da Páscoa – Ano de 1968
(Sporting x Standard de Liége)
Na foto: Jorge Carmo, Mário Albuquerque, Fernando Fernandes, Sérgio Carvalho e Nelson Serra, Luis Pina (árbitro), F7? (árbitro), F8?, F9?, Sam Jenkins, F11? e Radivoj Korac.
e do Panattinaikos, colossos do basquetebol europeu. A esse propósito, ainda fez alguns jogos pelo SCLM e treinou, o Vassilis Goumas, apelidado de o “Imperador” e considerado o 10º melhor jogador europeu no ratink. Vindos do outro lado do Atlântico, o basquete moçambicano teve a visita do Sírio de S. Paulo – Brasil, nesse ano campeão Sul-Americano de Clubes, uma equipa que sufocava a defender…
Já antes da independência, despertava na Metrópole, a vinda de basquetebolistas moçambicanos, e foi o Sport Lisboa e Benfica que depois de chamar o saudoso Leonel Santos, trouxe-lhe em 1973, a companhia do Paulo de Carvalho, Luís Gonçalves e José Parente.
Em Lisboa, o Sporting Clube de Portugal, reforçava-se após o 25 de Abril e a Lisboa, chegava o Mário Albuquerque, Rui Pinheiro e Tomané Alves. Após a independência, chegavam também o Nelson Serra, Carlos Lisboa e Hélder Silva. O SC de Portugal foi campeão nacional e vencedor de várias Taças de Portugal, com o treinador moçambicano Hermínio Barreto.
Época 1975/76 – Seniores
• Campeão Nacional • Vencedor da Taça de Portugal
Em cima: Rui Pinheiro, Mário Albuquerque (capitão), Hélder Silva, António Encarnação e Quim Neves.
Em baixo: Manuel Sobreiro, Carlos Sousa, Nelson Serra, Tomané Alves e Carlos Lisboa.
Em 1976/77, o Ginásio Figueirense, orientado pelo moçambicano António Azevedo, foi campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal, integrando o plantel os moçambicanos, Samuel Carvalho, Eustácio Dias, Luís Dionísio e o António Almeida.
Época 1976/77 – Seniores
• Campeão Regional • Campeão Distrital • Campeão Nacional • Vencedor da Taça de Portugal
Em cima: António Tafula (Seccionista), António Azevedo (Treinador), Eustácio Dias, José Figueiredo “Zé Perigosa”, Carlos Rodrigues “Bélico”, António Sotero, Samuel Carvalho (capitão), Costa Gomes (Massagista) e Horácio Barral (Dirigente).
Em baixo: António Albano, António Almeida, João Neto, António Pina e Luís Dionísio.
Os basquetebolistas que deixaram Moçambique, eram agora alvo de cobiça por parte das melhores equipas em Portugal, e também rapidamente chegavam à seleção nacional. Quen Guy, representou a Académica de Coimbra, e George Sing, veio para o FC do Porto, passando depois muitos anos na Ovarense, e terminando na Sanjoanense. De recordar quanto foram importantes, aquando da grande campanha europeia do Sport Lisboa e Benfica, os moçambicanos Henrique Vieira e Carlos Lisboa. O basquetebol fervilhava nas veias da juventude moçambicana, e ainda hoje algumas associações culturais e recreativas, espalhadas por todo o país, têm a modalidade inserida nas suas atividades, tendo como impulsionadores rostos que maioritariamente vieram das bandas do Índico.
Recapitulando, era mesmo a paixão pela beleza do basquetebol, que nos levava para a rua, os nossos recintos mais próximos de casa, e que nos proporcionaram momentos inolvidáveis. Uma tabela, a bola, os calções que estavam mais à mão e umas sapatilhas já gastas de tanto atrito ao cimento, era o que bastava para se construir a felicidade de todos nós.
Assim germinava o melhor basquetebol, que se praticava no espaço português e que tanta alegria nos deu.
6 Comentários
Manuel Martins Terra
Caro amigo Liakatali, fizes-te bem evocar o histórico Atlético, que nunca deixou de apostar quer no futebol, aonde participou nos campeonatos distritais seniores da 2ª e Iª Divisão até ao período da Independência, apostando também no basquetebol, mais nos escalões de formação, onde foi campeão de juniores, levando que coletividades de maior nomeada fossem lá recrutar os basquetebolistas, que tu já acima citaste. Nesse contexto, quero também enaltecer o bom trabalho desenvolvido pelo vizinho, GD Indo-Português, que tinha bons valores na formação. Por fim, os Belenenses, que também se viraram para a modalidade, atuando já na década 70, nos escalões de formação e tinham também uma equipa sénior feminina. Da sede do FC os Belenenses, guardo algumas recordações, porque ficavam nas traseiras das oficinas de serralharia da EIMA, e quando tínhamos uma “borla”, atravessávamos a rua e jogávamos umas partidas no seu pequeno recinto de treinos. Quando não havia lá lugar, íamos para as instalações dos Naturais, e lá se iam batendo umas bolas. Por tal, sempre que a oportunidade se deparasse, jogava-se basquetebol a todos os momentos livres. Que belos tempos, e que saudades. Um abraço, amigo Liakatali.
Manuel Martins Terra
Caro amigo António Pinto, suponho que se refere aos juízes de campo que apitavam em Moçambique, que contava também com bons árbitros. Nesse rol, faziam parte o Luís Pina(grande senhor do basquetebol moçambicano), Labistour Aves, Claudino Ribeiro, os saudosos irmãos, Acácio e Flávio Morgado, que tiveram também a companhia do mano Adriano Morgado, e também Freitas Branco, que infelizmente também já nos deixou. Para todos eles, a minha admiração.
José Alberto Almeida
Grandes histórias!
Belas noites!
Grandes torcidas!
Belas recordações!
Grandes jogos!
Muita amizade e respeito!
Um forte abraço a todos os basquetebolistas que viveram estes momentos em Moçambique!
Saudades!
António Pinto
Excelente esta reportagem recordar velhos tempos 🏀💯 por acaso não sabe os nomes da dupla de arbitragem?
Mario Rui Alves
Sem duvida o basquetebol Moçambicano foi enorme. Para mim o ponto alto foi quando em Abril 1952 com a vinda das 3 equipas Sporting, Desportivo e Ferroviário vieram a Portugal, mostramos a nossa evolução na modalidade onde tiveram um comportamento brilhante.
E quando a Académica de Coimbra Campeão Nacional, foi a LM perder com o Sporting local. Foi o nosso grito – «Aqui é a capital do basquetebol Nacional». Tenho um grande orgulho por o meu pai ter feito parte desses pioneiros.
Jose Silva
Assisti a todos os jogos da fase final de 1973/74 que terminou com o Malhangalene como campeão, vencedo o SCLM nos 2 jogos após prolongamento. Passados todos estes anos ainda me recordo desses momentos extraordinários vividos pelo basquetebol moçambicano. Saudades. Parabéns pelo artigo.