Os moçambicanos escolheram. E agora?
Nas últimas eleições gerais, realizadas em Outubro último, os moçambicanos manifestaram a sua vontade, que foi a da mudança, cansados de tanta miséria, sofrimento, lágrimas e sangue.
Essa mudança redundou na vitória da oposição, principalmente do concorrente Venâncio Mondlane (candidato apoiado pelo novo partido – Podemos) para presidente da República, em detrimento do candidato da Frelimo, Daniel Chapo.
Nos países democráticos o voto dos eleitores é respeitado, e o concorrente com mais votos expressos é proclamado vencedor. O mesmo não se tem verificado ultimamente em Moçambique que, apesar de suposto ser um País democrático, na realidade essa democracia é transformada pela Frelimo numa ditadura que garante a sua manutenção no poder, os negócios ilícitos e o enriquecimento escandaloso de alguns dos seus altos dirigentes.
A manutenção deste status quo não é compatível com a perca das eleições, o que tem levado a Frelimo à sistemática falsificação dos actos eleitorais e dos seus resultados.
Continuando a dar voz aos moçambicanos, e sobre toda esta situação, com a devida vénia transcrevo a seguir um texto da autoria de A Voz Dos Que Não Têm Voz – VM7,
que um dos meus amigos me enviou, via redes sociais:
A voz dos que não têm voz
9 de novembro às 04:33 ·
CNE não conseguiu explicar ao Conselho Constitucional a discrepância entre o número de eleitores e o número de votos
Terminou ontem, sexta-feira, o prazo que o Conselho Constitucional (CC) deu à Comissão Nacional de Eleições (CNE) para explicar porquê que há discrepâncias entre o número de votantes e o número total de votos. A CNE simplesmente não conseguiu responder ao Constitucional e não enviou nenhuma explicação ao órgão.
Um vogal da CNE confirmou a nossa redacção esta manhã, que o órgão simplesmente não tem explicação para o enchimento de urnas. “É uma situação embaraçosa, que preferimos não dizer nada ao Conselho Constitucional e o Conselho Constitucional terá dizer da sua justiça. A situação é como é não temos explicação para dar. A CNE também recebeu os resultados assim como estão” disse o vogal.
Por seu turno, um juiz do Conselho Constitucional também garantiu ao CanalMoz que efectivamente a CNE não conseguiu explicar e o prazo terminou ontem. O juiz negou falar das consequências legais dessa acção da CNE.
Nos resultados eleitorais divulgados pelo Presidente da CNE, Carlos Matsinhe, há uma discrepância gritante entre os números. Por exemplo, cada eleitor devia depositar em três urnas um voto cada, para o Presidente da República, para Assembleia da República e para a Assembleia Provincial. Ou seja, se votassem numa mesa 400 pessoas devia haver 400 votos para cada situação. Acontece que há lugares onde há mil votos para o presidente, trezentos votos para a Assembleia e duzentos votos para a Assembleia Provincial. Isso quer dizer que esses resultados são falsos. E todos eles são a favor da Frelimo e Daniel Chapo.
Em termos legais, a consequência jurídica de não haver explicação desse tipo de situações ou não haver as actas originais que expliquem tal situação, o Conselho Constitucional deve usar as actas do partido que interpôs o recurso para sanar a situação se for sanável ou anular em caso de a fraude ser monumental.
A nossa equipa de redação contactou o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, para saber das razões da não remessa da explicação, mas sem sucesso. Está é mais um capítulo que prova que estas eleições foram fraudulentas e que a vitória da Frelimo e Daniel Chapo foi feita no computador. E é essa razão que o povo moçambicano está nas ruas a protestar há mais de 10 dias e a polícia está a impedir os protestos. Resta o Conselho Constitucional decidir.
Fonte: CanalMoz
Final da transcrição.
Assim vai Moçambique. Afinal, Moçambique está em África e escolheu o seu destino, que poderia ter sido muito melhor. Mas a Frelimo escolheu, impôs e controla esse destino, resultando no empobrecimento do País, da Nação e do povo, ao arrepio de tudo que ela prometera e propagandeara.
Piere Vilbró – Novembro 2024
Um Comentário
Luis 'Manduca' Russell
Tive de abandonar (porque fui expluso) a minha Lourenço Marques natal em 1977 por causa de pessoas com armas e dinheiro que os mesmos de sempre continuam a fornecer, devido aos seus interesses em várias regiões do planeta. Ao longo deste tempo todo, para me conformar com o meu sofrimento, fui pensando que esse teria sido um mal que, eventualmente, se viria a refletir num bem para a – nobre – população moçambicana. É com muita tristeza e dor que vejo que, afinal, é só mal, não há bem nenhum. Agora são as moçambicanas e os moçambicanos, os seus filhos e filhas, que estão sob ignóbeis ameaças, fome, miséria e sofrimento, situações em que a vida humana é completamente desprezada por quem nunca lhe deu valor… Moçambique, esse nobre país, merece melhor. Haja esperança!