REBOBINANDO A CASSETE DA VIDA: QUARTA IDADE
40 anos é a velhice dos jovens; 50 anos é a juventude dos velhos”
Victor Hugo (1802-1885)
O comentário de Abel Almeida, ao meu post “A ternura dos quarenta” (aqui publicado, 23/10/2018), contém uma citação parcial de Victor Hugo que cito, em epígrafe, completa:
Este comentário e o comentário de Victor Pinho, nesse mesmo dia, conduzem-me ao conceito de idade que se tem modificado através dos tempos.
Hoje, os geriatras consideram que a terceira idade, que até tempos mais ou menos recentes, era havida como a recta final da vida (50-77 anos), foi ampliada para uma quarta idade: 78-105 anos. Isto para já não falar de hipotéticas promessas de vida eterna!!!
Lembro-me que quando meu Pai, então cinquentenário, se referia a rapazes do seu tempo despertava em mim uma sonora gargalhada, acompanhado da rectificação: “Rapazes do seu tempo? Velhos do seu tempo, isso sim!”
Posta esta minha saudosa lembrança, tendo eu publicado no meu facebook um texto sobre este mesmo assunto, foi ele transcrito aqui no BigSlam com roupagens abrilhantadas com o belíssimo tratamento gráfico e musical a que o Samuel nos habituou. (Pode ver clicando na imagem seguinte).
E porque, numa das fotos, com apadrinhamento “samuelino”, se vê, na então Av. Manuel de Arriaga, uma foto da Ronil, que representava as marcas Austin e Morris, ocorre-me ter sido o proprietário do primeiro Austin-Cooper vendido em Moçambique, que muito gozo me dava (jovem eu então com tiques das estrelas do automobilismo mundial da época) quando parado num sinal vermelho me punha a acelerar a pequena bomba, com olhares de gozo de proprietários de carros de bem maior cilindrada a quem caía o queixo quando os ultrapassava no arranque quando caía o sinal verde. Felizmente que o meu amigo, tenente Botelho de Melo, comandante da Companhia de Trânsito da Polícia de Moçambique, nunca me apanhou em tal contravenção!
Este carro participou, por mim cedido, a pedido da Ronil, a um conhecido piloto de automóveis de Lourenço Marques, passados dias da sua chegada, numa corrida realizada no autódromo dessa cidade com longa e merecida tradição de participantes nacionais e estrangeiros.
Vivia-se um tempo em que os carros de turismo não tinham cinto de segurança, só colocados nos carros de competição o que fez com que o piloto alemão – Joe Eckhoff a residir na África do Sul, morresse queimado após um despiste, salvo erro, em frente ao edifício da Fazenda, ter ficado inconsciente e as pessoas que assistiam a essa competição não saberem como libertá-lo do cinto de segurança…
Paradoxos da vida, o que devia servir para evitar a sua morte contribuiu para uma morte de indescritível horror!
Haja em vista, o inferno da nossa meninice representado com labaredas de fogo para castigar, para toda a eternidade, as almas pecadoras. Com repúdio de Jesus Cristo que ao ver uma turba multa a tentar lapidar a adúltera Maria Madalena invectivou os que se preparavam para a apedrejar: “Aquele que não tiver pecado atire a primeira pedra”!
Rui Baptista – 31.10.2018