Gostava sinceramente que o Estádio Nacional do Zimpeto, inaugurado com pompa e circunstância e palco dos últimos Jogos Africanos (2011) não fosse apenas o local das grandes manifestações desportivas de Moçambique. Mas pelo que sei, vai ser para isso e nada mais. Há uma comissão gestora do complexo, que já se debate com muitos problemas, no que à manutenção daquele complexo diz respeito. Uma manutenção cara. Em Janeiro deste ano o Ministério dos Desportos anunciava que até Junho seria encontrado o parceiro para a gestão daquele complexo desportivo. Estamos em Agosto e do tal parceiro nem se ouve falar.
Os grandes clubes, associações ou federações não estão em condições de ocupar aquele espaço para o treinamento dos seus atletas, porque os custos de aluguer são elevados. Tudo isto me faz pensar que dificilmente se pode concretizar o sonho de “promover o desporto em Moçambique levando o atletismo e outros desportos a sério, preparando atletas para o futuro, pois tem todas as condições para terem atletas ao mais alto nível como sempre tiveram”.
Pelo andar da carruagem começo a ficar preocupado com a possibilidade do Estádio Nacional do Zimpeto se transformar num elefante branco, como está a acontecer hoje com algumas infra-estruturas dos Jogos Olímpicos de Atenas de 2004, completamente degradadas e votadas ao abandono.
Num Moçambique onde os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, onde a massificação desportiva é letra morta, onde os poucos espaços existentes nos bairros para a prática desportiva se transformam em enormes “dumba-nengues” (mercados informais), onde os jogos escolares são uma pura fachada, dificilmente a situação pode ser revertida, porque certamente as prioridades são outras.
Quantos pais preferem que os seus filhos, em vez de irem para a escola, se sentem à porta de casa para vender todo o tipo de produtos, como forma de conseguir uns trocadinhos para o seu sustento diário? Quem percorre Maputo e outras cidades do País, depara-se, infelizmente, com esta deplorável situação.
Por isso, augurar que Moçambique possa ser “no futuro uma potência no desporto mundial” é algo que fica apenas (e infelizmente) na nossa imaginação. Porque para a maioria dos meus concidadãos, o tempo de apertar o cinto é algo que veio para ficar.
PS: Vários jornalistas moçambicanos, nos seus escritos para os diferentes jornais e revistas chegaram a perguntar se “com o dinheiro gasto na construção do Estádio Nacional do Zimpeto, (cuja utilidade futura está a ser questionada) quantas infra-estruturas para a prática do desporto nos bairros e escolas poderiam ser edificadas”?