BREVES SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA INTRODUÇÂO DO MINIBASQUETE EM MOÇAMBIQUE
Congratulando-me com a publicação, neste blogue, do post intitulado “Torneio do Dia da Cidade de Maputo – 10 horas” (24/11/2015), trago à colação a publicação de “Regras de minibásquete editadas pelo Centro de Informação e Documentação do Conselho Provincial de Educação Física de Moçambique”, em que se lê: “O minibásquete foi introduzido no Espaço Português em 1964, na província de Moçambique, graças ao entusiasmo de Cremildo Pereira e tem merecido o apoio da Organização Nacional Mocidade Portuguesa” (“Tribuna”, 1 de julho de 1972).
Como é sabido, competia a este Conselho Provincial unicamente a orientação do desporto federado e à Mocidade Portuguesa do desporto escolar, o que não impediu que aquele se não apropriasse, por vezes, do desporto escolar que tinha uma vitalidade digna de registo servindo, como tal, os seus desígnios de apresentar obra que excedia as respectivas competências.
Como é sabido, também, o estudo da história faz-se através de testemunhos orais ou escritos com maior validade para estes últimos. Assim, não pondo em causa a acção valiosa de Cremildo Pereira (vade retro Satanas!) na elaboração das respectivas regras e sua acção posterior nos chamados torneios Coca-Cola, em subordinação à verdade dos factos urge corrigir que a implementação do minibasquete em Moçambique (e, como tal, em todo o território nacional, então do Minho a Timor) se ficou a dever ao Comissariado Provincial da Mocidade Portuguesa de Moçambique.
Para o efeito, com a autoridade que esse facto comporta, respaldo-me no testemunho do próprio Cremildo Pereira, documentado em notícias de jornais, que transcrevo verbo pro verbo. Assim:
- Titulado “Minibasquete – sua projecção em Moçambique”: No último sábado tive a oportunidade de assistir no pavilhão do Malhangalene, a três jogos do campeonato escolar de minibasquete de Lourenço Marques. Desconhecendo o incremento que tomou, porque tão louvável iniciativa não tem sido rodeada da propaganda que merece, não só pela sua extraordinária influência na formação moral e desenvolvimento físico das crianças, mas também pelo entusiasmo na juventude e nos educadores fiquei surpreendido! Algo de muito valioso se vem fazendo e muita coisa já foi alcançada” (Cremildo Pereira, Jornal “Notícias”, 30/05/66).
- Titulado “Minibasquete – sua expansão no mundo”: Em Portugal só há notícia da realização de torneios de minibasquete em Lourenço Marques, por intermédio da Mocidade Portuguesa , que desde 1965 tem melhorado consideravelmente” (Cremildo Pereira, Jornal “Notícias”, 19/03/67).
Em 1972 (11 de Julho), escrevia eu em a “Tribuna” de Lourenço Marques: Corria o ano de 1961 (mil novecentos e sessenta e um) e na Escola João Belo, desta cidade, foi construído o primeiro campo de minibasquete de Lourenço Marques e no fim desse ano lectivo aí se realizou um torneio de minibasquete.
Posteriormente, através da Mocidade Portuguesa, nos anos lectivos de 1965-66, 1966-1967, 1967-1968, 1968-69, foram realizados campeonatos escolares distrais de minibasquete em escolas primárias de Lourenço Marques, tendo sido construídos até ao ano de 1969 dez campos da modalidade, respectivamente, nas escolas primárias João Belo, Correia da Silva, Paiva de Almeida, Rebelo da Silva, Mahotas, Matola Subúrbios, S. José de Lhanguene, Moreira de Almeida, Machava e Sá da Bandeira.
Com o meu pedido de demissão de inspector Provincial de Educação Física da Mocidade Portuguesa, por divergências com o respectivo Comissariado Provincial, o minibasquete nas escolas diminuiu ou deixou mesmo de ser praticado. Desse pedido de demissão, e posterior louvor que me foi atribuído, aqui dou conta:
Jornal “Diário” – 12.05.1970
Anos mais tarde, chegou a hora da verdade desta polémica poder ser dirimida entre mim e elementos do Conselho Provincial de Educação Física, inclusivamente, o respectivo presidente Professor Noronha Feio. Para o efeito, junto notícia de um “Ciclo de Colóquios Subordinados ao Subtema Actividades Gimnodesportivas” (“Tribuna”, 06/04/71) em que desmenti publicamente (sem controvérsia da parte contrária) a propaganda feita pelo Conselho Provincial de Educação Física sobre o minibasquete em terras de Moçambique em desabono da obra levada a efeito pelo Comissariado Provincial da Mocidade Portuguesa, através da respectiva inspecção de Educação Física. E que aqui se documenta com testemunhos jornalísticos demonstrativos que mais do que “apoio” ao minibasquete foi realizada pela Mocidade Portuguesa uma obra que deve ser recordada, em nome da verdade dos factos e por fazer parte da história do desporto em Moçambique, do passado e da actualidade.
Jornal “Tribuna” 06.04.71
E se da ocorrência dou notícia detalhada é por julgar que ela deve fazer parte da história do espólio riquíssimo do desporto em terras do Índico. Ou seja, como nos legaram os latinos: Suum cuique tribuere (dar a cada um o que é seu).
Um Comentário
Dave Adkins
Recordo os campos ao aire livre de Mini-Basquet situados perto do local da educação física de Moçambique com jogos aos sábados de manhã. Acho que as equipas incluíam miúdos de ambos sexos – Talita, a filha de Alex Franco, jogou numa equipa. Foi uma cena muita positiva – era 1972.