Jimmy Romeo… Lembram-se dele?
Por: Alexandre Ribeiro Franco
De Brooklyn a Santa Bárbara, passando por Lourenço Marques.
Dá pelo nome de James Romeo, nasceu em Brooklyn a 5 de abril de 1950 e é filho de Joe e Yolanda.
Casado com Christine e tem dois filhos, Christine e Joe.
Tem dois metros de altura e pesa 96 quilos.
Nasceu e cresceu em Brooklyn, Nova Iorque, e vive atualmente na maravilhosa cidade de Santa Bárbara, na Califórnia.
Depois de eu ter visitado Santa Bárbara, pela primeira vez (já lá vão uns anos), gostei tanto daquela maravilhosa cidade que quis ir viver para lá. Ainda cheguei a enviar o meu curriculum para a Universidade de Santa Bárbara há procura de uma oportunidade como treinador de basquetebol. Mal sabia eu que a posição era ocupada por um profissional que foi campeão de Portugal ao defender a camisola do Grupo Desportivo da Malhangalene, em Lourenço Marques.
Do mal, o menos, e resolvi trocar algumas palavras com aquele “gigante” que tanto ajudou o Malhangalene a ser Campeão de Portugal.
Como é que tudo começou para Jimmy Romeo?
“Aos 13 anos comecei a jogar basquetebol a sério. Tal como acontece com a maioria dos basquetebolistas norte-americanos, comecei na escola primária, continuei no ensino secundário e, posteriormente, no universitário. Passei a disputar competições ainda mais a sério quando me envolvi em diversos torneios na cidade de Nova York. Na época existiam muitas competições em Nova Iorque. As chamadas Ligas de Verão tinham muita qualidade. Eram muito boas. E foi através dessas competições que comecei a ter alguma notoriedade, o que me levou a ter oportunidades noutros países.”
“Foi então que um agente, que se chama Richard Kaner, se aproximou de mim, perguntando-me se eu gostaria de jogar noutros países. E assim em dezembro de 1973, fui para Espanha e joguei no torneio do Real Madrid por uma equipa da Argentina. Foi muito agradável e fiquei logo a perceber o que gostaria de fazer.”
E como é que surgiu a possibilidade “Malhangalene – Lourenço Marques”?
“Foi o mesmo Kaner que se aproximou de mim com essa proposta. Aceitei e parti para Lourenço Marques e para o Malhangalene.”
“A preparação para esta viagem foi muito emocionante. Eu queria jogar basquetebol, mas também queria conhecer o mundo. E esta viagem até ao continente africano vinha mesmo a propósito.”
“Moçambique.
Lourenço Marques.
Malhangalene.
O primeiro impacto foi o facto de ter encontrado uma linda cidade e de imediato de ter conhecido pessoas extraordinárias, como foram os casos do Aurélio Grilo,
do Adam Ribeiro
e como me lembro bem do “Malhanga”, o António Teixeira.”
“A minha ambientação foi fácil, perante tantas pessoas maravilhosas. Amigos genuínos. Gente que também gostava muito do Basquetebol. Eu adorava jogar Basquetebol, mas também fiquei fascinado com o nível de pessoas que encontrei, assim como de companheiros de equipa.”
“Em muito pouco tempo me senti como se estivesse em casa. Fui maravilhosamente recebido por todos quantos faziam parte do Malhangalene.
Tantos amigos. Aurélio Grilo, Adam Ribeiro, Eustácio, Avelino, Gaspar, Costa Leite, Zé Cunha e tantos outros. Foi uma época maravilhosa e inesquecível.”
“Na altura até me recordo que ninguém acreditava que pudéssemos ser campeões. Ninguém nos levava a sério. Mas foi precisamente o nosso sentido de união e de entreajuda que fizeram com que fossemos a melhor equipa.”
Jimmy Romeo (15) o baluarte na conquista do titulo de campeão nacional
“Termos sido Campeões de Portugal foi maravilhoso. Temos um ditado que diz: “it isn’t about how big the dog is in the fight, it is about how big the fight in the dog is!’ And we had a lot of fight!!!”
E foi com esse espírito que fomos campeões!”
Época 1973/74 – Seniores
Vice-Campeão Provincial Moçambique • Campeão Nacional
“Homenagem aos Campeões Nacionais”
Em cima: António Teixeira “Malhanga”, Avelino Ferreira, Carlos Gaspar “Mochina”, Eustácio Dias, Jimmy Romeo, Eurico Gonçalves, Carlos Cachorreiro, Aureliano Graça (Seccionista), Amélia Ribeiro, Aurélio Grilo (Dirigente), Joaquim Fernandes.
Em baixo: Abel Moutinho (Dirigente), João Domingues, António Araújo, José Cardoso, David Carvalho, José Costa Leite.
Uma aventura maravilhosa e que o Jimmy nunca esquecerá?
“Indubitavelmente. Uma aventura maravilhosa. Adorei a mesma minuto a minuto. Não esqueço aquele pequeno restaurante onde nos encontrávamos à noite para socializarmos. Bebíamos umas cervejas. Conversávamos, divertíamo-nos. Os fins de semana que a equipa passava. Todos juntos. Foi um episódio da minha vida que considero mágico, assim como considero mágica a cidade de Lourenço Marques.”
“No entanto, também estava ciente dos problemas políticos que envolviam Moçambique e a ansiedade que os meus amigos sentiam. Lembro-me de ter sido levado para o aeroporto por tropas do exército. Não foi um período fácil para as pessoas de Lourenço Marques. Julgo até que hoje em dia serão poucas as pessoas que conheci no Malhangalene que ainda residam em Moçambique. Eu sei o que foi difícil para muitos perderem as suas casas e todos os seus haveres. Se não fosse tudo isso eu até gostaria de ter passado mais tempo em Lourenço Marques. Acabou por ser pouco tempo, mas tive oportunidade de experimentar os mais diversos fatores que compõe a vida: Triunfo, alegria, riso, tristeza, perdas e lágrimas!”
“Malhangalene Unido, jamais será vencido!” Como me lembro bem.”
E o Day After… Ou seja o que aconteceu após Moçambique?
“Fui jogar para a Alemanha, em Mainz e Heidelberg. Foi agradável, mas não tanto como em Moçambique. Adorava jogar, mas decidi voltar aos estudos e terminar a minha graduação universitária, tendo a sorte de após a conclusão dos meus estudos ter sido contratado pela Universidade de Santa Bárbara,
onde lecionei durante 34 anos e fui também responsável pelo Desporto da Universidade supervisionando não só o programa de Basquetebol, como também de vinte outras modalidades, até que me reformei em março deste ano (2014).”
Continua de algum modo ligado ao basquetebol?
“Apenas como adepto. Gosto de ver os jogos da NBA, mas prefiro o colegial.”
Kobe Bryant e Jimmy Romeo
Acha que Kevin Durant mereceu o titulo de MVP do ano?
“Não. Lebron James é na minha opinião o melhor jogador.”
Não gostaria de um dia se reunir com alguns dos seus ex-colegas do Malhangalene, provavelmente algures em Portugal?
“Adoraria. Nunca poderei esquecer essa fase da minha vida em Moçambique e, especialmente, das amizades que criei.”
Antigos colegas de Jimmy Romeo no Malhangalene, no último Encontro da Figueira da Foz: Eurico Gonçalves, José Cardoso, João Domingues, Eustácio Dias, José Costa Leite, David Carvalho e António Araújo. (Foto tirada por Irene Grilo).
“Permita-me que aproveite esta oportunidade, para através do BigSlam.pt dizer a todos que fui e continuo a ser muito feliz. Tive uma ótima vida em Moçambique. Muito obrigado por tudo. E muito obrigado ao Alexandre
por me ter dado a oportunidade de reviver alguns dos melhores momentos da minha vida.”
Nós – www.bigslam.pt – é que agradecemos ao Jimmy Romeo a amabilidade que ele teve para connosco, garantindo-lhe que muitos serão os seus amigos e ex-colegas do Malhangalene que irão ler esta entrevista que tivemos o prazer de fazer àquele que foi o “gigante americano” que ajudou o Malhangalene a ser Campeão de Portugal, na temporada de 1973/1974, naquele que foi o 42º Campeonato da Primeira Divisão de Portugal.
3 Comentários
Jorge Martins
Quem se mais esquecera dos 2 lancamentos livres do Romeo, ja com o jogo terminado e para empatar a partida e irem para o prolongamento?
Luíz Oliveira
Dessa não me lembrava.
LF
Irene Grilo
@ Jorge Martins – lembro-me eu e bem! Vi o meu Pai saltar do banco abraçar o Jimmy!!!!