Nuno Narcy do Atlético de LM para a Seleção Nacional de Basquetebol…
Por João de Sousa
Há muito que esta conversa com Nuno Narcy estava para ser realizada. Afazeres de parte a parte (mais os meus do que os dele) impediram-se que o “bate papo” se concretizasse. Nós somos felizmente dos tais que ainda mantemos contacto regular. Pelo telefone ou num almoço. Há sempre um motivo para colocarmos a conversa em dia. Num desses encontros, eu e ele fomos desfiando memórias. Daí resultou este mar de recordações. Boa leitura.
Nuno, comecemos pelo teu Bilhete de Identidade.
Nasci em 1951. Sou natural de Maputo. O meu percurso desportivo começa aos 12 anos, mais concretamente em 1963, no então Atlético Clube de Lourenço Marques.
Ao teu percurso desportivo, já lá iremos… vamos começar mesmo pelos teus tempos de escola.
Fiz a Escola Primária, depois frequentei o Liceu António Enes,
e depois, o 6º e 7º anos fui fazer no então Liceu Salazar.
Este foi o meu percurso académico. Não passei daí.
Vocês são uma família de desportistas. Este interesse pelo desporto e pelo basquetebol em particular, começa na escola, ou tem o seu início num clube?
João tu sabes tão bem como eu que naquela altura tudo começava muito antes da escola. Era no bairro, nas brincadeiras do bairro, embora que duma forma muito rudimentar. Mas era onde tudo começava. Jogávamos com aros de barril nas árvores, jogávamos futebol pelas esquinas, jogávamos hóquei nos buracos das árvores. Portanto tudo começa aí, em termos de gosto pela modalidade. É verdade que muito antes de começar a prática do basquetebol duma forma mais séria, passei pelo grupo de ginástica da Associação Africana. Lembro-me de nomes da época, como foram os casos do Mussa Tembe, o Cândido Coelho, o Humberto Coimbra. A escola de ginástica que era dirigida pelo Professor Nuno Abranches. Digamos que em termos de actividade desportiva tenha começado por aí. Ainda tive uma passagem efémera pela Escola de Jogadores do Mário Romeu. Concluí que não tinha muita vocação para aquilo. Todo o gosto pelo desporto, toda esta cultura desportiva começava efectivamente nos bairros, entre os amigos, durante as férias. Nós brincávamos de tudo, desde o paulito ao berlinde, passando pelo futebol, basquetebol e hóquei. Até saltávamos à corda e jogávamos à “neca” com as meninas. É isso que talvez levasse essa nossa geração a ter um gosto e uma cultura muito própria pelo desporto.
Esses valores, hoje, perderam-se?
Eu acho que sim. Mas João é preciso entendermos que se perderam por razões diversas de evolução duma sociedade. Os tempos são outros.
É verdade que os tempos são outros. Hoje, por exemplo, passando pelas ruas de Maputo, já não vemos aros de barril pendurados nas árvores?
É evidente que não João, e talvez uma das razões para isso tem a ver, se calhar, com a evolução das coisas. Hoje a nossa juventude encontra múltiplos pacotes de jogos de basquetebol no computador, assim como há de ténis ou futebol. Hoje os miúdos jogam basquete no computador contra eles próprios e assim deixam de ir para a rua jogar com os amigos. Por outro lado, verdade seja dita, já não abundam espaços na cidade de Maputo como havia naquela altura. Naquela altura em qualquer bairro havia espaço para se fazer qualquer coisa de útil. Hoje é muito mais difícil. As instalações das escolas também estão degradadas e isso leva a que os jovens se interessem pouco pela prática desportiva. Hoje as tecnologias de informação, a Internet, a televisão com mais de 100 canais, etc…, levam a que a nossa juventude opte por outras soluções. Mas também te digo que infelizmente, na área do desporto, hoje não se faz nada para as cativar.
Nuno, vamos falar do teu ingresso no desporto federado. Como e quando é que isso acontece? Há influência familiar nesse teu início como jogador federado?
Eu acho que não terá havido nenhuma influência familiar. Eu começo a actividade na escola, como já te disse. Foi no Liceu onde eu iniciei a prática, onde fiz os primeiros jogos e onde conquistei as primeiras medalhas em torneios inter-escolas. Só mais tarde, e devido à proximidade da minha residência, eu apareço, aos 12 anos de idade, no Atlético para treinar. Nestas coisas eu acho que há dois factores que são determinantes na escolha do clube. Um é a proximidade e outro é normalmente o tal grupo de amigos de bairro. Onde vai o grupo vamos todos. Eu acho que nessas idades ainda não há grandes apetências clubistas e as pessoas acabam por ir por essas duas razões que apontei A comodidade, porque está mais próximo da nossa residência e também pela influência do grupo de amigos. E eu comecei no Atlético porque era o local mais próximo.
Sei que tu foste um atleta que foste passando de categoria para categoria, duma forma precoce?
Pois é João. Eu comecei no Atlético em 1963 aos 12 anos de idade. Nessa altura havia só 3 escalões: infantis, juniores e os seniores. E a idade de iniciação nos infantis era aos 14 anos. Eu estive dos 12 aos 13 sem jogar, porque não tinha idade. Limitava-me a treinar. No ano seguinte continuava a não ter idade para a prática porque só tinha 13 anos e portanto ainda não podia ser federado. Mas porque o clube terá achado que eu devia jogar, foi feita uma solicitação especial, com uma inspecção médica também especial, para eu poder-me inscrever. Foi assim que iniciei a minha actividade em infantis prematuramente, com 13 anos, isto levou a que ao fim de duas épocas, com 15 anos ascendi aos juniores e duas épocas depois, prematuramente, ascendi aos seniores. Portanto foi sempre prematuramente que eu fui ascendendo de escalão para escalão.
Vamos falar dos teus tempos do Atlético. Quem foram os teus colegas? Quem foi o teu treinador? Será que alguns ainda estão por cá?
Aí é inevitável a referência aquele que foi o meu primeiro treinador. Ele tinha regressado de Portugal. Foi uma pessoa que me marcou muito. Foi ele que me deu as bases para poder jogar basquetebol a um nível aceitável. Essa pessoa ainda está em Moçambique. É o Gilberto Wilson… o Betinho Wilson como todos nós o chamamos.
Ainda no Atlético tive outros treinadores, como por exemplo o Alberto Costa, o Colola, o Acácio Morgado. Passei por várias mãos, porque no Atlético acabei por fazer 3 épocas, sendo duas de infantis e uma de juniores. Naquela altura o Atlético era um clube “familiar”. Os meus colegas eram descendentes da família Wilson. Recordo-me por exemplo do Nelinho Rodrigues que jogou comigo, do meu irmão Isaac, que também jogou comigo no Atlético, etc.
Ainda hoje se diz que Gilberto Wilson foi um grande jogador de basquete?
Sim eu ainda tive oportunidade de o ver jogar depois de ter regressado de Portugal, não só no basquetebol mas também no futebol e eu acho que, tal como muitos outros (os tais de que infelizmente hoje, pouco nos lembramos deles) o Betinho Wilson terá sido uma daquelas figuras que era uma excepção no desporto desta cidade, tanto no futebol como no basquete.
Betinho, do tempo dum Reis Pires?
Eu sou muito jovem para essa época a que te estás a referir João, mas acho que sim. Acho que ele é dessa geração do Octávio de Sá, do Coluna, Eusébio, uma geração que tem uma relação com esse tempo do Reis Pires.
A passagem do Atlético para outro clube. Há razões por trás disso?
Bem João essa é uma história um bocado longa. Acho que no Atlético, por qualquer razão comecei a dar nas vistas, houve algum interesse do Desportivo em que eu me mudasse para lá, principalmente naquela figura carismática que todos conhecemos que era o “velho” Custódio da Graça e acredito que tenha havido alguns factores familiares que terão levado a essa transferência. Eu não interferi nisso. Mas hoje, decorridos esses anos todos, devo deixar a minha mensagem de gratidão aos dirigentes do Atlético da época, em especial ao “velho” Francisco Morgado (o pai do nosso “molinhas”), que era o Presidente do Clube. Na altura a minha família tinha alguns problemas. O meu pai estava com problemas de saúde, o que o impossibilitava de trabalhar. Nós passávamos grandes dificuldades. O que eu sei foi que o Atlético negociou a minha transferência para o Desportivo na condição do Desportivo me pagar os estudos. As propinas e os livros. E foi um pouco nessa base que me foi concedida a “carta de desobriga” para eu me mudar do Atlético para o Desportivo. Foi em 1967 tinha eu 16 anos.
Olha Nuno, essa prática dos clubes apoiarem o atleta no pagamento dos seus estudos, parece que hoje, já não se verifica, com algumas excepções, claro?
Sim, embora eu ache que até há pouco tempo havia alguns projectos, que não sei se vingaram ou não, em que se pretendia que nos escalões de formação a questão da formação académica fosse realmente a questão principal. Tanto quanto sei, e pelas pessoas que lá estão neste momento, acredito que o Ferroviário está a optar por soluções desse tipo. Mas ó João, hoje, infelizmente, cada vez menos as pessoas se interessam pelas questões académicas. As grandes preocupações hoje, dos dirigentes dos clubes e treinadores são fazer com que os atletas consigam protagonismos através de resultados, independentemente daquilo que deve ser, em simultâneo, o desenvolvimento humano, como cidadão. No nosso tempo os clubes tinham essa função de conciliação dos interesses desportivos com a necessidade de aprofundamento dos conhecimentos académicos dos seus atletas. Tudo se fazia para formar cidadãos, formar seres humanos. Hoje infelizmente a realidade é outra. A necessidade de protagonismo imediato, como te disse, leva a que se ultrapassem alguns valores e se atropelem determinados princípios sãos.
Pelo que foi dito, a tua ida para o Desportivo acontece em 1967?
É isso mesmo João. Eu era júnior. Era aquilo que devia ser a minha primeira época de juniores, mas porque fui ascendendo prematuramente, a minha época de juniores no Desportivo era a segunda. Tenho como treinador nessa altura uma figura que eu não cheguei ver a jogar, mas que me dizem terá sido um dos grandes expoentes do desporto moçambicano, com destaque para o futebol que foi o Pedro Santos (irmão do Varito). Dizem-me que foi um dos maiores guarda-redes deste País. E nesse ano tínhamos uma equipe boa. Fomos disputar o Provincial (que hoje seria o Nacional) a Nampula.
Época 1967/68 – Juniores
• Vice-Campeão Provincial Moçambique – Nampula
Em cima: António Cabral, Artur Castro “White”, José Rodrigues, Carlos Simões “Kiko”, Pedro Santos (Treinador), Nuno Narcy, Carlos Koo e Raul Pestana.
Em baixo: Ivo Garrido, Carlos Machado, Carlos Pinto e Luis Oliveira.
Dessa equipa penso que o único que está cá é o Ivo Garrido, antigo Ministro da Saúde, que era o nosso “base”. Nessa altura tínhamos a oposição duma equipa que eu acho talvez tenha sido a melhor equipa de juniores da minha geração, que era a equipa do Malhangalene. E nessa equipa militavam nomes da época como o João Domingos, o Tony Ferreira, o Avelino Ferreira, o Leonel Santos, etc. … que foram os Campeões Provinciais desse ano.
Época 1967/68 – Juniores
• Campeão Distrital L. Marques • Campeão Provincial Moçambique
• Vice-Campeão Nacional
Em cima: Francisco Marques (Treinador), Avelino Ferreira, José Luis Dias, Leonel Santos, António Ferreira “Toni”, Chaves.
Em baixo: João Carneiro, Pina, João Domingues, António Paiva, Fortunato Sousa.
Um campeonato de juniores que dá acesso ao Malhangalene representar Moçambique num campeonato “nacional” disputado na Cidade do Porto?
Isso mesmo. Não me lembro quais terão sido os resultados do Malhangalene nesse “nacional”. Tu eras do Malhangalene, deves saber melhor do que eu.
Não me lembro. Bom, voltemos ao Desportivo. Essa progressão nos “alvi-negros” foi difícil ou não?
Dificuldades, acho que não, porque nós nessa altura praticávamos a modalidade pelo prazer de jogar. Quando cheguei ao Desportivo não senti dificuldades de integração. Pondo de parte falsas modéstias, acho que naquela altura, no escalão de juniores eu integraria qualquer equipe, portanto nesse aspecto não tive qualquer dificuldade.
A passagem para os seniores?
Bom João, essa passagem já foi um pouco mais discutida. Tive um primeiro ano de juniores no Desportivo e nessa altura fui convocado para a Selecção Portuguesa de Juniores (Jogos da FISEC).
Época 1967/68 – Seleção Nacional Juniores
“Jogos da FISEC”
Em cima: Jorge Araújo (Selecionador), Mário Silva, Beto, Nuno Narcy, Victor Coelho, José Carlos, Rui Freitas.
Em baixo: Jorge Adelino, Augusto Baganha, Aniceto Nogueira, Carlos Cerqueira.
No meu regresso ainda tinha um ano de juniores para fazer, mas nessa altura houve ali uma disputa, digamos assim, entre treinadores. O treinador de juniores que era o Orlando Carmelo queria que ficasse nos juniores, como forma de podermos vir a ser campeões desse ano, enquanto que o Francisco Marques, que era treinador do escalão superior achava que eu deveria ascender aos seniores, porque nos juniores já não tinha oposição, e não iria dar o salto, se eu continuasse nos juniores. Creio que na altura isso foi objecto de discussão na Direcção e o resultado disso foi a minha ascensão ao escalão superior, mais uma vez prematura mente, porque cheguei aos seniores em 1968, com 17 anos.
Época 1969/70 – Seniores
Em cima: António Medeiros, José Lopes, Nuno Narcy, Francisco Marques (Treinador), Paulo Carvalho, Manuel Lima, Carlos Koo.
Em baixo: José Cruz, Artur Castro “White”, Isac Narcy, Carlos Alemão, José Arruda, Flávio Morgado.
Com 17 anos como é que vias as grandes referências de basquetebol dessa altura? Da tua própria equipa, de outras equipas, como eram os casos do Ferroviário, Sporting e até mesmo o Malhangalene?
Vamos lá ver ó João. Antes do mais, muito antes disso e eventualmente antes mesmo da minha prática federada nós tínhamos uma vantagem que talvez a geração de hoje não tenha, que era a de ver e copiar modelos vivos. Já nessa altura eu tinha os meus ídolos. Eu tentava copiar alguns jogadores, depois tive a felicidade de jogar com eles ou contra eles. Esses jogadores, na minha infância, foram os meus modelos. Nessa altura a ascensão a seniores era uma coisa um bocado complicada. Eu lembro-me que a primeira vez que entrei no balneário do Desportivo em seniores o Manuel Lima era o Sr. Manuel Lima. Hoje somos grandes amigos, fomos colegas durante muitos anos, mas na altura era o Sr. Manuel Lima. Eu tinha 17 anos, era portanto o puto da equipa. Toda essa geração de basquete, tanto a do Desportivo como a de outros clubes, é mais velha do que eu. Dou-te um exemplo: o Vitor Morgado era da minha geração de basquete, mas era 5 ou 6 anos mais velho do que eu. Eu tive a felicidade de poder iniciar o escalão de seniores com essas grandes referências. Muitos outros não tiveram essa possibilidade. Agora a questão da rivalidade. Eu acho que era uma rivalidade muito salutar. Era uma rivalidade em campo que não se reflectia cá fora. Havia um espírito de amizade muito grande e a prova real disso é que ainda hoje, embora à distância, mantemos com todos eles uma relação muito próxima. Eu lembro-me que depois dos jogos tinha adversários, com quem eu tinha jogado meia hora antes, que me vinham consolar.
E um desses, que me lembro era o Sérgio Carvalho do Sporting?
Era o Sérgio, que nunca mais tive a oportunidade de ver. Tanto quanto eu sei faleceu em Sines. Ele é bastante mais velho que eu. O Sérgio era na época o campeão do triplo salto, com uma condição física espectacular. No basquete eu era “torturado” pelo Sérgio Carvalho durante os jogos. Ele tinha o cuidado depois dos jogos, passar pela minha casa e consolar-me, e dizer-me que se eu quisesse crescer como jogador tinha de ser assim, tinha de passar por dificuldades, por derrotas, tinha de levar muita pancada. São coisas que nunca mais me esqueço. São episódios que não me esqueço, porque foram episódios que me marcaram muito.
Quais as principais referências que tens dos teus companheiros e adversários dessa época?
NN – João eu chego ao Desportivo numa altura em que ainda jogava o Carlos Alemão, o Manuel Lima, aqueles que 3 ou 4 anos eram os meus ídolos dos meus tempos de infantis. Eu tinha essas figuras como modelos meus. Claro que houve outros jogadores que no Desportivo foram referência. Em 1972 eu interrompi a minha carreira no Desportivo por causa do serviço militar. Mas a figura que mais me marcou foi a o Frank Martinuk, sem dúvida, porque na minha opinião veio revolucionar um pouco o basquete daquele tempo.
Já agora destes a deixa para abordarmos a questão dos americanos no nosso basquetebol. O Frank Martinuk foi realmente o melhor americano que por aqui passou?
João, já discutimos isso quando o Samuel esteve cá. É difícil nós definirmos o que é melhor. É um pouco subjectivo. Eu por exemplo, devido a uma interrupção na minha carreira, em 1972, por causa do serviço militar, não vi o Greg Howard jogar. Dizem-me maravilhas dele. Conheci o Greg pelo que os jornais diziam, pelos teus relatos desportivos nas produções GOLO. Eu não duvido que o Greg Howard terá sido o melhor. Mas houve muitos outros que passaram por aqui. Uns jogando com mais regularidade, outros com menos. Eu lembro-me por exemplo dum jogador que vinha cá aos fins-de-semana que era o Nakios. Mas para mim o Frank Martinuk marcou mais o nosso basquete, porque quando ele chegou cá, veio trazer um basquetebol diferente. Era um novo modelo. Ele trouxe determinados movimentos que nós não executávamos aqui, como por exemplo fazer um passe com uma mão só. Isso para nós era proibitivo, porque o ABC do basquete daquela altura dizia que os passes deviam ser feitos com duas mãos. O Frank aparece a fazer passes saídos directamente do drible, só com uma mão. Embora não tivesse sido o melhor praticante que por aqui passou, terá sido aquele que mais marcas deixou neste basquetebol.
Voltemos ao teu Desportivo. As maiores evidências vão para quem, naquele teu tempo de seniores?
Bom, no curto período de cerca de 4 anos nos seniores do Desportivo, portanto antes da Independência, indiscutivelmente o Frank, mas havia outros que faziam a diferença. O Manuel Lima pela sua estatura, o Paulo de Carvalho pela sua forma de jogar, esses faziam a diferença. Lembro-me ainda dum outro jogador que fazia a diferença, não por questões técnicas, mas sim pela sua garra, pela sua alegria, pela sua forma de estar no campo, que é o José Arruda. Ele conseguia arrastar toda uma equipa atrás dele…
Época 1970/71 – Seniores
Em cima: Paulo Carvalho, Nuno Narcy, João Ferreira, Manuel Lima, Frank Martinuk.
Em baixo: Fernando Alves, Carlos Alemão, José Arruda, António Medeiros, Machado (Massagista).
… uma equipa e um pavilhão…
… exactamente! O Zé foi dos poucos jogadores de basquetebol que eu vi festejar cestos como jogadores de futebol festejam os golos. O Zé marcava um cesto e vinha aos saltos até cá atrás para defender outra vez. O Zé tinha uma atitude que conseguia arrastar tudo e todos atrás dele. Há portanto algumas figuras que marcam. Temos um Carlos Alemão, como é evidente…
… o mãozinha de ouro …
o Nelson Serra, o Mário Machado, etc.
Dos teus adversários, qual o que consideras que se notabilizou tecnicamente?
Eu acho que já fiz referência a isto naquele encontro que proporcionaste aqui na Rádio, quando esteve aqui o Samuel. Para mim o termo de referência para analisar isso tem de ser visto em duas óticas. Uma na ótica daquilo que era o melhor jogador ofensivamente e outra naquilo que era o melhor jogador defensivamente. Eu para avaliar isso utilizo um critério muito simples. Qual era o jogador que eu tinha mais dificuldade em defender? Esse será o que era o melhor ofensivamente. E nesse aspeto o Mário Albuquerque era o jogador mais difícil de defender e muito próximo talvez do Quen Guy. Dos jogadores que eu defendi, e defendi vários, estes foram os dois que eu tive mais dificuldade em defender.
Mário Albuquerque o nº12 do Sporting LM
Mário e Quen Guy eram por assim dizer, jogadores imprevisíveis?
Sabes João, nesta coisa de basquete, há aqui algo que o Betinho Wilson me disse, ainda era eu miúdo: “um atacante, na posse de bola, numa situação de um contra um, tem uma grande vantagem, vantagem de tomar a iniciativa em relação ao defensor”. O defensor nunca sabe o que é que ele vai fazer. Tudo depende dos argumentos técnicos que esse atacante tem para usar. E nesse aspeto, tanto o Mário como o Quen Guy eram dotados de argumentos técnicos impressionantes. Eram jogadores imprevisíveis. Era preciso não dar espaço. Se déssemos espaço eles lançavam, se não déssemos espaço eles iam para o cesto. Ali não havia alternativa. Era preso por ter cão e preso por não ter. E é nessa ótica que eu acho que, pela minha experiência terão sido estes dois os jogadores que me criaram mais dificuldades. Sabes João, defender por exemplo o Nuno Narcy não era difícil porque eu não era um grande lançador. Defender um jogador que não é um grande lançador torna-se mais fácil. Mas há outros, como por exemplo o Malon Sanders, o Greg Howard, o Jimmy Romeo, o Terry Johnson (este com mais capacidade física do que técnica). Depois é preciso verificar quem era o jogador que na ótica do atacante, tinha mais dificuldade de enfrentar. E aí sem dúvida terá sido o Leonel Velasco. Eu por acaso vi que na entrevista que fizeste à Abrilete, a referência que ela faz ao primo Leonel Velasco. Ele foi um grande defensor. Era um jogador muito difícil ultrapassar.
Nuno, lembro-me que naquela conversa sobre basquetebol que tivemos aqui o ano passado, foi feita uma referência a Mário Machado.
Exatamente. O Mário Machado.
Joguei contra ele. Estive com ele a última vez que ele cá esteve, porque tu fizeste o favor de me telefonar a dizer que ele estava aqui na Rádio. Eu vejo o Mário numa ótica diferente. Ele foi o exemplo de como executar tecnicamente da forma mais perfeita possível. Ele era a perfeição em pessoa. E nesse aspeto acho que ele teve um papel fundamental neste País que foi o papel da formação. Para além de ter servido de modelo, ele teve um trabalho extraordinário no Ferroviário. O Mário, não era dos jogadores mais difíceis de defender, mas indiscutivelmente em termos de execução o Mário Machado era o mais perfeito de nós todos.
Vamos falar das arbitragens. Eras um jogador que gostavas de manter distância dos árbitros? Revoltavas-te facilmente?
Não, acho que não. Sabes, no desporto é preciso prevalecer a verdade desportiva, e quando essa verdade não é ferida, não há motivos para contestarmos o árbitro. Eu por exemplo, acho que era um jogador disciplinado. Que eu me lembro ao longo da minha carreira devo ter apanhado duas faltas técnicas. Eu não era pessoa de discutir com os árbitros, não insultava adversários, não fazia nada disso, acho que era muito bem educadinho. É evidente que depois dum jogo ou ao sentirmo-nos injustiçados havia um movimento de revolta que muitos de nós aprendíamos a conter. Nós não podíamos através da imprensa, e não só, pôr em causa o trabalho do árbitro. Insultar ou agredir um árbitro podia dar lugar a irradiação. Nós nesse tempo aprendíamos a conter as nossas emoções. Eu não me manifestava publicamente. Que eu me lembre não era pessoa de grandes manifestações públicas.
Ao longo dos anos fui notando um aspeto importante: muitos jogadores eram amigos pessoais dos árbitros?
Claro João. Nessa altura a relação e a forma de estar no desporto era diferente do que é hoje. Os interesses em jogo eram diferentes. As pessoas andavam ali por prazer. É verdade que havia o fator “afirmação”. Gostávamos de aparecer na Imprensa, etc. mas não havia valores materiais envolvidos como há hoje, então a relação entre os diversos intervenientes era completamente diferente. Nós éramos amigos dos árbitros, tomávamos café juntos, mas isso não impedia que no jogo seguinte saíssemos com 5 faltas, se fosse o caso. Mesmo em relação aos adversários nós convivíamos. Éramos cão e gato dentro do campo, mas fora do campo éramos amigos.
Queres indicar aquele que para ti pode ser considerado como o árbitro completo?
Eu acho que é difícil definir o melhor, o mais completo. Eu dei-te o exemplo do Mário Albuquerque e do Quen Guy. Eram os melhores atacantes mas se calhar não eram os melhores defensores. Encontrar perfeição, aliar todos os condimentos necessários para alcançarmos a perfeição leva tempo. Quanto tempo tivemos nós que esperar para encontrarmos um Michael Jordan, ou um Magic Johnson? Agora vamos ter de esperar mais algumas décadas para que apareçam outros. Olha, do pouco que posso ler, nós tivemos uma fase, talvez a dos anos 40, 50, que o talento era o suficiente para nos sobressairmos no desporto. Terá sido o caso do Garrincha que meramente com talento foi um fora de série. Depois entramos talvez na década de 70, 80, onde o talento só não bastava. Era preciso aliar a isso a condição física, e aí começam a aparecer jogadores de laboratório. Eu acho que a nível do desporto de competição (aqui não estou a falar do nosso) hoje há ainda um fator mais determinante que é a condição psicológica. Hoje, ser desportista ao mais alto nível implica uma grande capacidade de sofrimento, um grande espírito de sacrifício que só os mais dotados é que conseguem superar isso.
Árbitros que te marcaram na tua carreira?
Olha João, cada um dos árbitros tinha a sua característica. Havia por exemplo árbitros que eram mais dialogantes, falavam com os jogadores, davam explicações sobre determinada falta que era marcada. Havia outros que não falavam pura e simplesmente, não diziam uma única palavra e não admitiam sequer que se falasse com eles. Eu acho que a avaliação do árbitro não tem de ser feita nessa ótica, mas sim na ótica daquilo que eu dizia há pouco: até que ponto é que ele é o garante da verdade desportiva na sua essência? O árbitro que consegue garantir a preservação da verdade desportiva, é o melhor. Um atleta quando vai para o campo sabe quais são as regras, porque elas estão definidas. A única coisa que ele quer é que o árbitro assegure que aquelas regras sejam estritamente cumpridas. E o árbitro que consegue que isso aconteça é o melhor, porque afinal é o que garante a verdade desportiva. Sempre que essas regras são beliscadas, isso joga contra a imagem do árbitro e provoca o tal sentimento de injustiça, de revolta. Eu costumo ouvir alguns comentadores dizer que quando não se dá pelo árbitro significa que ele fez uma boa arbitragem.
Na arbitragem moçambicana desse tempo, alguns nomes que queiras mencionar?
Há sem dúvida. Nós tínhamos aqui uma geração de árbitros, cada um com a sua característica. Nós sabíamos das preferências clubistas dum determinado árbitro, mas nada disso interferia na sua atividade em campo. Não podemos dizer que eram tendenciosos. Não me possa esquecer de nomes como os de Adriano Morgado, Freitas Branco, Labistour Alves, etc. Ainda tive a oportunidade de fazer jogos com o Luis Pina a apitar. Estou a lembrar-me agora de termos falado deste problema da arbitragem quando o Samuel esteve cá. Para mim a arbitragem assenta também, e fundamentalmente na organização e nesse aspeto o Cremildo Pereira foi o grande mentor desse espírito.
Muito se ficou a dever ao Cremildo. Os árbitros formavam uma outra equipe que tinham um líder e que se regiam por regras muito próprias impostas pelo Cremildo Pereira. Naquela altura na arbitragem, também havia contestações (lembro duma cena famosa num jogo entre o Sporting e a Académica) mas não eram tão frequentes, porque os árbitros tinham regras próprias. Nesse aspeto acho importante fazermos uma homenagem ao Cremildo Pereira.
Quase para fechar esta conversa, uma pergunta que tem a ver com a tua vida pessoal. Se quiseres responder, respondes, se não quiseres, não respondes. Nuno Narcy e todos os seus irmãos são produto dum casamento entre um muçulmano e uma cristã. Isso interferiu na vossa vida?
De certa forma acho que sim, porque isso levou a que, através dos meus pais conseguíssemos gerir e criar o clima de convivência entre religiões e isso fez encontrar entre nós a tolerância necessária de um para com o outro. Há dias, quando jantávamos em tua casa eu dizia que nesse aspecto orgulho-me muito do meu País porque acho que Moçambique deve ser um exemplo de convivência e de tolerância. Eu acho que há poucos países no mundo onde as religiões convivem da forma como se convive em Moçambique. O facto de ter sido educado por duas pessoas de religiões diferentes terá provocado esse espírito de tolerância.
Nuno, alguma pergunta que por acaso eu devia ter feito e não fiz. Alguma coisa que me tivesse escapado. Alguma consideração final da tua parte, sendo que esta conversa vai ser lida por muitos internautas, amantes do basquetebol?
Naquilo que diz respeito aos visitantes do “site”, acho que esta nossa conversa aborda várias questões duma época, que eu procurei retratar, porque foi uma época que eu vivi. Há todo um percurso pós independência de Moçambique, que, para os mais novos, utilizadores do “BigSlam”, se calhar não lhes diz muita coisa.
Para terminar esta entrevista, o BigSlam passa em revista algumas imagens de um passado recente…
Desportivo x Académica – Adriano Baganha, Nuno Narcy e Amoroso Lopes.
Recorte do Jornal Notícias
Desportivo x Sporting – Nelson Serra, Victor Morgado “Molinhas”, Nuno Narcy (com bola) e Mário Albuquerque.
Ano de 1975 – Seniores – Seleção Nacional R. P. Moçambique
“Festejos da Independência de Moçambique ” • (Moçambique – 154 x Zâmbia – 94)
Em cima: Alexandre Franco (Selecionador adjunto), Correia Mendes (Selecionador), Armindo Costa, Nuno Narcy, Manuel Marreiros, Tam Ling, George Sing, Artur Van Zeller, Samuel Carvalho, Carlos Sousa (Dirigente).
Em baixo: João Domingues, Hélder Luís, António Almeida, Correia Mendes, António Araújo, Sebastião (Roupeiro).
Ano de 1975 – Seniores – Selecção Nacional R. P. Moçambique
“XI Aniversário da Independência da Zâmbia”
Ano de 1975 – Seniores – Selecção Nacional R. P. Moçambique
“XI Aniversário da Independência da Zâmbia”
• (Green Bufaloes – 36 x Moçambique – 75) • (Zâmbia – 36 x Moçambique – 74)
Em cima: Fernando Fernandes (Selecionador-adjunto), José Parente, Eustácio Dias, Samuel Carvalho, Belmiro Simango, Armindo Costa, Eduardo Branco “Becas” (Selecionador), ? , José Paiva Henriques (Dirigente).
Em baixo: Paulo Carvalho, António Almeida, Luís Dionísio, António Araújo, Nuno Narcy, José Cardoso, George Sing.
Nuno Narcy e Samuel Carvalho – Zâmbia ano de 1975
Samuel Carvalho, Eduardo Branco “Becas”, Nuno Narcy e Luis Dionisio, assistem ao jogo de futebol Zâmbia x Moçambique – 1975
Ano de 1976 – Seniores – Selecção de Moçambique
“I Aniversário da Independência de Moçambique” – (Visita da Selecção Provincial de Kuang Tung – China)
Desportivo de Maputo – 1976/77
Seleção de Moçambique – Anos 70/80
Seleção de Moçambique – Anos 80
Equipa de veteranos Desportivo Maputo – Ano de 2005
Jantar na Associação Portuguesa em Moçambique – Abril 2005 (Geraldo Murta, João de Sousa, Samuel Carvalho, Nuno Narcy e João Domingues).
Entre amigos na comemoração do 60º aniversário…
Almoço de confraternização do Desportivo LM (GDLM) – 2012 (José Melo, José Arruda, Carlos Pinto, Luis Oliveira, José Rodrigues e Nuno Narcy.
Almoço com malta do Desportivo LM – 2013 (Em cima: José Faria, João Ferreira, José Borrego, Mário Silva; Em baixo: Paulo Carvalho, Quim Neves e Nuno Narcy.
- Uma simples homenagem do BigSlam ao Nuno Narcy na data do seu 70º aniversário. Parabéns!
12 Comentários
to-ze.net@sapo.pt
Não tendo sido praticante de basquetebol nem companheiro do Nuno Narcy,mas sim camaradas de armas na especialidade de carros de combate (Cavalaria) em Vila Pery no ano de 1972.Sendo eu um assíduo visitante do BigSlam,não podia deixar de lhe desejar nesta data festiva das suas 70 primaveras muitos parabéns muitas felicidades e que este dia se repita por mais uns anos largos com Saúde e paz.Parabéns.
António Almeida
Manuel Martins Terra
Parabéns ao Nuno Narcy, pela comemoração dos seus 70 anos, e pelo aspeto continua em boa forma. Foi enquanto atleta, um basquetebolista de grandes recursos técnicos, que sabia como ninguém redopiar à entrada para o garrafão e finalizar com êxito. Ajudou o GDLM, a crescer no início da década de 70, integrando um lote de grandes basquetebolistas que fizeram furor. Amigo, longa vida e com muita saúde.
ABM
Mega entrevista que enche o olho. Parabéns Nuno.
ABM
Antonio Barata
Parabéns Nuno e desejos de um dia com saúde e boa disposição . Aquele abraço
Mário Silva
História viva a partir de meados dos anos 60 do século passado, foi o que o nosso querido Nuno nos proporcionou…aquele abração e até breve
Nuno Narcy
P.S.
Enquanto escrevia o meu esclarecimento, dois acontecimentos relevantes:
1 – Entrou um mail do FRANK MARTINIUK a quem já tive a oportunidade de responder.
2 – Telefonou-me o MANUEL LIMA. DaveAdkins, o Manuel Lima regressou a Moçambique há mais de anos, residindo actualmente na Matola.
A título de curiosidade: Criou-se um encontro obrigatório aos domingos às 19.30 (o pretexto é uma sopa de cozido) com a presença de: Armando Moreira (Mandinho), Óscar Thompson, António Azevedo, Leonel Velasco e esposa e, naturalmente, o “je”. O Manuel Lima prometeu aparecer de vez em quando.
Abraço a todos.
Samuel Carvalho
Desconhecia que o Leonel Velasco estivesse em Moçambique. A malta do meu Ferroviário sempre presente! Um grande abraço a todos os convivas que se juntam domingo ao jantar.
Carlos Hidalgo Pinto
Em primeiro lugar os meus parabéns pelo teu aniversário, embora algo tardios de minha parte, mas só hoje é que li a tua entrevista, onde consta que fazias anos. Estivemos juntos na confraternização do Desportivo, clube que creio, o meu avô materno foi um dos fundadores, conjuntamente com o pai de Mário Coluna. Realmente, o Nuno Narcy, o Luis Oliveira, o Carlos Koo, o José Rodrigues e Ivo Garrido, formaram uma excelente equipa de Juniores desse grande clube, tendo ganho o campeonato distrital da então L.M. No campeonato provincial, o Desportivo encontrou de facto, uma equipa de jovens do Malhangalene, muito boa. O Nuno Narcy, o Luis Oliveira e o Carlos Koo, foram grandes jogadores de basquetebol a nível nacional, tanto nos juniores como nos seniores, tendo formado uma boa equipa com o Ivo Garrido, o José Rodrigues e o Kiko Simões nos juniores.. Este último, voltei a encontrá-lo passados …40 anos, tendo recordado esses tempos.
Luíz Oliveira
Mas parece que os gajos não dizem que fomos campeões distritais 67/68
Nuno Narcy
Ao Samuel e ao João de Sousa o meu agradecimento pela surpresa.
Alguns esclarecimentos:
Ao Luis Oliveira: sou nascido em 1951. Se fosse nascido em 55, teria 12 anos quando fomos colegas nos Juniores do Desportivo em 68. Inviável. Tinha 17. Só te perdoo por seres quem és.
Ao Paulo Carvalho (Escocinho) venho confirmar que cumpri um mandato como Presidente da Federeção de Basquetebol de Moçambique, em finais de 1980.
Ao Dave Adkins: Tenho seguido os teus comentários regulares e interessantes no BIGSLAM. Continuo em Moçambique, de onde nunca me ausentei (excepção feita às escapadelas em gozo de férias, com a passagem anual e obrigatória por Portugal para rever os amigos).
Um abraço a todos os visitantes do BIGSLAM. Bem hajam.
Nuno
Luíz Oliveira
Nuno , já falámos ao telemóvel, alguém (Samuel?) pôs lá que tinhas nascido em 55
Foi um engano concerteza.
Eu é que chamei à atenção lá para o BigSlam
Temos que falar mais antes que eu “estique o pernil”
Abração .
Lembras-te de Nampula? Mais um bocadinho éramos campeões
Marcaste trinta e tal pontos
O Tony fez lá uma ganchada que não lembra ao Diabo, já no fim. Eles tinham uma equipa, muito unida
A nossa não era assim tanto,na minha opinião !
Cada um era “betinho” à sua maneira.
Dave Adkins
Incrível e completa a galeria das fotos do mundo do basquet moçambicano que tem que ver com a carreira do Nuno Narcy – antes, durante e depois da minha experiência inolvidável em LM de 71 a 74. Aunque a entrevista se focaliza no Clube Desportivo do Nuno, inclusive “o desaparecido” – pelo menos no sei o paradeiro corriente do Manuel Lima,11, o pivot destacado com um senso de humor raro, há também fotos dos todos os clubes que tocam a minha memoría do basquet de LM em geral. Obrigado. . Dave A.