Odia 31 de Maio de 2021, assinala o centenário da fundação do Grupo Desportivo Lourenço Marques, na então pequena cidade que era a capital da Colónia de Moçambique, e que hoje sobrevive com a designação de Grupo Desportivo de Maputo, adoptada por orientação governamental após a independência em 1975.
Mais por decisão do Pai Botelho de Melo que minha, eu praticamente cresci e passei parte da minha adolescência no Desportivo, onde pratiquei natação de competição entre o início dos anos 60 e a minha ida para Coimbra em Fevereiro de 1975, sendo já na altura uma espécie de “campeão do mundo da minha rua”, só marginalmente rivalizando com o Rui Abreu, que, por obrigação de serviço do Pai, que era um ferroviário e do Ferroviário, nadava pelo Clube Ferroviário, sob a égide do Manuel da Mata, que esteve anos a “massacrar” os desgraçados dos aprendizes nas escolas de natação do Desportivo. Salvo honrosas excepções, quase toda a gente de Moçambique que eu conhecia e com quem ainda me dou, era do Desportivo.
Na altura a intenção por detrás da decisão da minha ida para a cidade de Coimbra era apenas para estudar e nadar e no pressuposto do meu regresso, que afinal não sucederia, visto que o país então embarcou numa espécie de experimento comunista que resultou numa queda abismal na economia e em conflitos com os países vizinhos que contribuíram para esse declínio. Mais importante, os meus Pais subitamente “decidiram” sair do nascente país, pois para além do que mencionei, sentiam-se alvos do maior assédio por parte das novas autoridades. Talvez por serem portugueses ou mais qualquer coisinha. Ficaríamos mais ou menos apeados em Portugal, também alegremente entretido com revoluções e socialismos e já a distribuir o que não havia.
O meu último acto antes de embarcar num Boeing 747 com destino a Lisboa, no dia 19 de Fevereiro de 1975, foi….um último treino de natação na piscina do Desportivo, era na altura o treinador do clube o Victor Cerqueira, um antigo nadador que sucedeu ao Eurico Perdigão. Ele também sairia de Moçambique pouco depois.
Aqui escreverei, assim, do Desportivo que conheci, um pouco do que soube depois sobre o seu passado e o que essa experiência representou para mim e, presumo, para muitos dos que ali passaram. Outros, espero, escreverão sobre outros aspectos da agremiação.
Lourenço Marques e o Desportivo
Ao contrário de quase todos os territórios sob administração portuguesa, com a possível excepção de Macau, Lourenço Marques nasceu e cresceu durante quase cinquenta anos com uma enorme influência estrangeira, nomeadamente britânica e sul africana, sendo afinal, a sua raison d’être o invejado porto, na majestosa baía ali adjacente, e a linha de caminho de ferro que o ligava ao interior sul-africano. Distante de Portugal, a influência portuguesa era mesmo assim peculiar e só se começou a sentir verdadeiramente na década de 1950. Até aí, as influências britânica e sul-africana eram marcadas, na forma da sua estruturação urbana, da sua organização e crescimento e da sua vida económica e social.
Isto a paredes meias com o imenso mar africano, pobre, rural, analfabeto, tribal, miserável, explorado e abandonado e com a sua vertigem de culturas e tradições. Era fascinante, e eram dois mundos que se olhavam e que na prática mal se tocavam.
Uma dessas influências era a centralidade, na vida social da então pequena cidade, do convívio desportivo e social em redor de clubes e agremiações. Este fenómeno cultural transportou ao longo das décadas e chegou aos meus tempos, sendo comum a prática de desportos nas escolas e nos clubes por parte de pessoas de todas as idades, algo que ainda hoje em Portugal, lamentavelmente, é incomum. Adicionalmente, havia em Lourenço Marques um interesse generalizado nos desportos e na competição. Era normal, durante uma semana qualquer enquanto eu crescia, a família ir em peso ver um jogo de basquete, de futebol, de hóquei em patins, ou, no meu caso, de umas provas de natação. E quando lá chegávamos, os bancadas estavam cheias. Havia muitas iniciativas, cobertas avidamente pelos jornais e o Rádio Clube, e seguidas atentamente pelos residentes. As pessoas tinham, ou faziam, tempo para conviverem e para estas actividades.
Em 1971, quando tinha onze anos, o Desportivo celebrou efusivamente o seu cinquentenário e na altura já tinha campeões provinciais, nacionais e internacionais em vários desportos. Na altura a minha irmã Cló, parte de um quinteto de nadadoras do Desportivo que era invencível na natação portuguesa de então, recebeu uma Águia de Bronze do clube, que era suposto ser uma grande honraria, mas a que não liguei nada. Optimista, a sua direcção assinalou a data com um desafio: construir um novo estádio coberto. Uma placa ainda decora uma parede do clube com essa intenção.
Nas celebrações, os então sócios e a Direcção, presidida pelo sorumbático escritor Eduardo Paixão, que andava sempre de óculos escuros e de cachimbo na mão com um ar que estava a pensar no destino final da vida, fizeram referência ao seu passado, que já então me parecia imensa, impossivelmente remoto. Uma publicação alusiva à efeméride evocou os nomes dos seus fundadores. Cito: o Professor Sá Couto, José Maria Rodrigues, Alfredo Fragoso, Américo Costa, Martinho Carvalho Durão e o Professor Cabanelas. Ainda hoje nada sei sobre eles.
E fizeram referência específica a o clube não se chamar “clube”, então um anglicismo recente, odiado e activamente combatido em Lourenço Marques, numa altura em que até a facturas da água e electricidade vinham em inglês – mas sim “Grupo”. E o apelido “Lourenço Marques”, referindo-se não à designação da Cidade, mas ao comerciante que em meados do Século XVI terá explorado e comerciado pela primeira vez na Baía. Ainda hoje há gente que não percebeu a diferença.
E havia ainda a uma certa costela local, proto-moçambicana, maioritariamente branca, sim, mas que nos anos 60 já me lembro de fazer questão de ser inclusiva a todos os que quisessem praticar um desporto de excelência e ter ali um convívio. Não me recordo de no Desportivo haver clivagens raciais, económicas, políticas e sociais. Não eram tópico, ao contrário de muitos dos outros clubes da Cidade, onde não era incomum ter que se ser ser alguma coisa para se pertencer: rico, branco, preto, indiano, chinês muçulmano, alentejano, inglês, intelectual ou não saber o que quer dizer maningue nice, kanimambo ou famba. No Desportivo, o critério era querer estar no Desportivo e dar o litro pelo clube no desporto que se praticava, com dedicação, respeito e ética. Tudo o resto era acessório. Sendo que o clube tinha já então um passado desportivo absolutamente distinto e rico , com vitórias e nomes que enchiam até ao tecto a sua sala de troféus. No meu caso, recordo a menção quase mítica das nadadoras Regina Veloso (a primeira mulher de Moçambique que nadou nuns jogos olímpicos) e a Elza Ferreira, memorializada num pequeno parque infantil com o seu nome junto à piscina das crianças e que foram as primeiras que foram a Portugal e deram uma valente teka às metropolitanas, que ainda interrompiam os treinos quando chegavam a uma certa idade. Tive o privilégio de conhecer a Regina Veloso muitos anos mais tarde em Cascais, onde ela vive em alegre recato com o caniche e o marido. A grande Dulce Gouveia, ainda hoje a nadadora com mais recordes na história da natação portuguesa e de Moçambique pré-independência, essa conheceria eu pessoalmente no Desportivo, e ainda hoje falamos quotidianamente, bem como a Suzana Abreu.
Estas são grandes as matrizes a que associo ao Desportivo que eu conheci.
O Surgimento do Desportivo
Sem eu saber muito na altura, mas dei-me ao trabalho de descobrir, fascina como o clube nasceu e evoluiu.
O Desportivo não foi a primeira agremiação desportiva na Cidade, nisso sendo precedido, por exemplo, pelo Clube Naval (originalmente Grémio Náutico) e pelo Sporting de Lourenço Marques. Muitos outros houve, por exemplo o Nova Aliança, que o meu Pai treinou no Xipamanine em 1973, também apareceu na década de 1920. Mas constituir um clube é uma coisa, criar uma infra-estrutura e uma base de sócios é outra. O que sucedeu no caso do Desportivo?
Todo o bom alvi-negro do meu tempo se recorda da sede original do clube, uma casinha pindérica que ainda hoje se situa à direita da sua entrada principal e que parece que, para variar, agora é um… bar. Essa foi a primeira instalação do clube, que por sua vez ficava no canto de um terreno que tem uma história curiosa, ligada à história da Cidade.
Até ao final do Século XIX, a Cidade propriamente dita era o que depois se veio a chamar a velha Cidade Baixa, que ia da Fortaleza na Praça 7 de Março até à Praça Mac-Mahon e delimitada pelo que seria a Avenida da República (hoje a 25 de Setembro) e do outro lado a Baía. A zona onde o Desportivo começou em 1921 era uns anos antes literalmente uma colina , ou melhor, a parte final de umas enormes barreiras arenosas que se estendiam desde o outro lado da Polana, passavam pela Ponta Vermelha e que caíam abruptamente sobre uma enseada que fazia parte da Baía.
Cerca de 1887, a nova edilidade construiu junto desse canto relativamente obscuro da Cidade, a sua Câmara Municipal, que ali funcionaria até 1947.
Mesmo em frente ao edifício da Câmara, ficava uma colina, a meio da qual estava o Paiol de explosivos da Cidade.
Entre 1919-1921, a Cidade procedeu a um enorme projecto: ao aterro da chamada Lagoa da Maxaquene. Depois de se construir uma muralha de cimento armado, que é o mesmo que está hoje em frente ao Restaurante Zambi, foi-se buscar areia às barreiras, que se usou para aterrar a enorme área, que hoje é entre o metro quadrado mais caro de terreno em Moçambique. Quando eu crescia, aquilo era um gigantesco eucaliptal.
Dessas barreiras, que iam quase até ao Jardim Vasco da Gama (hoje Tunduru) e da extracção das areias, ali captadas manualmente à pazada e colocadas em pequenos comboios que as transportavam para as áreas a aterrar, resultaram terrenos relativamente planos, em frente e ao lado da Câmara Municipal, onde pouco depois se instalaram o Desportivo, e, ao lado, o Sporting. As barreiras em si recuaram umas dezenas de metros.
O Primeiro Estádio de Futebol do Desportivo
Por alguma razão, enquanto que a construção e inauguração da nova sede e campo de futebol do Sporting em 1933 está bem documentada em fotos e artigos da época, quase ninguém que eu conheço, mesmo os mais ferrenhos do clube, sabe hoje que o Desportivo teve um belo estádio de futebol antes do mais conhecido (e espectacularmente construído) Estádio Paulino dos Santos Gil, a que me referirei mais tarde.
Esse estádio, edificado directamente em frente à Câmara Municipal mesmo ao lado da sede original do clube, terá existido durante relativamente pouco tempo, eu estimo entre 1930 e até pouco antes da II Guerra Mundial.
Penso que foi entre meados da década de 1930 e a década de 1940 que se começou a pensar de forma digamos que mais monumental e ambiciosa em relação ao que a Cidade deveria ser (e já era, em termos do seu desenho e funcionalidade, que destoava completamente das cidades típicas portuguesas). Para além das estradas largas e quarteirões desenhados em esquadrilha, foi nesta altura, por exemplo, que se consolidou a maior parte do projecto monumental e integrado do eixo Praça 7 de Março- Praça Mouzinho de Albuquerque, se colocou a estátua do Mouzinho, se inaugurou a enorme Sé Catedral, se construiu a magnífica nova Câmara Municipal ao lado, se fizeram os Miradouros de Lisboa e Silva Pereira, em frente ao (mais tarde) Liceu Salazar, se prolongou a Estrada Marginal até aos confins de um sítio chamado Costa do Sol, onde um grego, Petrakakis, abriu um restaurante.
No caso do Desportivo, esta visão de algum arrojo e espírito de execução, teve duas grandes consequências.
A primeira deverá ter sido um negócio entre o clube e a Câmara Municipal em que, para libertar o espaço mesmo em frente ao edifício da Câmara, digamos que “atravancado” pelas bancadas e pelo seu estádio de futebol, deve ter havido uma permuta de terrenos em que o estádio seria demolido, “recuando” os limites do clube cerca de 80 metros em relação à fachada da Câmara Municipal, permitindo assim não só libertar espaço para um jardim em frente à Câmara (que nunca se fez) como para criar uma nova avenida no prolongamento da então Avenida Álvares Cabral.
Em troca, o Desportivo recebeu uma parcela adicional de terreno na encosta mesmo atrás e um stande terreno situado logo a seguir ao Sporting, para ali, um dia, construir um novo estádio de futebol.
No entretanto, o Desportivo, durante alguns anos, ficou sem campo de futebol. Pois entretanto rebentou a II Guerra Mundial.
A II Guerra Mundial e Os Anos Seguintes
Os anos da II Guerra Mundial foram algo estranhos em Lourenço Marques. Sendo neutral e tendo cuidadosamente mantido a sua neutralidade no conflito, isso significou que, enquanto praticamente em todo o mundo – e de facto no mar quase mesmo à porta da Cidade de Lourenço Marques – se assistiam às maiores carnificinas principalmente entre alemães e britânicos, a Cidade e a Colónia eram quase um oásis. Rodeada por colónias britânicas, e apesar do ocasional piscar de olho amigável aos vizinhos, o então Governador Geral, o açoriano José Tristão de Bettencourt (como os meus Pais) vigiava atentamente os termos da neutralidade e tentava manter uma postura formalmente equidistante perante os beligerantes. Apesar de inúmeras carências, tudo o que se produzia na altura em Moçambique tinha um mercado ávido que comprava tudo. Na pequena Cidade a vida permanecia mais ou menos pacata, com a sua quota parte de refugiados judeus, italianos, alemães, as festas, os bailes, as regatas, os passeios e os jogos de futebol e à noite escutar-se a BBC e a Deustche Welle para saber as novidades da guerra e ouvir a propaganda. Aos domingos, a partir do Café Arcádia, no primeiro andar da Casa Coimbra, o Rádio Clube transmitia ao vivo a música, tocada por bandas de jazz locais, ou por pianistas clássicos. Havia pouca comida e pouco dinheiro mas havia. Havia falta de materiais de construção, mas mesmo assim concluiu-se a Sé Catedral, solenemente inaugurada em Agosto de 1944 pelo Cardeal Cerejeira, que se deslocou a Lourenço Marques para o evento. Os navios portugueses mantinham as carreiras regulares entre Moçambique e Lisboa.
Após a Guerra
Foi nos seis anos após a Guerra que o Desportivo deu um salto quantitativo assinalável. Recorde-se que nesta altura o clube retinha a sua primeira sede e dois terrenos. Com -constou-me – o apoio solidário da Câmara, do governo provincial, de alguns machambeiros e criadores de gado mais endinheirados e ainda de Paulino dos Santos Gil, na altura o homem mais rico de Moçambique (infelizmente pouco estudado), o Desportivo fez, no espaço de quatro anos, uma nova sede, uma piscina com dimensões olímpicas (33 metros e 25 jardas de largura e uma parte funda com 4.5 metros que incluía pranchas de saltos de 3,5 e 10 metros de altura), um salão de festas com bar, um campo para basquetebol e hóquei em patins.
Tudo atrás da nova fachada, com seis imponentes colunas feitas de pedra vermelha trazida da Namaacha, em que, do lado direito, permanecia, em silenciosa homenagem às suas origens, o velhinho edifício que fora até então a sua sede.
Em 24 de Julho de 1949, Dia da Cidade (na altura Lourenço Marques assinalava não o dia em 10 de Novembro de 1887, data em que a Vila foi elevada a Cidade, mas o dia em 1875 que, numa disputa com os britânicos, o francês Mac-Mahon atribuiu a Portugal a posse do território situado entre a Catembe o extremo Sul do actual país) o novo complexo do Desportivo foi solene e festivamente inaugurado.
O Novo Campo de Futebol do Desportivo: 1950
Talvez das histórias mais míticas do Desportivo teve que ver com a edificação do seu novo campo de futebol – de facto, o segundo.
Pensar-se-ia que, com o considerável investimento nas novas instalações em 1949, que já não haveria disponibilidade financeira, senão fôlego e vontade, para fazer mais obra. Mas duas circunstâncias mudariam tudo.
A primeira é que, naquela altura, tal como acontecia com o Sporting de Lourenço Marques, que era “filial” do Sporting Clube de Portugal, o Desportivo era, segundo o Cabaço Pai, “delegação” do metropolitano Sport Lisboa e Benfica. A diferença entre ser delegação e filial era que o Desportivo não foi de origem criado como associado ao Benfica, apenas associou-se mais tarde, enquanto que o Sporting LM foi criado por sócios do Sporting de Portugal.
Talvez os sócios do Desportivo não fossem tão apaixonadamente benfiquistas como isso (mais sobre este assunto abaixo) mas na altura o clube era a Delegação Nº15 do Sport Lisboa e Benfica. Sendo o desporto mais apreciado o futebol, donde de Lourenço Marques sairiam estrelas como o Sr. Coluna, Eusébio, Matateu, Mário Wilson, etc, os locais seguiam os campeonatos metropolitanos com grande interesse, pelos jornais e presumo que pelos relatos emitidos pela Emissora Nacional em onda curta.
A segunda circunstância é que 1949-1950 foi o ano de viragem da equipa de futebol do Sport Lisboa e Benfica, que vence o campeonato nacional da I Divisão, ao derrotar na última jornada o Sporting da Covilhã por 4-3, a 7 de Maio de 1950. No meio do entusiasmo e das celebrações do campeonato nacional, foi logo tomada a decisão de a sua equipa de futebol fazer uma espécie de “tournée imperial” que iria visitar Angola, o Congo Belga, a África do Sul e…. Moçambique, sendo Lourenço Marques o ponto inicial da mesma.
A data para o primeiro jogo em Lourenço Marques foi marcada para o dia 29 de Julho de 1950. E começaram os preparativos.
Quando um mês depois, inesperadamente, o Benfica vence a Taça Latina ao derrotar na final, ocorrida no dia 18 de Junho, o Bordeaux por 2-1, foi a loucura total para os benfiquistas em toda a parte.
Naquela altura em Lourenço Marques havia dois estádios mais ou menos em condições: o do Sporting, ao lado do Desportivo, e o do Ferroviário, ali perto da estação dos Caminhos de Ferro. Mas segundo Cabaço, por alguma razão, os dois clubes rivais logo colocaram dificuldades e no fim do dia o clube de “delegação” era o Desportivo e o convite do Benfica para ir a Moçambique fora do Desportivo.
O que fazer?
Numa espécie de operação-relâmpago, os sócios do Desportivo mobilizaram-se e com o apoio de um conjunto de entidades, de que se distingue mais uma vez Paulino dos Santos Gil, construíram o novo estádio do clube no terreno situado do outro lado do Sporting, entre 5 de Junho e 28 de Julho, o dia em que a equipa Benfica, que viajara num Constellation da Pan American Airways até Joanesburgo, chegaria a Lourenço Marques num comboio proveniente de Joanesburgo (na verdade, atrasados mais que um dia em relação à data prevista).
Em apenas sete semanas o Desportivo tinha o seu estádio, construído dentro do prazo apertado que permitiria o Benfica ali jogar.
No dia 29 de Julho, a Cidade inteira, que no dia anterior tinha ido à estação dos Caminhos de Ferro na Baixa receber em total apoteose a delegação do Benfica, apareceu novamente no novo estádio de futebol do Desportivo para dar as boas vindas ao campeão nacional.
(Se o exmo Leitor quiser saber mais sobre esta viagem épica do Benfica, veja aqui.)
Três notas finais:
- foi nesta viagem que seriam destacados pela delegação benfiquista Costa Pereira, Mário Coluna e Matateu, que galvanizariam o futebol português e mundial nos anos que viriam. E segundo disse o próprio anos mais tarde, foi nesta digressão que um miúdo franzino e pobre do Xipamanine teve uma visão que o transformou. Esse miúdo era Eusébio.
- Apesar do sucesso da digressão, as coisas entre os dirigentes benfiquistas e os sócios do Desportivo correram mal. Num texto, o Pai Cabaço sugere ter sido prepotência e mal entendidos por parte dos benfiquistas de Metrópole, que aparentemente maltrataram os seus compatriotas do Desportivo. O facto é que, por isso, o ambiente no Desportivo azedou-se e motivou a criação de uma facção pró-Benfica e uma facção que defendia o fim do estatuto de delegação. Numa certamente turbulenta Assembleia de sócios, realizada pouco depois, o assunto foi a votos e venceu por maioria a facção que propôs o fim da ligação ao Benfica. O resultado foi que o Desportivo cessou a ligação formal ao clube metropolitano, tornando-se mais “autonómico”. A facção vencida abandonou o clube e procedeu a fundar o Sport Lourenço Marques e Benfica- filial do Benfica, cujo campo foi feito então lá longe, a meio caminho da Costa do Sol, numa zona onde ainda hoje se inunda quando vem uma daquelas chuvadas tropicais.
- Como curiosidade arqueológica, em 1721 a Companhia Holandesa das Índias, com a sigla VOC, teve a ideia peregrina de criar uma feitoria na zona de Lourenço Marques. A coisa correu mal pelas razões habituais – o lugar era infecto, malária, os locais tinham os seus momentos de mau feitio e o negócio não rendia. Em 1730, sem sequer darem tempo aos portugueses de reclamarem, eles abandonaram a feitoria, meia dúzia de edifícios. Num escrito, diz o historiador Alfredo Pereira de Lima que o local exacto da feitoria era…..na ponta do (mais tarde) novo campo de futebol do Desportivo.
Anos 50-70: A Explosão de Campeões
As décadas entre 1950 e 1970 foram de consolidação e de desenvolvimento dos talentos de toda uma geração de atletas do Desportivo. Em termos da sua infra-estrutura, o clube ainda cresceu: fez uma piscina para crianças, uma carreira de tiro, dois campos de ténis, posteriormente convertidos para básquet e um excelente campo para a prática de hóquei em patins, desenhado por um sócio, o Engenheiro Tomás Gouveia, Pai da Dulce Gouveia.
Não cabe neste texto elencar todas as pessoas e as vitórias dos atletas do Desportivo. Muitos ainda hoje são lendas celebradas do hóquei, do basquet, da natação, do atletismo, do futebol e do tiro, onde foram campeões distritais, provinciais, nacionais e, nalguns casos, internacionais.
Para angariar fundos, o Clube promovia festas – Fim do Ano e Carnaval, intermináveis sessões de bingo aos fim de semana, e ainda passavam filmes no salão de festas, em que devo ter visto umas vinte vezes o mesmo filme do Tarzan e da Jane a combater os perigosos nativos canibais (acho que esse pertencia ao clube por isso tinha que ser). Também era habitual o filme encravar às tantas, queimar parte da película, e todos termos que esperar cinco ou dez minutos para o operador da máquina colar a fita de novo e retomar a sessão. Se fizesse muito calor, dava para ir à piscina e dar um mergulho.
Foram de facto anos de glória para o Desportivo, com expressivas vitórias em várias modalidades: basquete, hóquei, natação, futebol, atletismo, andebol, tiro, etc.
Quando chegou a Libertação
Em 1974, após um golpe militar em Lisboa promovido pelo major lourenço-marquino Otelo Saraiva de Carvalho e a algo súbita decisão portuguesa da entrega directa e imediata do poder à Frente de Libertação de Moçambique, comunicada pela rádio a partir de Lusaka, uma parte expressiva dos sócios e atletas do Desportivo, tal como a esmagadora maioria das pessoas de origem portuguesa, pouco convictas quanto ao que vinha aí, fizeram as malas e abandonaram Moçambique. Atrás ficaram uns poucos (e se calhar bons) a segurar o barco.
Muitos dos atletas do Desportivo – e de outros clubes – viriam a brilhar mais tarde em Portugal.
Nos quarenta anos seguintes, o Desportivo atravessaria e reflectiria as vicissitudes por que passaria o novo país. De acordo com a postura “apagadora” do novo regime, o Desportivo mudou de nome pois, entre outras coisas, em Moçambique desde 1975 que se tornou quase proibido dizer “Lourenço Marques”. Passou a chamar-se Grupo Desportivo de Maputo, o nome que Samora Moisés decidiu para a capital, e foi mais ou menos entregue ao patrocínio arbitrário de uma das entidades públicas, o Ministério das Obras Públicas. Que lá de vez em quando arranjava uns bidons de cloro para a piscina.
E foi minguando. Quase não tem sócios. Quase não tem dinheiro. A infraestrutura deteriorou. Meia dúzia de carolas aguentaram e aguentam o que resta do que foi. Visitei o Desportivo algumas vezes quando vivi lá décadas depois da independência. Era surreal. Faltavam as pessoas que conhecia e que conheciam o seu passado. Ainda tive a sorte de estar lá com o Sr. José Craveirinha e o Sr. Manuel Gaspar, antigos sócios, bem como o Pai Cabaço e o Gomes, o faz-tudo, que sempre que me via me interrogava demorada e detalhadamente sobre todos os antigos atletas (e a seguir pedia-me dinheiro). Impressionante, ele lembrava-se de todos eles e elas.
Mas eles já morreram todos e já quase ninguém tem a mínima noção do Desportivo que eu conheci.
Há uns anos, sob uma direcção qualquer (a do Michel Grispos?), o Desportivo terá vendido o Estádio Paulino dos Santos Gil. Nunca percebi a quem o vendeu, porquê e onde foi parar o dinheiro – supostamente, milhões de dólares. Para ali fazerem prédios. Pessoalmente, achei aquilo uma traição. Mais recentemente, soube que “restaurou-se” a piscina, encurtando-a para 25 metros, eliminando a parte funda que era perigosa (mantiveram as pranchas para decoração) e alargando o espaço social do salão de festas. Para mim, tirando o basquete, aquilo agora mais parece um clube de lazer com piscina para molhar os pés e discoteca-bar, tudo meio atravancado no espaço existente, tudo para alugar para casamentos e noitadas. Tipo Grémio ou Clube de Pesca nos tempos antigos, mas sem rumo nem sócios nem barcos. Outro dia apanharam lá uma festa ilegal, mesmo no meio da Pandemia, com umas 200 pessoas.
A memória viva do Desportivo que eu conheci sobra apenas num bando de valentes sexa, septa e octogenários, que residem em Portugal e aturaram esta coisa durante 45 anos mas que não esquecem Moçambique e esse passado. De que, nesse sentido, eu faço parte. Daqui a vinte anos vamos todos e só se saberá o que aquilo foi consultando o que foi escrito e registado, como foi feito aqui.
Foi um grande clube, com grande gente, grandes desportistas e sinto que tive a sorte de ter tido essa experiência.
António Botelho de Melo – 31 de Maio de 2021
- O BigSlam agradece ao António Botelho de Melo, este excelente trabalho sobre os 100 anos do GDLM. Bem haja!
37 Comentários
Pedro Múrias
Nesta Histórica Instituição Desportiva Moçambicana, jogou o Senhor Fernando Perdigão Futebol. Em 1952 transferiu-se para o F.C,P, Onde foi um Craque jogando até 1964 Conquistando, dois Campeonatos Nacionais em 1956 e em 1959, e Duas Taças De Portugal em 1956 e 1958, e 6 Taças da Associação de Futebol Do Porto. Foi 2 vezes Internacional pela Selecção portuguesa de Futebol.
Mário Santos
Obrigado pela publicação. Sou dos mais novinhos mas tenho boas lembranças.
Sou o mano da Helena ramos dos santos.
Abraço
Armando Luís Russell Vieira
Vivam, Alvi-Negros, como eu,
Gostei muito deste trabalho do António Botelho de Melo. É um modo muito digno de assinalar a efeméride, muito obrigado. Gostaria de ver mais atos comemorativos do centenário do Desportivo, mas não tenho a certeza se isso será possível. As minhas memórias do Desportivo, que guardarei com carinho enquanto estiver lúcido, vão até aos meus 12 anos de idade (fui nadador e hoquista do GDLM) e os meus tempos felizes nesse local mágico foram abruptamente interrompidos em 1977, quando fui expulso da minha terra natal… No ano anterior, em 1976, tinha sido internacional pela seleção nacional (indicado pelo Adrião pai, meu treinador no GDLM) de hóquei em patins de Moçambique… sem mais comentários.
Bem hajam, votos de muita saúde!
Luis ‘Manduca’ Russell
Clo Botelho de Melo
Optimo artigo ao grande Desportivo que foi uma segunda casa para muitos nós. Obrigada Tomane
Ernesto Silva
Um trabalho de excelência, de quem teve o privilégio de viver durante alguns anos, integrado nessa grande Instituição que foi o G.D.L.M.. A reportagem está muito bem elaborada e detalha de pormenores muito interessantes que é bom recordar e para que fique, mais uma vez bem definido e descrito, para as gerações que não tiveram o privilegio de conhecer a História e as raízes da cidade e deste grande Clube. Parabéns A.B.M.
Helena Chaves
Obrigada Tomané por esta viagem no tempo que me trouxe grandes lembranças e conhecimento.
Foram tempos únicos e que nos permitiram até hoje manter as nossas Amizades.
Fica bem. Um beijinho
ABM
Beijinho.
Hamide
Tomane que maravilha esta viagem virtual a um passado longínquo. Excelente trabalho de pesquisa. Por esta prenda que ofereces a todos os Alvi-Negros, digo com toda a certeza que valeu a pena estarmos com vida neste 31 de Maio de 2021.
Um especial obrigado ao BigSlam (na pessoa do Samuca) pelo esoaco concedido para esta linda reportagem.
ABM
Um abraço.
Manuel Martins Terra
Parabéns, António Botelho de Melo, pela brilhante descrição histórica do prestigiado Grupo Desportivo de Lourenço Marques, rica de conteúdo que diz bem que quando o homem pensa, a obra nasce. Pena é que tudo o que foi erguido e planificado por homens de têmpera rija, esteja hoje votado ao abandono e o clube situado nas ruas da amargura. O que se pede é que haja alguém capaz de reabilitar a coletividade “alvinegra”, a unica forma de honrar todos aqueles que ao longos de muitos anos, quer no plano social, quer no plano desportivo, cimentaram a história de um emblema que gravou a letras de ouro, o seu excêntrico percurso.
Um abraço, do amigo Manuel Terra.
ABM
Um abraço
Manuela Botelho de Melo
Desconhecia a história do “meu” clube, mas estou grata ao nosso pai por se ter tornado sócio dele pouco tempo após a nossa chegada a LM e de nos pôr todos a nadar. Como ele dizia, enquanto estivéssemos a nadar, não estávamos a fazer tolices.
Clube este que tinha vários tipos de esportes e dos melhores atletas de Moçambique e de
Portugal e onde fizemos amizades que perduram até hoje.
Parabéns pelos 100 anos de existência.
Obrigada pelo artigo.
ABM
De nada.
Vasco Abreu
Obrigado, Tómané, belo artigo e grande trabalho de pesquisa. Memórias que perduram do clube mais eclético de Moçambique e onde todos nós crescemos como uma grande família. Abraço
ABM
Um abraço.
Julio João Conceição
Parabéns ao trabalho realizado e produzido neste documento pelo autor. Confesso que não conhecia a história do Desportivo, apesar de ser um adepto ferrenho a partir da década de 50 que, com cerca de 8 anos já ia assistir aos jogos. Palmilhava pé desde S. José de Lhanguene com outros colegas, ficava postado no portão de entrada, à espera que algum pagante se compadecesse e me tomasse como acompanhante para entrar, quando não era mesmo o porteiro, que ia permitindo a entrada da miudagem ávida do espetáculo, mas sem meios… A história do GDLM faz parte da história da minha cidade LM, como muito bem foi aqui historiado. Infelizmente, a decadência deste clube (grupo), começou com a nossa independência, e hoje encontra-se mergulhado num grande marasmo. Por diversas razões que não cabe aqui elencar, um grande emblema foi destruído. Proeza é ter chegado aos dias de hoje, e festejar o seu centenário. Que as gerações futuras conheçam a história deste grande clube, e se predisponham a ressuscitar a sua mística.
Parabéns GDLM
ABM
Um abraço.
Suzana Abreu
Parabens, Antonio Manuel, adorei a Historia, as fotos, e toda a pesquisa que fizeste, do nosso clube. Belas memorias, KANIMANBO TOMANE
ABM
Kanimambo Suzy.
Mário Cardoso
Cem anos do nosso Clube. O orgulho alvi-negro mantêm-se naqueles que transportam no seu coração a alma do Desportivo. Um dia vão acabar é a lei da vida. Muitos anos na Natação e no Basquetebol do GDLM, aquelas camisolas ventoinhas aos gomos pretos e brancos inesquecíveis. O meu Pai jogou lá Ping- Pong na altura e recordo-me muito bem dos grandes nadadores que “voavam” nas pistas ali ao lado enquanto o Prof. Mata ( creio) me enchia a bóia de água às escondidas porque eu ir para a Piscina sem bóia nem pensar. Dulce Gouveia, Clotilde Botelho de Melo, Vítor Oliveira já eram grandes nadadores e o Tómane era mais mofanita andava ali ao pé de mim. No Basquetebol recordo-me do meu treinador de Iniciados e depois de Juvenis, o Sr. Lopes, pai do jogador de Basquete. Grande equipa de Basquete com Manuel Lima, Carlos Alemão, Paulo de Carvalho, Arruda, Frank Martinuk e a claque a apoiar com o Tubarão a liderar. Hoquei em Patins ganhámos tudo com F. António, José Pedro, Fernado e José Adrião, Abilio Moreira e Carlos Pereira ( Cirilo). Por fim no futebol recordo-me de sermos Campeões Provinciais com um golo do Edgar. Belos tempos, belos desportistas, fantástica juventude que tivemos. Obrigado Tomané por mais um excelente trabalho.
ABM
Um abraço.
Esperança Marques
Embora o meu clube do coração seja o Ferroviário até ao fim, tenho de parabenizar o Desportivo pelo seu centenário. 100 anos são uma data de se lhe tirar o chapéu. Sinal também de que vivemos muitos anos a par, amigavelmente, nas diversas modalidades desportivas dos 2 clube. De assinalar também o excelente trabalho de António Botelho de Melo, ferrenho alvi-negro desde sempre, com muita dedicação e amor pelo seu Clube. Parabéns ao Clube e a todos quantos se entregaram de corpo e alma ao Desportivo. Até sempre. Felicidades. Esperança Marques.
ABM
Beijinhos.
ze pedro flores cardoso
Caro Tomané
Há já alguns anos que não te vejo, perdi-te o rasto, nem tens aparecido nos almoços do Desportivo.
Temos pena, pois também foste um dos excelentes atletas do nosso clube, mas terás certamente os teus motivos, que terão de ser respeitados.
Em meu nome pessoal, como alvi negro dos quatro costados, como atleta desse meu único clube, não podia deixar de te vir agradecer o trabalho excepcional que fizeste, e que nesta data tão importante para nós, irá ajudar a perpetuar para sempre, a história do Grupo Desportivo Lourenço Marques.
Bem hajas pelas horas de pesquisa e dedicação.
OBRIGADO
Um abraço
Zé Pedro
ABM
Um abraço, Campeão.
Carlos Trocado
… parabéns pelo excelente texto!
Dulce Gouveia
Parabéns por este excelente trabalho de pesquiza!
Quando a nossa geração se fôr, os descendentes sempre poderão consultar este documento onde fica registada parte da historia do GDLM, que cresceu paralelamente com a própria cidade.
A outra vertente épica do clube – o desenvolvimento das várias modalidades e os feitos dos respectivos atletas, treinadores e dirigentes – ainda está por escrever……
Este património é muito extenso e valoroso e é uma pena não terem ficado para os anais, esses registos tão valiosos que perpetuaram o nome do clube e o tornaram grandioso ( casos como os dos campeões do Mundo em hóquei em patins ).
Kanimambo por esta partilha, Tomané!
ABM
Campeã, sempre.Kanimambo.
Augusto Martins
PARABÉNS ao DESPORTIVO ! ! ! !
Apesar de não ser o meu clube de eleição, não posso deixar de o felicitar, reconhecer e ter que sentir a obrigação de agradecer e louvar o trabalho, o esforço e o mérito de todos aqueles que ao longo de muitos anos dificílimos, conseguiram levar por diante, a meritória obra que lá continua e continuará a perpetuar essa grande obra.
Um grande abraço de agradecimento e o meu louvor ao mérito do autor deste documento que agora aqui apresentou.
ABM
O autor agradece. Ainda vais a tempo de ser alvi.negro….
Tomané Alves
Não tendo sido, nem algum dia me ter passado pela cabeça ser ou “torcer” pelo rival “Desportivo LM”, quero, no entanto, enaltecer este belíssimo e espectacular testemunho/legado que permite (bem) recordar TUDO o que INFELIZMENTE JÁ LHE DESAPARECEU (incluindo a ALMA, como muito bem se percebe), mas que, evidentemente, no contexto geral, competitivo e não competitivo (tal como todos os outros Clubes de LM e do restante Moçambique), não deixou de marcar a minha vida, na minha cidade … no meu “site”! TRISTEMENTE E IRREMEDIAVELMENTE, chegou-se ao ponto de se caminhar DIARIAMENTE para a extinção d(est)a história! OBRIGADO e os muitos PARABÉNS TOMANÉ. Saúde. Grande abraço.
ABM
Grande abraço.
Zé Rodrigues
Como sempre EXCELENTE rendição de dias de glorias.
Abraço
Zé Rodrigues
rlevyfonseca@xeroservicos.com
Magic.
Belo Trabalho de Casa do Antonio.
Aquele Abraço
Rogerio Levy FONSECA
ABM
Abraço grande Rogério.
Zeca
António
Bela lição de história do nosso Desportivo e de LM no geral. Tiro-te o meu chapéu.
Kanimambo.
Abraço
Zeca
ABM
Abraço Zeca.