Por que motivo Maputo, se chamou Lourenço Marques?
(1ª parte)
A baía onde se encontra hoje Maputo já fazia parte de mapas datados de 1502, e a cidade herdou o seu nome de Lourenço Marques, o primeiro navegador e piloto português a fazer um reconhecimento profundo em 1544 (em Portugal reinava D. João III), da região ao sul conhecida pelos locais como Baía dos Mpfumos ou Baía dos Chefes, mais tarde conhecida pela Baía da Lagoa (Delagoa Bay para os Ingleses), que se tornou palco de disputas e intrigas internacionais devido à sua localização estratégica, e que depois, entre outros nomes, foi chamada Baía de Lourenço Marques e ainda Baía do Espírito Santo. Após a independência, mudou para o nome mais nativo de Baía do Maputo.
O explorador Lourenço Marques, nas suas explorações, estabeleceu contactos e acordos com os chefes locais, que permitiram criar bases de comércio e os fundamentos para a presença dos portugueses no sul de Moçambique.
Em 1752, os portugueses desvincularam Moçambique, administrativamente, das “Índias Portuguesas” e instalaram um administrador autónomo. Em 1878/79, com as explorações de Serpa Pinto, tentaram unir Angola a Moçambique, sem sucesso, face à forte oposição inglesa.
Em 1720/21 os Holandeses fundaram uma feitoria no Catembe (ca Tembe, terra dos Tembes), de onde foram expulsos.
Austríacos do aventureiro William Bolts ergueram, em 1777, uma feitoria no mesmo local para comércio de escravos, que é destruída em 1781 por uma expedição portuguesa vinda de Goa.
Para melhor controlo da situação, Joaquim de Araújo, o primeiro governador de L.M., estabelece em 1782, na margem esquerda da baía, onde existia uma feitoria holandesa e de onde depois nasce a cidade de L.M, um posto militar ou Presídio, que se vai transformando num forte (Fortaleza de N. Sª. da Conceição), acabado de construir em 1787.
A reconstruída fortaleza de Nª. Sª. da Conceição, onde agora está instalado o Museu Histórico de Moçambique, foi um bastião defensivo nas “Guerras de Pacificação”.
A árvore que se vislumbra e que fica à entrada da fortaleza, é uma relíquia, pois nela os guerreiros Vátuas enforcaram em 1883, o capturado governador do Presídio, nome que era dado à fortaleza.
Em 1796 piratas franceses arrasam o forte, mas acabam por abandonar a zona, atacados por malária e outras doenças e, em 1799, os portugueses voltam a reconstruí-lo…
A 9 de Dezembro de 1857 (reinado de D Luiz I) é criada a Câmara Municipal da povoação de L.M.
A sentença arbitral do Marechal Mac Mahon proferida a 24 de Julho de 1875 trouxe como consequência imediata a proclamação da povoação de Lourenço Marques em vila, por decreto de 9 de Dezembro de 1876 de El-Rei D.Luiz I. A data de 24 de Julho passou a ser o dia da cidade de Lourenço Marques.
A 10 de Novembro de 1887 (reinado de D. Luiz I, seu patrono) é elevada à categoria de cidade.
Fonte: http://joaogil.planetaclix.pt/
23 Comentários
Edgar Cavalheiro
Não tenho a veleidade de pensar que detenho o conhecimento da realidade histórica sobre Moçambique ou da cidade que me viu nascer, Lourenço Marques. No fim de contas, nem tudo o que tenhamos lido ou o que nos ensinaram nas escolas corresponde à verdade dos factos, muitas vezes escamoteada, alterada ou empolada por interesses políticos ou para trazer acima a nossa chama patriótica. Além disso, os historiadores também podem distorcer factos ou situações, consoante o seu ponto de vista. Todos os factos ou situações abordadas terão sempre várias versões, enquanto os pormenores se vão esfumando na bruma dos tempos. Não serão as críticas, mesmo construtivas, mas as contribuições de cada um, com as suas recordações, que irão enriquecer a memória de todos nós, avivando as lembranças que guardamos com carinho duma terra que fez parte da nossa vivência. Muito Obrigado por partilharem o vosso conhecimento !!
tereza_mauricio@hotmail.com
Que pena saber criticar, provavelmente, não deve saber metade do que aqui ficou escrito!!!!
Zé Carlos
Apesar de atabalhoada, não deixa de ser um artigo informativo.
Isto impulsiona-me a dizer pena é que para quem cresceu em Moçambique após 1975, viveu com o saneamento da verdadeira história sem se aperceber da distorção, invenção e adaptação de certas narrativas, feitas pela propaganda Frelimista com o intuito de puxar para si as brasas à sua sardinha, e assim justificar todo o seu alto terreno retórico, por assim dizer.
Felizmente com o advento da internet hoje em dia, é permitido o acesso a variadas fontes de dados históricos, bibliotecas, documentos académicos, arquivos da imprensa e de registos municipals e nacionais que com dedicação e paciência, facilitam a pesquisa e aprofundamento de conhecimentos históricos.
Espero que Moçambicanos interessados em factos históricos, consigam imergir e satisfazer a sua curiosidade, e com os olhos bem abertos deslumbrar que apesar de todo o mau atribuído ao colonialismo Português, Moçambique no contexto actual herdou e benefeciou de muito e variado bom património, juntamente com outras coisas positivas merecedoras de realço… quanto menos não seja a própria existência da identidade Moçambicana como povo e nação soberana.
Lino de oliveira
O prédio de que não se lembra era o “Flying Angel” penso eu.
João Geraldes
O prédio pertencia à organização nternacional “Mission to Seamen” criada em 1836 por John Ashley (padre anlicano) e mais tarde (creio que em 2000) alterada para “Mission of Seafarers”. Esta organização, que existe ainda em mais de 200 portos de mar espalhados pelo mundo, destina-se a dar apoio moral, espiritual e muitas vezes sanitário aos marinheiros de qualquer nacionalidade de todos os navios mercantes.
O símbolo desta instituição (relevo branco sobre fundo azul), é um anjo “voando” sobre as ondas do mar e, daí, talvez a analohia com o “Flying Angel” termo este que se pode relacionar talvez mais com a aviaçãoo que não é o caso.
Augusto Martins
ATENÇÃO – Nos depoimentos anteriores há apenas uma confusão nos nomes do “PRÉDIO DA CAPITANIA”.
Trata-se de dois prédios diferentes. Um ( o mais antigo, designado por CAPITANIA BUILDING, era em madeira e zinco, situava-se no lado esquerdo do Portão do Cais de Embarque para os barco da Catembe e, separada pela via de acesso aos automóveis, estava a Praça António Enes, com a sua respectiva estátua. Neste prédio, estava instalada uma associação internacional de apoio aos marinheiros, cujo nome não me ocorre neste momento, além de armazéns de materiais ligados à navegação marítima. Este prédio, que estava quase encostado à fortaleza, foi demolido nos anos 50 e o seu espaço foi posteriormente ajardinado.
O outro prédio, aqui também referido como “Prédio da Capitania”, já foi demolido após a independência de Moçambique.
Situava-se no início da antiga Av. Elias Garcia (mais tarde designada por Augusto Castilho). Era um edifício já construído em alvenaria, de 1º andar, onde funcionava a Capitania do Porto de Lourenço Marques e a Delegacia de Saúde, onde eram dadas as vacinas e emitidos os certificados de Vacina.
Espero que fique agora esclarecido este pequeno esta confusão.
Respeitosos cumprimentos, com votos de muita saúde para todos.
Rogério Gens
Sobre o Capitania Building o que diz está mais ou menos correcto, embora eu tenho dúvida se seria de madeira e zinco (o António Ughetto que comentou aqui e viveu lá saberá dizer). No entanto a associação de apoio aos marinheiros que você refere, e que como diz alguém era a “Anjo Voador”, estava num edifício separado.
Em relação ao edifício da Capitania do Porto, que diz foi demolido ele continuava lá ainda há pouco tempo e é onde estava (está?) instalado o INAMAR.
O Capitania Building chamou-se assim porque foi construído perto donde tinha sido o primeiro edifício da Capitania, e que esteve entre a Fortaleza e a Praça 7 de Março
Edgar Cavalheiro
Exmo. Sr. Augusto Martins,
Se a memória não me engana, o “novo” edifício da Capitania do Porto, em cinzento azulado, como todos os edifícios da Marinha e que ficava no início da Av. Augusto Castilho (ex Elias Garcia), já no perímetro do porto, junto da doca onde fundeavam os barcos patrulha, ainda existia em 1983. Dali até às Finanças ficava o bairro pertencente, que eu saiba, tbm à Marinha. Do lado contrário, i.e. para o lado da Praça António Enes, Faculdade, Fortaleza e Praça 7 de Março, a meio do terreno existente, erguiam-se as instalações da “Flying Angel”, associação que, tal como o Sr. Augusto Martins bem afirma, apoiava os marinheiros de passagem, sendo tbm armazém de acessórios marítimos. Não me recordo do ano da demolição destas instalações, entretanto desativadas depois de 1975. Tenho tbm ainda uma vaga ideia de um edifício muito antigo, quase encostado à Fortaleza, que foi realmente demolido nos finais dos anos 50 ou início dos 60, certamente o mesmo onde funcionaria a antiga Capitania.
Espero que o Sr. Augusto Martins não me leve a mal, tentei apenas corroborar as suas afirmações, acrescentando-lhes mais algum pormenor.
Respeitosamente,
Edgar Cavalheiro.
Sanjo Muchanga
Confesso que aprendi muito com o artigo publicado e com os ricos comentários aqui descritos, o que comprovam e faz crescer cada vez mais a minha dúvida. Tudo que aprendi na escola está a ser mudado a cada ano… Tenho pouco conhecimento da cidade que me viu nascer em Março de 1986… Pior é tipo dos moçambicanos omitir a história real a troco de quê não sei. O meu pai foi militar da FRELIMO deixou vários artigos em casa da segunda esposa minha tia que aos poucos vou indagando a busca da história para os meus filhos. Morreu sem direito a nada em Outubro de 1985 e para vingar a sua ignorância nasci poeta e escritor com a mesma curiosidade de muitos aqui.
antonio ughetto
Eu nasci ma cidade de Lourenço Marques (hoje Maputo) em 28/03/1943 na Missão Suíça, como era na altura uma Colónia Portuguesa eu tinha a nacionalidade Portuguesa com a Independência acabei por sentir-me com dupla nacionalidade, mas as autoridades não aceitaram, fui compelido a escolher só uma para desgosto meu. Como a família foi toda embora, optei pela portuguesa, mas o meu coração também é Moçambicano. Minha mãe, avó e bisavó são de Moçambique o meu avô materno de Cabo Verde, por isso interessei-me muito pela historia de Moçambique e descobri muito principalmente de Maputo desde 1498 e os avôs do Gungunhana até a luta pela Independência que na altura pouco ou nada sabia sobre a cidadania. Saí de Maputo em 1979. Nasci e fiz-me homem em “Maputo”, mas a vida é como é. Um abraço.
Adelino
Por muito que os frelimos tentem justificar que o nome Maputo vem do rio Maputo referente a um tal chefe tribal ou que vem duma bebida local utupso a verdade é a seguinte: os ronga chamavam a cidade de Lourenço Marques xilunguine que quer dizer cidade dos brancos. Ali perto hà uma ilha onde os portugueses ( Maputokesi) negociavam o marfim e a essa ilha, ainda hoje chamada “dos portugueses “, os caçadores do interior ( zulos, swazis ou changane) quando referiam a essa terra a chamavam Maputo(kesi), lugar dos portugueses onde vendiam o seu marfim a troco de pólvora e outras comodidades.
António de Almeida
Cuidado com os apelidos… o ser Remane, Dupont, Silva, Dalipata, Alves etc que estas almas não sejam parentes dos Matolas, Nhacas, Govenes, Tembes, Jeques por aí fora senhora Tavira. Temos muita gente branca descendente dos nativos deste belo Moçambique… o Nazareth pode ser um bisneto dum dos reis locais…
Manuel Silva
Também estive em Moçambique, ou melhor, fui obrigado a ir defender o que não me pertencia. Cheguei a Lourenço Marques em 22 de Dezembro de 1966 e no dia seguinte, fui enviado para um bunker situado em Ponta Mahone, onde estava instalado o posto de escuta das transmissões do Exército. Provavelmente, muitos não saberão que neste lugar estavam montados uns quantos canhões de artilharia para defesa da costa e da Baía de Lourenço Marques. Conheci vários sítios, como por exemplo: Ponta do Ouro, Mar e Sol, Catembe, Lourenço Marques e seus arredores e estive inclusivamente na inauguração do Estádio Salazar em 30/06/1968. Para além desta área, estive também em Inhambane, Beira e por fim em Nampula. Tenho algumas histórias passadas na Catembe, em Lourenço Marques e Nampula, mas isso fica para mais tarde se houver interesse.
M.C. da Costa Faria
Senhor Manuel Silva
Havendo interesse nas suas histórias passadas no Catembe, mais pròpriamente no quartel onde estava instalada a Bataria de Artilharia de Costa nº 1,
Ponta Mahone, função de lá ter habitado durante alguns anos minha Mulher quando criança, isto de 1948 a 1951, grato lhe ficarei descrição das mesmas instalações, assim como alguma fotografia do local.
Agradecendo antecipadamente tal atenção,
Costa Faria
Eng. Civil
T.M.: 911196991
Nobre de Melo Ughetto
Nasci em L.M. (hoje Maputo em 1943, minha mãe nasceu em Inhambane (1919) minha avó materna
Mariamo nasceu em Inhambane (1895) minha bisavó materna nasceu em Manjacaze (não sei a data)
vivi em 1951/52 nno Prédio da Capitania (já não existe) que ficava ao lado Sul praticamente encostado
à Fortaleza de N.Sra da Conceição, talvez uns 6 metros de distãncia. Recordo ver a árvore e ouvia dizer
que lá tinha sido enforcado o governador da Fortaleza (que na altura não era como se apresenta hoje.
Quanto a Lourenço Marques sabia que tinha sido um aventureiro e comerciante que explorou a Baía
de Lagoa (Delagoa Bay) por volta de 1540/45 naquele tempo era um lamaçal quando chovia e de
difícil acesso, foi a partir daí que a Baía começou a ser explorada não só pelos portugueses como
pelos ingleses, holandeses, austríacos e franceses.. ..o resto com menor ou maior dimensão é o que a maioria
apontam,,,cresci em Lourenço Marques (Maputo) e assisti as mudanças que foram acontecendo até
partir definitivamente de Moçambique em 1979
Miguel Tiago
O predio da Capitania ainda existe se é que estamos a falar do mesmo edifício.
Antonio Ughetto
Não não existe o Building Capitania ficava quase encostado a Fortaleza N S Conceição foi uma construção bem antes de 1930 o Sr. Miguel Tiago está fazendo confusão porque morei lá em 1951 tinha oito anos e depois vi deitarem abaixo pois só vim embora em 1979
Carlos Hidalgo Pinto
Muito interessante o a descrição de Eduardo Nazareth, fazendo-me recordar o que o meu amigo Luis Oliveira, costuma descrever sobre a sua avó moçambicana. Entretanto, a minha bisavó materna também deve ter pertencido a uma época, em que os caucasianos eram em número muito reduzido em Maputo. O meu avô paterno combateu os alemães na I Grande Guerra e foi um dos Heróis de Quionga que, apesar de ter sido ferido, sobreviveu. Parece que falava o swali também. O que se torna relevante é que a língua portuguesa é de uma extrema importância para a sociedade moçambicana, pois a escala humana do povo português poderá contribuir para um melhor futuro de Moçambique.
joao Rezende
História mal contada…..à pressa….sem recorrer a historiadores
Que pena…..
Maria Tereza Jesus
Sr. João Resende não se imorta, já que faz a crítica, contar em pormenor a História da Cidade e não se esqueça dos Historiadores….afff….temos pena!
Joaquim vieira
Maputo sempre existiu. É o nome do regulo Ma Pfuto. Essa região era afastada da actual Maputo para Sul e tinha uma reserva natural de elefantes .
Rogério P. Cunha
Penso que este artigo ou peça foi escrita no mínimo à pressa, pelo menos no que respeita à cronologia do relatado, mudando de século para trás e para a frente em cada parágrafo… Antes de se publicarem ensaios deste género é necessário serem corrigidos préviamente , talvez com recurso a historiadores, mesmo que sejam autodidatas ou menos conhecidos…… espero não ser levado a mal, é apenas uma opinião…..
Maria Tereza Jesus
tereza_mauricio@hotmail.com
Não me parece de bom tom fazer qualquer tipo de crítica à História de uma cidade com alguns séculos. Sou natural de Maputo (Delagoa Bay) e nem por isso me incomoda a forma como é contada a sua história.