A JUVENTUDE “COCA-COLA” NA TRANSIÇÃO DO ANO DE 1969 PARA 1970: DO DESPORTO E DA “REINAÇÃO” À VIDA MILITAR
Agosto, noite de um Sábado!
O Ateneu Grego de Lourenço Marques, todo iluminado, embelezara-se com serpentinas e balões venezianos para acolher aquele enorme grupo de jovens da cidade, que dias depois passariam a trajar uma farda, dando início ao seu serviço militar. Imperava o sorriso! Sim, havia que gozar a noite, pois em breve ficariam para trás as pistas de dança, onde com a namorada do momento se dançava “soft” as canções de uma plêiade de românticos como Percy Sledge, Jane Birkin, Elvis Presley, Roberto Carlos, etc., canções que mexiam connosco, jovens debutantes dos finais dos anos sessenta: “Only You”, “Love me tender”, “Eu te darei o céu” e tantas outras. Cedo terminaria o tempo do desporto e de reinar e folgar quanto baste.
Chegavam os tempos difíceis que há muito adivinhavam: a ida para a guerra, bem lá para cima, no Norte, junto à fronteira com a Tanzânia, onde os tempos eram roxos e cinzentos. Uma guerra fomentada por interesses estrangeiros, que subitamente cortara a harmonia social que se vivia e evoluía dia após dia em Moçambique.
Dentro de dias iniciaria o percurso obrigatório, anual, para a juventude moçambicana de então. Centenas de jovens pretos, indianos, mestiços e brancos, vindos de toda a Província, iriam passar aquele largo e cinzento portão de armas, o da Escola de Aplicação Militar, em Boane. Eu era um deles. Era uma vida nova que nos aguardava, a nós jovens debutantes, jovens que até há bem pouco haviam iniciado, uns o seu primeiro emprego, outros os seus estudos superiores e outros ainda a prática desportiva onde nos campos de jogos, piscinas e ginásios assumiam com obrigações e deveres. As suas energias, nesta segunda metade de 1969, seriam canalizadas para outros exercícios, que criasse neles a aceitação de “motu próprio” da necessidade de adaptação no plano psicológico, físico e sociológico, à instituição militar.
Boane, Agosto de 1969.
Iniciava a recruta. Ali estávamos, unidos e mobilizados para cumprir o que nos era solicitado: uns para Praças, outros para o Curso de Sargentos e uns poucos para o de Oficiais. Moçambique e Portugal esperavam pelo contributo destes jovens que haviam feito daquela Província a sua terra e quiçá amanhã o seu país, pois espectável era, depois de Moçambique ter percorrido as etapas históricas do seu crescimento: Capitania, Colónia, Província e por último Estado, num percurso de mais de 4 séculos. Todos os jovens presentes naquela enorme parada vinham imbuídos de um ideal que os mandava ir, cumprir com honestidade pela sua terra, solidariedade para com todos os companheiros já chamados às armas e até tolerância e humanismo com alguns irmãos africanos, inebriados pela promessas prometidas, que se viam agora apontados como o inimigo, numa terra a quem o determinismo da História, devido a uma política fechada, obsoleta e pouco actual no século XX, impedira a construção de um país cioso da sua identidade e herança. Sim um país chamado Moçambique, num fraternal abraço com Portugal.
Logo no primeiro dia uma grande fila para o recebimento das fardas. Notavam-se entre os jovens “coca-colas” grupos diversos como o dos desportistas com Pedro Barjona, Carlos Larsen, Zito Abdula, Mário Reis em calorosa discussão relembrando a viagem do SLBenfica e SportingCP a Moçambique, uns dias antes, e o jogo de 6 de Agosto no Estádio Salazar, que fez história, onde os leões mostraram-se mais adaptados a África, derrotando o habitual rival da 2ª circular por 1-0, aproveitando os rivais a ocasião para reatarem as relações.
Pode recordar esse jogo clicando AQUI!
Mas mais grupos se dispersavam pela parada como o dos músicos com Johanes Parker ou cantores com destaque para o Carlos Guilherme, dos pró “intelectuais” com António Fonseca, Baronet, Ahmad Ali, Luís Pontes e João Rego, dos recém-chegados de Timor com Lopes da Cruz à cabeça, etc., enfim, grupos de amigos ou de gente que não se viam há muito ou se conheciam pela primeira vez, muitos deles já não de penteado à “beatles”,
mas todos num “mundo” amarelado, pela palidez da preocupação, pois muitos viveriam a partir deste momento um ambiente de inquietações e risco, no colorido notório do verde azeitona da farda, pois todos agora se vestiam de igual – entre os “coca-colas” já não os distinguiam as camisas de capulana de cores vivas das lojas do Largo Albassini ou as tshirts baratas da “chitôlo” Solgal, de outras mais caras como as balalaicas da Casa Ribeiro ou os “blazers” da Casa Fabião – e, dizia, formados em pelotão, alinhados por altura, lado a lado – aqui também já não se distinguiam os jovens da Sommerschield, a zona “nobre” da cidade, dos do Alto-Maé, ou da Rua da Gávea, famosa pelo seu cheiro forte à especiaria indiana – predispunham-se a cumprir por igual, pese a sempre esperada, por alguns, cunha do amigo do pai ou do director do Clube, caso fosse futebolista de gabarito.
Cumpririam ao longo de 3 meses, de 2ª a 6ª feira na companhia da sua nova companheira, a Mauser, uma espingarda de 7,6 mm,
tudo quanto lhes fosse ministrado: o regulamento da disciplina militar, a ginástica, a ordem unida, as técnicas de sobrevivência, a técnica de combate, etc., inseridos num ambiente psicológico que seguramente não os afastaria das ofertas nocturnas da cidade das acácias, pois aos fins de semana, dada a ordem de partida, com a maior brevidade regressavam às suas casas. Num Fiat 600 conduzido por Jorge Sereno, comigo e com o Rogério Van como penduras, era o regresso à nossa cidade e pouco depois era tempo de folgarmos e divertirmos fosse numa das pistas de dança ou em animados “parties de garagem”. Outros optavam pelo cinema e como sempre, preferencialmente, na última fila da plateia mais a namorada do momento, certamente com os olhos fixos no écran onde se desenrolavam atrevidas cenas e jorravam gritos de amor ardente, clamores e vociferações…
No Domingo à noite era o regresso a Boane para mais uma incansável preparação militar, incansável sim, pois dois alferes dos Comandos haviam, entretanto, chegado, o Pacheco e o Vitorino, que nos levavam agora ao desespero e esgotamento, relegando para segundo plano o anterior instrutor, o brando Alferes Sales, famoso pelas suas emboscadas no “Cruzamento da Viúva”, local onde a guerra nunca havia chegado. E assim se passaram 3 meses.
Finda a recruta, ansiosos esperávamos todos pela indicação da especialidade. A mais detestada? Atirador de infantaria. A mais procurada? Transmissões. Entre os atiradores, a menos desejada pela maioria era ser escolhido para a novidade do momento: o curso de “comandos” a iniciar em breve.
Para mim, Francisco Ramos, Sérgio Amargar, André Canto e Castro, David Calrão e Eduardo Monteiro, todos nós fogosos cadetes, (a que mais tarde se juntaria o Manuel Frade, já Aspirante miliciano) seguros das nossas capacidades, era-nos indiferente ir para os “comandos”, para onde havíamos sido selecionados após inúmeras provas, por uma equipa de instrutores liderada pelo Capitão Júlio Oliveira, Comandante do recém-criado Batalhão de Comandos, em Montepuez. Sim, fomos voluntários! Porquê? Não porque nos prometiam apenas dois anos de comissão militar vividos intensamente em zona de guerra, após um extenuante curso, mas sim porque todos nós encarávamos a vida como um desafio e com “fair-play”: assim como há o amor e a solidão, a alegria e a melancolia, o ócio e a ocupação, também havia a luz e a morte e o acaso e a sorte. Sim, fomos para os “comandos” uma especialidade que nos atraíra e nos daria confiança, pois confiávamos nas capacidades dos camaradas que a nosso lado combateriam. Uma opção! Uma decisão! Como nós, agora recrutas “coca-colas”, duas centenas de jovens vindos de todo o Moçambique, decididos e voluntariosos, seguiriam o mesmo percurso.
Levados para Montepuez, bem lá para o Norte, em Cabo Delgado, iniciava-se o curso.
Na sua dureza, nos dias bruscamente virados do avesso, todos eles iniciados com a leitura do Código Comando e a sua constante mensagem ao “amor devotado à Pátria e à permanente disponibilidade de por ela fazer todos os sacrifícios”, no nervosismo do inesperado, na procura do desconhecido, e perante as habituais palavras dos instrutores “desistir fica para os fracos, os fortes insistem” ou ao som do Richard Anthony com o seu
Donne moi ma chance, Donne moi ma chance encore
Quoi que tu penses, Je n’ai pas tous les torts
Ne me dis pas, que see’est trop tard
Que tu n’as plus, pour moi un seul regard…
era o tudo por tudo e, na antevisão dos tempos explosivos que nos aguardavam, quais cachopos, fazíamos “pactos de sangue” onde prometíamos uns aos outros evitar que algum de nós, em caso de um desfecho terrivelmente cruel, se expusesse a um resto de vida inumana e brutal.
Ao longo de quatro meses havíamos trocado as noites de sono por noites passadas em claro, a pensar se valia a pena tanto sofrimento, após duras e sucessivas provas como a de choque (sede), fogo, sobrevivência, minas e armadilhas, luta, transmissões, etc . Ah que saudades daquelas tardes e noites do “twist”, do “rock”, do “ali gali” ou “marrabenta”, isso sim um doce cansaço! Trocáramos o conforto pela dura e constante instrução. Trocáramos o conforto dos braços das namoradas pela nossa sempre presente G3. Trocáramos a lentidão pela rapidez, onde tudo é marcado ao segundo, sem falhas, sem erros ou omissões, caso contrário um pesado castigo tomaria conta de nós. Diariamente esgotados, já nem nos vinha à memória as noites do Polana com o conjunto Renato Silva, ou nos Lisboetas com o Conjunto Feminino ou as tarde-dançantes nos Velhos Colonos com os Night Stars ou Stronglibones. Pouco a pouco tornávamos seguramente mais firmes e conscientes, orgulhosos de poder dizer “eu sei, quero e posso”, pois víamos os nossos valores testados até aos limites da dor, do cansaço, do sono, da concentração, até quase nos vergarem, mas, qual reverso da medalha, descobríamos a nós próprios e dávamos conta de sermos jovens que se sentiam fortes para tudo e capazes de tudo.
Finalmente o 13 de Abril. Pormenorizadamente ataviados, formados e armados, numa parada decorada com lustrosa palanca e coloridas bandeiras, era o momento esperado, o da recepção da insígnia, o tão esperado “crachat” que nos daria finalmente o título de “comando”.
Sim, quatro meses depois de inúmeros sacrifícios e superações, nós, 80 jovens moçambicanos de todas as cores e credos, à pergunta do Comandante se queria ser “Comando”, orgulhosos respondíamos em voz alta e firme “Quero!” Éramos agora senhores da máxima
sou quem fez do perigo o seu pão, do sofrimento o seu irmão e da morte a sua companheira“.
Nasciam os “Os Escorpiões”, a 1ª Companhia de Comandos de Moçambique.
E iniciávamos a guerra que não queríamos. Na sua brutalidade, amadurecíamos. Em momentos de grande perigo relembrávamos o pacto de sangue“… não te esqueças, estamos unidos por laços do destino, ninguém desatará a promessa e que cumpriremos, ouviste? É para manter!”. Nas muitas madrugadas, quando em LM os jovens, depois de grandes noitadas iam para a cama quando a natureza desperta sonolenta, com os pássaros recolhidos e as cobras ainda sem sair, íamos já nós a caminho dos objectivos superiormente definidos, trocando palavras por gestos, deslocando-nos com lentidão em coluna por um e, dada a proximidade do perigo, curvados, abríamos em linha, o coração batendo com violência, o peso da arma na anca, o dedo na frieza do gatilho, desconfiados, atentos ao menor restolhar de mato, como se todo o universo parara, mas confiantes uns nos outros. Ali, nós os antigos amantes das “reinações e parties”, agora Oficiais do Exército Português sentíamos a responsabilidade de cada um comandar vinte e cinco vidas: muitas mães, várias esposas, filhos, noivas contavam connosco, com a nossa lucidez e nosso discernimento, esperando que trouxesse o seu querido filho, marido, pai ou noivo de volta. Como o tempo parecia uma eternidade! Também as nossas mães nos esperavam de volta. Recordávamos então a banda Oliveira Muge:
Mamãe, tu estás tão longe de mim!
Mamãe, sinto que estás a chorar.
Não chores a minha ausência
Que um dia hei-de voltar!
Não chores, e pensa agora
Que o tempo passa depressa.
Pede a Deus que te tire esse tormento,
Desse teu formoso rosto.
Mamãe, não chores que eu volto,
Mãe.
Vivíamos todos nós tamanha responsabilidade sem deixar de, com zelo, cumprir diariamente a nossa obrigação na traiçoeira mata, maldizendo Nelson Ned e a sua repetitiva e inoportuna canção:
O que é que você vai
Fazer domingo à tarde
Pois eu quero convidar
Você para sair comigo
Passear por aí numa rua
Qualquer da cidade
Vou dizer pra você tanta coisa
Que a ninguém eu digo…
Não, não íamos “passear por aí”. No espírito do “Mama Sume”, o nosso grito (adaptado a partir do ritual bantu, uma tribo de Angola, onde os cursos comandos haviam iniciado, e significando “aqui estamos prontos para o sacrifício”), não passeávamos, mas cumpríamos com o nosso dever: saíamos com os nossos homens para combates contínuos em cerradas matas. Aqui sentíamos momentos que nunca mais esqueceríamos, coisas inexplicáveis. Vivíamos o absurdo da guerra, naquele sucedâneo de operações: “Nó Górdio”, “Laço”, “Baluarte”, “Vendaval”, etc. etc. e na repetição dos objectivos: assaltos às bases In, emboscar e capturar, golpes de mão, batidas e limpeza, destruir as linhas de reabastecimento, libertar as populações, restabelecer a ordem, tudo fazendo para uma forte desmoralização daqueles agora tidos como o inimigo. Qual implacável crueldade da vida, parecia-nos por vezes caminhar para o vazio, para a indefinição do real. E assim aconteceu, quando subitamente em pleno mato, tiros de morteiro e uma mina nos levaram para sempre o Júnior, logo depois o David e gravemente ferira outros.
Mas a missão continuava, pois assim obrigava a vida de um militar, mesmo miliciano. Na solidão dos dias, no centro de nada, revivíamos aquelas lembranças, limpávamos as inesperadas lágrimas e dávamos conta da efemeridade das coisas. E vinha-nos à memória as tardes de desporto ou as noites em outros espaços como o Zambi, o Girassol, o Indo-Português ou Associação Africana… e o silêncio conversava connosco. Nas noites de luar, ou em outras tantas de terríveis relâmpagos e de nuvens carregadas de chuva que em breve nos empaparia por inteiro, perguntávamos a nós próprios o que significava o tempo, o destino, a dor, a vida, a felicidade. Todos ali mergulhados em descobrir o mistério da geometria incalculável daquilo a que se chama vida e a que tanto agarrávamos. Foram tempos de partilhar sonhos e segredos, criar amizades para toda a vida, quando durante meses a fio, dia e noite, companheiros de viagem, de grandes distâncias, quase esquecidos do mundo exterior tornávamo-nos nós próprios, descobrindo o instante único da vida…
E naquelas longas mil e uma noites, tendo como cama e cabeceira restolhos, pedras, pântanos, trepadeiras de feijão macaco ou morros de formiga talaco, num clima que se por vezes nos derretia, outras, porque frio, nos vazava até aos ossos, e entre tiros, rebentamentos e gritos de dor, embrulhámos mais corpos, respeitámos o inimigo e aprendemos a não deixar que o medo nos impedisse de tentar. Aprendemos a dar valor a todos os instantes, como se não houvesse amanhã. E damos conta que dois anos, em plena guerra, haviam passado!
Finalmente 13 de Abril de 1972! Findava a sua comissão de serviço a 1ª Companhia de Comandos de Moçambique.
Eu, dava também por fim o pedido que, por mim e pelos companheiros de armas, diariamente e no silêncio da noite, fazia:
Cristo
Dai-nos hoje na mata
A sobriedade para resistir,
Dai-nos a clareza da justiça
E a força de não desistir;
Dai-nos a perseverança para sobreviver
A coragem para perdoar;
E a fé para harmonizar e vencer.
E dai-nos também, Senhor,
A esperança e a certeza do retorno…
E Ele satisfez o pedido
À data, já outros jovens moçambicanos, entre eles mais uma vez muitos “coca-colas”, decididos, integravam outras Companhias de Comandos, nomeadamente a 2ª, a 3ª e a 4ª, respectivamente com a divisa de “Insaciáveis”, “Gatos” e “Vingadores” que assim cumpriam, voluntariosos, a sua missão, desfalcando imensos clubes, principalmente os de futebol das regiões do interior, como o Sporting Clube de Quelimane, o Ferroviário de Nampula, o Desportivo e Recreativo Textáfrica de Vila Pery e tantos outros.
Neste tão aguardado dia 13, todos nós integrantes da 1ª Companhia, em lágrimas nos despedíamos. Lágrimas sim, pela partida prematura de alguns dos nossos “para o outro lado do caminho”. Lágrimas sim, pois haviam sido muitos os momentos de maior perigo, lado a lado, naquele teatro da guerra onde vivêramos amiúde, situações únicas de interajuda e de dádivas desinteressadas. Como tantos outros milhares de portugueses tínhamos com honra cumprido a nossa obrigação para com a Pátria, cumprindo o juramento feito à Bandeira Verde-Rubro.
Regressados a LM revisitávamos os locais da nossa despreocupada juventude. Voltávamos às pistas de dança fosse do Hotel Cardoso, Casa das Beiras ou do Algarve, ou às mesas da Princesa, Sheik ou Ponto Final, agora mais comedidos, provavelmente na companhia da “madrinha de guerra” ou da futura cara-metade. Outros, como eu, voltávamos à prática desportiva, onde de braços abertos fomos bem recebidos. No meu caso enquanto guarda-redes de futebol de 5 nos inúmeros torneios da Associação de Futebol de Moçambique, de quem recebera a licença nº 881.
Depois… bem, depois de tal formação espartana, avessos ao facilitismo, à perversidade e feiura, todos nós dávamos conta que apesar do inimaginável e doloroso triénio, havíamos sido capazes de fazer uma bem-sucedida transição para a vida civil, uns na procura da sabedoria, outros do bem-fazer e outros ainda da aventura, todos nós ultrapassando limites, ganhando conhecimento e seguramente aumentando as nossas dúvidas, interrogações e perguntas… até surgir subitamente de Lisboa, alinhavado por gente duvidosa, e sem o povo moçambicano ser consultado, o precipitado Acordo de Lusaca de 7 de Setembro 1974 …
Cândido Azevedo – Dezembro de 2022
13 Comentários
Manuela Carvalhal
Excelente relato da vivência de um moçambicano de excelência! Revivi canções e experiências dos bailes de garagem en L.M. e descrições de colegas que estiveram destacados para a guerra.O ” nosso ” Moçambique merecia ter tido outro destino em que fossem integrados todos os que lhe tinham amor! Mas os condicionalismos históricos levaram à actual situação…de um dos países mais pobres de África!
João Taborda
Gostei de ler… não tive essa experiência, mas tive amigos que a viveram convosco. É referido no texto um Eduardo Monteiro… seria Eduardo Veríssimo Dias Monteiro? Viveu na 24 de Julho, perto da Cristal, frequentou o Instituto Comercial, veio para a Fac. Economia do Porto… regressou a L M por volta de 1970… cheguei a estar com ele em Nampula, já Alferes Comando talvez em 1972… nunca mais soube dele… Haverá quem saiba?…
Cândido Ramiro Filomeno do Carmo Azevedo
So hoje dei com a sua ppergunta. É mesmo esse. Dizem-me que está na Africa do Sul.
Fausto Libânio
Alf.mil.Noorali,e o Fur.mil. Mendônça,foram meus instrutores n CSM/EAMM/Boane em Ago. de
1970. Abraço !
jose alexandre russell
Gostei. Uma bela narrativa. Parabéns.
Ruy Zibreira
bela narrativa…felizmente nao tive que “ir `a guerra”, mas tenho ENORME respeito pelos jovens que foram, independentemente da arma/especialidade em que serviram. Que os que “la ficaram” repousem na paz de DEUS.
Francisco Freitas
Também passei por tudo o que o CÂNDIDO AZEVEDO contou, pois fiz o curso de COMANDOS EM MONTEPUEZ 1971 e recebi o CRACHÁ em AGOSTO DE 1971, 4ª COMPANHIA DE COMANDOS DE MOÇAMBIQUE
Tomané Alves
ARREPIEI!!! KANIMAMBÃO POR TUDO ISTO!!!!
Maria Manuela Antunes Galvão de Almeida
Chorei a espera da Consulta no Hospital da Luz Arrábida após as sequelas da Covid. Moçambique não se esquece apesar de 47 anos em Portugal
Ricardo Quintino
Excelente narrativa dessa vida militar, bem mais atribulada do que a minha do CSM64, com a especialidade de IOR tirada no Esquadrão de Cavalaria 1 em LM e depois transferido para o Esquadrão de Cavalaria 2 de Vila Pery. Grato pela partilha. Abraço
Arnaldo Pereira
Parabéns e… Obrigado Cândido.
“Parabéns” pela excelente narrativa, bem construída e elucidativa para os muitos jovens actuais (e até seus pais) que, entendo eu, deveriam ler este bem elaborado texto.
E “Obrigado” pela predisposição e pelo sacrifício voluntarioso, mas, infelizmente, esvaziado do seu objectivo principal – a DEFESA DA SOBERANIA E DA UNIDADE DA PÁTRIA – mercê do “…alinhavado por gente duvidosa, e sem o povo moçambicano ser consultado, o precipitado Acordo de Lusaka de 1974…»:
Bem-hajas.
GLÓRIA AOS HERÓIS!!!
Lutaf Noorali
Fiz recruta em Boane no ano de 1968, no ano seguinte com guia de marcha para Mueda, terra de guerra, luta, trabalho e Morte.
Como Alferes Miliciano , cheguei e vi um placard a dizer,. Aqui luta-se, trabalha-se e morre-se. estive la 14 meses . Participei com Exmo SR. General Kaulza De Arriaga , nas operacoes NO-Gordio.Fui e sou jovem COCA COLA.
Muitas SAUDADES. Apetece-me chorrar.
Luiz Branco
Muito bom e muito obrigado por partilhar a sua vivência.