“UMA DATA NA HISTÓRIA” – 11 de Janeiro de 1901… inicio da atividade do Observatório Campos Rodrigues
Em 1908 foi instalado um Lourenço Marques, o Observatório Campos Rodrigues assim nomeado em homenagem a um pioneiro português da ciência astronómica.
A primeira tentativa de funcionamento do serviço de sinais foi dirigida por Frederico Oom. Este serviço viria a funcionar regularmente desde 11 de Janeiro de 1901 trabalho este que é devido ao 2º tenente A. Lopes. Deve-se também a este oficial os cálculos relativos ao eclipse do sol de 1908.
Devido a uma avaria na pêndula do tempo médio, o serviço de sinais veio a ser interrompido dando-se os sinais apenas três vezes ao dia. Outro contratempo veio anular todo o esforço e desejo quando a linha telegráfica que provisoriamente tinha sido estabelecida caiu por terra com o grande temporal de Dezembro de 1908. Neste período há também a registar a primeira determinação de azimute da linha de pilares.
O Observatório Campos Rodrigues coordenava toda a atividade meteorológica com recolha e tratamento de todos os registos de observações efetuadas em vários postos de leitura e registo de dados meteorológicos. Continuou ainda com a emissão do sinal da hora oficial tendo também iniciado observações astronómicas.
Muitos devem estar recordados que o Rádio Clube de Moçambique transmitia o sinal horário das 12.00 e das 21.00 horas, diretamente do Observatório Campos Rodrigues. Este Observatório, que inicia o seu funcionamento regular a 11 de Janeiro de 1901, faz hoje 119 anos.
Será importante referir que Campos Rodrigues (1836-1919) foi um astrónomo português que em 1890 exerceu a função de Diretor do Real Observatório Astronómico de Lisboa.
O Observatório Campos Rodrigues conheceu, depois da Independência de Moçambique (1975), duas designações, a saber: Serviço Meteorológico de Moçambique e Instituto Nacional de Meteorologia (INAM).
OBS: Algumas das fotos foram retiradas com a devida vénia dos blogs The Delagoa Bay e House of Maputo e os dados do portal eletrónico do INAM.
Fonte: Arquivo do BigSlam
9 Comentários
João gouveia
O meu sogro Sílvio Laço era um dos técnicos que dava a hora para o RCM.
António Alberto Oliveira
Boa tarde.
Era linda a mensagem de despedida lida pela locutora do RCM, Manuela Arraiano à meia-noite que tocando a música do silêncio, imortalizada pelos Norte-Americanos com o nome de TABS e que conta uma estória triste, ocorrida na guerra da secessão nos EUA, tocada sempre nas cerimónias de respeito no funeral dos seus militares e altas figuras do Estado falecidas.
Era linda a dedicatória, que incluía também os militares e que eu escutava no Norte de Moçambique duranta a intervenção em
que me situava lá no Niassa Central no cumprimento da minha vida militar, como oficial miliciano.
Bem haja D. Manuela por todo o conforto que me dedicava,
António Alberto Oliveira
Carlos Hidalgo Pinto
É de registar os serviços prestados pelo geólogo, meteorologista e escritor, José Blanc de Portugal, aquando da sua liderança dos serviços meteorológicos de Moçambique. Decorriam os idos de finais da década de 50 do século passado.
Isabel Barros Santos
Boa Tarde
Além das horas oficiais que o RCM transmitia, gostava de ouvir a mensagem de despedida às 24h00 de cada dia. Tocava me o coração. ❤️
J. Figueiredo
D.ISABEL boa tarde,será que a Senhora é familia do Eng. Barros Santos que foi Diretor da Incomati? É que eu trabalhei no laboratório da fábrica nos anos 60. Se for um abraço. Eu sou o José Figueiredo e tinha a alcunha do Beatle.
Manuel Martins Terra
Recordo-me bem que as horas oficiais, noticiadas pelo Rádio Clube de Moçambique, eram obtidas diretamente do Observatório Campos Rodrigues. Marco histórico, de uma cidade que cresceu ao ritmo do dinamismo e saber das suas gentes.
Luiz Branco
É Tomané e quem não quer saber do passado constroi o presente que tem…
Abraço
ABM
O Observatório tem ainda a particularidade de ter sido implantado na linha mais a Sul que originalmente demarcava a chamada Concessão Somershield,, uma das concessões atribuídas mais atribuladas na zona do que veio a ser a capital de Moçambique, assim chamada por o concessionário ser um médico britânico de origem sueca, Oscar Wilhelm Friedrich Somershield (1838-1917) e que viveu na então já Cidade, entre cerca de 1888 e 1895. Até ser extinta nos anos 1950 com a comercialização do Bairro dos Cronistas (desde sempre chamado Bairro da Somershield, designação perpetuamente mal soletrada), a Concessão, depois vendida a um consórcio anglo-sul africano, foi alvo de quase permanente litigarão com a Cidade, tendo os primeiros “cortes” sido os terrenos onde se fizeram o Parque José Cabral e o Hotel Polana, de seguida estendidos até à antiga Rua de Nevala. O local onde o Parque (hoje dos Continuadores) está implantado – mesmo ao lado do Observatório – na verdade originalmente foi retalhado da Concessão para ali se instalar a Estação de Telégrafo sem Fios e as suas enormes antenas, que permitia enviar telegramas para todo o mundo.
Mas hoje em Moçambique já quase ninguém quer saber do passado.
ABM
A. Francisco Duque Martinho
ABM, para mim, os factos demonstram que nem em Moçambique nem na “metrópole” o passado tem qualquer interesse – tudo ignorantemente para esquecer !
Faz-me impressão a atitude deste país relativamente a tudo o que faz parte da nossa História e de Todos aqueles que a construíram, quer nos seus defeitos (nada é perfeito), quer nas suas virtudes !
Abraço e Bom 2022 para todos,
Francisco Duque Martinho