“UMA DATA NA HISTÓRIA” – 16 de Novembro de 1934… Francisco Velasco
Foi em 1958 que o Chico foi a Montreux, conjuntamente com outros jogadores de hóquei em patins da Seleção de Lourenço Marques (em representação de Portugal), ao tempo de Moreira, Souto, Abílio, Carrelo, Adrião, Bouçós, Romão Duarte, Passos Viana e Vítor Rodrigues. Lembro-me da euforia que foi aquela saborosa vitória dos moçambicanos nessa competição, deixando para trás na classificação a Espanha, o Hóquei Clube de Montreux, a Itália, Inglaterra, Alemanha, Bélgica e França.
Selecção de Moçambique em Montreux.
Em cima: António Souto, Abílio Moreira, Mim, Adrião, Bouçós e Manuel Carrelo.
Em baixo: Romão Duarte, Passos Viana, Moreira e Vítor Rodrigues.
Trazer hoje à memória essas noites de glória do distante ano de 1958 é lembrar o impacto dos relatos que chegavam até Moçambique pela voz de Paulo Terra, (a assistência técnica era de António Alves da Fonseca), essa notável figura da comunicação social e das transmissões desportivas em particular. Os relatos aumentaram o pico de audiências da GOLO e o prestígio da Agência de Publicidade, ao mesmo tempo que criaram uma empatia especial nos ouvintes. A vitória de Montreux é festejada nas ruas de Lourenço Marques, com pessoas circulando e carros buzinando.
Uma nota alusiva ao Torneio Internacional de Montreux de hóquei em patins, publicada no livro “Anúncios do Tempo”, o jornalista Alves Gomes considera que “sem que nos apercebêssemos a GOLO provocou um movimento de moçambicanidade sem precedentes. Aquela seleção era de moçambicanos. A febre do hóquei e de ouvir os relatos da GOLO a partir de Montreux, até trouxe efeitos positivos no aproveitamento escolar: escutar os relatos com os deveres de casa concluídos.”
Para o sucesso de Montreux muito contribuiu Francisco Xavier Franco Bélico de Velasco, topógrafo, hidrógrafo e arte finalista, natural de Ribandar (Goa), nascido a 16 de Novembro de 1934 e tendo falecido a 8 de Junho de 2020.
- Lendário desportista da Seleção Portuguesa de Hóquei em Patins, que durante 8 anos de 1957 a 1964, conquistou os mais elevados títulos:
- 1ª Taça Latina, o Torneio de Montreux, na Suíça; o Torneio Internacional de Lisboa; o Campeonato da Europa, em Genève, Suíça, 1959; os Campeonatos do Mundo, no Porto, em 1958 e em Madrid em 1960. Foi também Vice-Campeão Mundial em Barcelona, em 1964.
Homenagem em exaltada admiração e amizade.
“Capitaneando” arguto e lesto na jogada
Rodopia e esgueira-se à porfia de repente
Avança amestrando a bola, saltitando-a
À ponta do “ stick “, É Golo !… Q’ bolada !…
Arrebata-se à plateia quente frenesim
Demarcam-se paixões esfuziantes na demanda,
Q’ a sublime equipa bate em sarabanda
N’ apetência q’ a vontade confere ao festim …
Carrelo* finta para Adrião* e este passa a Velasco
E no meio-campo da Espanha … hábil “sticka”:
Golo ! …Gooooolo !… É o delírio da plebe “à basco”.
Reeleito em magna legenda assente, palpitante
Ao gesto fulgurante q´a ideia prenhe inusitada leva,
Se nos pluri-editou Francisco Velasco, avante! Avante!
Ribeiro-Canotilho, Aldeia Gavinha, 8 de Junho de 2020
Fonte: Arquivo do BigSlam – Texto de João de Sousa adaptado e soneto de João Ribeiro Canotilho
- Nota do BigSlam: Pode ficar a conhecer melhor esta figura emblemática do Hóquei em Patins moçambicano e nacional, através da entrevista publicada no BigSlam. Clicar AQUI.
5 Comentários
Francisco Carvalho
Grande homem grande hoquista, privei muito com ele nomeadamente nas manhãs quando nos encontrávamos no café Scala.
Manuel Martins Terra
Fez agora um ano que o Francisco Velasco, nos deixou e para trás ficou a imagem de um homem de carácter e um desportista impar, que deixou um legado simplesmente brilhante. São hoquistas do seu arreganho, arte e capacidade de luta, que fazem falta ao hoqueis patins português, que já conheceu tempos de outra áurea.Hoje mesmo, quando assisti à derrota da selecção nacional frente à França, em Paredes, para o Campeonsto da Europa, veio-me à memória a tua classe Francisco Velasco e dos teus companheiros de Montreux, que contra ventos e marés, levastens de vencida os mais poderosos e à rendição da Europa, ao melhor hóquei praticado no planeta. Um grupo de conquistadores que Moçambique, recebeu com carinho e admiração. Por isso Francisco, tu continuas conosco porque os heróis são imortais.
BigSlam
Bonita homenagem Manuel Terra. Parabéns!
Jorge Rodrigues Milheiro
Obrigado Francisco Velasco por ter sido o meu ídolo na minha adolescência e juventude (em 1960 tinha 15 anos de idade, em 1964 tinha 19 e saltava de alegria nos relatos dos jogos). Não se esquecem tempos de tão grande glória. Obrigado Velasco.
Silvino Costa
Acho que a loucura varreu todo o Moçambique. Na altura, estava eu no Chibuto e lembro-me de ter festejado com toda a gente esta conquita moçambicana com o maior dos entusiasmos.