“UMA DATA NA HISTÓRIA” – 17 de Setembro de 1954… Cinema S. Jorge (Cidade da Beira)
O cinema S. Jorge foi inaugurado na tarde do dia 17 de Setembro de 1954 pelo Governador de Manica e Sofala – Ferreira Martins. Na altura foi exibida uma curta metragem por forma a que os presentes pudessem apreciar o funcionamento da aparelhagem moderna de que dispunha o novo cinema. À noite realizou-se a sessão de gala.
O jornal “Diário de Moçambique” na sua edição do dia seguinte à inauguração referia que “a sala de espetáculos é ampla e bela, embora o balcão suspenso pareça reduzir-lhe algo das dimensões que possui, mas dando-lhe, por outro lado, características desusadas. Comporta a nova sala de espetáculos 1200 espectadores. O palco possui 6 camarins, podendo ser aumentado o seu número. Uma caixa de palco com 10 metros acima do proscénio recolherá, em caso de espetáculos teatrais, a estrutura do «écran». Possui o novo cineteatro ampla cabine de projeção, uma cabine de som, uma cabine para bombeiros, cabine de filmes e enroladeira e cabine para baterias-acumuladores.”
A decoração interior e exterior do cinema S. Jorge foi do escultor Arlindo Rocha. Ele concebeu e realizou a “Alegoria às Descobertas”, “As Comadres” e “Romance de Pierrot e Columbina”, que embelezam o proscénio, o balcão e a plateia.
Os painéis são da conceção e execução artística do ceramista e decorador Jorge Garizo do Carmo.
Não perca o vídeo seguinte que recorda o Cineteatro São Jorge da cidade da Beira:
Nota:
1 – O S. Jorge passou a designar-se Cine Teatro 3 de Fevereiro e posteriormente “Centro Cultural da Universidade Pedagógica”.
2 – Fontes: Diário de Moçambique – recolha do Dr. António Sopa, publicado por Fernando Ferreira Mendes.
3 Comentários
Jose Espirito Santo
Como eu me lembro tão bem, desta maravilhosa sala de espetaculos.
Desde muito jovem nas peças de teatro escolar, às idas ao cinema e revistas, teatro,e shows e por fin
ais da decada de 60 como projecionista e ajudante do meu pai, Manuel do Espirito Santo, e o sr. Pinto, chefe de todo o sistema e edificio.
Foi derivado a esta sala de espetaculos que me formei em Refrigeraçáo, derivado a que depois da inauguração e durante anos teve problemas graves com o sistema do arcondicionado e só foi resolvido depois da unificação, Sociadade dos Cinemas da Beira, com a vinda de um técnico da África do Sul e eu a pedido do sr. Engino Monteiro, fui o interpete deste técnico.
Pois não havia na Beira ou na capital técnico nenhum que cnseguisse descobrir a avaria…
Obrigado
Jose
António Oliveira
Jorge Garizo do Carmo, era arquitecto, foi um dos projectistas da placa central da estação dos CFM da Beira e do Centro Cultural, que acabou na sua finalização, por ser alterado, por não se ter conseguido realizar as paredes de vidro, que ele tinha projectado.
Carlos Guilherme Rebelo Nunes
Neste Cine-Teatro vivi um dos momentos mais significativos da minha carreira de cantor. Aí venci a final do concurso “À procura de uma voz”, promovido pela Emissora do Aero Clube da Beira. Tinha 15 anos — já foi há algum tempo.
O concurso disputou-se em várias eliminatórias que se arrastaram durante mais de 6 meses no Cinema Palácio, onde se efectuava semanalmente o programa “Parada da Alegria”, da atrás referida emissora.
Meu Deus! Como eu fui feliz na Beira. Aliás, uma “ginga” dava a um rapazelho da minha idade, uma independência total, numa cidade completamente plana.
Obrigado ao Big Slam
Carlos Guilherme (tenor)