“UMA DATA NA HISTÓRIA” – 21 de Novembro de 1963… Eduardo White
“Recordo esta noite um poeta inspirado. Um poeta genial. Um poeta assombrado pela vida e pelo destino do amor. Talvez o único, entre nós – falo dos poetas da minha geração! -, que encarnou a figura do poeta “maldito” e que a assumiu até às últimas consequências.
Amou implacavelmente a vida. A morte desde sempre rondou os seus versos. A morte, esse pássaro lento do esquecimento, como ele a designava. Esse ofício. O ofício da morte que nos deixou sem um dos seus mais brilhantes oficiantes. Um prodigioso esteta.
Morreu a 24 de Agosto de 2014, em Maputo. Tinha nascido em Quelimane, a 21 de Novembro de 1963.
Leio-o esta noite, com júbilo, como sempre. Leio-o no dia dos seus anos. Para que ele não seja deslembrado – essa tarefa inclemente dos prosélitos da pátria e do esquecimento primoroso a que votam os que divergem ou os que simplesmente não levam trela no pensamento ou na criação. Porque a invenção literária é o território da liberdade. É preciso amar-se a liberdade para se ser um poeta.
Leio-o como se o acenasse para esse país para onde ele terá emigrado, esse moçambicano sem favor de ninguém, livre e rebelde, genial e exuberante, que foi em vida um absoluto iconoclasta e se chamava Eduardo White.”
Texto de Nelson Saúte, transcrito com a devida vénia do jornal “O País”
- Não deixe de ver o vídeo seguinte: “A Palavra” – Poema de Eduardo White com narração de Mundo Dos Poemas.
- Se Eduardo White estivesse fisicamente connosco comemoraria hoje os seus 58 anos de idade.
2 Comentários
Jorge Rodrigues Milheiro
Gostei imenso de ler a poesia de Eduardo White. Fiquei muito impressionado com “Materiais do Amor Seguido de o Desafio à Tristeza” e “Janela para o Oriente” que rotulei de “prosa poética”. É uma delícia ler a sua obra. “O País de Mim” é um poema fantástico que entre outras coisas é um hino à mulher e ao amor. Nas outras coisas está a esperança num país melhor, um melhor Moçambique para todos. É um poema longo, mas que apetece ler sem parar, sem intervalos. Obrigado Eduardo White pela obra que nos deixaste. Descansa em paz.
josé carlos alves da silva
Lembro-me bem do Eduardo white meu conterrâneo e patrício. Tivemos poucos bons momentos. Lamento a morte dele. Paz à sua Alma, descanse em Paz. Amém.