“…Os retornados continuam a viver uma fantasia (1)…”
É o que diz, numa entrevista dada ao jornal Expresso de 26Ago2017, a escritora e professora, Isabela Figueiredo, natural de Moçambique.
A entrevista é sobre, mas não só! O livro/caderno de autoficção “Memórias Coloniais”; baseado na sua “experiência(?) até aos 13 anos vividos em Moçambique”, e dedicado ao seu pai:
“…. O meu pai nunca quis empregados brancos. Corria a cidade, o dia inteiro, de um lado ao outro, a controlar o trabalho da pretalhada, a pô-los na ordem com uns sopapos e uns encontrões”.
No livro das “Memórias” emprega termos com um “chorrilho de asneiras e palavrões” indignos de uma professora(?), filha e escritora.
Endereço do livro: http://piaui.folha.uol.com.br/materia/memorias-coloniais/
A entrevista:
Não sei se era ideia da Isabela, com esta entrevista, atingir os regressados do Ultramar, usando a figura do pai. – Ou se era para ser uma entrevista com uma “visão diferente”!…O que sei é que emprega termos que julgava “já esquecidos”.
Porque, – “quem cala e consente, não é filho de boa gente”!
Resolvi, para que também possam colaborar com os comentários, aqui deixar algumas das perguntas (P) feitas. – As respostas (R) dadas. Algumas truncadas mas sem alterar o sentido. – E o meu comentário (C).
P – “Se a narrativa colonial dos retornados não tivesse tido uma só versão, a de que os portugueses tratavam bem os africanos, teria escrito “Caderno de Memórias Coloniais”?
R – “Desde pequena que queria escrever esse livro. Aos 13 anos, quando saí de Moçambique, já tinha consciência de que estava a viver situações limite, muito dramáticas…..Os gestos do meu pai na forma como interpelava os empregados eram bruscos e brutos…..Eu fui uma filha muito amada, o meu pai foi um excelente pai, um homem generoso, mas um mau cidadão: O colonialista”…”
C – Tenho inveja da autora: – Por desde pequena, em Moçambique, Já ter consciência adulta e saber:- “que se estava a viver situações limite muito dramáticas.” É que nós, os outros que lá vivíamos, com aquela idade queríamos era brincar!
– Diz que o pai utilizava gestos “bruscos e brutos” com os empregados. – Desde que me lembre, esses “gestos” sempre foram utilizados na relação empregador/empregado em todos os países; democráticos ou não.
– “Colonialista” é uma palavra que, utilizada pelos partidos de esquerda, se aplica a alguém que enriqueceu nas colónias, explorando outros.
Como é uma filha que a aplica ao pai! – Creio que os “não Colonialistas” que não exploraram ninguém, e passaram dificuldades em África e depois aqui, se congratulam em saber que esta família “Colonialista”, chegou a Portugal sem “preocupações nem privações”.
P – Até ao “Caderno de Memórias Coloniais” (2009) quase nenhum retornado tinha esse discurso.
A narrativa era sempre outra…
R – Sim, sem dúvida. Para mim, era um grande tabu. Debati-me com um grande dilema. Estou a falar do meu pai, aquele que eu amo e cujo amor não desapareceu.
P – Esperou que ele morresse?
R – Sim. Naquela altura senti-me uma traidora. Agora já não.
C – É pior que isso! Porque traidor e traído dão quase sempre a possibilidade um ao outro de se defenderem! A autora esteve à espera que o pai morresse para publicar o livro. E nas entrevistas utilizar a seu “bel-prazer” a figura do progenitor!
P – Os retornados viviam uma fantasia?
R – E continuam a viver. Há aqui uma linhagem de narrativas, histórias contadas segundo uma fantasia colonial. “Aquele tempo era muito bom”. E era, para os brancos! Em África vivia-se numa bolha europeia.
C – É verdade. Continuamos a viver! – “…Aquele tempo era muito bom. E era, para os brancos!…” – Mas seja sincera! Diga que não era só para os brancos. Era para todos os que lá vivíamos, incluindo a Isabela. E as nossas estórias não são “…uma fantasia colonial..”! São memórias dos melhores anos das nossas vidas, no país que deixámos!
P – Era o “África Minha”?
R – Era. E é a mesma bolha na qual se continua a viver hoje. Há brancos e portugueses, negros ou moçambicanos a viver uma vida europeia em Maputo e a ignorar a miséria alheia. Saímos do hotel Polana e temos gente a dormir na rua e a comer dos caixotes do lixo. Sempre foi assim. Mas agora percebo melhor porque sou adulta.
C –“… Saímos do hotel Polana e temos gente a dormir na rua e a comer dos caixotes do lixo. Sempre foi assim…” – Não. Nem sempre foi assim! Havia pobreza; mas não se viam, assim tantas pessoas a dormir na rua e a comer dos caixotes do lixo! – Se tiver dúvidas, leia o meu post aqui no BigSlam: “Mortes na Lixeira de Maputo”.
Depois de ler a entrevista, e o “baixo calão” utilizado no livro, lembrei-me de uma professora de comunicação que, grosso modo, dizia:
– A escrita, muitas vezes, serve de “recolhimento ou escape”. E traduz o estado de ânimo e a personalidade do autor(a) que, para se tornar conhecido(a), tem sempre de quebrar com os valores culturais de uma sociedade. – Inovar, ser criativo e diferente, seguindo o dito popular: – “Falem de mim. Nem que seja para dizer mal!….Mas falem!”
Isabela, faça-nos um favor: – Deixe os que chama de retornados/colonialistas “continuarem a viver as memórias” dos melhores anos das suas vidas no país que lá deixaram para as gerações vindouras!
(1) Não é uma fantasia, não!…Desde o 25 de Abril de 1974 que são memórias.!
Vídeo de Anabela Costa com musica de Carlos Paião – “Lá longe Senhora”
Saudações Moçambicanas….Bayete!!!
Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno!
João Santos Costa – 25 de Abril de 2018
34 Comentários
J Júlio Simões
E muito bem feito. Parabéns.
Maria Victória Conseço Farias
Sou pintora, vivi em Moçambique, por isso também tenho o cognome de “retornada”. Vivi no mato e na cidade. Conheço bem as realidades dessas paragens e também reconheço que muito do que afirma esta senhora pintora revela que anda ávida de protagonismo e de consegui-lo pela maneira mais fácil: difamando. Quem teve um pai assim, tem telhados de vidro. Convém não atirar pedras.
Maria Victória
Carlos
Não conheci, não conheço nem quero conhecer nem a senhora nem o seu virtuoso pai.
Nasci e vivi em Moçambique 30 anos e por vezes custa-me a aceitar o cognome de “colono” mas aceito-o em nome do meu pai. Não aceito e repúdio o de “colonialista” pois esse nome está reservado aos que, do rectângulo a que ficou reduzido Portugal (com a honrosa inclusão das ilhas adjacentes), comandaram, dirigiram e infetaram com medidas muitas vezes erradas, a boa terra moçambicana. Os colonialistas estavam cá, não lá.
Quem construiu Moçambique pode estar certo de que deixou obra invejável e comparar os anos 60 e início dos 70 com a realidade actual, é um cometimento doloroso.
Para se falar de convivência com diferentes etnias, não basta conhecer as cidades. Eu conheci verdadeiramente a minha terra nos 2 anos e meio de permanência no mato, um como alferes, 1,5 como capitão graduado. Os meus soldados não tinham a minha cor na pele mas nenhum desertou e ainda hoje recebo espaçadamente cartas deles. Foi esse o ódio que deixámos?
Em contrapartida estive na Metrópole nos anos 50 e chocou-me ver rapazinhos de 10 anos de idade a servirem nas mercearias e serem na generalidade maltratados, para não falar nas empregadas domésticas, na altura “criadas”, que por vezes à meia noite tinham que se levantar para trazer um copo de água à patroa.
Concordo pois com os comentários oportunos ao livro desta infeliz senhora.
Carlos Guilherme (tenor)
vascomota1@sapo.pt
Um abraço!
Ana Paula Cabrita
Sem quaisquer comentários à vida sexual da família Figueiredo, retratada de uma forma bastante populista, há verdades que os “retornados” e os “filhos de colonos”não querem aceitar.
Os negros, iliterados, só prestavam para servir os ” brancos”.
Certamente que o trato era proporcional ao grau de civilidade de cada família branca.
Refiro-me à zona da cidade da Beira,em Manica e Sofala.
Sou do tempo em que o “negro” tinha que se afastar de uma ruela ou passeio para dar passagem ao branco.
Nas idas às matinés, nas salas de cinema do São Jorge, Nacional, Olympia e ultimamente do Novocine, nunca se via um negro.
O mesmo acontecia nas praias frequentadas pela “elite branca”.
Nunca vislumbrei um único negro a tomar banho na praia do Clube Náutico, por exemplo.
Era normal haver o ” mainato” que tratava da lavandaria de qualquer casa de uma família de brancos, o “moleque” que limpava diariamente a casa e do jardim, o cozinheiro que tinha a seu cargo a zona da cozinha, o “pequenino” para entreter a criançada de tenra idade e as ” mamanas” que levavam os ” meninos brancos” à praia, tratavam dos banhos etc.
As “cubatas” aonde os ” serviçais” permaneciam dentro da propriedade não tinham electricidade nas divisões precárias mas a garagem para guardar os “pó pós’ estavam electrificadas.
Adorava ” almoçar” com os ” moleques” a célebre massa (sadza) com um molho feito com o peixe mais barato que se comprava no bazar, sentada com os meus irmãos, numa pedra à volta de uma fogueira.
O próprio sistema colonial incentivava a exploração dos negros que eram obrigados a cultivar um hectar de algodão, por conta do imposto.
Quando faziam a entrega do algodão, na zona estipulada pela ” administração” ( hoje equivalente ao poder local) o negro que transportava com a família,a pé, durante dias os fardos de algodão, eram então roubados pelos Senhores Administrativos, na classificação, no peso, nos trocos quando pagavam o imposto.
Caso houvesse imposto por saldar, eram imediatamente recrutados como ” condenados” por um período de tempo, para trabalharem em explorações agrícolas ou mineiras dos Brancos Protegidos do Sistema Colonial.
A partir dos anos 60 começou a campanha multi racial que permitia a entrada de negros, mestiços nas escolas oficiais.
Quando faço uma retrospectiva do passado colonial, sou forçada a aceitar que nada foi perfeito.
Só tenho saudades das valentes trovoadas tropicais…
Conceição Reis
Será que depois da retirada dos brancos portugueses os brancos que povoaram Moçambique deixaram os negros com melhor nível de vida? ou ficaram piores?
carlos m.d.silva silva
E agora a senhora está provávelmente bem na vida e resida na linha de Cascais.Presumo pelo que diz ,que também pertenceu á classe branca colonialista e exploradora,mas que nunca se tenha afastado do passeio para deixar passar um preto; ia ás matinés mas nunca ofereceu uma entrada ao mainato lá de casa; andou com o cuzinho tremido nos pópós dos brancos exploradores ;,se gingava com tecidos de algodão puro quando ia aos bailes dos tais brancos e por aí fora.Agora de consciencia tranquila dorme na paz do Senhor porque falou a” sua” verdade,que como diz no inicio do seu seu comentário,os “retornados não querem aceitar”.Já agora a senhora nasceu em Moçambique ou também é retornada?De acordo estou que no passado bem distante portugueses exploraram e bem o povo moçambicano.Muitos e tavez também familiares seus enriqueceram e aumentaram o seu património em Portugal ou seja enriqueceram,e agora aparecem os seus descendentes a arvorarem-se em paladinos da verdade.Minha senhora:…se os negros ,iliterados,só prestavam para servir os brancos,permita-me dizer que tambem nesse mesmo passado os “portugueses iliterados” que não eram poucos serviam quem? poderemos de facto discutir as diferenças de classes existentes no antigamente,em vez de andar a discutir o preto e o branco,como é apanágio da maioria dos bem pensantes portugueses,O pudor é tal nesta classe que dizem “negro”,e se alguém diz preto é racista.Verdade se diga que a Wikipédia entre outras afirma :negro ,igual a preto.E fico-me por aqui,e já agora se o seu passado colonial só lhe deixou saudades das valentes trovoadas,é caso para se desconfiar do seu protagonismo moçambicano.Possivelmente prevaleceu o seu ADN portugues,e de mocambicana não tem nada.Resta-me afirmar que o nosso passado dito”fascista”não foi assim tão mau como dizem os tugas.Deixámos ao povo moçambicano pelo menos os imensos recursos naturais,que nos tempos que correm valem fortunas,que bem administradas podem proporcionar a esse mesmo povo uma saída para a pobreza extrema em que vivem..Em contraciclo vemos a europa dita civilizada incluido este Portugal dos pequeninos pretensamente democrática a regredir cada vez mais,em tudo.Se daqui a 50 anos ainda houver gente a habitar este planeta,os europeus serão os novos africanos…ou chineses.
carlos m.d.silva silva
o meu comentário foi feito como resposta ás afirmações da Srª Ana Paula Cabrita.
Paulo Carvalho
Aquilo que a pessoa que desceve a situação em Moçambique na era colonial,onde, muito provavelmente, conheceu poucos lugares daquele país,peca pela falta de conhecimento da verdadeira atitude dos portugueses face aos negros moçambicanos.
Tem razão,para se escandalizar com a forma como o seu pai,tratava os negros, agredindo-os fisicamente. Infelizmente, não era só o seu pai que o fazia , mas essa não era a forma como a maioria dos portugueses tratavam os negros.Não teve tempo para reparar, que em especial os filhos dos portugueses ,mas já nascidos em Moçambique ou, os que para lá foram viver ainda novos,não tratavam os negros da mesma forma que o seu pai .Mais.tinhamos repulsa, por ver essas atitudes cobardes e desumanas!
Nas casas em que habitei, onde normalmente tinhamos um empregado doméstico negro,nunca vi ninguém bater num empregado.Nunca isso aconteceu! Mais, tive um empregado que deciciu ir trabalhar para as minas na Africa do Sul e, uma das primeiras coisas que fez, foi mandar uma encomenda para mim, com um par de sapatos òbviamente novos. A ùltima pessoa que para nós trabalhou, antes de termos deixado aquele país, fez-nos um pedido:Por favor, arranjem-me um outro patrão, mas que seja português…
É verdade que a forma como as pessoas se relacionavam com os negros não era a desejavel, nem justa.Devemos no entanto levar em conta o contexto em que isso se passou:Há 50,100,ou 150 anos… As mentalidades não eram como as da actualidade! Ainda agora,elas evoluiram no bom sentido mas, continuam a não ser exemplares e julgo mesmo, que isso se passa em todo o Mundo, porque de todos o lados nos chegam relatos que o comprovam.
A forma como a autora refere a “pretalhada”, é inaceitavel !
Diz que afinal,no Maputo, está tudo na mesma ou ainda pior, tendo as elites locais substituido os portugueses que partiram…
Digo mais…Tenho a percepção, de que se pudessem, viriam a maioria, viver para a terra do “colono”! Actualmente,pelo menos, meio milhão, já cá reside!…
Helena
Concordo em pleno consigo nasci em Lourenço Marques a minha mãe também e a minha avó materna tive colegas de escola de todas as cores ainda hoje ao fim de 64 anos mantenho grandes amizades e amigas
José Carlos
Essa senhora é uma esquerdoide rasca.
Fala e generaliza o tema com aquele asco de esquerda frustada.
Que sumidade com 13 anos!
António G Silva
Amigo João,
Este ser merece, da minha parte, este simples comentário: 35 anos depois de deixar Moçambique voltei lá, com a simples intenção de desligar o circuito alimentador das lembranças que tinha daquela terra, onde vivi 20 anos.
Comecei por Nampula, cidade onde vivi entre 1956 e 1968, quando fui estudar para LM. À entrada e na revista das bagagens (uma mala só com lápis e canetas para distribuir pelas escola que frequentei) e, conversando com os polícias de serviço, confessei ter vivido naquela linda terra. Passaram chamar-me papá e mamã à minha esposa, também ela nascida em Moçambique (Quelimane). Tanto que nos pediram para voltar, que nós, portugueses, faziam muita falta e compreendiam e estimavam os moçambicanos.
Se isto foi fruto de tratamento indevido, que alguns houve evidentemente, para com os pretos, chineses, indianos, paquistaneses, muitos nossos colegas de escola, serviço militar, trabalho, etc. então a que se deve o comportamento amistoso na nossa recepção?
Esta senhora devia ter vergonha daquilo que escreveu sobre a nossa vivência em Moçambique. Apesar de se dizer tão esclarecida aos 13 anos, não aprendeu foi nada com a estadia naquela terra maravilhosa, banhada pelo Índico, felizmente.
Um forte abraço.
Iglesias
Pois é João Costa , nós que por la andamos tanto ano e ate ja saimos de la bem crescidinhos nunca vimos nada disto, portanto uma criancinha de 13 anos o maximo que viu foi as bonecas que os chineses vendiam no bazar, e nem com isso sabia brincar, pois com tanta burrice que demonstra nao sabia mesmo, agora quer mostrar que é uma intelectual, mas nao passa de uma anormalidade com defices cerebrais, nao liguemos a retardadas e fazemos de conta que nunca escreveu nada, Mocambique continua a unir- nos e o resto é treta
Carlos Ribeiro
Eu nasci, cresci, estudei e trabalhei em Moçambique com gente de todas as raças e credos. Os meus amigos eram pretos e eu gostava de brincar com eles descalço.
Vivi em Moçambique até finais de 1979, onde, nos primeiros anos de independência se praticava o comunismo soviético.
Nós últimos anos, o que mais me custou, foi ver no Consulado Português, antigos combatentes negros, com as suas cadernetas militares, a pedirem a cidadania portuguesa por terem jurado sobre a bandeira portuguesa defender Portugal e esse direito ser-lhe-á negado.
Se os brancos eram tão mais como ela diz, porque queriam eles ser portugueses?
Vivia no Hotel Poliana, porque nunca passou necessidades. Sempre viveu no luxo.
O meu pai faleceu lá com problemas de coração, tinha eu 19 anos e prestes a cumprir o serviço militar e porque ele era contra a guerra.
Augusto Martins
Pelos excertos da referida obra que acabei de ler aqui, fico com a certeza de que o livro possa ter qualquer interesse que permita avaliar a qualidade ou a realidade da vida daquela comunidade, naquela época, por duas razões principais: 1ª. É uma indignidade inqualificável esperar pela morte do próprio pai, para o condenar publicamente, negando o direito de defesa ao seu próprio pai; 2ª. O palavreado usado, por vezes, no texto é impróprio de alguém que se apresenta como professora e escritora, mesmo que queira que sejam lidos apenas como figuras de linguagem.
Gostava de acrescentar que, das quadro gerações a que pertenço e das quais três ficaram enterradas em Moç., de onde só saí em 31Dez1975, nunca consegui ver, à saída do Polana à noite, mendigos negros ou brancos, a dormir na rua e com fome.
Não consigo perceber como é que essa menina de 13 anos, na mesma época e em memos de metade do tempo de vida, conseguiu ter essa visão.
António Paulo Almeida
Coitada, Drª. Não sabe o que é África.
Virginia
No fundo, nota-se bem que esta senhora viveu num clima de um papá “tirano”, mas só para os de fora, já que em casa tudo TINHA de parecer que era mimo.
Pois eu sou uma felizarda. Não gosto de agressões, sempre vi os meus pais tratarem os criados como pessoas…por certo não os sentavam à nossa mesa, mas pergunto: Será que a Dra. Isabela senta a empregada domestica à sua mesa?
Posso dizer que ainda este fim de semana tive uma estudante de eng. do ambiente, é família do meu servente nos Serviços de Veterinária, a passar uns dias comigo.
Tenho voltado a Moça. quase anualmente. Tenho lá bons amigos de todas as raças e não tenho medo de chamar pretos aos pretos, porque negro, negreiro etc…está conectado com esclavagismo e eles não são escravos.
Sabem, pessoas deste género, até conseguem dizer que o sol só nascia, para os brancos, em Africa…
Deus lhes perdoe….
Vasco Sousa
Uma pessoa sem conhecimentos da nossa terra
Ela que tenha vergonha do que escreveu e que o pai mesmo que tenha sido um velhaco para com os negros que descanse em paz…
Pois a filha ainda é pior que o pai.
Desprezo !!!!!!!!!
Cobardia assumida.pois esperou pelo falecimento do pai .
Wanda Serra
Nao merece nenhuma especie de comentario da minha parte.
Joao De Abreu
Familia Abreu,
Cinco gerações em África onde criamos dezenas de empresas e milhares de empregos. Empresas onde não existia destincao de cor nem religião.
Onde empregados tinham mais assistência que existe hoje nos EUA para empregados.
Mal tratar qualquer ser humano era imediata demissão para o agressor. Demiti um gerente (metropolitano) com dez anos de casa por ter dado uma bofetada num empregado. Se seu pai fez o que fez não foi por ser nem português nem colonialista e sim por falta de educação e princípios.
O resto das afirmações desta senhora? Não merecem comentários.
Respeitosamente
Antonio S.Silva
Antonio J. Silva
Acho lamentável esta deriva populista da Senhora Doutora(?). Nestes anos todos sempre pensei que a verdade que nós conhecemos e vivemos fosse traduzida de forma leal e simples, mas verdadeira, nunca deturpada. Escutar um Homem Branco dizer ( apontado a Senhora Preta, a seu lado ): “Esta é a Mae de 11 Filhos que eu tenho”, ou ecutar um Homem Preto a agradecer a formação que a Escola havia dado ao Filho, são perfumes que a autora do CADERNO DAS MEMORIAS COLONIAIS não soube cheirar. É redutor o texto do Caderno das Memórias, por não ser isento. Essa caracteristica é determinante para que se possa dizer que o texto sofre de estrabismo ou de intencionalidade.
E, isso, Srª Doutora, não pode ter o meu aplauso, nem da maioria de nós que ali viveu, estudou, construiu e ajudou a fazer Paises dignos sendo sempre Pessoas de Bem, tanto lá, em Moçambique, como agora em Portugal. E, talvez até por isso, constituiram objecto de alguma atenção distorcida. Não trabalho, actualmente, em Portugal, mas estou aí, ao lado dos meus Colegas de escola, liceu e universidade com quem contacto regularmente, falando, do quotidinao actual com a capacidade critica que cada um tem. Isto é fruto do cimento forte que a sociedade e a academia em nos formou. É que fomos criados, em liberdade, numa sociedade multiracial, fraterna e isenta, que nos acarinhou e embalou. Muitos dos nossos amigos de hoje, são os amigos do passado, pretos,brancos, chineses indianos paquistaneses, etc. com quem mantemos uma relação forte.
Não nos revemos nesses excessos que o CADERNO DAS MEMORIAS COLONIAIS pretende sublinhar.
Encontramos muitas de Pessoas – estrangeiras – por exemplo, no Gabão, Senegal Tunisia, Argelia que afirmaram que aqueles Países constatavam que a Humanidade e a pratica dos Cidadaos Portugueses em África contrariavam as politicas anormais de Lisboa. Por isso, decidiram dar apoios à esquerda Portuguesa e aos movimentos de libertação, considerando que esse seria um caminho correcto para dar satisfação aos cidadaos do Mundo que estavam em Africa, designadamnente, Portuguses. E isso era devido, igualmente, ao facto dos Portugueses nunca terem destilado, em África, o veneno com que outras culturas ensombraram aquele Continente. No Gabão e no Senegal – Países de cujos portos saíram milhoes de escravos para as Américas – nunca escutamos um palavra verberando Portugueses. PELO CONTRARIO, FOMOS REFERENCIAS POSITIVAS da era Colonial, contrariando o Caderno das Memorias Coloniais,.
E todos nós nos lembramos do que aconteceu no Katanga,no Congo e noutras latitudes, por termos sido testemunhas do que aconteceu nos ginasios das nossas escolas em LM, na Beira etc..
Todavia, tambem, ocorreram excessos , aqui e ali, que foram gerados por enquadramentos desajustados. Mesmo lembrando-nos de Angoche e do que ocorreu nos palmares
Mas a politica carece ser dissociada da Cultura e da Humanidade. Ainda hoje assistimos a processos abjectos onde a politica deu/dá jeito ser confundida com interesses pessoais. E, isso dá direito a dizer que os Portugueses são execráveis? Que nao têm cultura e , por isso, precisam ir adquiri-la em “Paris” ?
É irrealista confundir a árvore com a floresta, A Senhora Doutora ter´a opinião que expressou na sua “obra magistral”.
Nós temos outra opinião. Nós nao temos capacidade para destruir, não só por nao termos ódios nem venenos dentro de nós, como também porque nós vivemos a verdade e a Humanidade que os Povos sabem aplaudir, longe da politica e do mediatismo.
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Mário Celso Vilar
Nos Cadernos Coloniais, Isabela Figueiredo narra factos, dá testemunho do viu e viveu em Moçambique. Os Cadernos Coloniais não são, pois, uma ficção; são um depoimento precioso, cru embora, mas muito bem escrito. As vivências das gentes em África não foram todas iguais, embora tenham muito de comum. Escrever o que escreveu e dizer o que diz, nomeadamente contra o próprio pai, que amava, não foi fácil a Isabela Figueiredo, como ela própria reconhece. Aos 13 anos já não se é criança, mesmo se nem toda a gente atinge a maturidade na mesma idade. Quando se é sensível e se tem olhos para a ver, quando se tem sentido crítico e se pensa pela própria cabeça, pode-se ter, aos 13 anos, a consciência que ela teve e chegar às mesmas conclusões que ela chegou. A Mafalda do Quino não é uma personagem de ficção; existem, felizmente, muitas Mafaldas neste Mundo desgraçado. O tratamento dado aos empregados não brancos nas colónias não era igual ao dado na Europa aos empregados brancos, mais que não seja devido aos preconceitos racistas. Nem toda a gente se comportava do mesmo modo, mas a maioria não tratava os negros como iguais. Sei do que falo porque nasci e vivi em Moçambique até aos 16 anos, e aos 13 não pensava só em brincar.
carlos m.d.silva silva
Coitada.A moça tem ou terá a viver uma crise de identidade.Uma carateristica do ser portugues é esta.Aproveitar-se da baixa literacia dda maioria do povo portugues(leia-se:capacidade para ler,escrever,perceber e interpretar o que é lido),para sobreviverem,orientarem-se.Esta moça,que dizem ser doutoura,já aos 13 anos era uma menina precoce.E agora sabe-se lá porque carga de água lembrou-se de escrever um livro. Oprtunista,traidora,cobardola?critica o pai pelo seu comportamento colonialista e diz ainda amar o seu falecido pai….coitada da moça hoje doutoura…até me dá vontade de chorar.Se verifica que hoje é a mesma bolha com” brancos e pretos” a viver á grande e á francesa na cidade de Maputo e eu actrescento e não só, e enquanto o povo continua com fome e sem tecto para dormir,o que é uma realidade,não seria altura de dar o seu contributo e escrever um outro livro sobre o que se passa na sua terra de nascimento nos tempos actuais a que poderia dar o titulo de:Memórias de uma minoria que vive em grande em Moçambique depois da partida dos colonialistas portugueses?.Sempre seria mais útil a bem da verdade,e talvez criasse mais polémica que se traduziria mais proveitos para si proprio…..
Carlos Gonçalves
Esta menina de 13 anos hoje uma senhora oportunista não merece nenhum comentario da minha parte pois esperou a morte do pai para o criticar(nada bonito)e com 13anos ficou com uma imagem errada das pessoas que lá viveram e que merecem mais respeito !
José Herculano Figueiredo
Boa noite estive aqui a ler umas coisas que até dá vontade de dizer Famba Tinhela, é assim mesmo, primeiro essa mufana ainda era capaz de fazer xixi na cueca com essa idade, depois porque não sabia até porque não tinha idade, o que era uma batucada no mato a beber caju 3 dias, que havia branco bruto e violento, pois havia, aqui também existe disso, que o digam os judeus que foram só 6 milhoes pró maneta e os 10 milhoes de ucranianos que os russos limparam, bem mas vamos aqui dizer que a Senhora Dulce Germano não sabe o que diz sobre a RODESIA, 1º porque sou RODESIANO e conheço a RODESIA de Umtali a Beit Bridge, com uma filha nascida naquela bendita Terra, havia muita coisa boa até boa demais direi eu,mas no mato a coisa não era assim e olhe que sei o que digo,porque devido a afazeres profissionais passei muitos meses no mato. Os meus colegas trabalhadores da RISCO apesar de viverem em cidades separadas eram respeitados como colegas, que havia um ou outro branco ignorante e bruto pois havia, existem tantos cá na santa terra também . O problema é que quem não sabe até fala de retornados, eu pergunto como pode uma pessoa que nasce noutro pais regressar ao pais onde não nasceu, deve ter sido algum ILUMINADO IGNORANTE que inventou esse nome.Vamos põr essa escritora no lixo e viver sempre com as melhores memórias do que era na altura a PÉROLA DO INDICO. HAMBANINE a todos
João Mendes de Almeida
Sabes João, eu sempre disse que os piores e os responsáveis pela maior parte da desgraça que caiu sobre a nossa terra, logo mesmo no início, no pós 25 de Abril, não foi o pobre do africano que aprendera que era português e que disso se orgulhava. Os piores foram, como esta “fulana”, os brancos ressabiados, comunas que se passaram para o outro lado instigando a violência e acirrando ódios que não existiam.
Um grande abraço para ti e parabéns por mais este teu escrito.
Ana Varges
Nem perco tempo a comentar pois não concordo com o que ela escreve. Ela não viveu nem sentiu o que nós moçambicanos nascidos naquela terra sentimos: amor, saudade, nostalgia. ” graças ” ao 25 xe Abril tivemos que fugir e deixar tudo para traz. Ao fim de 43 continuo a ter saudades da minha terra e dos tempos que lá passei. Voltei lá em Setembro de 2017, 42 anos depois mas voltava já amanhá se pudesse. África minha Moçambique estaŕá sempre no meu <3 e as recordações e memórias vou guada- las com carinho
Rubim Silva
Mais uma oportunista a querer ganhar dinheiro e fama,à custa da desgraça dos retornados. Tenho lá o meu pai sepultado, vivi e trabalhei em Moçambique até 1976 nunca assisti a episódios destes!
Vitor passos
João, Comentar o quê? Esta senhora? Quanto mais se comenta, quem anda à procura de valorização e protagonismo?
A gente desta natureza a melhor forma de os desprezar è ignorar-los.
Mario Garcez
Amigo João.
O único comentário que posso fazer é que passados 44 anos ainda há muito boa gente que tem uma espinha atravessada na garganta, pois a maioria de nós retornados e refugiados conseguimos dar a volta por cima e vivemos de realidades e não de sonhos nem fantasias.
Um abraço.
ABM
Ah ah ah.
Cândido Pimenta
Mais um(a) a ofender. É sinal da nossa importância no desenvolvimento da sociedade portuguesa.
Gente(?) assim é de ignorar. Eu ignoro
Um abraço
Maria do Carmo Gonçalves
Maria do Carmo Gonçalves
Essa é somente uma opinião não pode ser generalizada
O meu pai trabalhou e passou muitas dificuldades para nós termos escola NÃO colonizou ninguém assim como tantos que aqui trabalharam naquela época.
Zé Carlos
Olá João, realmente esta matéria toca muito nas feridas de muitos que viveram esses tempos, eu incluido.
É certo que a evolução dos tempos geralmente tende a desemvolver a mentalidade das pessoas, mas esse desemvolvimento da mentalidade nunca é idêntica para todos. Cada um desemvolve e cresce consoante o ambiente em que está inserido.
É natural que um determinado número de pessoas partilhe a mesma opinião da autora, conforme é natural outros discordarem.
No geral, fica a impressão que a autora relata o que experienciou e tu João, fazes boas análises, mas ao mesmo tempo, é a memória ou experiência da autora, portanto concordo ela estar a generalizar essa sua experiência como se por acaso tratasse a maneira como todos os ‘colonos’ assim fizessem.
Não estou a desculpar as ações de certos administradores e seus sipaios, ou comerciantes que abusavam para proveito próprio ou simplesmente por puro racismo.
Claro que sempre houve e ainda existem grandes sacanas por todo o lado, não só em Moçambique do tempo colonial, como pelo Mundo fora.
Mas agora vou digressar um pouco para mencionar o seguinte;
Apesar de ser muito novo, conheci muitas partes da região Sul de Moçambique, do Maputo até ao Save e não creio que a vasta maioria dos ‘colonos’ tivesse esse tipo de atitude.
Sou um pouco mais velho que a autora, e na minha vivência pessoal, nos anos 60 e 70, afirmo que já era comum conviver com crianças indígenas, tanto na escola como no desporto e socialmente.
Lembro bem que havia atitudes racistas de certas pessoas, se era a maioria ou uma minoria não sei, mas ao mesmo tempo, o desemvolvimento e progresso social, já estavam a abater muitos preconceitos e taboos culturais de ambos os lados, tanto ingigena como colonial, e não duvido que com um ’25 de Abril’ feito como devia de ser, a situação iria continuar a melhorar para todos.
No meu caso particular, não éramos ricos, Avô, Pai e depois a Mãe trabalhava para o estado.
Os meus Pais e Avós davam-se bem com toda a gente de diversos extratos sociais, todas as raças e credos. Éra-mos visitados e também visitáva-mos. Algumas pessoas tinham boas casas de alvenaria, com água e esgotos e tudo mais enquanto muitas outras tinham casas menos boas de lata e caniço sem água, esgotos ou casa de banho lá dentro. Uns eram doutores, alto funcionários ou capitalistas e outros eram enfermeiros, estivadores ou pedreiros.
Em todos os casos, os que tinham pouco ambicionavam ter mais e dar aos filhos um futuro melhor e nesse ambiente, imperava o respeito mútuo no meio daquilo tudo. Era muito normal pedirem-se favores e ajudas, tanto de baixo para cima, como de cima para baixo.
Por exemplo, entre os que os meus Pais ajudaram, houve um que ensinaram a ler e a escrever e mais tarde, fez a tropa na Engenheria e lá especializou-se em máquinas e quando saiu, foi trabalhar como maquinista de guindastres na ponte cais a ganhar ordenado acima da média. Noutra ocasião o Avô teve de fazer um dreno novo no quintal, e quem foi lá fazer o trabalho, foi um amigo que era pedreiro e cobrou o preço de custo.
Quando íamos visitar, levávamos sempre algo para todos, roupas, coisas de cozinha, rebuçados, bola para jogar, açucar ou chá, e quem nos visitava, trazia sempre algo, mangas, abacate, guava ou bananas, ou uma galinha ou marisco. Era uma grande festa e todos se divertiam.
Quero com isto dizer que havia muita gente que se entreajudava fosse no que fosse, dentro das suas possiblidades e ramos de actividade.
Ao mesmo tempo, também conhecia-mos um ‘bufo’ da PIDE e alguns como o Pai da autora, que mal tratava quem estivesse debaixo deles, como também conhecia-mos um ou dois liberais de raças diferentes, que sonhavam com a autodeterminação e o fim do colonialismo etc etc.
Voltando ao livro e entrevista da autora, o que me irrita por vezes, é haver quem tenta meter tudo no mesmo saco da sua narrativa e a ironia por exemplo, é muitas uma minoria fazer-se passar pela maioria, apenas porque teêm melhor acesso a plataformas de divulgação ou propaganda.
No fim de tudo, parece-me que a grande maioria por estarem demasiadamente aterefados com as necessidades do seu dia a dia, não tem tempo para passar cartão, enquanto os poucos que teêm acesso às plataformas de propaganda, fazem parecer que eles é que sabem tudo e depois fica registada uma distorção que raramente é devidamente desafiada…