Relatos de uma viagem por terras de África (12) – “Viagem e primeiro dia na praia do Bilene…”
3 de março de 2017 – Sexta-feira
Levantamo-nos cedo, pois tínhamos que estar em casa do Valdemar Cortez, no Bairro Triunfo, pelas nove horas da manhã, o horário marcado para a saída da viagem que nos levaria até ao Bilene…
O primo José Pedro simpático e atencioso como sempre, deixou-nos lá uns minutos antes da hora combinada.
Depois do Jeep devidamente artilhado, a tripulação tomou os seus lugares, e estávamos prontos para a viagem que nos levaria até ao Bilene pela EN1. Utilizámos a recente via rápida da marginal que faz a ligação até Marracuene – Circular de Maputo. O tempo de viagem estimado era de duas horas e quarenta minutos, para os 177 Km de percurso.
A tripulação era constituída por mim, a Helena, a Elsa Pinheiro e pelo Quim Pereira, tendo como “driver” de serviço o Valdemar Cortez com larga experiência nestas viagens até ao Bilene…
O dia estava magnífico para viajar, pois não estava muito quente, pelo menos àquela hora da manhã.
Na estrada os controlos policiais eram mesmo uma constante…
… e, num deles, fomos mandados parar. Circulávamos um pouco acima do limite de velocidade para aquela zona. Foi o único contratempo e foi bem superado com a boa disposição dos passageiros.
Durante a viagem aproveitámos para tirar algumas fotos dos lugares por onde passávamos. Marracuene, Manhiça,
Passámos ao lado de Palmeira, uma povoação do distrito da Manhiça, situada na estrada nacional EN1, 100 km a norte de Maputo. Deve o seu nome – Palmeira – à existência de um espécime dessa árvore junto à estrada, que sobreviveu por várias décadas e funcionava como ponto de referência aos viajantes. Sucumbiu à velhice e à força dos ventos fortes que se fizeram sentir em Agosto de 2004… Desta árvore secular resta apenas a base do tronco e uma placa evocativa.
Uma foto de arquivo para se recordarem:
cruzamento de Xinavane… a estrada continuava boa.
Macia,
onde parámos para comprar fruta da época, pois é um ponto obrigatório para abastecimento. Aqui a fruta silenciosamente amadurecida pelo sol, é doce e suculenta e têm um sabor diferente… simplesmente divinal! Maracujá, pera abacate, tsintsiva (ou tchinchiva), batata doce, ananás, mandioca, tangerina, laranja de casca verde, melancia, papaia, mangas, atas, contrastavam sobre a terra vermelha.. (quem se lembra daquela terra vermelha? E do cheiro a terra molhada?)
Bonitas papaias de Moçambique!
A célebre banana-maçã; a Elsa não resistiu e comprou logo um cacho delas!
e que boas que eram…
e até deram para servir de chapéu ao Quim. 🙂
Helena e Elsa, posam para a objetiva do BigSlam depois das compras feitas.
O “paparazi” Joaquim Sucena Pereira (JSP), com a sua excelente máquina fotográfica, não dava tréguas…
Ele e a Elsa, tiraram muitas fotos de alta qualidade!
Depois de Macia, saímos da EN1 e apanhámos a estrada que vai para a Praia do Bilene. São cerca de 32 Km. Apesar da estrada ser mais estreita, está em muito bom estado.
Até chegar ao Bilene os vendedores são mais que muitos e vendem de tudo um pouco…
lenha, carvão, mel
castanha de cajú já embalada em sacos de plástico.
Às portas da Praia do Bilene…
Chegámos ao nosso destino ao fim de três horas de viagem. Fomos de imediato para o Bilene Lodge Hotel, complexo onde iriam ficar hospedados, a Elsa, o Quim e o Valdemar.
Pareceu-nos um lugar muito agradável combinado com uma piscina simpática e uma excelente vista sobre a enorme Lagoa de água salgada, separada do Oceano Índico por uma estreita faixa de dunas…
Um autêntico paraíso…
o apartamento com quartos bem concebidos e vista privilegiada, mas com algo curioso: é que havia vários frigoríficos na casa, mas o mais incompreensível é que um dos quartos não tinha ar condicionado. 😥
Depois de largar as malas nos aposentos, partimos para o Complexo “Palmeiras”, onde o Valdemar tem o seu barco “Ripe” modelo Viking.
Logo que chegámos fomos dar um mergulho, nas águas calmas da lagoa… parecia sopa.
Depois fomos até ao restaurante, onde a Helena tomou o café da praxe, com esta magnífica vista sobre a lagoa…
as senhoras encomendaram depois umas sandes, para levar connosco na viagem de barco…
Partimos em direção ao oceano Índico, tendo como comandante e dono da embarcação – Valdemar Cortez.
A abertura do canal, que liga a Lagoa do Bilene ao oceano Índico, tinha sido efetuada no dia anterior.
É uma intervenção de vital importância que se realiza periodicamente, para a limpeza da Lagoa, para a renovação das espécies marinhas, de forma a garantir rendimentos aos pescadores, como também para a atracção de turistas.
Por coincidência, na viagem que realizei com a minha filha há doze anos, também assisti a este acontecimento que não é muito vulgar, pois chegam a estar, por vezes, alguns anos sem abrir este canal.
Desta vez, já encontrámos o canal completamente aberto e com uma corrente muito forte, no sentido lagoa – oceano. Havia que ter todo o cuidado, para que a embarcação não fosse levada pela corrente.
Depois do barco ancorado em terra firme,
caminhámos até ao oceano. À chegada tivemos que montar o chapéu de praia, pois o sol tórrido assim o exigia, mas a brisa que soprava e alguma falta de habilidade dos homens, criaram dificuldades inesperadas… 🙂
Depois de uns bons mergulhos nas ondas oceânicas do Índico, onde o mar é mais bravo, regressámos ao barco,
para um longo passeio pela bonita lagoa do Bilene, onde por vezes se vêm algumas sereias…
onde se tiraram fotos em lugares “nunca dantes caminhados”…
e sempre com o comandante a bordo, “não fosse o diabo tecê-las”…
Samuel e Helena embalados pelo mar e com o sabor da brisa…
Visitámos um lugar para mim desconhecido – “Villa N’Banga”,
até lá e por sugestão do Valdemar, o comando da embarcação passou para as mãos da Helena
que saiu-se muito bem, desta responsabilidade de nos levar a bom porto…
o mais difícil foi sair do barco…
Atracámos, entretanto, em “Villa N’Banga”
fomos até ao bar do Complexo
onde aproveitámos para beber umas águas de coco…
e saborear a gostosa tsintsiva (ou tchinchiva), quem se lembra?
Neste empreendimento turístico os hóspedes encontram relaxamento total, em ruptura com o stress da vida moderna. Contemplem estas imagens de paz e serenidade…
Junto a um velho barco de pesca…
Os meninos na encosta apanhando tchinchiva…
O silêncio da lagoa ao por do sol…
Na despedida alguns “mufanitas” tentam vender mais um raminho de tchinchiva, ou mesmo um passarinho apanhado algures…
Já no regresso,
estava reservado para o fim, a parte mais divertida do dia – “surfing” com bóia.
Os manos Pinheiro, a Elsa nas filmagens e o Rui na edição de imagens (vídeo), fizeram-me esta surpresa! – tire o som de fundo da reportagem (no topo deste artigo) e no final do vídeo, volte a ligar o som:
Kanimambo Elsa e Rui por esta bonita e radical recordação!
Regressámos ao Complexo Palmeiras com este magnífico por de sol africano…
Já à saída do “Palmeiras”,
seguimos, depois, para casa dos meus primos Clarisse e Rui Tadeu que, entretanto, tinham chegado de Maputo.
Tomámos um banho e fomos contemplados com um jantar delicioso na varanda da casa…
Tivemos, também, a companhia para o café do casal Luísa e José Neves. Como bons moçambicanos, a “bula-bula” durou pela noite dentro…
Depois deste dia completamente preenchido, estávamos exaustos… fomo-nos deitar mas, antes, fitámos o céu que estava completamente estrelado e brilhante. O dia seguinte prometia de novo!
Foram utilizadas algumas fotos nesta reportagem, cujos créditos são de: Joaquim Pereira e Elsa Pinheiro a quem o BigSlam agradece!
Música: Wazimbo – Nwahulwana
- Não perca o próximo episódio desta viagem por terras de África – “Fim de semana passado no Bilene…”
(Mercado de rua no Bilene, visita à aldeia de Mahelane, e resto do dia no melhor complexo do Bilene – “Nghunghwa Lodge”).
NOTA: Para ver ou rever as anteriores reportagens, basta clicar nos links seguintes (escritos a azul):
1ª – “Viagem até Joanesburgo e o primeiro dia nesta cidade!”
2ª – “Jantar convívio com antigos desportistas de Moçambique radicados em Joanesburgo!”
3ª – “Fim de semana em Marloth Park!“
4ª – “Partida de Marloth Park e Chegada a Maputo!“
5ª – “Primeiro dia na cidade de Maputo!”
8ª – “Um passeio pelos clubes da baixa de Maputo!”
9ª – “Convívios… e entrevista da televisão STV ao BigSlam!”
10ª – “Visita a alguns locais emblemáticos de Maputo!”
11ª – “Almoço e jantar com amigos em Maputo!”
4 Comentários
Carlos Rodrigues
Esta reportagem é recente? actual?As condiçoes que mostras , estradas, hotel, lodges sao recentes?
E que eventualmente ponderarei proximas ferias pos confinamento aí!!
Abraço.
BigSlam
Caro Carlos Rodrigues, esta reportagem é de abril de 2017. Portanto pode ser que já haja mais unidades turísticas a funcionar.
Não percas a próxima reportagem na quarta-feira que vem com o título: “À descoberta de um novo Bilene…”
Aquele abraço.
Ana Maria Teixeira Nogueira
Olá.
Que saudades! Faz muito bem viajar pelo passado.
Muito obrigada pelo registo fotográfico
Um abraço
João de Sousa
Para matar saudades, daqueles que há muito anseiam vir passar um tempinho por estas paragens paradisíacas. Valeu Samuel e Lena.