4 de Março de 1946… Abel Miglieti
Em 1967, antes da sua partida para Lisboa, Abel Fernando Miglieti ganhou o Campeonato Provincial de Moçambique, jogando pelo Ferroviário de Lourenço Marques. Ele foi o melhor marcador dessa prova com 12 golos, seguido de Frederico Costa do Sporting de LM e de Ricardo Borja do Sporting da Beira, ambos com 8 tentos marcados.
Ano de 1967 – Seniores
• Campeão Distrital L. Marques • Campeão Provincial Moçambique
Em cima: Pimenta, Rodrigues “Quiquita”, Gandra, Carlos Bruhen, Ambasse e Oliveira.
Em baixo: Ernesto Baltasar, Serafim, Nelson, Raimundo e Abel.
Nas eliminatórias desta competição pela Zona Sul, o Ferroviário de LM teve como adversários o Sporting de Lourenço Marques, e os Ferroviários de Gaza e Inhambane. A equipa de Abel Miglieti e o Sporting de Lourenço Marques qualificaram-se para a fase final da prova. Nunca é demais lembrar que no Sporting alinhavam Octávio de Sá, Orlando Chong Kam, Satar, Perico, Mata, Bazar, Palma Pinto, Tayobe, Ramalhito e Frederico Costa.
Nos “locomotivas”, Abel teve como companheiros futebolistas de renome tais como Carlos Bruhein, Rodrigues, Cândido Pimenta, Oneil, Oliveira, Pires, Nelson Mafambane, Ernesto Baltasar, Serafim, Ambasse.
Ano de 1967 – Seniores
• Campeão Distrital L. Marques • Campeão Provincial Moçambique
Em cima: Carlos, Rodrigues, O´Neil, Campos (Massagista), Serafim Baptista (Treinador), Abel, Nelson, Pimenta e Victor.
Em baixo: Ernesto Baltasar, Serafim, Oliveira, Raimundo, Eduardo e Ambasse.
ABEL E O FUTEBOL PROFISSIONAL
Com os louros alcançados ao serviço do Ferroviário de Lourenço Marques, Abel Miglietti viaja para Lisboa para dar continuidade à sua carreira desportiva. À imagem de Zeca, o seu irmão mais velho, o avançado chega a Portugal para representar o Benfica. Visto como uma grande promessa, e após a passagem pelas “reservas” benfiquistas, é na temporada de 1968/69 que consegue estrear-se na categoria principal. Pela mão de Otto Glória, entra a substituir Jaime Graça numa partida referente ao Campeonato Nacional, frente ao Vitória de Setúbal. No entanto, e apesar desse arranque inicial sob a batuta do treinador brasileiro, o atacante poucas mais oportunidades teria para mostrar as suas habilidades.
A mudança para o FC Porto traduzir-se-ia também numa alteração de paradigmas na carreira do futebolista. De escolha secundária nos “Encarnados”, Abel Miglietti tornar-se-ia numa das principais figuras do plantel “Azul e Branco”. Apesar de ter sido orientado, numa altura de alguma instabilidade desportiva para os lados das Antas, por diversos treinadores, a verdade é que, para todos eles, a sua chamada ao “onze” passaria a ser de enorme constância.
A importância conquistada nas manobras tácticas do clube, mormente pela sua aptidão física e combatividade, reflectir-se-ia também na sua estreia pela selecção nacional. Com a primeira chamada a acontecer num “amigável” frente ao Chipre, Abel Miglietti ainda alcançaria outras 3 internacionalizações por Portugal. Este período, decorrente das 5 temporadas disputadas de “Azul e Branco”, revelariam um jogador com grande apetência para as movimentações no último terço do terreno de jogo.
Com quase centena e meia de partidas oficiais disputadas pelo FC Porto e 76 golos concretizados, o avançado tornar-se-ia num dos grandes nomes do clube, nos anos 70. Faltaram-lhe os títulos. Sem qualquer troféu conquistado na sua passagem pela “Cidade Invicta”, as vitórias no seu palmarés – 1 Campeonato e 2 Taças de Portugal – remetê-lo-iam para a sua experiência no Estádio “da Luz”.
Com a última temporada nos “Dragões”, a de 1974/75, a correr abaixo das espectativas, o fim da sua ligação ao FC Porto aconteceria com alguma naturalidade.
Seguir-se-iam no seu percurso outros emblemas. Contudo, Abel Miglietti começaria a afastar-se nos níveis exibicionais demonstrados em anos anteriores. Vitória de Guimarães, Beira-Mar e Penafiel seriam os clubes que se seguiriam na sua carreira e os que, 1 época em cada um deles, acompanhariam o atleta nas derradeiras campanhas primo divisionárias.
No capítulo final da sua história como futebolista, do qual faz parte uma experiência nos Estados Unidos da América, tempo ainda para vestir as camisolas de Desportivo das Aves, Paredes e Leixões.
Abel nasceu na cidade de Lourenço Marques no dia 4 de Março de 1946.
Fonte: A elaboração deste artigo foi feita com base no meu arquivo bem como de diversos artigos publicados em diferentes portais digitais, nomeadamente “Futebol/Moçambique 66” e “Cromos Sem Caderneta”.
João de Sousa – 04.03.2020
3 Comentários
Luis Vidal
Abel jogou no Benfica (1968/70) _Porto (1970/76)_ Guimarães (1976/78)_ Beira-Mar (1977/78)_ Penafiel (1979/81)_ Aves (1981/82)_ Paredes (1982/83) e Leixões (1983/85).
M.Eduarda Nunes
Parabens ao Abel, pela sua linda carreira!
Ler esta história fez-me rejuvenescer alguns (muitos…) anos. Encontrei-me adolescente, em L.Marques, quando ia ver o football de domingo, com os meus tios. Se joguei? Nessa época não havia football feminino, mas, menina e moça, joguei com os primos e vizinhos, num terreno baldio ao lado da casa onde vivi. “Que Maria Rapaz”… dizia a minha mãe!
Manuel Martins Terra
Mais um clã moçambicano que fez sucesso no futebol português, Abel, Zeca e o irmão mais novo, o Roma que eu conheci nos juniores do Desportivo,rumando a Portugal onde alinhou no GD de Chaves. A partir daí perdi lhe a pista. Recordo os grandes embates onde alinhava pelo Ferroviário, e os encontros anuais entre a Selecção de Moçambique e a congénere de Angola. Grandes jogadores militavam naquelas selecções, que vieram posteriormente para Portugal. Abel e Zeca , ainda tiveram o grato prazer de jogarem ao lado do rei Eusebio.Parabéns ao Abel pela data do seu aniversário e que continue a contar muitos anos de vida.