UMA DATA NA HISTÓRIA – 6 de Fevereiro de 2003… José Craveirinha
CÂNTICO A UM DEUS DE ALCATRÃO
Máquina começou trabalhar
com sol
com chuva
com farinha e feijão
máquina começou abrir chão.
Lua escondeu coração
saiu ouro
saiu pedra de lapidação
saiu barco cheio de máquina gente no porão
saiu notícia de menino morto boneco de carvão
saiu Cadillac novo de patrão.
Máquina começou trabalhar
com farinha de pilão
nasceu milho
nasceu machamba de feijão
nasceu máquina grande
nasceu pequenino deus de alcatrão.
Máquina começou trabalhar
máquina está trabalhar
até um dia enraivar
com farinha de pilão !
José Craveirinha é considerado o poeta maior de Moçambique. Deixou-nos fisicamente no dia 6 de Fevereiro de 2003. Faz hoje 16 anos.
João de Sousa – 06.02.2019
2 Comentários
Manuel Martins Terra
No Bairro da Munhuana, não havia ninguém que não conhecesse José Craveirinha. Um homem afável e compreensivo, que tantas vezes nos concedeu espaços, quando transitava pelos passeios da av. Luciano Cordeiro, para não interromper as nossas jogatanas de basquetebol de rua. Uma figura marcante da literatura moçambicana e que viveu intensamente uma vida ligada a movimentos associativos e políticos. Com toda a justiça,foi o primeiro autor africano a ser galardoado com o Prémio Camões. Para além da sua actividade literária, José Craveirinha, foi também um exímio desportista, pai do grande valor do atletismo chamado Stélio Craveirinha. Paz à sua alma.
Carlos Hidalgo Pinto
O escritor José Craveirinha tem uma estátua em Aljezur, localidade onde nasceu o seu pai e que é uma zona bastante interessante. A várzea de Aljezur estava rodeada de campos de cereais, há uns decénios atrás. As praias de Aljezur são um encanto. José Craveirinha e os seus filhos têm, nesta localidade, familiares que ainda aí residem. Os aspectos telúricos de Aljezur, com o seu Castelo, situado no cimo de uma colina, proporcionam a qualquer visitante, uma vista ampla sobre o belo horizonte desta soberba Costa Vicentina.É terra de bons peixe, marisco e de batata doce.