UMA DATA NA HISTÓRIA – 6 de Junho de 1913… Museu Álvaro de Castro
O Museu Álvaro de Castro (hoje Museu de História Natural), foi criado em 1913. A construção, fundada em 1911, tinha como objetivo ser uma escola primária, mas acabou sendo cedida para a curadoria do Museu.
Passou a ser chamado de Museu de História Natural de Maputo após a independência do país. Em 2013, comemorou 100 anos de existência. Atualmente é tutelado pela Universidade Eduardo Mondlane.
A instituição tem diversas colecções de animais embalsamados (diretamente das savanas africanas) como leões, girafas, hipopótamos e rinocerontes),
abrigando uma de fetos de elefante, entre os primeiros 22 meses de gestação, desde a época da Primeira Guerra Mundial, sendo a única do mundo. Esta colecção de fetos é resultado de uma fatalidade. No período da colonização, um grupo de exploradores portugueses decidiu que uma área ao sul do continente, onde habitavam 300 elefantes, era boa para o plantio, razão pela qual mataram todos os animais. Posteriormente, descobriu-se que a terra não servia para agricultura.
No acervo do Museu existem imagens, estátuas, instrumentos musicais e acessórios de tribos moçambicanas.
A área externa do Museu de História Natural de Maputo tem um jardim com murais do artista Malangatana
e estátuas e painéis didáticos sobre dinossauros.
Uma das preciosidades de seu acervo está em um exemplar do celacanto, um animal que se acreditava extinto, mas foi encontrado no litoral da África do Sul em 1938. O celacanto é um fóssil vivo, uma expressão utilizada pelos especialistas para identificar animais ou organismos que não evoluíram.
Este Museu completa hoje 106 anos de existência.
João de Sousa – 06.06.2019
3 Comentários
ABM
Olá.
Umas curtas notas:
1. O Museu Provincial, que antecedeu o Museu Álvaro de Castro, actualmente designado Museu de História Natural, foi criado em 1913 na Vila Jóia, a moradia mandada fazer pelo ex-cônsul Gerard Pott “encaixada” no Jardim Vasco da Gama (hoje Tunduru) que fora adquirida para o efeito pelo Governo Provincial e que ali permaneceu até 1935. Tenho fotografias dele no meu pequeno blogue que penso alguns conhecem;
2. No início dos anos 30, construiu-se junto à Ponta Vermelha o que deveria ser uma nova escola primária, mas em vez disso fizeram-se adaptações um pouco a martelo e mudou-se para ali a maior parte do espólio do Museu Provincial, mudando-se o nome para Álvaro de Castro, que foi um Governador Geral republicano, um “camarada” meio revolucionário que esteve em Moçambique durante parte da I Guerra Mundial;
3. Esse edifício, com esse nome, e espólio, abriu em 1935;
4. Nunca ouvi essa história dos 300 elefantes. O que ouvi, sim, foi um pouco diferente do que me parece uma versão revisionista pós-colonial do “bate no estúpido do colono a ver se sangra”, muito em voga depois de 1975. O que ouvi foi que, entre a Catembe e a Ponta do Ouro havia no início do Século XX um grave excesso de população de elefantes que estava a causar todo o tipo de desacatos na região, inclusivé, especialmente na própria vegetação e entre a população nativa ali residente, e que foi decidido pelas autoridades, diminuir essa população de elefantes e proteger a área, separando pessoas e animais. A versão que ouvi referia que foram abatidos muito mais que 300 elefantes. Foram os portugueses, e não a Frelimo, quem criou ali o que ainda hoje se chama na rua a….”Reserva de Elefantes do Maputo”, em 1932, com 700 kms quadrados e que hoje ainda existe ali (só para chatear, mudaram-lhe o nome formal para “Reserva Especial de Maputo”). A versão acima peca especialmente ao referir que os terrenos na zona entre a Catembe e a Ponta do Ouro teriam sido, erroneamente, considerados propícios para a agricultura (mas que depois que os portugas – obviamente tótós como sempre- “descobriram” que não era assim). Ora, pequem os portugueses por quase tudo o que se alega terem feito de mal a, e em, Moçambique, e a lista aparentemente não tem nem nunca vai ter fim, alegar-se que cometeriam um erro de palmatória ainda por cima desta natureza, matando os elefantes pelo caminho, é ….pouco credível, Basta dar um passeio entre a Catembe e a Ponta do Ouro e imediatamente se apercebe que aquilo serve para pouco mais que deixar elefantes em paz e….ir à Ponta do Ouro. Ou fazer casinha de fim de semana. Aquilo é quase tudo terreno paupérrimo, senão, literalmente, areia da praia a 40 kms do mar. Havia à volta de LM terrenos mil vezes melhores e quase à borla para quem quisesse fazer agricultura a sério, como na Moamba e no Limpopo;
5. Existem duas colecções dos fetos de elefante no mundo, as duas vieram da matança na Catembe, a outra ainda não sei onde está.
Um abraço
ABM
BigSlam
Caro ABM, grato pelo teu testemunho sobre o Museu Álvaro de Castro (atual Museu da História Natural) e tudo aquilo a que lhe diz respeito.
Sei que és um leitor assíduo do nosso “Ponto de Encontro!”. Aparece sempre!
Zéto
Visitei muitas vezes, sempre curioso, na última vez eles tinham uns crocodilos pequenos vivos nuns tanques, não sei para que seriam ? Lamento a morte dos 300 elefantes, hoje já não posso falar com orgulho sobre os fetos dos elefantes. Obrigado