Fomos aos Jogos Olímpicos de Londres e de lá viemos (como não podia deixar de ser) de mãos a abanar. Disse e repito: o tempo da Lurdes Mutola já foi chão que deu uvas.
Uma delegação formada por 24 elementos. 6 atletas e 18 dirigentes e técnicos.
Dinheiro gasto para prazer daqueles que foram a Londres, para um “passeio turístico”, que, se medidas não forem tomadas, pode vir a repetir-se no Rio de Janeiro em 2016. Tudo isto em desrespeito às normas (para inglês ver) existentes, que o próprio Governo decretou de “contenção de despesas”.
Um colega meu do jornal “A Verdade”, (de distribuição gratuita) afirma, num artigo publicado esta semana que “O Mamparra desta semana é dividido entre o Comité Olímpico de Moçambique e o Ministério da Juventude e Desportos que, numa estupidez sem igual, privilegiaram as suas idas aos Jogos Olímpicos de Londres, em detrimento do investimento na formação de atletas para eventos daquela envergadura”.
Na reunião com o Ministro dos Desportos de Moçambique, a que me referi na minha crónica anterior, o Altenor Pereira, uma figura intimamente ligada ao desporto nacional, nas suas mais variadas vertentes, disse (entre outras coisas) que “é chegada a hora de começarmos a pensar em desenvolver a nossa actividade, tomando por base o ciclo olímpico”.
Será que os nossos dirigentes desportivos perceberam o que o Altenor quis dizer? Duvido.
Um Comentário
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Mamparra of the week: Comité Olímpico de Moçambique e Ministério da Juventude e Desportos
Vozes – @Hora da Verdade
Escrito por Luís Nhanchote
Quinta, 16 Agosto 2012 16:00
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O poeta diz: com a porcalhice nacional fez-se o nojo desportivo
O Mamparra desta semana é dividido entre o Comité Olímpico de Moçambique e o Ministério da Juventude e Desportos que, numa estupidez sem igual, privilegiaram as suas idas aos Jogos Olímpicos de Londres, encerrados domingo passado, em detrimento do investimento na formação de atletas para eventos daquela envergadura.
Explico-me: Moçambique esteve representado por seis (6) atletas na maior festa desportiva à escala planetária e, em contrapartida, levava uma delegação de 24 dirigentes. No total eram 30. Vinte e quatro dirigentes e seis atletas.
O Presidente da República, Armando Guebuza, também esteve lá, acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, na cerimónia inaugural daqueles jogos, sendo por isso testemunha ocular da quantidade de mamparras que foi a Londres desfilar nas Olimpíadas.
É irrefutavelmente verdade que a participação de atletas naquele tipo de eventos obedece a critérios claros e transparentes, onde os mínimos são exigidos a todos sem excepção. Porém, importa frisar que a deslocação maciça de dirigentes em número maior que os atletas afigura-se um pontapé no Quociente de Inteligência dos moçambicanos, numa altura em que as propaladas medidas de austeridade foram deitadas no caixote de lixo.
Que critérios são esses que permitem que os dirigentes desportivos viajem em maior número a uma competição em relação aos atletas? Informações de crédito que nos chegaram de Londres dão conta de que alguns destes mamparras estiveram nas terras de sua majestade, a Rainha Isabel II, com as suas esposas e, nalguns casos, com os lhos.
Quem nos garante que essa “excursão olímplica” não foi feita com o dinheiro dos contribuintes do erário publico nacional e dos parceiros de cooperação? Que falta de vergonha na cara é esta que nos foi e tem sido regulamente proporcionada por estes mamparras?
Para agravar, os nossos seis atletas que levantaram a nossa bandeira (a propósito dela, quando vão tirar aquela AK47?) nas cerimónias e não nos podiuns, voltaram sem honra e nem glória e, como sempre os mamparras nestas ocasiões aproveitaram-se para justificar o injustificável.
E porque a mamparrice se tornou de tal ponto indisfarçável para gáudio dos seus intentos ocultos, tiveram, os mamparras, uma testemunha ocular de luxo: o Presidente Guebuza.
Assim, o chefe de Estado Armando Emílio Guebuza pôde ver, através das lentes dos seus olhos, saudar, acenar a sorrir para a delegação mais mamparra de sempre num evento de dimensão planetária.
Sendo ele o comandante do “combate contra a pobreza”, o que lhe terá ocorrido no pensamento perante tal contraste? Ficou feliz? O seu lindo sorriso foi mais aberto? Os atletas ganharam motivação? Os dirigentes desportivos sentiram que estavam no caminho certo rumo à cidade de Rio de Janeiro em 2016? Sonharam com pelo menos três medalhas de ouro para esse competição agendada para daqui a quatro anos?
Não se pode esperar nada, absolutamente nada de dirigentes desportivos, em prol do crescimento do desporto e lapidação de talentos quando as viagens estão em primeiro lugar. As compras, o show-o , não faltaram como dão conta algumas fotos que pudemos ver…
A Lurdes Mutola, que elevou o nome de Moçambique além-fronteiras, tinha talento natural, que os olhos do nosso poeta e herói nacional decifraram para se cumprirem os vaticínios infalíveis escritos no Karingana wa Karingana.
Será que estes mamparras do Ministério dos Desportos e do Comité Olímpico terão lido alguma vez esse livro? Não se pode brincar com a consciência das pessoas, brincar ao desporto, porque um punhado quis e esteve em Londres num passeio… Seus mamparras, mamparras, mamparras. Até para a semana, juizinho e bom fim-de-semana!
PS: O Primeiro-Ministro Aires Aly, que semana passada subiu ao podium, foi o mais rápido até aqui a abandonar o posto, demitindo, horas depois desta sua/nossa rubrica ter chegado às suas mãos, o PCA do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).
Está de parabéns o homem, pois parece ter seguido o nosso conselho de adquirir informações com a sua colega Helena Taipo de como se demite um mamparra.
N.B. “Mamparra” significa “estúpido”, na língua local