“PENSAR COMO UM MACACO” REVISITADO
Pensar é o trabalho mais difícil que existe, e esta é provavelmente a razão por que tão poucos se dedicam a ele”.
Henry Ford
Os interessantes comentários de João Santos Costa e Nelson Santos Silva (ordenados pela antiguidade de publicação) ao meu post “Pensar Como Um Macaco” (14/03/2018), que agradeço por uns tantos problemas levantados e outros tantos sugeridos, justificam que a minha resposta seja dada sob a forma de “post” que nos obrigue a pensar como “homo sapiens” que abandonou a savana há muitas centenas de milhares de anos.
Começo por levantar o problema se a utilização dos computadores por gerações escolares pode ser havida como uma espécie de arma de dois gumes promovendo aspectos negativos em idades muito jovens reconhecidos pelo insuspeito Bill Gates, que cito de memória: “Os meus filhos não utilizam computadores, eles são bons meninos!”
Julgo que esta opinião se fica a dever por certas aprendizagens escolares não envolverem suficientemente, e em devido tempo, não só a motricidade fina exigida pela escrita manual em prol do desenvolvimento dos centros cerebrais responsáveis e, concomitantemente, aumento da capacidade da memória em registar engramas a ponto deste aspecto poder ser considerado uma biblioteca privada a que se recorre sempre que necessário. Hoje, estas exigências são substituídas pela consulta constante, fácil e viciosa ao Google. Como tenho escrito, várias vezes, corre-se hoje o risco de ao ser inquirido um aluno sobre quem foi o 1º Rei de Portugal se obtenha como resposta: “Um momento, vou ver ao Google”!
Por outro lado, na servidão aos jogos computacionais os jovens deixaram de ler bons autores que são a base de bem escrever na adultícia. Minha falecida mãe, senhora de invulgar cultura, defendia o esforço na aquisição das aprendizagens. Recordo-me, a propósito, que sempre que lhe pedia para me dar o significado de uma palavra mais difícil me dizer: “Vai ver ao dicionário”, a que eu contrapunha, agora não posso por estar atrasado para a entrada no liceu. Retrucava-me ela: ” Então, escreve a palavra num papel e quando regressares das aulas consultas o dicionário”. Estou convencido que o meu domínio, mais ou menos, satisfatório da língua pátria a ela o devo!
Ocorre-me, outrossim, a opinião de um outro autor que se antecipando-se no tempo, escreveu: “Eu não tenho medo que os computadores venham a pensar como nós, tenho medo é quando nós viermos a pensar como os computadores!” Lembro-me, a propósito do livro “2001, Odisseia no Espaço”,
que serviu de guião a um filme do mesmo nome de Stanley Kubrik, que resumidamente nos conta a viagem de habitantes terráqueos a um planeta distante anos-luz do nosso de uma nave espacial que obrigava os seus viajantes a hibernarem sendo a nave dirigida, entretanto, por um computador, de seu nome, “Hal”, comandado da terra, que, a páginas tantas, se revolta assumindo de “motu proprio” o respectivo destino. Aliás, uma espécie de antevisão de uns tantos automóveis actuais dirigidos unicamente por computadores.
Não quero, com isto, tornar-me num espécie de bota-de-elástico, avesso a “Um Admirável Mundo Novo” (Aldous Huxley) que permite ao homem, a exemplo de Ícaro, figura da Mitologia Grega, libertar-se da força da gravidade embora sem o fim funesto de ver as suas asas de cera derretidas por se ter aproximado demasiado do Sol.
Em abono da verdade se reconheça que as viagens espaciais nunca teriam sido possíveis sem os complexos cálculos efectuados pelos computadores actuais. Ou seja, como tudo na vida, a utilização dos computadores nas aprendizagens escolares deve ser feita com conta, peso e medida porque, a exemplo de determinados medicamentos, se tomados em doses certas curam, se tomados em excesso podem conduzir à morte.
“Last but not least”, o que pensa o leitor sobre esta polémica matéria?
Deixa a tua opinião nos comentários deste artigo!
2 Comentários
Pierre Vilbro
Uma das formas de realização plena do Ser Humano é a liberdade, que engloba a liberdade de pensamento. Pensar para ajuizar e pensar antes de opinar e de decidir, mas sempre auto-pensamento e não imposto ou copiado. Isto implica conhecimento que tem que ser alimentado a todo o tempo, podendo a fonte ser diversa e devendo a sua utilização ser criteriosa, entre a elas considero a leitura insubstituível.
Rui Baptista
Obrigado pelo seu judicioso comentário.