A FIFA … uma vez mais !
Começa a ser preocupante (pelo menos para mim é) o posicionamento da FIFA, o órgão reitor do futebol mundial, no que à realização dos campeonatos do mundo diz respeito. Há 3 semanas foi a imposição para a não utilização do nome “Mané Garrincha”, essa lenda do futebol brasileiro e mundial, no Estádio de Brasília, durante a realização da Taça das Confederações e no decurso do Mundial do próximo ano. Uma imposição sem pés nem cabeça.
Agora surgem outras revelações. O Secretário Geral da FIFA Jerome Valke, que já se meteu em alhadas anteriores, nomeadamente com o Comité de Organização da África do Sul, em 2010, disse publicamente que “é mais fácil organizar uma Copa em países com menos democracia”. Uma afirmação grosseira. Não sei como é que o Brasil interpretou esta frase duma figura controversa, como é Jerome Valke, Gestor Desportivo de nacionalidade francesa que ocupa o cargo de Secretário Geral da Fifa desde 2007. Devo perceber pelas suas palavras que ele, como cidadão francês, teria imensas dificuldades em organizar um Mundial no seu país, porque, felizmente, a França é um país democrático e não “um país com menos democracia”.
Valke vai mais longe ao afirmar que espera encontrar mais facilidades em 2018, porque “a Rússia tem um Chefe de Estado forte, e quando assim é, fica mais fácil a negociação”. Dito por outras palavras: é mais fácil negociar com regimes ditatoriais. Aliás a prova disso aconteceu no Campeonato do Mundo de Futebol, realizada na Argentina de 1978 no período em que Jorge Videla, por via dum golpe de estado que derrubou Maria Estela Peron, estava no poder. Joseph Blatter, referindo-se ao Mundial da Argentina diz que “houve uma reconciliação do povo com o sistema político militar da época. Não sei o que poderia ter acontecido se eles tivessem perdido a final”.
As críticas, bastas vezes sem fundamento, de responsáveis de primeira linha do órgão que dirige o futebol mundial são preocupantes. Valke diz por exemplo que se torna difícil negociar com o Brasil (País organizador de 2014) porque “a estrutura política é dividida em três níveis: federal, estadual e municipal.
São pessoas diferentes, movimentos diferentes, interesses diferentes e é difícil organizar uma Copa nessas condições”. Já antes e em relação ao Brasil ele afirmou que “o país tem de levar um pontapé no traseiro por forma a acelerar a preparação do mundial”. Uma declaração que causou uma forte reacção negativa no Brasil (e não só) e que colocou quase em rota de colisão o Governo Federal e a Fifa, o que obrigou Joseph Blatter a deslocar-se de urgência a Brasília para pedir desculpas à Presidente Dilma Roussef e assim apagar as borradas do seu Secretário Geral.
Como se isso não bastasse surgiram notícias de que a Fifa não via com bons olhos a realização das Festas Juninas de Salvador, que são uma tradição secular na Bahia, porque isso poderia perturbar o curso normal de alguns jogos da Taça das Confederação.
Para terminar a minha crónica de hoje, deixo-vos com uma frase lapidar de Joseph Blatter:
Nós somos uma entidade conservadora, liberal e socialista ao mesmo tempo. Somos conservadores, como os católicos, quando se trata de mudar as regras do jogo e os árbitros. Somos liberais quando nos relacionamos com o mercado. Somos Marx e Engels no que diz respeito à distribuição do dinheiro, com 70% de toda a receita distribuída entre as federações nacionais.
Mais comentários para quê ?
João de Sousa – 02.05.2013