AS PROMESSAS
Ao longo dos últimos dias as promessas encheram os meus (os nossos) ouvidos. Na rádio, nas televisões, nos jornais, através dos múltiplos canais das redes sociais, os candidatos a presidentes dos nossos municípios prometeram. E como manda a tradição, quem promete cumpre. Falta saber se não passa de promessa eleitoral, como já aconteceu anteriormente.
A julgar pelas promessas, nos próximos 5 anos muita coisa vai melhorar. Como munícipes vamo-nos sentir orgulhosos, tantas e tão boas são as realizações anunciadas. E ainda bem que assim vai ser, porque afinal, já estamos cansados de viver em cidades violentas, de tropeçar em cada esquina com o lixo,
de conduzirmos por estradas onde as “crateras” que eram cósmicas, viraram “simanguitos”, ou de nos confrontarmos com a Polícia Camarária no jogo do gato e do rato com os nossos transportadores dos semi-colectivos de passageiros e com os vendedores de rua.Muito provavelmente vamos deixar de ver gente a vender nos passeios, porque afinal os passeios foram feitos para nós circularmos.
Se calhar vamos deixar de vêr pessoas a (desculpem-me a expressão) “mijar fora do penico”, como bastas vezes tem acontecido nas nossas cidades, em desrespeito pelas mais elementares normas de civismo.
Não sei se estou a sonhar alto, mas, pelo que ouvi, deste e daquele candidato, é muito previsível que os nossos mercados informais conheçam melhorias assinaláveis, particularmente no que aos aspectos de saneamento e salubridade diz respeito. Estou certo de que deixaremos de ter mercados sem sanitários, sem água potável ou sem segurança.
Dum modo geral as cidades beneficiarão dum aumento (em quantidade e qualidade) da rede de transportes, sendo que a grande novidade prometida pelo autarca David Simango se prende com o metro de superfície, que, segundo sei, faz parte do projeto apresentado há tempos sobre requalificação da capital moçambicana.
Acredito que finalmente vamos ter de deixar de andar apinhados nos “chapas” ou nos “my love”, designação popular dada ao transporte em carrinhas de caixa aberta que constituem um atentado à nossa dignidade porque somos transportados como gado.
Vamos poder circular da Matola, Machava, Malhampsene, Tchumene, e outros locais da cidade satélite para Maputo e vice-versa, sem termos de perder a paciência, porque as filas são intermináveis, porque todos querem chegar primeiro, porque alguns estão-se nas tintas para as mais elementares regras de trânsito e consequentemente utilizam a tática do “salve-se quem puder”. Não vamos ter de ficar ensardinhados nas imediações da portagem de Maputo como actualmente acontece.
A julgar pelas promessas feitas vai haver mais água potável para todos, vão ser abertos mais poços, os vendedores dos mercados vão ficar isentos de pagar as taxas aos fins de semana para além de que será construída uma clínica com consultas gratuitas e acesso garantido para os filhos dos vendedores, nas escolas, até à sétima classe. Vai haver mais campos de futebol para o desporto recreativo, vai haver mais escolas primárias, vai haver mais centros digitais com acesso à internet, para além de que Chimoio vai ver uma das suas equipas de futebol a participar no “Moçambola”.
Os jovens vão ser os mais beneficiados. Vão ter talhões para construir as suas habitações e também emprego.
Nos próximos 5 anos, tudo isto vai acontecer. E por isso mesmo a face das nossas cidades e a vida dos seus munícipes vai mudar. Mas para isso acontecer é preciso que estas promessas todas, difundidas pelos candidatos a presidentes de município, por ocasião da campanha eleitoral ora terminada não fiquem nas gavetas daqueles que nós vamos eleger, porque senão “o povo vai cobrar, com juros e correcção monetária”. E o povo já mostrou que “quando quer, quer mesmo”. Não nos obriguem a termos de pensar que tudo o que anunciaram vai acontecer “quando as galinhas tiverem dentes”.
João de Sousa – 20.11.2013