HUMILDADE!
A semana passada tive a possibilidade de assistir a uma palestra sobre informação desportiva, que teve como orador Hélder Conduto, um conceituado jornalista desportivo da Rádio e Televisão de Portugal, que faz regularmente a narração dos jogos de futebol para a RTP e os relatos para a Radiodifusão Portuguesa (Antena 1). A palestra era o culminar duma acção de formação dada a jornalistas desportivos da Rádio Moçambique.
Um dos aspectos que me impressionou foi a humildade profissional de Hélder Conduto. Não veio de Lisboa (como acontece com uns tantos oradores que por aqui aparecem) impor conhecimentos, muito ao estilo “eu sei”. Veio partilhar informação. Não deixou de fazer as suas observações sobre o que (no seu entender, e no meu também) está mal e deve ser corrigido.
Independentemente da qualidade da explanação feita sobre muitos aspectos técnicos da profissão de jornalista desportivo (e especialmente dos relatores desportivos) a palestra valeu também pela participação dos elementos da plateia, que questionaram sobre aspectos de fundo da profissão. Foi uma troca de ideias válida.
Interessante também foi ver no auditório da Rádio Moçambique, não só os jornalistas da nossa estação pública de radiodifusão, bem como profissionais ligados à área desportiva da TVM e alunos da Escola de Jornalismo.
Quando a sessão terminou vários jornalistas do Canal Desportivo da RM disseram-me que algumas das observações feitas pelo monitor do curso já tinham sido por mim abordadas, quando orientei um curso idêntico (e com as mesmas pessoas) antes do início dos Jogos Africanos de 2011.
Fiquei preocupado. Se quase 2 anos depois, os problemas persistem, é sinal de que ninguém se preocupou em rectificar o que está mal. Quem de direito devia fazer o “follow up” das ações de formação. Pura e simplesmente não fez. E se não houver interesse em rectificar o que ainda está mal, então, as observações feitas agora pelo jornalista português Hélder Conduto cairão certamente em cesto roto. E lá se vai todo o esforço feito pela própria Rádio Moçambique, em dotar os seus profissionais, especialmente os mais jovens, de conhecimento técnico-profissional de que tanto necessitam.
Outra questão que chamou a minha atenção foi o facto de se ter chegado à conclusão que na Redacção Desportiva da RM, o trabalho jornalístico do Canal é demasiado formal, coisa que aliás não é novidade para o ouvinte mais atento. Quanto a mim esse formalismo não se verifica apenas na Redacção Desportiva.
É da Rádio Moçambique no seu todo que, infelizmente, e parafraseando o escritor Luís Bernardo Honwana, “continua cinzenta”. Formalismos e cinzentismos próprios de quem funciona como caixa de correio. De quem tem de agradar ao Governo dia dia, esquecendo-se que a Rádio Moçambique é uma instituição pública e como tal pertença do Estado. E o Estado Moçambicano somos todos nós.
João de Sousa – 08.05.2013
Um Comentário
Zeca Peixoto
Fala quem sabe do que está falando, e neste caso o “nosso” João de Sousa.