INTENÇÕES
A nível da Cidade de Maputo, autoridade municipal decide enveredar por intenções cívicas. Eu explico melhor. “Chapeiros” (condutores e cobradores) têm de saber lidar com os passageiros. Sejam eles os chapas convencionais ou os chapas da nova geração. Os tais “my love” como muitos lhe chamam e que nada mais são do que as carrinhas de caixa aberta, onde povo é transportado como gado e ninguém, ao nível das autoridades locais se importa com isso ou faz vista grossa.
Para se atender bem o munícipe é necessário uma acção de formação, por isso os nossos “chapeiros” frequentaram um curso acelerado de boas maneiras. O Professor Carlos Serra na sua “oficina de sociologia” referiu-se a esta operação de charme do Departamento dos Transportes Públicos na Direcção Municipal dos Transportes e Trânsito da Cidade de Maputo como sendo “querer curar um cancro com aspirinas”.
Como nem tudo se resolve só com um curso de formação, foi necessário recorrer ao apelo público. O apelo veio do porta voz da Polícia. Ele pediu aos “chapeiros” e especialmente aos que utilizam as carrinhas de caixa aberta, para que transportem as pessoas com mais cuidado, por forma a se evitarem acidentes graves, que já provocaram mortes. Um apelo que não faz sentido, porque o mais lógico e óbvio era proibir a utilização desse tipo de viaturas para o transporte de passageiros, pelas razões por demais conhecidas.
As carrinhas de caixa aberta são a resposta à demanda de transporte. O povo não tem outra alternativa. E desta situação tiram dividendos os donos dessas mesmas carrinhas. Não importa como se transporta. Importa o lucro fácil. A Polícia fecha os olhos. Torna-se impotente. Perguntei a semana passada a um agente de trânsito que estava posicionado na Avenida da OUA, ali nas proximidades do Matadouro Municipal, sobre as razões pelas quais os condutores dessas carrinhas de caixa aberta não são multados. A resposta veio rápida. “Não podemos multar, porque se o fizermos a população fica cada vez mais privada de transporte”. Ao que sei os agentes de trânsito que estão espalhados pela cidade de Maputo até já receberam instruções dos seus superiores hierárquicos para fazerem vista grossa.
Andamos numa roda viva. Ninguém sabe como resolver o problema. O Governo parece não ter solução à vista. E já declarou isso publicamente. Por essas e por outras, segundo me foi dado lêr, Paulo Zucula “caiu”. Será que o novo timoneiro dos transportes, tem uma varinha mágica capaz de solucionar o problema ? Ou será que vamos ter de esperar pela promessa de David Simango, candidato à sua re-eleição para o Município de Maputo que em plena campanha eleitoral promete aos citadinos da capital (entre outras coisas) o metro de superfície ?
A vêr vamos porque de intenções está o mundo cheio.
João de Sousa – 13.11.2013