LEBOMBO
Assim se chama a fronteira que leva o moçambicano à África do Sul. Por ali passam milhares de cidadãos, diariamente. Para ir à terra do “rand” fazer compras, para tratamento médico, para turismo ou para outros fins.
Não incluo aqui a área de negócios, porque a este nível, a África do Sul começa a ser um chão com as uvas a minguarem cada vez mais. Aquilo que foi a referência económica de África, que bastas vezes se bateu com a Nigéria, entrou em colapso. Não só pelos efeitos da crise mundial, mas também pelo efeito de um sistema de governação que deixa muito a desejar.
De cada vez que há um escândalo provocado por Jacob Zuma, (Nkandlhagate, nomeação de três ministros das finanças numa semana, envolvimento com a poderosa família Gupta que alegadamente estaria a nomear indivíduos para cargos de governação, etc …) a estrutura económica ressente-se de imediato.
É o “rand” que entra em derrapagem e por via disso é o aperto que se faz sentir e que toca directamente no bolso do cidadão.
A elite não se importa com isso, como é o caso dos deputados, porque a periclitante situação económica não lhes toca directamente. E mesmo que lhes toque, há sempre um “saco azul” que lhes permite fazer face aos problemas de descapitalização.
São esses deputados que em vez de se preocuparem em satisfazer as necessidades básicas do cidadão, (água, energia, saneamento, rede escolar, assistência médica, segurança) debatem os seus salários como membros do Parlamento. Debatem e defendem com unhas e dentes, tal como aqui em Moçambique aconteceu, o aumento do vencimento mensal e de outras mordomias.
O curioso, na África do Sul, foi o debate do aumento de vencimento do Presidente Jacob Zuma. Aí, até os deputados do ANC (alguns, claro) votaram contra. Mas o voto contra não chegou para impedir o aumento salarial do mais alto magistrado da nação sul-africana. Ele ganha quatro milhões, trezentos e quarenta e seis mil randes por ano, o que significa 363 mil por mês, 83 mil por semana e 12 mil randes por dia.
Zuma ocupa o primeiro lugar no “ranking” de 2015, dos presidentes mais bem pagos do continente africano. O segundo lugar da lista é ocupado pelo Chefe de Estado da Argélia, Abdulazize Bouteflika e o terceiro posto pertence ao Presidente do Kenya, Uhuru Kenyatta.
João de Sousa – 23.03.2016