O SONHO
Ainda bem que os discursos inflamatórios sobre a governação do nosso Moçambique já pararam. As movimentações de forças beligerantes acabaram. Deixa de ser preocupação aquilo que fez parangonas nos jornais sobre essas movimentações, especialmente nas províncias de Gaza e Inhambane. Felizmente as pessoas entenderam-se.
Estamos felizes porque os 22,5% da taxa de desemprego baixaram drasticamente e também porque o nível de pobreza deixou de ser de 57%. Foi um esforço hercúleo dos últimos 10 anos.
Agora é tempo para consolidar esta paz. É hora de trabalhar para o desenvolvimento. A começar no desenvolvimento humano. A começar pela escola. Uma escola que seja verdadeiramente a forja do homem que pretendemos. Homem formado, consciente das suas responsabilidades, com ideias, capaz de reverter situações a favor do bem estar e do progresso.
Já temos professores que sabem ler e escrever correctamente a língua portuguesa. Um passo importante conseguido em tempo recorde. Um verdadeiro milagre operado pela equipa dirigida pelo Professor Doutor Jorge Ferrão. E por causa disso vamos deixar de ouvir dizer “possa-mos” (em vez de possamos), “entendes-te” (em vez de entendeste) ou “aprendes-te” (em vez de aprendeste) ou “setocentos” (em vez de setecentos). Um esforço louvável.
Vamos deixar de nos confrontarmos com as “garragens”, com os “joanquins”, com os “fins de semanas” ou ainda com o “não sei se você sabes”. Acabaram as mensagens com a grafia própria dos sms que muitos chamam de “encurtamento de rota” ou atalho gramatical, como por exemplo “axo” (em vez de acho).
Agora é um mimo ver os nossos alunos (que felizmente já não estudam debaixo da copa das árvores) conjugar correctamente o verbo no presente do indicativo, no pretérito perfeito, no pretérito imperfeito, no pretérito mais que perfeito, no futuro e por aí fora. Um passo significativo no que a ler e escrever a nossa língua oficial diz respeito.
E tudo isto fica a dever-se não só aos professores e professoras, que em tempo recorde se empenharam de alma e coração na reversão da actual situação de qualidade do nosso ensino, mas também aos pais e encarregados de educação dos nossos alunos que passam a interessar-se mais pelo aproveitamento escolar dos seus filhos. Um envolvimento que até há bem pouco tempo não existia. Uma vitória importante. Ainda bem que assim é.
Queria continuar a dissertar sobre mais coisas boas, alegres, positivas, que acontecem no nosso País. Desisti. Quando olhei para o calendário verifiquei que hoje é 1 de Abril.
João de Sousa – 01 de Abril de 2015