“UMA DATA NA HISTÓRIA” – 20 de Março de 1940… António Repinga
Se António Repinga estivesse fisicamente connosco, comemoraria hoje 85 anos de idade. Para assinalar esta data, o BigSlam transcreve, com a devida vénia, um texto de autoria do jornalista e bloguista deste site – Renato Caldeira, publicado no jornal “O País” em Dezembro de 2018.

Renato Caldeira
“Manhã cedo, partia da zona do Aeroporto de Maputo, dispensando os transportes públicos. Saía com uma sacola a tiracolo até à baixa da cidade… a correr! Era o treino matinal, que fazia de preferência nas estradas, correndo como um pardalito livre. Fazia o atletismo por prazer. Daí que nas pistas, tudo ficasse facilitado face aos exigentes programas que a ele e aos colegas eram impostos.
Quem não viu correr António Repinga, não conheceu o maior fundista moçambicano de todos os tempos. Na sua época, para além das provas de pista haviam com frequência corta-matos, além das tradicionais Léguas 24 de Julho e do Natal. Tornou-se símbolo das corridas longas no nosso país, e nas poucas deslocações ao estrangeiro, também fazia aquilo o que mais gostava: ganhar!

António Repinga vencedor de mais uma Légua da “24 de Julho”
Uma vez nos CFM, envergava o seu fato de trabalho, para se empenhar com afinco na labuta, como operário.
Não se fartava de correr
Corria que se fartava e não se fartava de correr. Rivalizava com Fausto Archer e mais tarde com Francisco Ducodo, a quem vencia regularmente. Uma vez dado o tiro de partida, o fundista locomotiva tomava a dianteira – dizia que não gostava de ser incomodado – deixando aos adversários directos a disputa do segundo lugar.
Acabou transformando-se num autêntico “papa-léguas”.
A sua especialidade eram as provas de fundo, especialmente os 5 mil e 10 mil metros. Terminava fresco e não queria boleia para casa. Tudo leva a crer que seria, nos tempos que correm, imbatível na Maratona, tal a sua apetência pelas grandes distâncias.

Melhor tempo na Maratona (42 km + 125 metros): 2 horas, 38 minutos e 32 segundos – Junho 1964.
O seu gosto por correr em todos os momentos, tê-lo-á traído pois ao pretender apanhar um comboio em andamento, escorregou e acabou sendo trucidado. Foi desta forma triste que acabou a carreira e a sua vida de António Repinga, a quem o Governo, merecidamente, atribuíu o seu nome ao circuito da baixa de Maputo”.
Que esteja em paz!
4 Comentários
Guilhermina Martins
Paz à sua alma. Descanse em paz
Mais um Moçambicano que marcou uma época dourada no desporto.
nino ughetto
Bravo… Os moçambicanos foram sempre campeoes em tudo. Bravo
Maria João Necho Aguiar
Paz à sua Alma .Quantos anos tinha quando faleceu?
Augusto Martins
Paz à sua alma, pela imagem e exemplo que nos deixou.