Relatos de uma viagem por terras do Oriente (6) – Chegada a Tauranga e visita à cidade geotérmica de Rotorua
19 de fevereiro – Terça-feira
O nosso navio atracou no porto de Tauranga por volta das 8H00 da manhã. Tínhamos pela frente um dia excitante…
Depois do desembarque, nós e o nosso grupo de quinze pessoas, marcámos um tour até à terra encantada geotérmica de Rotorua, com a Kiwi Tours, uma das diversas empresas de turismo existentes no local.
A viagem demorou cerca de uma hora.
Rotorua é conhecida como um dos “hotspots” geotermais mais ativos do mundo. Além disso, a região concentra uma das maiores populações de descendentes de Maoris na Nova Zelândia. Pelo facto de ficar localizada em uma área vulcânica, o cheiro de enxofre é uma das características da cidade.
A primeira paragem que fizemos foi junto ao Rotorua Museum Te Whare Taonga o Te Arawa que está alojado no antigo edifício da Casa de Banhos (o primeiro Spa termal da Nova Zelândia) que foi inaugurado em 1908 e é considerado o primeiro grande investimento na indústria de turismo da Nova Zelândia pelo governo.
Uma belíssima arquitetura nos estilos eduardiano/elizabetano moda na época em Inglaterra e está localizado nos Jardins do Governo, perto do centro da cidade.
Encontrava-se fechado devido a problemas com o último terramoto, que abalou as estruturas do prédio.
Junto ao museu, pode observar-se uma das atrações geotérmicas como a Rachel Springs ou Whangapipiro Hotsprings, com as suas águas escaldantes que servem de fonte para a Blue Baths e o Polynesian Spa.
Partimos, depois, para o vilarejo termal de Whakarewarewa nos arredores de Rotorua.
Conhecida como “The Living Maori Thermal Village”, Whakarewarewa é um dos poucos exemplares “originais” abertos ao público que mostram o estilo de vida do povo Maori, como mais ou menos era no início da colonização europeia da Nova Zelândia entre os séculos XIX e XX (recente, portanto).
Arco na entrada da Whakarewarewa Village em homenagem aos soldados do batalhão Maori que serviram na primeira e segunda guerra mundial.
Andámos pelas ruelas estreitas e tínhamos um almoço no interior da vila, no Cafe
refeição esta, típica do local, já incluída no preço da excursão.
O menu era um cozido feito no famoso Hangi (forno subterrâneo) neste caso geotérmico.
No final e depois do pessoal tomar o café, fomos assistir à apresentação cultural Maori “Kapa Haka”. Este espectáculo acontece duas vezes por dia, o primeira às 11H15 e o segundo às 14H00, ambos com a duração aproximada de meia hora.
O espaço estava lotado…
Com esta apresentação fiquei a conhecer um pouco da cultura Maori:
O povo Maori cumprimenta-se com um “hongi”, em que duas pessoas encostam seus narizes e testas. Eles acreditam que quando fazem isto demonstram que “conhecem as almas um do outro”.
A “Kapa Haka” consiste na combinação emocional e poderosa de música, dança e canto.
Numa waiata-ā-ringa, ou música de movimento, as letras são acompanhadas por movimentos das mãos repletos de simbolismo. Os artistas agitam suas mãos rapidamente, um movimento chamado wiri.
Poi é uma forma de dança na qual cada um que a executa gira habilidosamente uma ou mais poi (bola numa corda). Repentinas mudanças de direção são realizadas golpeando a bola numa mão ou em outra parte do corpo, e o barulho cria um ritmo percussivo. Dançarinos de poi são normalmente mulheres e fazem uma apresentação de graça, beleza e charme.
Já a Haka são danças de guerra com movimentos bruscos com as mãos, fortes pisadas no chão e batidass nas coxas. Os dançarinos podem incorporar armas tradicionais, como taiaha (armas parecidas como a lança) e patu (tacos), e na maioria das vezes é executada pelos homens da tribo.
A equipa de rugby All Blacks é famosa por apresentar o Haka antes de todos os jogos.
Vir à Nova Zelândia e não ver uma Haka é como ir ao Vaticano e não ver o papa.
A Pūkana, ou expressões faciais, são uma das coisas mais interessantes nas apresentações maori e demonstra a ferocidade ou paixão de quem executa.
Para as mulheres, pūkana envolve abrir bem os olhos e salientar seu queixo tatuado.
Para os homens, significa abrir bem os olhos e esticar a língua para fora ou apertar os dentes. Embora sejam intimidadoras, essas expressões não são necessariamente um sinal de agressão, mas podem simplesmente demonstrar força e emoções profundas.
Veja o vídeo com alguns trechos da apresentação:
No final ainda deu para tirar umas fotos com os maoris que fizeram a apresentação do Kapa Haka, para um dia mais tarde recordar…
Depois de terminar o “espetáculo”, fomos conhecer a vila de Whakarewarewa. É, provavelmente, a única do género, pois é um local onde os Maoris residem até hoje e que ainda combina os aspetos culturais, com algumas interessantes atrações geotermais.
Veja o mapa desta localidade:
Além dos diversos hotsprings (fontes termais) podemos, também, observar o modo de vida simples e pacato dos Maori que ali residem.
Começámos por ver o maior dos hotsprings da vila termal de Whakarewarewa – o Parekohuru (8).
É neste hotspring que os moradores de Whakarewarwewa costumam cozinhar frutos do mar e seus vegetais. A título de curiosidade, uma espiga de milho fica cozida em alguns minutos, mais rápido que uma panela de pressão.
Mesmo ali ao lado, está um Hangi (7) (forno subterrâneo geotérmico).
Aqui, podem ser cozidos todo o tipo de alimentos, como cordeiro, porco, carne, frango, peixe, marisco e legumes.
O hotspring (fonte termal) mais quente desta vila é chamado de Korotiotio (14), cuja tradução Maori significa: Homem Mal Humorado.
As suas águas são as mais turbulentas e literalmente espirram para fora com uma temperatura constante na casa dos 120o C.
Continuámos a nossa visita à vila na companhia de uma guia Maori que nos ia dando informação de tudo quanto víamos.
Durante o passeio visitámos também uma Igreja Católica (24) com mais de cem anos… do outro lado da ruela, uma igreja anglicana tão antiga quanto esta.
Até há uns anos atrás, os moradores que se destacavam neste vilarejo eram sepultados ao lado destas duas igrejas.
Seguimos, depois, até a uma plataforma de observação e podemos ver dois dos geysers (nascentes termais que entram em erupção periodicamente) mais ativos da Nova Zelândia. O Pohutu Geyser e o Te Tohu “Prince of Wales” (27).
Ambos têm um ciclo de aproximadamente uma hora entre uma erupção e outra, e expelem vapor e água quente a uma altura que varia entre os 10 a 40 metros…
A seguir, visitámos a Marae de Whakarewarewa, marae é um complexo cercado de construções esculpidas que pertencem a uma determinada tribo (iwi) ou família (whanau). Começámos por ver a Whare Tupuna (17) (casa ancestral).
A estrutura de uma wharenui (casa de reuniões) parece-se com a de um corpo humano e geralmente representa um determinado ancestral da tribo.
A figura esculpida no telhado em frente da casa representa a cabeça, as tábuas frontais formam braços abertos para receber os visitantes. As placas curtas em frente da casa representam as pernas; enquanto uma grande viga que desce pelo telhado, representa a coluna. As vigas – figuras esculpidas nas paredes, representam as costelas.
Os maraes (local de encontro dos maori é sagrado e oferece tudo, desde alimentação, dormida, instalações religiosas) são usados para reuniões, festas, funerais, secções educativas e outros eventos importantes da tribo.
Para terminar veja alguns utensílios e esculturas esculpidas da arte maori.
Já no regresso, parámos em Okawa Bay – Lake Rotoiti, para observar este local lindíssimo…
Regressámos depois a Tauranga, tendo a viagem decorrido ao som de cantorias do nosso tempo, entoados pelos casais que vinham na nossa carrinha (que bem que cantavam…) quando estávamos a trinta minutos da cidade,
parámos para ver um pomar de kiwis, a Kiwifruit Country.
Foi excelente a paragem neste local, pois deu para esticarmos as pernas e, ao mesmo tempo, ficarmos a conhecer um pouco sobre o cultivo desta fruta que teve origem na Nova Zelândia (na famosa empresa Zespri) no ano de 1904, com sementes importadas da China.
A combinação única de clima temperado, a proximidade com o oceano, os solos de cinzas vulcânicas e relevo, tornam este local, o ideal para cultivar kiwis.
Este tipo de plantação passou a ser uma atração turística, havendo excursões organizadas de visita a estas plantações.
Visitámos a loja do complexo e ficámos a conhecer algo mais sobre este excelente fruto.
Eram inúmeros os derivados de kiwis, disponíveis para provar. Qual deles o melhor!
Com o calor a apertar, fomos saborear os gelados feitos com base neste fruto, tendo como opção as diversas variedades de kiwis.
Simplesmente divinal!!!
Depois desta visita, partimos em direção ao porto de Tauranga. Antes da partida do navio cruzeiro, ainda deu para dar um passeio pela cidade e tirar as últimas fotos junto ao cais de embarque.
O “Ovation of the Seas” aguardava por nós…
E quando o navio apitou, estávamos de partida para Wellington, capital da Nova Zelândia. Da varanda da nossa cabine tirámos as últimas fotos desta simpática cidade.
NÃO PERCA a próxima reportagem: Chegada à capital da Nova Zelândia – Wellington
e visita ao Museu Nacional da Nova Zelândia – Te Papa Tongarewa. Imperdível! Um dos pontos altos desta viagem.
NOTA: Para ver ou rever as anteriores reportagens, basta clicar nos links seguintes (escritos a azul):
1ª – Relatos de uma viagem por terras do Oriente (1) – Dubai
2ª – Relatos de uma viagem por terras do Oriente (2) – Abu Dhabi
2 Comentários
Isabel e ze
Queridos amigos
Excelente reportagens sobre a nossa viagem.
Reconhecidos agradecemos o vosso trabalho.
Contamos com a vossa visita em breve.
Um grande abraço
Bebe e Ze
Samuel Carvalho
Olá Isabel (Bebé) e Zé,
Grato pelo vosso comentário e simpatia das vossas palavras.
Foi um prazer conhecer-vos e até uma próxima.
Aquele abraço,
Samuel/Helena