QUERO “HOUVIR” !
(Pintura de Malangatana Valente)
Um dia destes, um político mas também um empresário, ao que me dizem, bem sucedido da nossa praça, decidiu utilizar o Facebook para perguntar se “Moçambique está a progredir ? “. E pela via do tal “livro das caras” (como costuma dizer um amigo meu) o tal político e empresário pretendeu, tal como ele próprio escreveu, “houvir” com H, as opiniões do seu círculo de amigos e não só. As opiniões, das mais variadas, surgiram em catadupa. Elogios e críticas. Ideias e sugestões. Um debate sobre “Moçambique como ponto de convergência dos grandes projectos” que passou por outras coisas mais, que não são novidade para ninguém, como por exemplo “a ausência duma estrutura urbanística digna de crescimento”. Houve quem tivesse apelidado Moçambique como sendo “a terra do pede tudo”, quando afinal aqui temos tudo, (para dar e vender) como por exemplo carvão, marfim, madeira, ou camarão.
Houve quem perguntasse se “o progresso de Moçambique se reflecte na maioria da população e particularmente nos jovens” ? Segundo um dos internautas, o nosso país não conhece avanços significativos. É um “progresso” que atinge apenas aqueles (deputados, e outros da mesma bitola) que possuem um carro de luxo, uma viatura para a esposa e outra para levar os filhos à escola, casa, salário gordo, isenções de impostos e outras mordomias pagas com fundos do erário público. Para os menos favorecidos e especialmente “para a juventude resta lutar contra discursos e exigir mais acções que levem algo real para as suas vidas”. Moçambique individual (para alguns) está a “progredir” pois já andam de Ferrari, BMW, Audi e outros monstros de luxo, que são afinal o espelho do ideal teórico numa realidade selectiva. “Este é o MOZ de hoje”.
Neste debate provocado pelo político e empresário da nossa praça houve quem chegasse a afirmar que “falta gente séria e comprometida com a causa pública, que lute pela defesa dos objectivos pessoais em detrimento dos colectivos, onde “todo o moçambicano possa ser dono de alguma coisa”. Para alguns “nem o autor deste debate é capaz de responder às nossas preocupações ou resolver os nossos problemas”.
A este questionamento o político e empresário respondeu afirmando que “a formação do homem moçambicano é prioritária”, porque no seu entender, este deve ser o ponto de partida para uma discussão séria, porque afinal a educação é a base do desenvolvimento.
Agora com este emaranhado de opiniões acredito que o nosso político e empresário está em condições de transportar todos estes recados dos internautas, e fazer com que os seus companheiros, possam “houvir” de viva voz as ideias apresentadas.
PS: este artigo foi escrito tendo por base uma discussão havida no facebook subordinada ao tema “Moçambique está a progredir ?” Por razões óbvias omiti os nomes dos intervenientes.
João de Sousa – 06.03.2013