21 de Junho de 1969… Tragédia no Zambeze
Na tarde de 21 de Junho de 1969, próximo das 17 horas, uma coluna militar composta por 150 homens e 30 viaturas, que aguardava havia já seis dias a possibilidade da passagem daquele rio, embarcou no batelão,em Lacerdónia, com destino a Mopeia, na margem esquerda do Zambeze.
Ainda não era decorrida uma hora de viagem quando, inesperadamente a embarcação, demasiadamente carregada, começou a inclinar sendo invadida pela água, fazendo-a afundar.
As razões que motivaram este trágico acidente não foram, oficialmente, esclarecidas.
Admitiram-se vários cenários, expressos nos jornais da época: excesso de peso, falta de força nos motores e também o facto de não estar ainda inteiramente concluída a construção do batelão. Meras suposições. Não tenho conhecimento se, mais tarde, foram apuradas as verdadeiras causas que motivaram tamanho desastre.
João de Sousa – 21.06.2020
23 Comentários
Maria Faro
Lembro-me bem. Que estejam em paz.
Manuel Martins
Uma tragédia sem explicação. E assim se perderam 100 vidas. Eu recordo-me pois estava em Moçambique de onde sou natural
António Oliveira
A 1ª CCaç. do B.Caç.16. a que pertenci mais tarde no Niassa, em 70/71, fora uma das das designadas para essa deslocação, saindo do B.Caç 16, da Beira, para o Lunho. Lembro-me, de no Unango o furriel da manutenção dos Unimogs, me mostrar viaturas que se tinham safo. Muitos militares dessa companhia pereceram na tragédia, alguns, gente conhecida na Beira.
Erro crasso. Paz às almas, dos que pereceram.
António Conceição Roseiro
Lembro-me bem desta tragédia.Estava em Moçambique há quatro meses.Era Furriel Miliciano no BSMLM.
silvério ferreira
Nesta zona da travessia do Zambeze,existiram á data do acidente,2batalões.Aquele com que se deu a triste tragédia,era do que depois foi conhecido como O da Viuva.O outro batelão era de outro que tinha como encarregado,o sr Domingos.Comecei a utilizar na altura a travessia do Zaambéze cada vez que ia fazer assistencia a todos os clientes da STEIA da Beira,e eram muito bastas.Muito ouvi dizer,e,até pelos locais de que o pobre coitado foi obrigado a carregar no batelão até estar completamente cheio,e com algumas ameaças dos militares responsaveis.Mais uma triste TRAGÉDIA a somar a tantas outras por falta de responsabilidade.Mais não digo,porque é de uma grande tristeza.Paz a quantos sem culpa morrera por erros dos OUTROS.E,isso não foi o DESTINO.
Luiz Branco
Mais uma cagada feita pelo brilhante EP. Tal como fizeram na Guiné e aí foram 40 e tantos mortos. Quase 2,% de todos os mortos na guerra nestas duas travessias. Exército de brincadeira. Paz a alma dos que foram vítimas de oficiais incompetentes
FERNANDO CAPELA
Uma triste memória.Que todos estejam em Paz.
José Ramos
Nesse local trabalhava o meu pai , assistindo ao acidente e prestando como possível aá ajuda no salvamento dentro das possibilidades existentes.
Era capataz na companhia Senasugar.
Nuno Ventura
Boa noite, sou filho de um sobrevivente do acidente, o Meu pai é Manuel dos Santos Ventura! Ele gostava de falar com alguém que esteja vivo e possa partilhar com ele as recordações desse dia que para sempre marcou a sua vida e a minha, pois ele sobreviveu e eu nasci!
João Filipe Barata Coelho
Amigo Nuno Ventura, eu sou um sobrevivente do acidente do Zambeze. Caso queiras contactar comigo e pores-me em contacto com o teu pai podes fazer fazê-lo pelo messenger que eu dou te o meu numero do telemóvel. Estou em Odivelas, próximo de Lisboa e terei muito gosto em conversar com o teu pai. Também tenho muitas perguntas a fazer, sobretudo sobre alguns sobreviventes e alguns que desapareceram no acidente.
Nuno Ventura
Olá boa tarde! O número do meu pai é 936256116! Obrigado! Ligue ele vai ficar muito feliz!
Nuno Ventura
Olá boa tarde! O número do meu pai é 936256116!
carlos costa
Tinha 11 anos na altura, lembro-me perfeitamente deste desastre. Sempre que atravessei de batelão , lembrava me disso.
rui shirley de oliveira
Eu cheguei a Lacerdónia,cerca de duas horas aós o acidente. e de facto havia uma movimentação diabolica.
Tive d e volrtar para trás e ir para Mutarara.Pelo que eu conhecia daqauel batelão,julgo que houve um excesso de carga.
Mas,enfim agora não vale choarar sobre o leite derramado..
João Meireles
Foi, de facto, uma grande tragédia. O batelão não estava concluído e os militares estavam já há cerca de quinze dias para passar o rio. Para além de nós, estava também um circo que queria passar à nossa frente e que o nosso comandante não autorizou por estar a haver já falta de mantimentos. Recordo todos os momentos como se fosse hoje. Na altura, eu e o companheiro que está à minha esquerda na 2ª foto, fomos os primeiros a chegar à ilha. Primeiro cheguei eu e não vi ninguém. Pouco depois chegou o meu companheiro e juntos começámos a recolher os colegas que passavam a boiar e que se encontravam com vida. Conseguimos apanhar uns 4 e depois apareceram outros trazidos pelos pescadores. Recordo-me também de começar a ouvir um companheiro que se encontravam noutra ilha a uns cinquenta metros a dizer que se tina safado porque agarrou se a uma viola que lhe parcia ser do Meireles. Sem pensar, atirei-me ao rio e nadei até lá. Era a minha viola que tinha comprado com muito custo e que havia acabado de salvar um antigo colega de escola também chamado João. Voltei a nadar para a 1ª ilha onde os companheiros já estavam a fazerem fogueiras para se aquecerem. De seguida os pescadores disseram-nos que tínhamos que avisar os militares que se encontravam no destacamento de Mopeia e depois de nos explicarem, resolvi ir com eles pensando que era uma coisa fácil, mas não foi. Primeiro tivemos que ir numa almadia mais ou menos 40 minutos e depois correr cerca de 1 hora.
Ao chegarmos ao destacamento, ao principio os militares desconfiaram, depois mandaram-me para um quarto e foram ao quartel dar conhecimento ao comandante que de seguida veio ter comigo para um grande interrogatório. Seguiram-se os procedimentos.normais.
Apesar de não ser uma situação agradável, considero importante falarmos no assunto para se ir esclarecendo pormenores. Felicito o João de Sousa e o Samuel por esta iniciativa.
BigSlam
Caro João Manuel Alves Meireles, tu mais que ninguém soube como tudo se passou, pois foste um dos sobreviventes deste terrível desastre. Grato pelo teu testemunho que veio enriquecer este artigo.
Aquele abraço e vamos-nos vendo por aqui no nosso “Ponto de Encontro!” – http://www.bigslam.pt
Ernesto Silva
Um dia muito triste para a minha geração, nesse naufrágio de triste memória ficaram vários jovens da minha geração. Eu iniciei no ano seguinte, 1970, a minha instrução militar em Boane, depois de aí efectuar a recruta fui colocado no Batalhão de Instrução e Depósito (BID) em frente ao Hospital Militar onde realizei a minha especialidade, ainda passei cerca de um mês já na Intendência na R. de Nevala tendo daí sido colocado em Cabo Delgado (Meluco), onde realizei a minha comissão no Norte tendo voltado ao BID onde seria passados meses desmobilizado ainda em 1973. O João Meireles conheci bem, jogava eu em júniores no SNECI e ele no Desportivo. Que os nossos camaradas que ficaram nessa trágica travessia, estejam em paz.
manuel.jesussilva@hotmail.com
Assisti á saída da coluna em L.M, tinha na altura 18 anos.
Domingos Vilas Boas Jardim
Nessa altura, eu encontrava-me, em diligência militar, na 2a Companhia de Enhenharia, destacada no Luângua, distrito do Niassa, na construção das duas maiores pontes metálicas, construídas pela Engenharia Militar, em todo o Território Nacional, até hoje. Todos nós, miltares, incluindo o comandante da Companhia, ficámos muito consternados com tão horrível acontecimento.
A. Luís Ferreira.
Recordo perfeitamente este trágico acidente. Na altura encontrava – me ainda a prestar serviço militar em Nampula e precisamente no Comando Chefe, o qual se situava a saída da cidade e na estrada que seguia para António Enes.
Manuel da Silva
João, tocáste num tema que muito me sensibiliza. Tomo as palavras do Rogério Carreira como minhas, sobretudo no gesto dos três irmãos … só quem não sentiu problemas semelhantes … eu também passei por alguns grandes surtos. Podem lê-los aqui:
https://sites.google.com/view/vila-pery/
Peço desculpa por usar o BigSlam para os divulgar. Contudo, faço-o com muita humildade.
Um abraço ao João, Samuel e demais que trazem a nós memórias de tempos que já lá vão mas que merecem ser recordados. “Aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando”, foram as palavras que Luís Vaz de Camões usou para definir aqueles que pelos seus feitos jamais serão esquecidos, escapando assim da “lei da morte”, ou seja, do esquecimento.
José Luciano
Muitos recordarão este triste acidente. Outros já se esqueceram e alguns nem tomaram
conhecimento desta terrível desgraça Além do excesso de militares que transportava o “batelão” ninguém conseguiu explicar o que aconteceu. Recordemos com saudades as almas perdidas e aos religiosos que rezem por aqueles nossos amigos que perderam a vida ao serviço
da nação e dos seus habitantes. Recordemos os infelizes, com verdadeira saudade.Recordemos os seus familiares, com sincero pesar.
Odete Almeida
😪Recordo-me bem dessa notícia,foi um dia de aniversário triste. Vinda do Limpopo estudava em L.M.Todos os jornais da Capital e as pessoas falavam disso.O Meirelles,quem não o conhecia? Um rapaz loiro,de bom porte e bom atleta,era um dos que engrandeceu o desporto em Moçambique!