Relatos de uma viagem por terras de África (15) – “Deambulando pela baixa de Maputo… almoço e jantar com amigos de longa data”
9 de Março de 2017 – Quinta-feira
Apesar do dia anterior ter sido cansativo, levantámo-nos cedo.
Hoje resolvi dar a conhecer a baixa de Maputo à Helena deambulando pelas ruas da cidade… com a colaboração do Mahomed Cadir, meu antigo pupilo do basquete de formação do Ferroviário LM, que fez de cicerone.
Época 1974/75 – Juvenis
• Campeão Distrital L. Marques • Campeão Provincial Moçambique
Em cima: Nelson (Dirigente), Fernando Cruz (Seccionista), Nelson Catoja, Mahomed Cadir, Timóteo Pfumo, Arménio Coelho, Samuel Carvalho (Treinador).
Em baixo: Douglas Thompson (Capitão), Carlos Alberto, José Fachada, Delfim Loureiro, Luís Magalhães, José Francisco “Zeca”.
À hora combinada, o Mahomed foi-nos buscar a casa de carro. Descemos o viaduto e estacionou a viatura junto ao restaurante dos seus tios – “Esplanada Oriental” (assinalada na imagem),
ao lado do actual parque de diversões “Luna Parque”.
Já a pé, atravessámos a estrada e revi o quiosque da Cooperativa Criador de Gado onde, em criança, e após o “passeio dos tristes” estava desejoso de ali chegar, para saborear os deliciosos sorvetes da cooperativa…
em frente, do outro lado da Av. 25 de Setembro (antiga Av. da República), fica o edifício da operadora de telemóveis MCEL
ali, bem pertinho, na direção da baía, fica o antigo edifício da Fazenda/Finanças,
em frente fica o edifício do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação,
logo a seguir, na Av. 10 de Novembro (antiga Rua de Sagres), fica o Standard Bank,
e depois, o inesquecível Restaurante Zambi, um dos mais antigos de Maputo. Foi projectado pelo famoso arquitecto Pancho Guedes em 1956 e chegou a ser uma discoteca antes de se tornar numa das casas de refeições mais requintadas da cidade de Maputo, com um novo visual desde 2007.
de realçar e apreciar, o mural dos “monstros marinhos” recuperado e em bom estado, virado para as traseiras
Caminhando no sentido oposto, passámos pela Ponte Cais Maputo-Catembe
Depois, seguimos pela Rua Ngungunhane (antiga Rua Marquês de Pombal) em direção à Fortaleza de Maputo, tendo passado pelo Maputo Shopping Centre
que foi inaugurado em maio de 2007, considerado na altura o maior centro comercial de Moçambique.
Momade Bachir Sulemane também conhecido como MBS é o dono do Grupo MBS e do Maputo Shopping Center.
Em junho de 2010, o empresário foi acusado pelo Governo dos Estados Unidos de “Barão de Droga Estrangeiro”, tendo o Shopping a partir dessa altura perdido o seu élan…
A seguir, passámos em frente ao Instituto Nacional da Marinha (INAMAR)
Prosseguimos pela Rua Ngungunhane até ao Porto de Pesca e, pelo caminho, registámos algumas imagens do quotidiano de Maputo…
Encontro casual com um casal de portugueses que viveu em Moçambique e que se encontravam de férias neste país – Miguel Carmo Vaz e sua esposa Fernanda.
Chegámos, entretanto, à Fortaleza de Maputo, conhecida também como Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, e que se localiza junto ao Porto de Pesca, na Praça 25 de Junho (antiga Praça 7 de Março), reconhecida como um dos principais monumentos históricos da cidade (ano de 1785 aproximadamente).
A entrada é virada para a Praça 25 de Junho.
Por volta de 1946, o forte foi reconstruído sobre os alicerces do primitivo, tendo-se conservado a árvore histórica existente junto ao seu Portão de Armas (onde, segundo a tradição, os Vátuas enforcaram o Governador Dionísio Ribeiro, em 1883)
e requalificado as edificações do seu interior como “Museu Histórico de Moçambique”. Atualmente, encontra-se, também, instalado o Museu de História Militar, administrado pela Universidade Eduardo Mondlane.
A Fortaleza tem uma planta quadrangular construída com pedra avermelhada, e contém um único portão de acesso que se abre para um pátio central.
Em frente e ao fundo vê-se a estátua equestre de Mouzinho de Albuquerque.
Na lateral da fortaleza, há painéis de esculturas onde estão representações históricas, evocando a prisão de Gungunhana e a carga militar contra o império de Gaza;
antes da Independência de Moçambique faziam ambas parte da estátua que existia junto à Catedral de Lourenço Marques, em frente ao edifício da Câmara Municipal.
Nos jardins da fortaleza está ainda uma outra estátua, de António Enes, que foi comissário régio da Província em 1895. A estátua, de 1910, é da autoria de Teixeira Lopes.
No centro do jardim, estão canhões com uma réplica dos padrões utilizados por Vasco da Gama, durante as suas descobertas e expedições.
Depois, aproveitámos para descansar à sombra de uma árvore frondosa, a idade já não perdoa… 🙂
No interior da fortaleza, jazem também, em urna de madeira, os restos mortais de Ngungunhane (Gungunhana) – Frederico Gungunhana, que foi o último imperador do Império de Gaza, no território que atualmente é Moçambique, transladados da ilha Terceira, nos Açores, em 1985.
Esta sala foi anteriormente a capela da fortaleza e acolhe uma exposição que conta a história de Gungunhana.
Existem várias salas com exposições diversas, algumas permanentes e outras temporárias, organizadas pela Universidade Eduardo Mondlane.
INFORMAÇÕES:
Fortaleza de Maputo, junto ao porto de pesca.
Morada: Praça 25 de Junho – Maputo.
Entrada: 20 Mt (0,28€)
Horário: 09H00-12H00 e 14H00-17H00. Encerra à segunda-feira.
Saímos da fortaleza em direção ao Jardim Botânico Tunduru (antigo Jardim Vasco da Gama).
Aproveitámos para fotografar o edifício mais imponente da baixa de Maputo – o Banco de Moçambique
ao lado fica o Café Continental,
onde nos sentámos a tomar uma bebida fresca, pois o calor abrasador assim o exigia
A partir de novembro de 2019, este espaço passou a ter a designação de Minerva & Continental e concilia o conceito de livraria com o de restaurante, estando destinado à comercialização de livros, material informático, aparelhagem de som e TV, além de propor experiências gastronómicas em um espaço agradável e confortável.
Antes de visitarmos o Jardim Tunduru, demos uma pequena volta pela baixa da capital…
Cinema SCALA,
Correios de Moçambique,
Edifício do Jornal Notícias, na Rua Joaquim Lapa, onde o meu avô Barbosa trabalhou e foi administrador…
Voltámos à Av. 25 Setembro (antiga Av. da República)…
Biblioteca Nacional,
Do lado oposto o Hotel Tivoli
Chegámos à esquina da Av. 25 de Setembro com a Rua da Imprensa
Contornámos a esquina, ficando à esquerda o edifício da Imprensa Nacional
Do lado oposto, o emblemático prédio de 33 andares
Ao lado fica o Supermercado HORIZON IVATO, com a maioria dos produtos de origem chinesa
Seguimos pela Av. Zedequias Manganhela (antiga Av. Álvares Cabral), onde presenciei algo que já não via há muito tempo – engraxador de rua,
mais à frente, um dos inúmeros vendedores de fruta ambulante que existem pela cidade.
Na esquina uma “mamana” que vende castanha de caju e é este o seu “ganha pão”!
Chegámos, entretanto, ao Jardim Botânico Tunduru. Depois de um demorado trabalho de reabilitação, foi finalmente reaberto ao público em 21 de Dezembro de 2015.
A entrada é um belo arco em estilo neomanuelino,
e esta peça foi colocada no local em 1924, por ocasião do aniversário da morte do navegador Vasco da Gama.
Em frente ao arco, pode-se avistar a estátua do presidente Samora Machel feita por escultores norte-coreanos (com 9 metros de altura, 4,8 toneladas, e sobre uma base de betão de 2,7 metros).
Esta zona é considerada um dos ex-libris de Maputo, por confluir no mesmo espaço uma verdadeira riqueza de flora.
Um lugar bastante agradável para passear durante as horas mais quentes do dia, excelente para uma caminhada ou momentos de relaxamento sob árvores frondosas.
A estufa fria
O coreto
A fonte Wallace de ferro fundido — com quatro figuras femininas sustentando uma cúpula, ainda fazem parte do “acervo” do parque.
A paredes meias com o parque, funciona o Clube de Ténis de Maputo
Restaurante de apoio – Kat Kero
Ficámos a conhecer o João Paulo Catoja Lobo, selecionador nacional de ténis da área da formação. Da próxima vez, já sei onde vou jogar a minha partidinha de ténis…
Dentro do Jardim Tunduru, há um centro de apoio que oferece tudo o que turista precisa durante a sua estada em Maputo e região. Conta com o trabalho de estudantes que promovem tours, fazem levantamentos de pontos turísticos, restaurantes baratos, entre outras informações muito úteis.
O escritório de turismo fica na entrada do parque e é identificado por uma placa com a letra “i”.
Quando visitei Maputo em 2005, este jardim estava completamente abandonado; agora, depois das obras de reabilitação, dá gosto privar deste espaço. Parabéns!
Estava na hora de regressar, no caminho de volta passámos pelo edifício da Autoridade Tributária de Moçambique.
Quem se recorda de ver filmes no Teatro Avenida?
Já no restaurante “Esplanada Oriental”, aproveitámos para conhecer os familiares do Mahomed e agradecer o convite para o almoço que terá que ficar para uma próxima…
O meu antigo pupilo levou-nos de regresso a casa. Aproveito para lhe agradecer a disponibilidade e simpatia com que nos guiou pela baixa de Maputo… e desejar-lhe muitos “triplos” ao longo da vida! Kanimambo!
Tomámos um banho a correr e, pouco depois, o José Zilhão, meu antigo colega do basquete do Ferroviário LM, veio-nos buscar para almoçar e colocarmos a conversa em dia…
Época 1970/71 – Juniores
• Vice Campeão Distrital L. Marques • Campeão Provincial Moçambique
Em cima: George Sing, Samuel Carvalho, Alberto Santos, Óscar Thompson, José Almeida, C6?, Mário Machado (Treinador).
Em baixo: Humberto Oliveira, José Sá, José Zilhão, António Gaspar, João Barbosa “Becas”, Jacinto.
O local escolhido pelo “Zi”, foi o Restaurante Ocean Maputo, cuja especialidades são o peixe e marisco.
Um espaço muito agradável, com a decoração inspirada no mar, e nos leva a imaginar num barco a navegar no oceano dos sabores…
Um almoço excelente, em ótima companhia e com muita “bula-bula” à mistura… valeu Zilhão!
O tempo passou a correr, a agenda estava apertada; logo após o almoço fiquei de me encontrar com malta amiga no Marítimo
Fui só para dar um abraço ao maralhal pois, quando o convite foi feito para este almoço convívio, já estava comprometido com o amigo Zilhão.
Tudo boa gente…
Como somos amigos do “Fernandinho”, tivemos que nos dobrar, para ficar à mesma altura… só não entendo o ar de satisfação do “Rico” Bettencourt naquela posição! 🙂
Amigos de longa data e de férias em Maputo… José Carlos Sepodes (colega do basquete do Ferroviário LM) e Fernando Nogueira e Silva (colega de pelotão na recruta de 1973 em Boane)
Mas que trupe …
Já que estava aqui, aproveitei para comprar amendoim às “tombazanas”, que se estabelecem em frente ao Marítimo, local onde se arranja o melhor amendoim da cidade.
Já na residência, aproveitámos para descansar, mas não muito, porque tínhamos programa para um jantar, a convite do casal – Manuela e Geraldo Murta.
Pelas vinte horas e conforme o combinado, os nossos amigos passaram pela casa onde estávamos e levaram-nos até ao Restaurante Zambi. O local escolhido foi excelente!
Este fica localizado na marginal na Av. 10 de Novembro e com vista privilegiada durante o dia para a Catembe!
Estava a morrinhar quando chegámos…
mas no interior o ambiente era convidativo
O jantar decorreu num ambiente descontraído e com ótima disposição… com o Geraldo Murta a evidenciar os seus dotes de bom comunicador.
Aceitámos a sugestão dos anfitriões e optámos pelos camarões grelhados
que estavam simplesmente divinais!!!
A conversa prolongou-se pela noite dentro, recordando momentos de outrora e trocando impressões sobre o momento atual de Moçambique…
Agradecemos pelo jantar maravilhoso e pela excelente noite que o casal Murta nos proporcionaram. Ficou combinado que, numa próxima visita a Moçambique, o programa irá contemplar o arquipélago de Bazaruto…
Chegámos a casa exaustos, pois o dia foi deveras preenchido, mas ao mesmo tempo felizes pelos momentos vividos…
A amizade verdadeira é como o primeiro beijo, a gente nunca esquece!”
Maykon Rodrigues
Música: Guell – Musica de Moçambique
- Não perca o próximo episódio desta viagem por terras de África – “Queimando os últimos cartuchos em Moçambique…”.
(Visita à Escola Portuguesa, Delegação da Portucel em Maputo, almoço em casa do Mário Gomes, visita ao “Malhangalene” e jantar em família no Restaurante Casa do Peixe)
NOTA: Para ver ou rever as anteriores reportagens, basta clicar nos links seguintes (escritos a azul):
1ª – “Viagem até Joanesburgo e o primeiro dia nesta cidade!”
2ª – “Jantar convívio com antigos desportistas de Moçambique radicados em Joanesburgo!”
3ª – “Fim de semana em Marloth Park!“
4ª – “Partida de Marloth Park e Chegada a Maputo!“
5ª – “Primeiro dia na cidade de Maputo!”
8ª – “Um passeio pelos clubes da baixa de Maputo!”
9ª – “Convívios… e entrevista da televisão STV ao BigSlam!”
10ª – “Visita a alguns locais emblemáticos de Maputo!”
11ª – “Almoço e jantar com amigos em Maputo!”
12ª – “Viagem e primeiro dia na praia do Bilene…”
13ª – “À descoberta de um novo Bilene…”
14ª – “Visita à Casa do Gaiato de Maputo e Aldeia Ndivinduane”
7 Comentários
ABM
Sam, três notas:
1. o o antigo edifício da Fazenda/Finanças a que referes é desde 1975 o Gabinete do Primeiro-ministro. Penso que em tempos alojou outros ministérios, creio que Negócios Estrangeiros. Que depois mudou-se para aquela estrutura paquidérmica construída ao lado pelos amigos chineses. onde antes eram umparque com um lagozinho artifical (se te lembrares).
2. Cuidado com o que lês na internet, as pessoas copiam o lixo umas das outras e depois dá nisto, és enganado. O episódio do tal Governador do Presídio, Dionísio Ribeiro ocorreu em 1833, não 1883. Em 1833 Gungunhana nem sequer existia e o linchamento do desgraçado do Dionísio terá ocorrido (segundo Galvão e Carlos Selvagem) na Ilha da Grande Xefina. O ataque teve que ver com uma mistura de enorme instabilidade tribal na altura, com os zulu a invadirem e conquistarem tudo `sua frente até chegarem a Tete, e os swazi a matarem tudo o que lhes aparecia à frente. A guarniçãozinha portuguesa levou por tabela. Adicionalmente, houve uma enorme seca na década de 1830-1840 e morreram montanhas de gente da fome. Foram anos de enorme caos, violência e instabilidade.
3. Mais grave é essa cena da árvore. A árvore nem sequer existia em 1834. De facto, toda a área em redor do presídio estava e era mantida limpa pois fazia parte da estratégia militar na altiura manter um campo de visão tão longo quanto possível para ver o inimigo o mais depressa e mais longe possível, como essa área fazia parte da área de “campo de tiro” dos canhões, que tinha regras muito específicas, tais como “não deixes crescer uma merda duma árvore mesmo em frente ao teu canhão”. Ter uma árvore a 10 metros do lado poente da fortaleza, junto à entrada principal, é ….enfim, para rir. Adicionalmente, tenho “n” fotos da época do presídio e nunca vês nelas a tal de árvore. Nem uma. Imagino que para enganar turista maburro e moçambicano mal informado, a história tenha a sua piada, ainda por cima é sobre os “resistentes nacionalistas” a “derrotar o colonialista”. Só que é quase tudo inventado. Basta ler as fontes originais.
De resto, excelente como sempre. Abraço, ABM
BigSlam
Caro amigo ABM, grato pelo teu comentário com informações históricas que esclarecem e enriquecem algumas notas do artigo em questão.
Aquele abraço e aparece sempre neste nosso “Ponto de Encontro!” – http://www.bigslam.pt
Delfina Ode
Hermoso reportaje, lindos recuerdos de ese lindo país. Gracias por compartir
Candido Azevedo
Samuel essa reportagem trouxe-me lágrimas aos olhos … e estive lá pela 3ª vez há 4 anos atrás… mas é a nossa Moçambique. grande abraço
mahalucane
muito lindo. esse e o nosso mocambique
Maló Destino
Linda reportagem! Obrigado por partilhares connosco (y)
Amália de Almeida
SÓ O “BIGSLAM” me faz sorrir ao recordar a nossa adorada terra. Muito Obrigada SAMUEL!!! BEM HAJAS!!