Relatos de uma viagem por terras de África (9) – “Convívios… e entrevista da televisão STV ao BigSlam!”
1 de março de 2017 – Quarta-feira
Já adaptados à diferença horária, não foi difícil o acordar. Estava programado, para essa manhã, logo a seguir ao pequeno almoço, irmos visitar o Fernando Nogueira e Silva, meu antigo Colega da recruta de 1973 em Boane e meu parceiro das caminhadas de fim de semana, e sua esposa Margarida Mittermayer Rocha. Também eles residem na Figueira da Foz e encontravam-se de férias em Maputo.
Fomos a pé para fazer exercício… e sentir o pulsar do quotidiano da cidade de Maputo.
Caminhámos ao longo da Av. Ahmed Sekou Touré, antiga Av. Afonso Albuquerque, até encontrarmos a bonita Catedral Ortodoxa – Arcanjos Micael e Gabriel
ao lado, fica o Palácio dos Casamentos, onde têm lugar inúmeras celebrações oficiais de matrimónios. Antigamente, denominado por Ateneu Grego, foi construído entre 1931 e 1934 e funcionava como centro associativo da comunidade grega, que, na altura, acolhia sobretudo actividades de carácter cultural.
virámos na esquina e ao lado do Palácio estava o Hotel Avenida
prosseguimos a caminhada pela Av. Julius Nyerere (Av. António Enes), tendo passado ao lado da Embaixada de Portugal em Maputo, Centro Cultural Português – Instituto Camões (edifício cor de rosa)
chegámos, entretanto, à Mabuko, uma livraria da Natália Bettencourt
onde adquirimos o livro do prestigiado escritor moçambicano Mia Couto – “a espada e a azagaia”, tendo como destino a minha filha Soraia que é fã do Mia.
Depois de efetuada a compra, voltámos à Julius Nyerere…
muitas vezes tivemos que caminhar pela estrada, pois os carros estacionados em cima dos passeios não davam outra alternativa; agora, imaginem na baixa da cidade!
As bombas de gasolina da TOTAL
Logo a seguir, fica o emblemático Hotel Polana. Hoje, com o nome de Polana Serena Hotel, é o mais histórico hotel em Maputo.
Foi construído em 1922 e remodelado em 2010, mas manteve sempre o seu ambiente tradicional, requintado e com decoração clássica. Há quem lhe chame a “Grande Dama” de África.
Aqui vai um cheirinho do hotel:
Continuámos a nossa caminhada, descemos a rampa da Rua José Craveirinha que desemboca no Miramar. Quantas vezes fiz este percurso na minha adolescência a caminho da praia…
Aonde está situado o Radisson Blu Hotel & Residence, era dantes o Parque de Campismo da Polana, muito utilizado pelos visitantes sul-africanos nas suas férias em Lourenço Marques. Quem não se recorda das “bifas” do camping?
A casa da Sofia (filha) e Bernardo (genro) onde estavam hospedados o casal Guida e Fernando, ficava numa pequena ruela em frente ao restaurante Sagres
e Hotel Southern Sun Maputo.
Uma excelente residência, bem localizada, com o mar do outro lado da rua…
A Cuca dá as boas vindas à Helena
Depois de muita “bula-bula”, com o calor a apertar e a piscina ali mesmo ao lado,
… havia que refrescar, pois a temperatura assim exigia!
Foi uma ótima manhã com amigos de longa data, mas não deu para muito mais, pois as horas não param e tínhamos um compromisso para o almoço a convite do Nuno Narcy. Só nos restava despedir e desejar a continuação de ótimas férias ao casal “moçambicano/figueirense” – Guida e Fernando.
Para cima, recorremos a um “txopela” (tuk-tuk), a melhor opção para as horas de ponta e não só.
À hora combinada, o Nuno Narcy foi-nos buscar para almoçar no Restaurante “A Taverna” (antigo Sheik), situado na esquina da Av. Mao Tsé Tung (antiga Av. Massano de Amorim) com a Av. Armando Tivane (antiga Av. Couceiro da Costa).
Das ruínas do antigo espaço Sheik, reconstruíram a centenária casa que nos tempos foi considerada uma das melhores de Moçambique e transformaram a mesma no típico Restaurante Taverna Portuguesa e na Pastelaria Taverna Doce 1.
A Taverna é considerado o melhor restaurante português em Maputo. A decoração como podem comprovar é típica, bonita e acolhedora.
Há disponíveis 2000 rótulos de vinhos oriundos de todo o mundo (a maior garrafeira da África Austral), mas há também vinhos do Porto raríssimos e outras bebidas, totalizando oitocentas bebidas espirituosas.
Aproveitámos para dar “dois dedos” de conversa enquanto aguardávamos a chegada da Lara Narcy, filha do Nuno e nossa prima, que é Directora Executiva – Jurídico, Regulação e Conformidade, numa Empresa de Comunicações em Moçambique.
Depois de consultarmos o cardápio, a maioria optou pelo “Buffet Típico Português”, que funciona de segunda a sexta à hora do almoço.
Foi uma excelente opção porque o bufete era divinal!
A Lara grávida de 8 meses, toda ela irradiava felicidade… como estava bonita!!!
Recordámos a minha ultima estadia em Moçambique em 2005, quando as primas Lara e Soraia se conheceram
e como em 12 anos tanta coisa mudou… hoje são mulheres realizadas profissionalmente e já com descendentes… como o tempo passa a correr…
Foi um excelente almoço, em excelente companhia e com muita “bula-bula” à mistura… Kanimambo Nuno e Lara!
Depois deste almoço espectacular e já à saída do restaurante o Nuno Narcy apresentou-nos o proprietário da Taverna – Nuno Pestana.
É filho de pais portugueses, tendo nascido em Moçambique. Abriu em Maputo, a Taverna, à época uma casa de petiscos. Já lá vão dez anos…
Com seis casas abertas em Moçambique (a esta junta-se um restaurante italiano e quatro pastelarias), é a prova de que investir na paixão, trabalhar afincadamente e ter paciência é o caminho do sucesso.
Esta terá sido a primeira Taverna Doce da cidade. Hoje, é muito “IN” tomar o pequeno almoço ou ir lanchar a um dos Taverna Doce…
Despedimo-nos da Lara que tinha de ir trabalhar e de seguida o Nuno Narcy levou-nos até ao Continental,
onde ficámos de nos encontrar com o veterano jornalista moçambicano – Renato Caldeira,
para uma troca de informações sobre a entrevista que me iria fazer, na estação de televisão moçambicana STV, no seu programa “Do fundo do baú”.
Pode ver na televisão portuguesa a STV – canal 193 da operadora NOS.
O Continental, que tem como gerente o Eduardo Rui (antigo atleta do basquete do CFM), continua a fornecer um serviço de café, pastelaria e padaria…
e tem uma esplanada muito agradável…
Na esquina em frente, já não existe o Café Scala,
mas, ao lado, o velhinho Teatro Scala continua a funcionar.
Aproveitámos para tomar um chá e trocar impressões sobre a vida em Moçambique no geral e do desporto em particular.
Entretanto, tivemos uma grata surpresa, um encontro casual com a Clarisse Machanguana e a sua filhota
a última vez que estive com ela foi em Julho de 2013, na Figueira da Foz (imagem abaixo),
ano do lançamento do seu livro – “A Estrela Luz da Minha Alma”.
Para quem não sabe, Clarisse Machanguana foi jogadora de basquetebol da seleção de Moçambique desde os quinze anos até aos quarenta, tendo jogado dez anos na WNBA.
Em 2014, criou a Fundação Clarisse Machanguana de apoio aos jovens moçambicanos e, em maio de 2016, foi nomeada embaixadora da UNICEF para Moçambique.
Dizem que as conversas são como as cerejas, encadeiam-se umas nas outras de tal forma que é difícil parar… e com isto, estava na hora de nos dirigirmos aos estúdios da STV. Fomos a pé, pois era muito perto do local onde estávamos.
Depois dos preparativos na sala de maquilhagem,
chegou o momento da entrevista. Fui informado, naquele momento, que a mesma teria a duração aproximada de uma hora dividida em duas partes de 30 minutos… pensei para comigo “estou feito ao bife”!
Falou-se do desporto da época colonial, da influência que os atletas de Moçambique tiveram no desporto em Portugal e do momento atual do desporto moçambicano nas diversas vertentes…
Mas com o excelente interlocutor que é Renato Caldeira, a entrevista decorreu de uma forma fluída que nem dei pelo tempo passar…
Depois da entrevista, Renato Caldeira teve a amabilidade de me oferecer dois exemplares das suas obras mais recentes
assim como a vida e obra do “Monstro Sagrado” – Mário Coluna
e dezenas de posters do seu vasto arquivo fotográfico sobre desporto.
Quero agradecer em meu nome e de todo o BigSlam, a oportunidade de falar para a STV através do programa “Do Fundo do Baú” de Renato Caldeira. Kanimambo!
Conheça um pouco mais do decano do jornalismo moçambicano – Renato Caldeira, clicando AQUI.
Apanhámos, depois, boleia do entrevistador no regresso a casa. À nossa espera, como sempre, o Jack, o cão do meu primo Pê, muito inteligente, alegre, enérgico e extremamente leal ao seu dono. Um verdadeiro amigalhaço!!!
Depois deste dia completamente preenchido a uma temperatura tropical… foi o momento de um banho quase frio. Que maravilha!
De seguida, o meu primo ainda nos presenteou com um jantar divinal… pouco tempo depois, Maputo adormecia!
Música: Alan Walker – Faded
- Não perca o próximo episódio desta viagem por terras de África – “Locais emblemáticos de Maputo… e encontros de amigos”!
(De passagem pela Escola Comercial e Liceu, visita ao Museu, Feira do Artesanato e Igreja da Polana, almoço na Lanchonete do Atleta e jantar no Southern Sun Maputo)
NOTA: Para ver ou rever as anteriores reportagens, basta clicar nos links seguintes (escritos a azul):
1ª – “Viagem até Joanesburgo e o primeiro dia nesta cidade!”
2ª – “Jantar convívio com antigos desportistas de Moçambique radicados em Joanesburgo!”
3ª – “Fim de semana em Marloth Park!“
4ª – “Partida de Marloth Park e Chegada a Maputo!“
5ª – “Primeiro dia na cidade de Maputo!”
8ª – “Um passeio pelos clubes da baixa de Maputo!”
8 Comentários
João Santos
Já tive a felicidade de ter regressado a Moçambique por 3 vezes e curiosamente uma delas cruzei-me com o Fernu e a Guida curiosamente. Mas o Samuel transporta-nos para dentro da cidade, ao ler estou a voar por esses locais, como se os estivesse a sentir, cheirar e abraçar. Obrigado por tudo.
Mário Grilo
Excelente reportagem Samuel.
Fantástico este desfilar de fotos e texto a acompanhar.
Que boas memórias!
Parabéns e um abraço.
Milu Gouveia
Adoro as suas reportagens, apesar de viver em Maputo e ser Mocambicana tambem viajo. KKKKKKKK
BigSlam
Obrigado Milu, pela simpatia das suas palavras.
Há sempre um Moçambique por descobrir…
Apareça sempre neste nosso “Ponto de Encontro!” – http://www.bigslam.pt
Aquele abraço.
Dona Rosa
Obrigada BIG SLAM, Samuel por todas as suas reportagens. Sempre muito informativas e muito eticas como as apresenta. Parabens e continue sempre pois assim viajamos por ai fora com muito agrado! Bem haja e SUA familia tambem,
Carlos Hidalgo Pinto
Bem o Samuel e a esposa, têm dado um óptimo contributo para o estreitar de relações entre os dois países, onde a língua portuguesa se torna um factor de coesão. Os lusomoçambicanos têm a topofília inerente ao tempo passado nas vilas e cidades de Moçambique. Há lusomoçambicanos de 4ª geração, pois já os seus bisavós nasceram naquele territõrio, caso de uma bisavó minha.
Mais uma vez, o desporto aproxima as pessoas, assim como a cultura.
Gostei de rever imagens do Nuno Narcy, sempre calmo e bem disposto. Aqui vai um abraço para ele e para o meu primo Luis Couto Morais, mulher e filhos, a quem não vejo desde 2006, creio.
Nelson Silva
O que vi agora parece-me melhor preservado e mais próximo do que me lembro de Lourenço Marques. Obrigado, Samuel. Fico a aguardar pelo texto sobre a Malhangalene. Abraço.
constantino Poulos
Gostei da reportagem, mais do palácio dos casamentos (antigo ateneu grego) onde fui batizado em 24 de julho de 1935, com 5 meses, ainda não existia a Igreja Ortodoxa Grega.
Um abração
Constantino Poulos