8 Comentários

  1. 7

    José Abílio Mourato

    Faz hoje precisamente 46 anos que se deu o 7 de Setembro de 1974. Também o vivi com ansiedade como tantos outros mas por razões mais sui-generis: Estava no Parque da Gorongosa, no Chitengo à espera de avião para regresso à Metrópole depois de ter sido despejado, como militar, em Moçambique, mobilizado para uma guerra que tinha um fim mais que anunciado para que o antigo regime nos conduziu, ceifando cerca de 9.500 vidas e gastando os parcos recursos em tamanha odisseia, em 3 frentes de guerra com áreas sem fim para controlar, faltando por isso cá na Metrópole as coisas mais básicas como sistema de reformas, Serviço de Saúde, Educação etc. Estive primeiro em Tete a defender a Cabora Bassa num local do fim do mundo chamado Chipera, onde tivemos 5 mortos e dezenas de feridos, com um sofrimento atróz durante 2 anos Esses senhores bem instaladinhos nas grandes cidades perto das imperiais e do bom camarão e com carradas de criados pretos como mainatos, fingiam desconher o que se passava lá pelo Rovuma e pelo Zambeze, dizendo que a guerra não passava de um grupo de bandoleiros de delito comum. Falam da descolonização “exemplar” com aspas, mas eu que sei do que falo e chamo-lhe exemplar sem aspas. Com o poder caído na rua e com os militares exaustos de uma guerra fraticida, mais ninguém quiz fazer fosse o que fosse para aguentar um regime em agonia por causa, essencialmente, da aventura guerrista no Ultramar, onde todos os países europeus compreenderam a tempo os ventos da história e deram a independência às colónias antes dos povos pegarem em armas, com negociações em clima de paz e acautelando o regresso dos compatriotas aos países europeus e mantendo lá os seus interesses e o seu Know how para ajudar a criar raízes os jovens paises independentes. Compreendo o sofrimento dos que tiveram que sair com a mobilia às costas, que estavam lá com boas intenções mas não atirem isso à cara dos que tiveram que fazer a descolonização “exemplar” porque ela não podia ter sido diferente naquelas condições em que o poder estava na rua, os militares cansados e em perigo recusavam-se a combater e a Frelimo, sabendo da nossa fragilidade do momento, redobrou esforços de guerra e começou a metralhar autocarros e outros transportes às portas das grandes cidades como a Beira, situação que nunca se tinha verificado porque pensaram que depois de 14 anos de guerra é agora ou nunca. Basta dizer que naqueles 6 meses entre Abril e Setembro morreram 6 vezes mais compatriotas nossos em emboscadas do que em iguais períodos de guerra rotineira. Um dos nossos mortos foi-o em 24 de Abril de 1974, o saúdoso João Gonçalves um soldado que era de cor mas estava ao nosso serviço.
    Quando se fala por aí nas lindas cidades com milhares de edificios de nível europeu que lá deixámos, como em Lourenço Marques Beira, Nampula etc. convém lembrar que tambm lá deixámos 10 milhões de palhotas e 95% de nativos analfabetos. Tudo isto em 500 anos. Quando assentar o pó das emoções e que deixe de haver pessoas que viveram esta odisseia da mobilia às costas, hão-de ver que a história irá registar o facto como sendo descolonização exemplar, sem aspas!!!!

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  2. 6

    Luis Bento

    Neste dia regressava da beira com o meu camião. Parei nas Palmeiras para almoçar e também la estavam 4 colegas. Arrancamos ao mesmo tempo para Lourenço Marque e nada sabíamos dos acontecimentos. Eu ia á frente e mais atras os outros colegas. Passei por Benfica e reparei num movimento ja fora do normal. e pelo espelho vi o outro colega e nada mais. No outro dia vim a saber que o 3º 4º e 5º foram apanhados com paus na estrada e … as cabeças cortadas e penduradas em paus, postas á borda da estrada. Escapei por segundos. Mas nada me vale contar esta situação, pois os cobardes responsáveis, morrem numa cama de hospital com todas as mordomias! Agora o que me irrita, é ver esta gentalha europeia, a mandar medicamentos e dinheiro para ajudar as vitimas das cheias e nem vão ver para onde vai esse dinheiro e os medicamentos que são vendidos a preço de ouro. Cambada de imbecis.

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  3. 5

    Manuel Martins Terra

    Tal como disse e bem, o meu amigo José Carlos meu vizinho e grande amigo de infância,que trabalhamos juntos no Jornal Diário, e eu corroboro sem reticências, que faltou a Moçambique um politico com a grandeza e carater de Nelson Mandela , capaz de manter a coesão da simbiose de culturas que perfumava a sociedade mocambicana. No entanto é justo salientar o esforço de dispendido por um jovem moçambicano de seu nome Eduardo Mondlane , mandatado por todos os movimentos nacionalistas que preparavam a ofensiva militar contra a politica ditatorial de Salazar, para se evitar a guerra colonial, no sentido de Portugal ser exemplar na história dos países europeus que descolonizaram as suas colónias. Salazar não quis ouvir o então estadista da ONU, Eduardo Mondlane que tinha um visão politica capaz de conduzir a Guiné Bissau, Angola e Moçambique a um futuro promissor. Infelizmente assim não sucedeu , com ae consequências por todos nós conhecidas. Mondlane poucos anos depois viria a ser assassinado na sua casa em Dar es Salaam, em condições ainda hoje pouco esclarecidas. Por sua vez o governo que resultou da queda do regime em Portugal, também tem culpas no cartório, no que se está a passar nos lusófonos , acima citados porque jamais alguém consegue arrumar as casas dos vizinhos,coma sua em estado de sítio. Portugal deveria optar numa primeira fase, por um plano de entendimento com os governos africanos no que constituiria uma autodeterminação limitida e posteriormente criar as condições para que tudo correse ordeiramente e que as suas colónias tivessem o espaço no tempo para proclamarem as suas legitimas independências.
    Assim não aconteceu e o resto é o que todos sabemos.

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  4. 4

    Katali Fakir

    https://youtu.be/yjdKQFE5KTU
    Outra versão dos mesmos factos e narrativas históricas, de que lado está a razão. A verdade insofismável foi que cidadãos moçambicanos de todas as raças, religiões e ideologia politica foram vítimas injustas de uma estúpida confrontação de ódios promovidos por ideologias extremas quer comunistas como coloniais. O que importa hoje estar a chorar lágrimas de crocodilo se quem ficou devia ter vergonha por conseguir levar um Povo fantástico a povo dos mais corruptos do mundo que, como aquela canção que num verso diz que “os loucos de Lisboa fazem acreditar que a Lua gira ao contrário”, fazem-nos fantasiar a ilusão que o “colonialismo” seria melhor ter continuado…

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  5. 3

    Rogério

    Na realidade dos cactos insofismaveis, tudo foi feito da maneira que ocorreu e proposital mente. Claro, que quem estava no meio dessas ações, independentemente se da esquerda, ou direita, queria o melhor. Só que o “melhor” de cada um era diferente. O tempo mostrou alguns que se beneficiaram. Outros, que se ferraram. Para o nem de uns, outros se danam… sempre foi assim. Só que geralmente bens materiais, têm “vida-útil”, então, quem se beneficiou, na maior parte o benefício… acabou! Foi melhor… foi pior? Cada um que se ache, mas uma coisa tenho certeza… plena e indiscutível… PODERIA TRR SIDO MUITO MELHOR PARA TODOS! Menos pros que vieram e se aproveitaram da situação, é óbvio! E alguns são heróis ainda… kkkkkkkkkkk…! De minha parte, hambanine… kanimambo! Foi bom enquanto durou! Hj, valores mais altos se levantam. Como “colonialista” sai com a roupa do corpo… e isso me alegra bastante, podem acreditar! Consciência tranquila se chama a isso… kkkkkkk

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  6. 2

    Armando

    Tive vários episódios nesse dia e seguinte, mas não estou agora, com disposição de os contar.
    Noutro dia talvez.
    Desculpem.

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  7. 1

    Jose Carlos

    Eu trabalhava no jornal “Diario” e fui fazer, nessa tarde, a cobertura do jogo de futebol Sporting Nova Aliança, salvo erro, em juniores.
    Não houve os” maus” e os “bons”, como sugere João de Sousa. A versão de João de Sousa é a versão oficial,mas muito simplificada, dos acontecimentos. Simplesmente, o poder revolucionário que na altura conquistou o poder teve uma posição ditatorial, de autentica tirania, e não admitia pontos de vista diferentes dos seus. Era tudo “fascista” e “colonialista”,lembram-se perfeitamente…
    Ocorreu, então, a primeira divisão entre moçambicanos. Muitas mais sucederam até hoje,quase cinquenta anos após a independencia de Moçambique, com muito sangue derramado,guerra civil, três acordos de paz, uma elite corrupta que despreza completamente o povo moçambicano.
    O papa Francisco denunciou tudo isto na sua visita a Mocambique.
    O que vai na alma é interminável mas vou terminar dizendo que faltou a Moçambique um homem da categoria de Nelson Mandela…

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    1. 1.1

      ruivbaptista@sapo.mail

      Terminou o seu comentário com uma grande verdade que subscrevo, citando-a: (…) faltou a Moçambique um homem da categoria de Nelson Mandela…)

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