A nova sede do COMITÉ OLÍMPICO DE MOÇAMBIQUE
“….O Comité Olímpico de Moçambique (COM) é uma associação civil, sem fins lucrativos, com personalidade jurídica e natureza desportiva.
Tem por missão divulgar e defender o Movimento Olímpico e o desporto em geral, em conformidade com a Carta Olímpica.
Promover especialmente junto da Juventude, das escolas e universidades o gosto pela prática desportiva como meio de formação do carácter, de defesa da saúde, do ambiente de coesão e integração social.
Lutar contra o uso de substâncias e métodos proibidos, observando as normas do Código Médico do Comité Olímpico Internacional.
Promover a observância da Ética Desportiva nas competições e nas relações entre os agentes desportivos….” Wikipédia
Moçambique participou pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de 1980 em Moscovo. E fez-se representar por 14 atletas, 12 homens e 2 mulheres, que competiram em duas modalidades: Atletismo e Natação.
Desde então, Moçambique, participou em todas as edições dos Jogos de Verão. Mas, talvez, pela sua situação geográfica nunca se classificou para os Jogos Olímpicos de Inverno.
A tabela mostra as medalhas conquistadas por Moçambique, pela Maria de Lurdes Mutola, nas edições dos Jogos Olímpicos.
Ano | Cidade | Atleta | Prova | Classificação |
1996 | Atlanta | M.ª de Lurdes Mutola | Atletismo 800m | Bronze |
2000 | Sydney | M.ª de Lurdes Mutola | Atletismo 800m | Ouro |
A nova sede do COM: “… constitui uma antiga aspiração do Comité Olímpico, dado o significado institucional e a importância desta organização no contexto da sociedade moçambicana…”
Situa-se no mesmo local da antiga. Agora no rés-do-chão deste edifício de imagem contemporânea, tipo “favos de colmeia”!
Transcrevo, com a devida vénia, parte da “memória descritiva” do projecto. Que depois se tornou realidade para o Comité Olímpico de Moçambique:
“…O projecto configura uma operação com características singulares, dado que, neste edifício, ficará instalada a futura sede do Comité Olímpico de Moçambique. Esta sede, que constitui uma antiga aspiração do Comité, implicaria que todo o edifício fosse desenhado a partir dessa premissa, dado o significado institucional e a importância desta organização no contexto da sociedade moçambicana.
O lote onde se implanta a construção tem cerca de 3.500m2 de área e situa-se numa rua de perfil médio, no contexto da cidade de Maputo, com uma cortina de árvores de alinhamento que definem acentuadamente o perfil da via, onde pontificam vários tipos de construções, de diferentes volumetrias, na sua maioria destinadas à habitação… Sobre esta circunstância, diríamos que a estrutura da cidade, com um desenho único e de uma enorme qualidade, permitirá absorver as transformações que agora se anunciam, sem perder o seu carácter e imagem identificativa, dependendo, contudo, da qualidade e do desenho dos edifícios.
Pareceu-nos fundamental, conseguir um edifício com um desenho e imagem contemporâneas, em que se pudesse perceber a existência de uma instituição como o COM, com identidade própria, sem se diluir no conjunto do empreendimento. Como prioridade, pensamos que o edifício deveria assumir uma linguagem, escala e carácter eminentemente institucional, e portanto, único e claramente identificável… A sua envolvente será extremamente transparente, a nascente e poente, fazendo-se o acesso à sede através de um grande espaço coberto sob o volume superior das habitações…”
Este bonito edifício está situado um pouco abaixo do Museu de História Natural, (ex Álvaro de Castro), na rua Mateus Sansão Muthemba, antiga Governador Simas, e foi construído onde, no tempo colonial, existia uma moradia. Que depois da independência passou a ser sede do Comité Olímpico de Moçambique.
Por se situar na Polana, nas traseiras do palácio da Ponta Vermelha, desfruta de uma linda vista sobre a cidade.
É um condomínio de 16 pisos com cerca de 120 apartamentos. Dispõe de duas caves, com estacionamento suficiente para as necessidades do edifício e para corresponder às exigências regulamentares. No piso superior desenhou-se um espaço de lazer, com um ginásio, uma sala de festas, balneários, sauna e um amplo espaço exterior com uma piscina.
Nem quis acreditar! Por curiosidade constatei que a renda de alguns apartamentos pode chegar aos 6 mil USDólares, mais de 5mil euros!… E a venda rondou 1milhão de USDólares!
O que em abono da verdade não são para a bolsa de quase nenhum moçambicano sério e honesto!
Gostava que alguém, mais informado do que eu, num breve comentário nos pudesse confirmar estes números! Que para os moçambicanos são um “insulto à pobreza!”
Para nós com o BigSlam, o mundo já é pequeno….Muito pequeno!
João Santos Costa – Fevereiro de 2021
7 Comentários
Manuel Martins Terra
Naturalmente não estando aqui em causa a nova sede do Comité Olímpico de Moçambique, diga-se de passagem muito bem projetada e assentando numa arquitetura bem conseguida, e digamos também bem localizada numa zona nobre da cidade e panorâmica,temos que considerar que João Costa, no seu post com devida pertinência,interroga-se e bem que sendo o mesmo construído ao que penso com dinheiros públicos,o edifício tem aluguer de flats a preços exorbitantes, e vendas escaldantes, completamente inacessíveis à algibeira da quase totalidade do cidadão moçambicano, A verdade é que proliferam na capital, mais algumas torres embora do foro privado, também com valores muito inflacionados. Tudo isto é resumidamente a face de um novo-riquismo que vai ganhando dimensão, com vertentes no mínimo discutíveis, criando uma sociedade aburguesada que aparenta controlar os destinos do país. O resto do povo parece não contar e cada vez mais se vai cavando o fosso entre os mais ricos e poderosos e aqueles que nada têm, condenados ao ostracismo do poder. A situação habitacional e sanitária dos bairros é deplorável e os mais jovens vão sucumbindo por surtos de cólera e febre tifoide. Não aceito agora a ideia de que Moçambique é um país pobre, porque uma nação que tem gás natural, carvão mineral, algodão, chá, barragens hidroelétricas que podem abastecer de energia todos os territórios fronteiriços, que tem condições excecionais para a agricultura e pescas e que acima é uma potência mundial na área do turismo, com lugares e praias paradisíacas, tem que necessáriamente de ser rico. Não tem culpa é que os seus governantes governantes continuem a olhar para o seu umbigo e se esqueçam das necessidades básicas do seu povo, que devem ter direito à saúde, educação e a uma vida condigna. Daí que o Banco Mundial, já tenha advertido os governantes moçambicanos que devem acelerar medidas construtivas, que visem a melhoria das condições de vida de um povo que vive no limiar da pobreza, e que o Orçamento do Estado não seja gasto em despesas de luxo e consideradas desnecessárias. Mas pelos vistos, lá se vai aplicando a velha máxima; de quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte. Sendo assim, continuam a fazer riqueza na mesma proporção do ritmo da pobreza do seu povo.
João Costa
Não posso estar mais de acordo com o teu comentário, Manel!
Então e o povo, meu Deus!!…. O povo!
Como é possível num país tão rico, ter quase todo povo no limiar da pobreza?
Gostava que os políticos, governantes e as elites moçambicanas nos explicassem como isto é possível!
Aconselho-os a lerem os comentários aqui expressos por comentadores que estiveram em Moçambique.
Muito obrigado pelo teu comentário.
Luis Alberto Marques Marques
Politicamente falando a construção deste imóvel será necessário para futuro, se os políticos assim o desejarem,ou seja se houver dinheiro para promover o desporto,educação etc.
Economicamente não sei quanto custou ou quem pagou, mas sabendo eu de tanta falta de estruturas,saneamento,casas mesmo de construção barata ainda após tantos anos de independência, estar quase tudo por fazer. eu diria que a construção neste momento não era necessária.
Meu querido povo Moçambicano!
Sérgio Cardiga
Caro João
Tiveram bons professores, não só a Fé move montanhas, o dinheiro também as move…
Passa bem e te cuida…
Viva Moçambique livre…
Abdul
Que pena . Os ideais da frelimo mudaram muito ,de socialismo para capitalismo selvage,afinal diziam que lutaram para libertar o povo e dar uma vida condigna ,infelizmente o povo continua na miséria,excepto os privilegiados ,sem falar do sistema de saúde principalmente nesta fase de pandemia cujo valor de um tratamento pode chegar ao equivalente a 50 mil dólares no instituto do coração,enfim
Zé Carlos
Pode-se dizer que Maputo é Moçambique e o resto é só paisagem…
Jorge Ferreira
Caro João,
Por muito que me custe dizer, este tipo de actos tem início após o uso, por alguns, do tal chamado de “suborno” cuja casa lhes serve perfeitamente.
Este mundo, cada vez mais podre e pobre, não sei quando termina.
Um abraço caro amigo.