DAR A MÃO À PALMATÓRIA
Os políticos não são santos. Cometem os seus erros. E por vezes pagam bem caro pelos erros cometidos. Dizem e depois desdizem. Num abrir e fechar de olhos fazem um recuo estratégico. Foi o que aconteceu com o MDM.
Um recuo tendo em vista ganhar votos. Espantou o facto da bancada parlamentar do partido de Daviz Simango ter vindo à ribalta, anunciar aos quatro ventos, que alinhava nas mordomias a conceder ao Presidente da República, aos antigos Presidentes da Assembleia da República e aos deputados. O que era veiculado pela comunicação social a partir da nossa “casa do povo”, tornou-se realidade. Vieram os comentários. Um considerável número de cidadãos foi esvaziando a sua raiva contra o MDM, pela tomada de decisão. “Eles acabam de provar que teoria é uma coisa e prática é outra completamente diferente” – dizia um internauta numa das redes sociais. Teoricamente dizem-se democratas. Na prática não são. Uma decisão pensada a olhar para o umbigo de cada um.
Passaram-se semanas e eis que o Presidente do MDM, cumprindo um princípio básico de educação familiar, toma a iniciativa de se dirigir aos moçambicanos.
Assume as responsabilidades e apresenta o pedido de desculpas pelo erro grave cometido pelos seus correlegionários que votaram a favor de regalias irrealistas. Pecou pelo facto do pedido de perdão ter sido tarde. Mas como diz o ditado: “mais vale tarde do que nunca”.
No dizer de alguns “tratou-se dum espectáculo político” e de claro aproveitamento do momento eleitoral que se aproxima. Este pronunciamento do Presidente do MDM prova a existência de descoordenação entre o que pensa Daviz Simango e o que faz a sua bancada.
Que me lembre não há exemplo de Presidente dum partido político ter tomado a iniciativa de discordar publicamente das decisões tomadas pela sua bancada parlamentar.
Depois de desfeito este nó espera-se do partido de Daviz Simango acções tendentes à não promulgação da lei. E se isso acontecer o MDM provará que alinha com os princípios defendidos pela sociedade civil sobre esta matéria. Isto é o mínimo que se pode esperar do MDM. Não basta a teoria. Daviz Simango, depois de ter sacudido a água do seu capote, terá de demonstrar esse “arrependimento” com acções práticas.
Muitos esperavam que outros tomassem a mesma iniciativa. Esperar que a Frelimo e a Renamo façam o mesmo,
é sonhar acordado. É procurar agulha num palheiro.
João de Sousa – 04.06.2014